tag:blogger.com,1999:blog-284567112024-03-13T05:38:56.373-05:00FilosofiaFilosofia. Literatura. Filosofia. Gramática. Filosofia. Educação. Cinema. Filosofia lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.comBlogger2188125tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-9545139759449842382020-06-13T15:07:00.002-05:002020-06-13T15:21:46.194-05:00POR um POUCO de FILOSOFIA <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="" data-block="true" data-editor="caj67" data-offset-key="3i5ar-0-0" style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3i5ar-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span style="font-family: inherit;">PLATÃO: </span><span style="font-family: inherit;">Uno e Múltiplo. Multiplicidade</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="caj67" data-offset-key="71sja-0-0" style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="71sja-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="71sja-0-0" style="font-family: inherit;"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="caj67" data-offset-key="fvtop-0-0" style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fvtop-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="fvtop-0-0" style="font-family: inherit;">Entre outras, as obras metafísicas "Parmênides" e "O Sofista" são muito elaboradas, bem difíceis diante de um leitor desatento.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Em "Parmênides", Platão pensa o UM e o MÚLTIPLO e, em "O Sofista", o filósofo pensa a MULTIPLICIDADE. </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Múltiplo e multiplicidade não se igualam.</span><br />
<span data-offset-key="7dumh-0-0" style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span data-offset-key="7dumh-0-0" style="font-family: inherit;">NIETZSCHE: </span><span style="font-family: inherit;">"Übermensche"</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Em "Assim falou Zaratustra", alguns tradutores registram "super-homem" e outros, "além-homem". </span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">A preposição "ÜBER" ("ü" tremado em alemão tem som de "i" fechado em português) apresenta 9 significados, e dois deles são "movimento para o outro lado" e "passagem por algum lugar", podendo ser comprovado em uma das melhores gramáticas da língua alemão, publicada pela UnB e escrita por Herbert Andreas Welker.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Ora, pela própria preposição "über" e pelo próprio sentido filosófico em "Assim falou Zaratustra", a melhor tradução de "Übermensch" é "além-homem", porque tem sentido de MOVIMENTO para ALÉM do BEM e do MAL.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">"SUPER-homem" é péssima tradução, porque não tem nada a ver com o sentido filosófico de "Assim falou Zaratustra" ou mesmo com "Além do Bem e do Mal".</span></div>
</div>
<script language="Javascript" src="https://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-88868019615031916242020-05-18T15:29:00.000-05:002020-05-18T15:29:02.399-05:00ODE À VIDA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
ODE À VIDA</div>
<div style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
AINDA QUE muitos tenham partido por causa de uma parada eterna e AINDA QUE o distanciamento eterno permaneça sempre perto como memória,</div>
<div style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
A ODE clama sempre pela VIDA</div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1c1e21; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;">
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px;">
EMBORA haja silêncio de ruas, quarentena apertada de apartamentos, casebre de favelas; embora haja demência no planalto central à margem da compaixão.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
QUE ESTE distanciamento nos melhore quando não mais distanciamento houver, só para te compreender melhor, só para te beijar melhor, só para brincar melhor na cama e no parque, só para saber e sentir melhor que você me faz falta como amigo e como adversário.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
SAIR DO DISTANCIAMENTO só para o necessário é pouco para a condição humana, porque vivemos também de delírios, de excessos, de gozos, sempre tão inúteis para o trabalho.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
ASSIM como brincar não é necessário, contemplar o gozo em teu rosto é o mais belo desperdício humano, pois, só por causa do desperdício, as sobras são o melhor de nós.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
SAIR DO DISTANCIAMENTO só para o necessário é pouco. COMO TODO DESEJO, o meu só deseja SOBRAR.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
QUANDO O DISTANCIAMENTO deixar seu último aceno depois do pôr-do-sol, aproveitarei melhor meu TEMPO DE SOBRA para te respeitar como oponente, para ouvir tuas queixas políticas, para melhor ouvir tuas ideias de revolução que não virão.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
SAIR DO DISTANCIAMENTO só para o necessário é pouco.</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
MUITO POUCO.<br />
____________________</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
ENQUANTO ISSO, cuido da rotina do meu cão Thor com os hábitos de 15 anos de um casamento que não me cansa.Entre nós, pulsa a calma necessária do hábito, e o excesso ou a sobra que nos eleva é saber-sabor cuidar do Outro entre as mesmas paredes que nos acolhem.</div>
</div>
<script language="Javascript" src="https://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-53239257037430184412020-05-17T14:09:00.000-05:002020-05-17T14:10:05.089-05:00PALAVRAS À MODA WHATSAPP<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
Para as palavras, WhatsApp é o pior dos mundos. Abaixo, em um grupo de pessoas formadas em Filosofia, o texto abaixo se opõe o que postei. Dividi em partes para em outro momento comentar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="text-align: justify;">1) Vi muitas igrejinhas na faculdade: cartesianos, kantianos, aristotélicos, heideggerianos e por aí vai.<br /><br />2) A cultura hegemônica européia sequer agradece pq nem a vê ou se interessa por esse esforço que aqui se faz de mostrar entendimento na eterna proliferação de dissertações com mais do mesmo. Lá, estão produzindo textos continuando sua tradição. <br /><br />3) Aqui no Brasil, ficam as pessoas com vergonha do sotaque quando falam inglês, francês e alemão. A filosofia clássica é importante? Óbvio que é. É referência no e para o Ocidente? Sim, claro. O construiu numa determinada perspectiva? Óbvio que sim. </span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;">4) Mas o pensamento se desenvolve para além dessa eterna repetição ajoelhada nos altares. Interessam interlocuções e atenção ao que vivemos. E estamos no Brasil. Aqui já existia pensamento, já existia arte e vida abundantes antes da violência que disse que teria que ser assim ou assado, para satisfazer toda ordem de necessidades transportadas pra cá. <br /><br />5) Discurso que importa não precisa buscar legitimidade nas “cadeias academicistas” de títulos, teses e credenciais. Teses são fundamentais somente para que a vida coletiva se expanda. A vida da referência de sua cultura se expanda. </span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;">6) Uma das comunicações mais significativas que assisti foi de uma parente falando numa escola pública de ensino médio, mestranda no Museu Nacional e ali ao lado de doutores, que só saiu da aldeia para aprender outras referências e saberes com o objetivo de levar pra lá algo que revele alguma possibilidade de expansão, e trazer pra cá a voz dos povos originários e toda a sua cultura e saberes que entendem verdadeiramente que tudo é um. (e não pq leram num fragmento de Heráclito).</span></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-54851770597329987582019-10-11T21:29:00.000-05:002019-10-11T21:29:06.280-05:00ENTRE PLATÃO E PROUDHON, O ENTRE<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="_heading=h.gjdgxs"></a><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span></b><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Aldo Tavares<br />
</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br />
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 226.75pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="_heading=h.ys2b9t9qvyj5"></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Introdução.
1. Guerras da representação, 2. Guerra, tua principal arma se chama engano, 3.
Platão e a não representação ou mentira falsa, 4. Mentira falsa, 5. Proudhon e
a dialética, 6. O entre enquanto luta política, 7. Considerações finais <b> </b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">INTRODUÇÃO <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br />
</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O este artigo se propõe a expor a
ideia de guerra segundo a filosofia de Platão e
a ideia de máquina de guerra conforme o pensamento de Gilles Deleuze.
Uma vez compreendidas tais ideias referentes à guerra, o conceito de Entre será
apresentado a partir da clássica obra <i>A
República </i>em suas duas formas: <i>mentiras
nobre</i> (ou representação) e <i>falsa</i>
(sem representação). Após, só então escreveremos a interseção conceitual que se
encontra entre Pierre-Joseph Proudhon e Platão, o Entre. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Caso
este artigo tenha alguma importância no campo bélico da política, talvez seja
para problematizar o conceito de guerra ou de luta de classe no século atual,
que, para nós, não mais se equipara ao modelo narrado em <i>Germinal</i>, de Émile Zola, publicado em 1885. Se o senso comum
entende como guerra só o confronto corpo a corpo, este artigo pretende
evidenciar que a guerra não se abrevia ao enfrentamento de forças brutas,
definição estereotipada, mas o sentido de guerra amplia-se como <i>engano</i>, o que assegura à guerra
movimentos imprevisíveis. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Predomina
na doxa a ideia de que a guerra se reduz a um confronto direto e aberto entre
corpos opostos, é como se a representação bélica não projetasse outra imagem que
não fosse a da destruição, sabemos: dois corpos não ocupam o mesmo lugar no
espaço; mas, no caso de um só corpo inimigo ocupar o lugar, ele somente o ocupa
o outro corpo inimigo morrer. A guerra, entretanto, não só se contrai à
eliminação do oposto, porém se estende, primeiro, à manifestação do <i>engano</i>. Nesse sentido, sua tática não é,
portanto, a da violência direta e aberta em seu estado bruto; como aspecto
prático da estratégia, porém, o plano de ação da força bruta busca (a)trair o
inimigo pelo <i>engano</i>. A guerra
movimenta-se, pois, Entre os extremos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span></b><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">1. GUERRAS DA REPRESENTAÇÃO</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Reais ou irreais, as guerras da
representação atravessaram séculos, a mais clássica chama-se <i>Ilíada</i>, epopeia do poeta Homero que
narra a guerra dos vitoriosos aqueus, guerreiros que derrotaram os troianos por
meio de uma astuciosa habilidade: o <i>engano</i>.
Após nove anos de confronto corpo a corpo, chega-se ao impasse: não há
derrotado. Sem a morte de um extremo, o outro extremo não pode ocupar o lugar
do poder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Rei
de Ítaca, Odisseu, o mais astuto dos chefes aqueus, é inteligentíssimo pela
única razão de que se cobre de mendigo, de louco, quer dizer, cobre-se de <i>engano</i>. Odisseu mente. A fim de
solucionar o impasse entre aqueus e troianos, Atena, que conjuga guerra,
estratégia, arte e sabedoria, além de justiça, inspira a esse mentiroso nobre a
ideia do cavalo de madeira. Com isso, a deusa nos mostra por meio do cavalo de
Troia que a estratégia da guerra é a sabedoria da arte da representação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Se
o exemplo acima vem de uma epopeia clássica, a Batalha de Salamina, entre
gregos e persas, ocorrida no estreito que separa Salamina da Ática, marcou na
história ocidental o <i>engano </i>que o
militar Temístocles realizou contra Xerxes I, em 480 a.C, quando comandou uma
mentirosa fuga de embarcações gregas com a finalidade de que a frota persa
fosse conduzida à baía de Salamina, onde, por causa do grande número de navios
de Xerxes I, teria dificuldades de manobrar as embarcações no espaço exíguo do
estreito da baía. Porque representou uma fuga, o grego Temístocles <i>enganou</i> o inimigo.<br />
Dando
um salto de pouco mais de dois mil anos, a obra <i>O Príncipe</i> é impressa pela primeira nas oficinas de Antonio Blado,
em 1532, quando Maquiavel expõe o </span><w:sdt id="-344403908" sdttag="goog_rdk_0"><a href="https://www.blogger.com/null"></a></w:sdt><w:sdt id="-255214722" sdttag="goog_rdk_1"><a href="https://www.blogger.com/null"></a></w:sdt><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">poder
como representação</span><!--[if !supportAnnotations]--><a class="msocomanchor" href="file:///C:/Users/Mony/Desktop/1.%20Faculdade%20S%C3%A3o%20Bento/UERJ%20MESTRADO/Mestrado%20em%20Filosofia%20Estudos%202019/Camila%20Jourdan/1.%20ENTRE%20PLAT%C3%83O%20E%20PROUDHON,%20O%20ENTRE.docx#_msocom_1" id="_anchor_1" language="JavaScript" name="_msoanchor_1">[1]</a><!--[endif]--> <!--[if !supportAnnotations]--><a class="msocomanchor" href="file:///C:/Users/Mony/Desktop/1.%20Faculdade%20S%C3%A3o%20Bento/UERJ%20MESTRADO/Mestrado%20em%20Filosofia%20Estudos%202019/Camila%20Jourdan/1.%20ENTRE%20PLAT%C3%83O%20E%20PROUDHON,%20O%20ENTRE.docx#_msocom_2" id="_anchor_2" language="JavaScript" name="_msoanchor_2">[2]</a><!--[endif]--> <span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">, e o rosto de César Bórgia,
príncipe que melhor domina os súditos na guerra interna da cidade,
caracteriza-se Neutro pela natureza da própria representação. O que Platão
tinha pensado sobre seu conceito de <i>mentira
nobre</i> - o mesmo que representação -, Maquiavel o situa como fato histórico
na imagem de Bórgia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Antes
de Nicolau Maquiavel, o mercenário inglês John Hawkwood vive entre 1320 e 1394
e, durante 30 anos, levanta sua espada na Itália, onde luta em 1364 por Pisa
contra Florença; porém, em 1390, Hawkwood comanda o exército florentino.
Chamado pelos italianos de Giovanni Acuto, ele <i>engana</i> o inimigo em batalhas e o amigo em acordos. Considerado hoje
o Maquiavel dos confrontos armados, a arma principal com que Hawkwood guerreia
é o <i>engano</i>, a mesma de Odisseu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Desconhecida
até 1928, quando Benedetto Croce a publica pela primeira vez, a obra <i>Da Dissimulação Honesta, </i>de 1641, trata
da guerra da representação no espaço da corte, onde o rosto, em ambiente
particular, serve-se do <i>engano </i>a fim
de se proteger do real. Se Maquiavel pensou a representação no espaço aberto,
Torquato Accetto a pensou no espaço privado. “A dissimulação é a habilidade de
não fazer ver as coisas como são. Simula-se aquilo que não é, dissimula-se
aquilo que é” (ACCETTO, 2001, p. 27). A natureza da representação é, portanto,
jogo ou movimento que permite ao ser escapar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Se
o desembarque na Normandia ou a Operação Overlord, ocorrido em 6 de junho de
1944, é comemorado até hoje na Europa, a Operação Bodyguard, ocorrida meses
antes, caiu no esquecimento. A fim de desviar a atenção de Adolf Hitler, os
aliados posicionaram o Primeiro Grupo de Exércitos dos Estados Unidos tanques,
caminhões e embarcações em Kent e em Sussex, Inglaterra, para que os alemães
cressem que o segundo desembarque ocorreria em Calais, e eles creram. O que
Hitler não sabia era que o Primeiro Grupo de Exércitos dos Estados Unidos não
passava de objetos bélicos inflados de ar. Se esse fato tivesse acontecido
antes de 1924, o Führer teria escrito em <i>Mein
Kampf </i>que caiu no <i>engano </i>do tenente-general
George Patton. <b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> No Brasil, poucas não foram as
guerras da representação. Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas dá o golpe
do Estado Novo, deixando no país marcas profundas de autoritarismo. Um fato que
determina a ruptura com a Constituição de 1934 passa por Olímpio Mourão Filho,
capitão do Exército e diretor do serviço secreto da Ação Integralista
Brasileira, cuja mão escreve o Plano Cohen, vindo a público em 30 de setembro,
41 dias antes do golpe de 1937.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Ao
ser emitido pelo general Góis Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército, no
programa oficial da rádio Hora do Brasil (atualmente Voz do Brasil), a
população acredita que comunistas internacionais e brasileiros se preparam para
derrubar Getúlio e tomar o poder. Dessa forma, dissemina-se a “notícia
verdadeira” de que existe uma ameaça vermelha, “verdade” para criar um ambiente
passional que legitimasse o golpe. <br />
No
dia seguinte, a imprensa escrita publica o documento, “assinado” pelo líder
comunista Bela Kuhn - governante da Hungria entre março e julho de 1919 - e com
uma lista negra de políticos brasileiros. Em 1º de outubro, Getúlio Vargas
solicita ao Congresso Nacional a decretação do Estado de Guerra. Semanas
depois, no Rio de Janeiro, o Exército cerca o Congresso Nacional. Outorga-se a
nova Constituição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Nas
páginas de<i> Xambioá</i>, Pedro Corrêa
Cabral - na época, capitão-aviador e piloto de helicóptero - registra o que
ocorreu na guerrilha do Araguaia a partir de abril de 1973, quando começa a
segunda investida. Bem diferente da primeira, a segunda, chamada Operação
Sucuri, veste os militares como civis: a guerra agora é a da representação. Um
“civil” chegou a vender munição aos guerrilheiros. De abril a outubro de 1973,
os civis mapearam a guerrilha, nomes foram catalogados. Embora Xambioá não seja
o principado não hereditário de César Bórgia, Maquiavel “esteve” no Araguaia,
onde mostrou, após 441 anos, que guerra da representação é guerra de <i>enganos</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Quem
foi motorista de Luís Carlos Prestes e de Olga Benário? Se Marighella fosse
vivo na época do Estado Novo, teria dito ao casal comunista: “camaradas, leiam
o que escrevi no <i>Minimanual do
Guerrilheiro Urbano</i>, onde chamo a atenção para a Segurança da Guerrilha”.
Segundo Marighella, o pior inimigo da guerrilha e o maior perigo que ele corria
era a infiltração na organização de um espião, de um informante. Pois bem, quem
guiava o carro de Prestes e de Olga, ela: agente dupla. A resposta a esse pior
inimigo da guerrilha, Marighella escreve que “a maneira fundamental para
assegurarmos a segurança da guerrilha é de ser rigoroso e cauteloso no
recrutamento”. Ainda que os dois comunistas lessem a certeza do guerrilheiro, o
rosto da espiã ou a sua representação teria sido, ainda sim, <i>engano</i>. Marighella foi traído por
“amigos” dominicanos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">2. GUERRA, TUA PRINCIPAL ARMA SE
CHAMA ENGANO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Embora Heráclito de Éfeso tenha
pensado como guerra a relação entre <i>physis
</i>e <i>logos</i>, foi Platão o primeiro
filósofo a pensar a guerra como conflito político ao ter escrito <i>A República</i> ainda que tal imagem da
guerra tenha ficado mais nítida em <i>As
Leis</i>. Platão divide a guerra em duas, a interna e a externa, sendo que,
nesta, ela é representada pelo <i>guerreiro</i>;
e, naquela, o <i>guardião</i> a representa.
Como nos interessa a guerra da representação, o filósofo a pensou como <i>mentira nobre</i>, cujo “confronto” ocorre
no espaço interno da <i>pólis.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Uma
das funções do guardião é educar a criança para que seja apta a ser o futuro
guardião da cidade e, com efeito, preservar a ordem natural ou a ordem divina.
Para tanto, o guardião educa a tenra idade por meio da arte (<i>tekhné</i>) da representação ou a arte do
Ser. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Ainda que a primeira
cópia olhe para o Modelo, Platão sabe: a representação é <i>mentira nobre</i>. Mentir, sabemos, diz o que não-é e não diz o que é;
mentir, portanto, não-é o que é e é o que não-é. O rosto do mentiroso,
portanto, está Entre.a intenção, que é dentro, e o fora. Se cabe à mentira esse
sentido, por que <i>nobre</i>? Ela é mentira
nobre porque nobre relaciona-se ao real, ou seja, a cópia mais próxima do
Modelo e, por ser a mais semelhante, por ser a menos falha, é a cópia com menos
falta, menos vaga. Só o Modelo é ab-soluto, só ele é íntegro, só ele é ser
enquanto ser. A cópia, contudo, é e não-é; mostra-se e se contém. A
representação, uma falha; mas, por causa da condição de mentira nobre, a
natureza do que é nobre busca contrair a falta, a falha ou o Entre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Nietzsche lavra a ideia de que <i>nobre</i>, de origem política, transformou-se em conceito psicológico a
separar, segundo a natureza de cada um, os aptos dos não aptos. E onde são
separados? Os nobres dos não nobres separam-se no campo de batalha, onde a
guerra seleciona os melhores guerreiros, e os melhores não falham porque o
nobre não pode querer o bom ou o bem sem saber guerrear. Na guerra, para ser o
vitorioso, não pode haver falhas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A representação (ou mentira nobre) é, por ser mentira, uma
falha; mas, por ser nobre, a falha não se (ex)põe pela razão de a mentira nobre
dizer a “verdade”. Assim, porque nobre, estreita-se o Entre a fim de que a cópia
seja vista como a mais próxima do Ser. Nobre, portanto, origina-se do que é
guerreiro, ou seja, do que é autodomínio (enkrateia). A luta da nobreza é a
luta contra o erro. Não por outra razão que ser nobre é ser <i>aristos</i>, “o melhor, o exímio, o
magnífico”, entendendo que seu movimento, para muito além dos comuns, é o
excedente que o grau de sua natureza mereceu receber do que é divino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O Príncipe</span></i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">,<i>
</i>de Maquiavel, como obra política, é o poder do rosto, poder da <i>mentira nobre</i>. “O rosto é o ser
irreparavelmente exposto do homem e, ao mesmo tempo, o seu permanecer oculto
precisamente nessa abertura” (AGAMBEN, 2015, p. 87); a abertura da mentira
nobre, entretanto, limita-se a seguir o Modelo, e o rosto de César Bórgia (1475-1507), príncipe, cardeal e filho do papa
Alexandre VI, é o exemplo maior, para o autor de <i>O Príncipe</i>, de poder da representação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A mentira nobre encontra-se na <i>Carta de Pero Vaz de Caminha</i>, onde se
escreve que “são muito mais nossos amigos que nós seus” (2004, p. 72,
quinta-feira, 30 de abril, f. 11 v./). Mais: as páginas de <i>Xambioá</i>, escritas por Pedro Correa Cabral, ampliam o que o poder da
representação elaborou contra a guerrilha do Araguaia, que, guardadas as
proporções, a representação realizou os mesmos fundamentos no rosto da camarada
Helena Kruger, motorista de Prestes e de Olga; mas, na verdade, espiã que
recebia dinheiro do serviço secreto britânico por meio dos Estados Unidos. No <i>Minimanual do guerrilheiro urbana</i>,
Marighella destaca que “o pior inimigo da guerrilha e o maior perigo que
corremos é a infiltração em nossa organização de um espião ou um informante”
(Segurança da Guerrilha). Ora, o significado de <i>infiltração</i> nos remete a um movimento sutil a penetrar nos
interstícios, isto é, a ação de infiltrar é de passar por Entre, o que a
representação faz muito bem por ela ser mentira nobre. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> <b> <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">3. PLATÃO E A NÃO REPRESENTAÇÃO OU
MENTIRA FALSA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Embora Nietzsche tenha invertido o platonismo mais de 20
séculos depois, somente com as páginas de <i>Prefácio
a Platão</i>, de 1963, que Eric Havelock descobre o que permaneceu até então
visível-oculto no Livro V de <i>A República</i>
(477a, p. 258), onde Platão pergunta: “mas se houver uma coisa que seja de tal
maneira, que existe e não existe, não ficaria em posição intermediária entre o
Ser absoluto e o Não-ser absoluto?”. Ainda que seja tímido o olhar de Havelock,
Platão, após séculos sobre séculos fixado como filósofo do mundo
suprassensível, revela-se também como quem pensa o Entre, o qual, não sendo uma
coisa nem outra, é “objeto errante no espaço intermediário” (479e, p. 264). O
objeto errante encontra-se como fuga nas linhas de <i>O Sofista</i>, e se chama o <i>falso.</i>
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Em <i>Timeu</i> (2012, p.
77), o filósofo grego nos apresenta a imagem clara do <i>vago </i>ou do Entre: chama-se água vindo a ser pedras e a ser terra
mediante a condensação; e novamente se percebe essa mesma <i>coisa</i> vir a ser sopro do vento e do ar por dissolução e por
dilatação; além disso, percebe-se o ar vindo a ser fogo por meio da combustão;
e, inversamente, o fogo voltando à forma de ar ao ser contraído e ao ser
arrefecido; e, mais uma vez, o ar convertendo-se em nuvem e em névoa por
combinação e por condensação; e, resultando disso, sob o efeito de maior
compressão, em água corrente; e, da água, novamente, terra e pedras. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">“Essa mesma <i>coisa </i>vir
a ser”, a que Platão se refere, flui entre os quatro elementos, que transferem
entre si <i>o seu vir a ser </i>num círculo
ininterrupto, não podendo sequer, com efeito, permanecer idêntico em sua
aparência. O filósofo chama essa coisa de <i>semelhante</i>
<i>a</i>;<i>
</i>e, por estar <i>próximo a</i>, a coisa
(es)capa a qualquer conceito que a estabilize<i>. </i>“Desse modo, não devemos chamar os diversos elementos de ‘issos’,
mas com relação a cada um deles e todos no seu conjunto cabe empregar o termo <i>semelhante </i>a fim de representar o que se
mantém circulando” (PLATÃO, 2012, p. 78). Logo a seguir, Platão observa: “mas
aquilo ‘em que’ cada um deles aparece individualmente para manter o vir a ser e
‘do que’ sucessivamente cessam de ser é a única coisa que para descrever
lançamos mãos das expressões <i>isso </i>e <i>aquilo</i>” (2012, p. 78). Pergunta-se: </span><w:sdt id="908499501" sdttag="goog_rdk_2"><a href="https://www.blogger.com/null"></a></w:sdt><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">o que é <i>aquilo</i> onde cada um dos elementos aparece individualmente para
manter o vir a ser</span><!--[if !supportAnnotations]--><a class="msocomanchor" href="file:///C:/Users/Mony/Desktop/1.%20Faculdade%20S%C3%A3o%20Bento/UERJ%20MESTRADO/Mestrado%20em%20Filosofia%20Estudos%202019/Camila%20Jourdan/1.%20ENTRE%20PLAT%C3%83O%20E%20PROUDHON,%20O%20ENTRE.docx#_msocom_3" id="_anchor_3" language="JavaScript" name="_msoanchor_3">[3]</a><!--[endif]--> <span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">? e o que é <i>isso</i> de que cada um dos elementos deixa de ser? Aquilo ou isso são
os únicos termos de que se pode fazer uso, dado que, sempre mudando enquanto se
menciona, não se pode chamar de <i>ser</i>.
Em <i>A República</i>, Platão o chama de
“objeto errante no espaço intermediário” (479d, p. 264). Em <i>Filebo</i>, diz Sócrates a Protarco “que
qualquer mistura, não importa como constituída, a que falte naturalmente medida
e proporção, destrói necessariamente seus componentes e, sobretudo, a si mesma”
(64d-e). Platão, porque ignora a coisa cuja mudança ocorre continuamente de um
estado para outro, afirma que essa coisa não pode ser descrita como <i>isso</i> (água) ou como <i>aquilo</i> (pedras), mas como <i>semelhante
a</i> (ou <i>o que chega perto de</i>), o
que significa dizer que, uma vez <i>semelhante</i>
<i>a </i>por causa da imagem do círculo
ininterrupto dos quatro elementos de <i>physis</i>,
captura-se o objeto errante à medida que é <i>representação</i>,
havendo, portanto, algum grau de segurança por nomear a coisa <i>semelhante a</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Logo após ter escrito <i>semelhante</i>,
Platão observa que “é necessário, porém, nos esforçarmos para reexplicar esse
tópico ainda mais claramente” (2012, p. 78) ainda que seja, mesmo assim,
impreciso representar o que, ao ser mencionado, transforma-se, esquiva-se.
Es-capa. Matriz de todo vir a ser, mas de um vir a ser sem representação, o
objeto errante do espaçamento tem “a significação do discurso provável” (2012,
p. 76), posto que, não havendo determinação ou teleologia, o terceiro gênero, <i>vago</i> de toda representação porque está <i>entre </i>o ser e o não-ser, gera no espaço
indeterminado uma imagem como não inerente a essa imagem porquanto ela “sempre
se move rapidamente como um fantasma de uma outra coisa” (2012, p. 83).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">4. MENTIRA FALSA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br />
Em
<i>A República </i>(Livros II e III),
diferente do guerreiro, cuja guerra externa da <i>pólis </i>ergue-se contra o inimigo, o guardião desloca-se na guerra
interna da cidade<i> </i>contra o <i>amigo</i>. Mas por que, contra o amigo, a
guerra? Porque a representação não é confiável. A dialética platônica, porém,
não forma síntese em <i>O Sofista </i>e, não
havendo representação, visto que Platão afirma a multiplicidade ou fuga sobre
fuga, o filósofo a chama de <i>mentira falsa</i>;
esta, por sua vez, aproxima-se da dialética serial de Proudhon pela razão de
não haver síntese, mas também se afasta porque a dialética serial não
ultrapassa o conceito de representação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Sendo a mentira<i> </i>a
evidência de um Entre,<i> </i>sua condição
de falsa expande o Entre, permitindo que seja brotada uma <i>força</i> <i>plástica</i>, e tal
plasticidade cria-se no desprendimento da coisa em si: o que é não-é e o que
não-é é, em outros termos, o <i>entrelaçamento</i>
entre dessemelhantes proporciona a<i>
potência do falso</i>, cuja origem emerge no instante da mistura assimétrica,
sua própria etimologia confirma. De origem grega, <i>plástico </i>nos oferta uma extensa malha semântica: <i>platô </i>é <i>plató</i>, criar; <i>platós</i>
significa “largura”; <i>platis, </i>“largo,
vasto, amplo”; <i>platia</i> é “plateia”, e <i>plateia</i>, “largo”; <i>plani </i>é “erro, engano”; <i>planis</i>,
“vagabundo, errante”; <i>plastós</i> é
“falso”. Assim, por causa de seu significante tão expansivo, o <i>falso </i>é <i>passagem</i>, no sentido de que nos leva da condição natural de ser
sempre o mesmo à liberdade expressiva de criar o Outro do mundo. Não pertence à
ordem da natureza o <i>falso</i>, pois,
sendo <i>passagem</i> entre o natural e o
não natural, o <i>falso </i>é <i>engano</i>, sabendo que <i>engano</i> significa <i>abertura</i>,
<i>passagem</i>, permitindo entrar em fuga o
que não é o mesmo do mundo. E não só isso: enganar, passagem subterrânea a
possibilitar encontros entre contrários, desestabilizando a representação ou a
mentira nobre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Qual o sentido de ser <i>falsa</i>
a <i>mentira</i>? Por causa de sua
plasticidade, que é a repetição do mesmo da diferença ou da criação sobre
criação, a <i>mentira</i>, quando <i>falsa</i>, se vê tão mais como o Entre,
espaço intermediário onde o falso é o excedente que a natureza, por estar na
ordem do necessário, não pode nos ofertar. Se mentir é o que não-é e não-é o
que é, mentir é Entre: quando <i>falsa</i>,
a <i>mentira </i>adere<i> </i>à<i> </i>plasticidade<i> </i>da máscara; e, quando <i>nobre</i>, à ambiguidade do rosto. Eis,
portanto, o sentido: o falso dilata, ainda mais, a fenda, o Entre ou ainda ele:
o <i>erro</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> <br />
<b>5. PROUDHON E A DIALÉTICA</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> <br />
</span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A dialética platônica é síntese que
forma a imagem da mentira nobre (representação), mas também é sem síntese
enquanto mentira falsa (sem representação), por isso não forma imagem. Segundo
Célestin Bouglé em <i>A Sociologia de
Proudhon</i>, o anarquista francês leu a obra <i>Timeu</i>, de Platão; entretanto, ainda que Pierre-Joseph Proudhon a
tenha lido, sua dialética serial, que foge à síntese, ainda se prende à
representação. Para ser explicada, precisa-se entender a relação entre <i>unidade </i>e <i>série</i>. Nos estudos de teoria do conhecimento (ou de epistemologia,
ou de ciência da natureza), pode ser lida tal teoria em <i>De la création de l’ordre dans l’humanité, </i>onde Proudhon (Capítulo
I, Definições) apresenta seus axiomas: o primeiro, o conceito de <i>ordem. </i>Segundo o pensador anarquista, a
“ordem não é real, mas apenas formal; é a ideia inscrita na substância” (<span style="color: #212121;">subdivisão</span> 7). Ora, se a ordem é a ideia inscrita
na substância, é porque a ideia não pode se inscrever <i>no movimento</i>, ou seja, é porque a ideia não pode ser inscrita <i>Entre a ordem e a desordem</i>, por isso a
ideia só pode ser inscrita na substância, quer dizer, só pode se inscrever no
fixo, no imóvel, podendo o homem, dessa “forma”, chamar de “ordem qualquer
disposição serial ou simétrica” (<span style="color: #212121;">subdivisão</span>
1).
<span style="color: white; mso-themecolor: background1;">.</span><br />
Outra
manifestação da ordem, a <i>relação</i>. Como
a ordem não deixa de ser um corte no movimento, a substância é o limite da
série. Para Proudhon, porém, os seres permanecem impenetráveis em substância
para nós, sendo só possível percebermos <i>relações
</i>ou <i>leis</i>. Proudhon altera o
sentido clássico de <i>substância</i>, que,
para ele, é <i>matéria</i>, do grego <i>hýle </i>(madeira), o que adquire várias
formas. Assim, esse sentido marca a ideia de substância indeterminada comum aos
corpos. Substância é, portanto, <i>movimento.</i>
Vale ressaltar que o anarquista francês se antecipa a Henri Bergson.<br />
Escrito
isso, a série não é unidade, a noção de série são duas: 1) a de uma composição
de elementos inter-relacionados a um fenômeno; e 2) a de uma compreensão dessa
composição de uma maneira que seja deliberadamente esquematizada, simetrizada.
Com isso, porquanto elementos inter-relacionados a um fenômeno, diferentes
séries podem ser geradas. A série é, portanto, o máximo que se concebe de <i>multiplicidade</i>, sendo que a menor série
possível é uma série de dois elementos ou composição de dois elementos, posto
que a série não pode ser uma unidade. A menor série possível é a dialética
serial; e, com efeito, as relações entre dois polos (tese e antítese) são na
verdade fluxo de transformação que segue seu curso de um polo a outro, é como
se o primeiro se transformasse no segundo. Não se captura esse fluxo de
transformações, operado na passagem de um polo ao outro, mas se capturam polos
(tese e antítese) como se fossem momentos isolados do fluxo, é o que a
dialética científica faz. Tal captura, porém, conduz ao <i>ab-soluto</i>, ao<i> </i>real ou à
coisa em si mesma, quer dizer, nega-se toda <i>relação</i>.
<br />
No
livro <i>De la création de l’ordre dans
l’humanité</i> (Capítulo III, A Metafísica, <span style="color: #212121;">subdivisão</span>
172), seu autor escreve que “<span style="color: #212121;">a natureza, combinando
os elementos e os átomos, começa com a série mais simples e aumenta
gradualmente até o mais complexo: porém, tão pequena e tão estreita, que essa
graduação ainda é abismo que as separa, não há continuidade”.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="color: #212121;"> Do
grego <i>phýsis</i>, natureza é “movimento”,
e esse movimento, fluxo de transformações, não pode ser capturado porque a
dialética serial é <i>passagem</i>,
concepção profundamente plural, múltipla, sem síntese, bem oposta à dialética
hegeliana, herdada por Karl Marx. Ora, havendo nesta sempre a (sín)tese, isto
é, havendo sempre a <i>mistura </i>como
consequência da relação entre tese e antítese, é porque, em determinado
instante, não há “abismo” entre os opostos. No entanto, na dialética serial,
como existe sempre o abismo, ou o <i>vago</i>,
ou o Entre, ou a <i>fissura</i>, uma <i>falta</i> mantém distante a tese da
antítese. Ao invés de síntese, o que existe na dialética serial é sempre
movimento sem síntese<i>. <br />
</i>Quanto
à <i>unidade</i>, o que torna <i>falsa </i>uma teoria é sua <i>fixidez</i>, e esta participa da
constituição da ideia de <i>unidade</i>.
Falso, portanto, a unidade, cujo princípio de identidade, A = A, nega o
movimento. Para Proudhon, o princípio de identidade é <i>falso</i> porque, como não se transforma, não pode transformar.
Entretanto, mesmo para a dialética serial, o princípio de identidade é útil, e
Proudhon deixa essa evidência em </span><i>De
la création de l’ordre dans l’humanité</i> (<span style="color: #212121;">subdivisão</span>
269), onde escreve que “a série dialética se forma, portanto, em virtude de uma
relação de identidade (...)”<span style="color: #212121;">.
</span><span style="color: white; mso-themecolor: background1;">.</span><span style="color: #212121;"><br />
Como
a série possível </span>é uma série de dois elementos ou composição de dois
elementos<span style="color: #212121;">, o pensador francês escreve em </span><i>De la création </i><span style="color: #212121;">(subdivisão
172) que “o estado molecular dos corpos é outra prova de não-continuidade: o
ouro, o mais denso metal, tem mais vazio que plenitude, pois suas moléculas não
se tocam”. Aqui, surge o conceito de <i>vazio</i> entre moléculas, havendo o que
Proudhon chama de “tensão elástica”. Em <i>Timeu</i>
(2012, p. 103), diferente dos quatro elementos, Platão pensa uma base muito
sólida, qual seja, o ouro, que, sem vazio, trata-se de uma forma inelástica por
ser muito densa e por possuir máxima rigidez. Concentrado sobre si mesmo ou
assegurada a identidade de si, o ouro não tem <i>vazio</i>. </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #212121; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><span style="color: #212121; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">6. </span></b><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O ENTRE ENQUANTO LUTA POLÍTICA<span style="color: #212121;"><o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #212121; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #212121; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Como
sabemos, é o princípio de identidade que forma a ideia de representação, a que
Platão se refere como <i>mentira nobre</i>.
Por ser um tipo de fuga marcada pela <i>ambiguidade,</i>
a mentira nobre se move entre o ser que não-é e o não-ser que é. O filósofo
grego não a chama de <i>falsa</i>, porque
falso para ele é a consequência de uma dialética que vê seu objeto sempre
errante, quer dizer, o objeto sempre em fuga sobre fuga ou deixa entrar em fuga
a pluralidade, a multiplicidade, as variações, as diferentes combinações; é o
que, não podendo ser fixado, foge à representação. Assim, se por um lado
Platão, como podemos ler em <i>O Sofista</i>,
chama a disseminação do múltiplo sobre o múltiplo de falso, Proudhon chama de
falso a <i>unidade</i>. Quanto ao conceito
de falso, portanto, os dois se afastam. No entanto, quanto ao conceito de
Entre, ambos se avizinham, conceito que suspende o ab-soluto, só que Platão
abre<i> </i>uma </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">zona livre e vazia, onde a vida é
abandonada em uma zona de exceção, mas Proudhon não viu no Entre, ou na <i>fissura</i>, ou no <i>espaçamento</i>, ou no <i>vazio</i>,
o <i>falso, </i>mantendo-se no campo da
representação.<i><br />
</i>Voltemos
à dialética serial. Por causa da variação da série, existe também em Proudhon a
compreensão da dialética sistêmica ou dialética com síntese; porém, no tocante
à dialética sem síntese ou serial, existe a noção de que a oposição dialética,
tese e antítese, tende ao <i>neutro</i> ou
ao Entre. Vejamos: se de A emerge a oposição B, não é preciso que A desapareça
para que de B emerja a oposição C: A permanece oferendo resistência a B e é
possível que ocorra um equilíbrio instável ou uma constante flutuação entre<i> </i>A e B, ao mesmo tempo em que C vai
emergindo de B, e este passa a resistir a B, ao mesmo tempo em que enfrenta a
resistência de A. Entretanto,
segundo João Ribeiro de Almeida Borba, autor de <i>Relativismo e ceticismo na dialética serial de Proudhon</i>,<i> </i>tese de doutorado pela Pontífice
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 141.6pt; text-align: justify; text-indent: .1pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">“tais equilíbrios (ou oposições) não
ocorrem sempre e necessariamente, porque pode não haver suficientes
resistências do polo anterior para caracterizá-los, e assim um elo da cadeia
pode se romper; nem tampouco há qualquer garantia de que esses elos de oposição
e equilíbrio instável perdurem para sempre quando se firmam”. Mas alguns são
mais fundamentais e duráveis que outros, por sua vez mais superficiais e
circunstanciais, de dissolução mais fácil – e é importante detectar quando se
trata de um caso ou de outro” (p. 246, subdivisão 342).</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 106.2pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Se,
por meio da metafísica proudhoniana, podemos afirmar, de uma certa forma, que
ela é ontologia do vago, esse vago no campo político chama-se <i>educação</i>, conceito importantíssimo para
o anarquista francês<i>. </i>Pergunta-se:
não seria a escola espaço Entre o capital e o trabalho? Se é Entre, seu poder
simbólico pertence ao <i>neutro</i>. Diz
Roland Barthes em seu livro <i>O Neutro</i>:
“pode-se dizer que o neutro é suspensão da violência, mas enquanto desejo, o
neutro é violento” (2003, p. 30). Mais: no belo livro <i>Da Clausura do Fora ao Fora da Clausura</i>, Peter Pál Pelbart
completa: “trata-se do desejo de neutralizar tudo aquilo que me solicita sob o
modo da coação, seja ela suave, hostil ou tirânica” (2009, p. 82). </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Em
1848, Proudhon publica - resposta a quatro insurretos armados que pedem
explicações sobre suas ideias - </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Solução
do Problema Social</i><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">, em que deixa muito óbvio seu pensamento em relação à
guerra interna da </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">pólis</i><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> francesa: não
violência armada, e sim a criação do Banco de Troca (no ano seguinte, Banco do
Povo), onde elabora a teoria de crédito à taxa zero. “Um gênio sintético e
reconciliador. Adora as atitudes intermediárias. Assume de bom grado a posição
equidistante das doutrinas extremas”, observa Bouglé em </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">A Sociologia de Proudhon </i><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(2015, p. 38). Sem fixar o conceito de
Banco na ponta extrema do capital, o anarquista francês o situa Entre o capital
e o trabalho, ou seja, Proudhon neutraliza o símbolo do capitalismo por tê-lo
posto ou na condição de Neutro, ou na condição de Entre, ou na condição de
mentira nobre. Por causa disso, em outras palavras, por causa do Entre - e
Célestin Bouglé deixa claro e repete em suas páginas que Pierre-Joseph Proudhon
movimenta-se no Entre -, esse anarquista possibilitou um devir.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Em
1867, pouco mais de dois anos após a morte de Proudhon, nasce Fernand
Pelloutier, herdeiro da dialética serial, visto que, por meio de sua ideia das
Bolsas de Trabalho, sua luta política transita entre o capital e o trabalho
quando proporciona aos operários franceses acesso a bibliotecas, a teatros, a
livros, a artes. As Bolsas de Trabalho se opunham ao que surgiu, em Chicago,
Estados Unidos, em 1892, a Propaganda pelo Feito ou atos de violência, marcada
na história, por causa de Ravachol, por ações diretas com bombas. Se o
anarquista Errico Malatesta aderiu a essa propaganda, ele mesmo chega à
conclusão mais tarde de que a violência revolucionária levaria a lugar nenhum.
Pelloutier é esse anarquista que aproxima os trabalhadores de uma luta cujas
armas são livros, artes; luta em prédios onde existem escolas
profissionalizantes, debates, conferências, espetáculos.
<span style="color: white; mso-themecolor: background1;">.</span><br />
Vivendo
em uma pequena casa num subúrbio de Besançon, Entre a cidade e o campo, ele foi
patrão, operário, tipógrafo, jornalista, filósofo, sociólogo, economista,
enfim, sua profissão Proudhon é Entre profissões, Entre que Karl Marx não
compreendeu. Em 1849, Karl Marx acusou, com violência, Proudhon de ser um
campônio pequeno-burguês, irremediavelmente incapaz de compreender a noção
dialética da superação (<i>Aufhebung</i>),
que é a essência da negação da negação hegeliana, e, como consequência,
Proudhon irá, segundo Marx, eternizar-se na oposição intransponível da tese e
da antítese, em virtude de ter suas raízes franco-sociais mergulhadas na classe
média. O autor de <i>A Ideologia Alemã </i>interpreta
a dialética <i>De la création de l’ordre
dans l’humanité </i>como consequência de sua incapacidade pequeno-burguesa de
escolher entre o <i>economismo</i> da
burguesia e o <i>comunismo </i>do
proletário. Enquanto Karl Marx diminui o pensamento de Proudhon por este não
ocupar um dos extremos, a dialética proudhoniana, sem síntese, é movimento que
acontece Entre. Ainda Marx: “a natureza de Proudhon leva-o à dialética; porém,
jamais tendo entendido a dialética científica, não alçava senão o sofisma”
(MENEZES, 1966, p. 36). Com essas
palavras, o pensador alemão, sem saber, talvez, possibilitou o encontro entre
Platão e Proudhon nas páginas de <i>O
Sofista</i>. Marx estava certo: o anarquista francês é um sofista pelo motivo
de sua dialética conduzi-lo ao que está Entre a tese e a antítese, ainda que
com diferentes nuanças da dialética platônica, porque, enquanto Platão chamou
de <i>falso </i>a multiplicidade sofista,
que se movimenta no vago, Proudhon chamou de falso a unidade pela razão de ela
(se) fixar a partir da negação do movimento, reduzindo todas as diferenças à
unidade, o que não corresponde à natureza ou à vida, pois tudo é relação. <span style="color: white; mso-themecolor: background1;">.</span><br />
Ao
ter dito que Proudhon é incapaz de escolher entre o <i>economismo</i> da burguesia e o <i>comunismo
</i>do proletário (MENEZES, 1966, p. 36), Marx tende a um dos extremos da luta
política; e Proudhon, ao Entre<i>. </i>Em
1848, aos 39 anos, Proudhon, segundo Célestin Bouglé, “assume deliberadamente a
defesa dos operários insurretos. Mas, no fundo, o escândalo insurrecional
repugna-lhe” (BOUGLÉ, 2015, p. 114), pois seu anarquismo não é o do confronto
direto. “Essas mobilizações do povo em armas nas ruas não lhe dizem nada que
valha” (2015, p. 114).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: white; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">CONSIDERAÇÕES FINAIS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> Quem afirma que a
guerra é só confronto corpo a corpo ou violência bruta e direta, Platão nos
diz, há mais de dois mil anos, que a guerra da representação é a guerra das
guerras, pois sua natureza, não se reduzindo ao orgânico como instrumento de
violência, amplia-se como jogo estético do engano. A representação, por ser o
real, é a duplicidade do rosto, muito bem pensada por Giorgio Agamben em <i>Meios sem fim</i>: “o meu rosto é o meu <i>fora</i>: ponto de indiferença em relação a
todas as minhas propriedades, em relação àquilo que é próprio e àquilo que é
exterior” (2015, p. 94). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Indiferente, isto é, nem bom nem mau, o rosto é Entre.
Representado por César Bórgia - rosto preferido de Maquiavel -, podemos afirmar
que o poder é Neutro porquanto a sua natureza é a da representação. Mais: como
escreve Pál Pelbart, “o Fora será sempre um Entre” (2009, p. 107), e tanto o
Fora quanto o Entre são o Neutro, “um estado intensivo cujo poder de
microcorrosão é capaz de desmanchar cristalizações capturantes, liberando o
movimento para fora dos circuitos existentes” (2009, 82).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Na guerra da mentira nobre ou do Neutro, Proudhon usa o
símbolo maior do capitalismo em 1848, o Banco; e, como toda representação, o
Banco de Troca engana, porém engana o crédito capitalista. Ao ter pensado a
dialética serial, Proudhon encontra o Entre, que, não havendo síntese,
assemelha-se à mentira falsa de Platão, porque esta também não tem síntese, mas
a dialética proudhoniana não foge à representação, movimentando-se, portanto,
em direção à mentira nobre, posto que esta permanece na representação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> </span><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">REFERÊNCIAS</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br />
</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">AGAMBEN, Giorgio. <i>Meios sem fim. </i>Traduzido por Davi Pessoa
Carneiro. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">BARTHES,
Roland. <i>O neutro</i>. Traduzido por Ivone
Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2003.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">BOUGLÉ,
Célestin. <i>A sociologia de Proudhon</i>.
Traduzido por Plínio Augusto Coêlho. São Paulo: Intermezzo; Edusp, 2015.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">CABRAL,
Pedro Corrêa. <i>Xambioá, guerrilha no
Araguaia</i>. São Paulo: Record, 1993. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">DELEUZE,
Gilles; GUATTARI, Felix. <i>Kafka</i>, <i>para uma literatura menor</i>. Lisboa:
Assírio & Alvim, 2003. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">ERIC,
Havelock. <i>Prefácio a Platão</i>.
Traduzido por Enid Abreu Dobránzsky. Campinas: Papirus, 1996.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">MENEZES,
Djacir. <i>Proudhon</i>, <i>Hegel e a dialética. </i>Rio de Janeiro:
Zahar, 1966.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">MAQUIAVEL.
<i>O príncipe.</i> Traduzido por Diogo Pires
Aurélio. São Paulo: 34, 2017.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">MARIGHELLA,
Carlos. <i>Mini-manual do guerrilheiro
urbano</i>. Disponível em: <</span><a href="https://www.plural.jor.br/documentosrevelados/wp-content/uploads/2015/08/carlos-marighella-manual-do-guerrilheiro-urbano.pdf"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">https://www.plural.jor.br/documentosrevelados/wp-content/uploads/2015/08/carlos-marighella-manual-do-guerrilheiro-urbano.pdf</span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">>. Acesso em: 15 jun. 2019.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">NIETZSCHE,
Friedrich. <i>A genealogia da moral.</i> São
Paulo: Moraes, 1991.<i> </i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">PELBART,
Peter Pál. <i>Da clausura do fora ao fora da
clausura</i>: loucura e desrazão. São Paulo: Iluminuras, 2009. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">PLATÃO.
<i>As leis</i>. Traduzido por Edson Bini.
São Paulo: Edipro, 2010. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">____.
<i>A república. </i>6.ed. Traduzido por
Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1990.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">____.
<i>O sofista.</i> Traduzido por Henrique
Murachco, por Juvino Maia Jr. e por José Trindade Santos. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2011.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">____.
<i>Timeu. </i>Traduzido por Edson Bini. São
Paulo: Edipro, 2012.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">PROUDHON,
Pierre-Joseph. <i>De la création de l’ordre
dans l’humanité ou principles d’organization politique</i>. 2ª. ed. Paris:
Garnier, 1849. <i> </i> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">____.
<i>A solução do problema social</i>.
Traduzido por Plínio Augusto Coêlho. São Paulo: Intermezzo; Edusp, 2015. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Sistema de Publicação Eletrônica de
Teses e Dissertações – TEDE</span></i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">. Disponível
em: <</span><a href="https://tede2.pucsp.br/handle/handle/11789"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">https://tede2.pucsp.br/handle/handle/11789</span></a><u><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">>.</span></u><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> Acesso em: 03 jun. 2019.</span><u><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"> </span></u><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> <i><o:p></o:p></i></span></div>
<div>
<!--[if !supportAnnotations]-->
<br /><div>
<div class="msocomtxt" id="_com_3" language="JavaScript">
<!--[if !supportAnnotations]--></div>
<!--[endif]--></div>
</div>
<script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-67591894570430746292019-04-27T10:51:00.001-05:002019-04-27T10:51:14.535-05:00QUANDO UM MINISTRO NÃO SABE O QUE É ESCREVER E PENSAR<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Ungido
por padres e pastores, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, soube
escolher, pela segunda vez, o melhor nome para ministro da Educação: Abraham
Bragança de Vasconcellos Weintraub, conhecedor profundo da educação brasileira
- em particular, da Filosofia - pela razão de ter dedicado sua vida à economia.
Mestre em administração na área de finanças pela Fundação Getúlio Vargas, o
ministro da Educação trabalhou no Banco Votorantim por 18 anos, onde foi
economista-chefe e diretor. O presidente o escolheu porque Abraham Weintraub
foi indicado por outro conhecedor profundo da educação brasileira e da
Filosofia, Onyx Dornelles Lorenzoni, formado em medicina veterinária. O que
esperar do MEC quando médico veterinário indica executivo do mercado financeiro
para ministro da Educação e capitão do Exército bate continência? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Abril,
26. Abraham Weintraub declara por redes sociais que recursos públicos serão
retirados das faculdades de Filosofia e de Sociologia por serem muito mais
úteis aos ensinos fundamental e médio, pois crianças e jovens devem aprender a
ler e a escrever. “Acho que a função do governo é respeitar o dinheiro do
pagador de imposto. Então, o que a gente tem de ensinar para as crianças, para
os jovens? São, primeiro, habilidades de poder ler, de escrever, de fazer
contas”, disse. Com tais palavras, Weintraub mostra que conhece a fundo os
problemas da leitura e da escrita nas escolas, além de conhecer mais do que
franceses e alemães a inutilidade da Filosofia e da Sociologia nas faculdades
públicas. </span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">Sobre o que o ministro disse
acima, destaco “habilidade de escrever” e sua relação com a Filosofia, que
Weintraub ignora. Quando escrevo, meu raciocínio busca adequar o pensamento a
uma estrutura textual; entretanto, antes de escrever, conheci o que é pensar
por meio, por exemplo, de Parmênides, de Heráclito, de Platão, de Aristóteles,
de Santo Agostinho, de São Tomás de Aquino, de René Descartes, de Espinosa,
menos por meio de Olavo de Carvalho, que não é filósofo. Então, pergunto: quem
aprende a escrever nas aulas de Língua Portuguesa não tem de aprender o que é
pensar antes? Se crianças e jovens franceses estudam René Descartes, visto que
“pensam, logo existem”, crianças e jovens brasileiros não deveriam ser educados
a pensar. Ministro, o que vem antes, aprender a escrever na aula de Língua
Portuguesa ou aprender a pensar na aula de Filosofia? Com que disciplina,
ministro, aprende-se a pensar? O que é pensar? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">Por
meio da gramática, a Língua Portuguesa ensina a estruturar textos; a Filosofia,
porém, estruturou a gramática na época helenista porquanto o saber filosófico
estruturou, antes da ciência gramatical, o pensamento enquanto pensamento, ou
seja, a Filosofia subjaz a gramática. Abraham Weintraub deve ter lido “A
vertente grega da gramática tradicional”, de Maria Helena de Moura Neves, onde
se lê o surgimento da ciência gramatical em sua nascente, a Filosofia; na
Pátria Amada, porém, a gramática se esqueceu de que nasceu da Filosofia. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">“A
habilidade de escrever” não se reduz às aulas de Língua Portuguesa, já que o
professor de Filosofia pode ensinar o aluno a produzir texto filosófico,
compreendendo texto filosófico como rede conceitual dissertada ou argumentada,
por exemplo, no Enem. O ministro da Educação, entretanto, forma um abismo entre
a Filosofia, mãe de todas as disciplinas, e um de seus frutos: a gramática,
ciência que ensina a ler e a escrever. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">“Habilidade
de escrever” é habilidade de estruturar, o que significa dizer que “habilidade
de escrever” é também organização semântico-sintática. No sentido comum,
“estrutura” é sinônimo de “organização”, ou seja, se “habilidade de escrever” é
habilidade de estruturar ou de organizar correlações semânticas em muitas
sintaxes correlacionadas, estrutura ou organização é </span><i style="font-size: 12pt;">meio</i><span style="font-size: 12pt;"> por que passa
o pensamento. Pensar antecede ao pensamento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">O
Facebook pergunta “no que você está pensando?”, e o ministro Weintraub acredita
que escrever em Face é </span><i style="font-size: 12pt;">pensar</i><span style="font-size: 12pt;">. O mínimo que se escreve são </span><i style="font-size: 12pt;">recognições</i><span style="font-size: 12pt;">,
assim como eu as escrevo neste artigo. Segundo Deleuze, “pensar é criar
conceitos”. O aluno deve adquirir “habilidade de escrever” nas aulas de Língua
Portuguesa, mas isso não significa “habilidade de pensar”, e sim habilidade de </span><span style="font-size: 12pt;">recognição</span><span style="font-size: 12pt;">, isto é, ele pode repetir
ideias ordinárias e obter nota máxima no Enem, pois seu texto apresenta
correção gramatical, estrutura organizada, clareza de ideias comuns. Porque
pertence a ela educar a pensar, fora da Filosofia não existe pensar, só
recognições. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">“A
função do governo é respeitar o dinheiro do pagador de imposto”, só que
Weintraub não o respeita, pois, com seu currículo lattes de executivo do
mercado financeiro e indicado por um médico veterinário, o contribuinte mais
exigente não pagaria imposto para manter no MEC Abraham Weintraub, que ignora o
diálogo entre professores de Filosofia e de Gramática, relação
interdisciplinar desde a Grécia antiga. Diz Aristóteles: “a </span><i style="font-size: 12pt;">grammatiké </i><span style="font-size: 12pt;">compreende
o ensino da escrita e da leitura”. Mas eis o problema: não se lê Aristóteles no
Banco Votorantim, só Olavo de Carvalho é lido.</span></div>
</span><o:p></o:p><br />
<script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-6264486406495222922019-03-10T12:14:00.002-05:002019-03-27T11:35:18.849-05:00LULA E A JURISPRUDÊNCIA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
10 de abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará a prisão de condenados em
segunda instância. Indicados pelo PT ao Supremo, o desentendimento mais recente
entre os ministros Enrique Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso alude ao
HC-152752, onde, por questão de presunção de inocência, os advogados defendem a
liberdade de seu cliente até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, quer dizer, ainda que o ex-presidente Lula tenha sido condenado
em segunda instância, ele deve permanecer em liberdade, até o STF reparar algum
erro de segunda instância e, com efeito, julgar de forma suprema.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Com
longas e preciosas argumentações que reverenciam o saber para fundamentar a <i>liberdade</i>, Ricardo Lewandowski defende a
presunção de inocência por existir, segundo ele, “uma barreira intransponível com
relação ao acolhimento da mutação constitucional, e essa barreira
intransponível é, exatamente, aquela que é constituída pelas <i>cláusulas pétreas</i>, e a nossa
Constituição, a Constituição de 88, definiu essas barreiras de forma muito explícita
no artigo 60, parágrafo 4º”, onde são assegurados “os direitos e as garantias
individuais”, equivalendo-se à outra cláusula pétrea, à do <i>voto universal</i>. Por causa dessa barreira, a liberdade, na
argumentação de Lewandowski, é “núcleo duro”, quer dizer, o sentido da
liberdade do homem permanece imóvel na mutável realidade. A liberdade é o que é,
<i>ab-soluta</i>, quer dizer, não se
movimenta em direção ao externo porque o que é ab-soluto não se movimenta,
permanecendo enclausurado nele mesmo, por isso <i>pedra</i>. Porque é relação a si-mesmo, sempre igual a ele mesmo (A=A),
o sentido de liberdade não se altera, é imóvel na realidade, que está em
constante movimento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Irrefutável
para o ministro por sua natureza, a cláusula pétrea se opõe a um conceito
defendido pelo ministro Luís Roberto Barroso, ao de <i>mutação constitucional</i>. Em seu livro <i>Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo </i>(capítulo V), a <span style="background: white; color: #3a382c;">mutação constitucional pressupõe a
superação, segundo Barroso, da “separação metodológica rígida entre o mundo do
Direito (o ser) e a realidade fática (o dever-ser), imposta pelo positivismo
jurídico”. Posto isso, podemos afirmar que a cláusula pétrea é o <i>ser</i>, a coisa em si-mesma; e a mutação
constitucional, o <i>devir</i>, o movimento;
e tais conceitos subjazem as argumentações sobre presunção de inocência, </span>tendo<span style="background: white; color: #3a382c;">, portanto, fundo filosófico a questão,
a partir de duas fontes pré-socráticas: Parmênides (o ser) e Heráclito (o
devir).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="background: white; color: #3a382c; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Lewandowski
e Barroso encontram-se no campo da jurisprudência, e a jurisprudência, segundo
Gilles Deleuze, “é filosofia do direito”, onde forças serão aplicadas na
interpretação, onde a semântica “tenderá a”. Luís Roberto Barroso tende à
modificação da Constituição por via informal, que se dá pela denominada <i>mutação constitucional</i>, “mecanismo que
permite a transformação do sentido e do alcance de normas da Constituição, sem
que se opere, no entanto, qualquer modificação de seu texto. A mutação está
associada à <i>plasticidade </i>de que são
dotadas inúmeras normas constitucionais”, escreve o ministro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">No
sentido <i>plástico</i>, quando se fala na
liberdade do homem, não se fala mais do homem universal, atemporal,
a-histórico, fora da realidade movente, mas de homens em condições sociais
diversas, no caso, do político corrupto, que sempre recorreu ao fórum
privilegiado; e do empresário riquíssimo, que sempre entrou com recursos sobre
recursos a fim de protelar a sentença no Supremo Tribunal Federal. Ora, se a
liberdade desses homens corruptos e ricos não se equivale à liberdade do ladrão
comum e pobre, a justiça precisa igualar tais liberdades para que ambas sejam
julgadas e condenadas em segunda instância, é o que defende a filosofia do
direito do ministro Barroso. Como ele mesmo escreve em seu livro, “o tema da
mutação constitucional tem o seu ambiente natural na fronteira em que o Direito
interage com a realidade”, ou ainda, em que o ser interage com o devir.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Artigo
de jornal não cobre a complexidade deste tema; porém, ainda assim, busquei, no
limite de linhas, destacar que “a filosofia do ser” liberta Lula até o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória e que “a filosofia do devir” o
condena em segunda instância. Abril, 10: é o dia. <i> </i> <span style="background: white; color: #3a382c;"> </span><b><o:p></o:p></b></span></div>
</div>
</div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">
</span><script language="Javascript" src="https://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-3843216510595302652019-02-22T16:54:00.001-05:002019-02-24T11:41:17.468-05:00Quem disse que "Marighella" tem algo a dizer às esquerdas de hoje?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div dir="ltr" style="line-height: 1.8; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Se
uns dizem revolução e outros, ditadura, a história registra que, de 1º de abril
de 1964 a 15 de março de 1985, militares governaram esta Pátria Amada por
longos 21 anos, sem os devidos conflitos naturais da democracia. Para o baiano
Carlos Marighella, o que houve em 64 foi um golpe militar fascista e, para ele,
só havia uma forma de combatê-lo: pegar em armas.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Em 1934, aos 23 anos, Marighella abandonou o
curso de Engenharia Civil para ser militante profissional do Partido Comunista
Brasileiro, tendo sido expulso em 1967. Um ano depois, funda o grupo armado
Ação Libertadora Nacional (ALN) e, em 4 de novembro de 1969, seu corpo tomba
dentro de um Fusca, na alameda Casa Branca, no Jardins, rua próxima ao centro
de São Paulo, após ter sido traído pelos frades dominicanos Ivo e Fernando.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Após 34 anos do último militar governar o
Brasil, o diretor Wagner Moura projeta na tela do cinema brasileiro <i>Marighella</i>,
filme que surge no momento em que ideologias se extremam e no período histórico
em que as esquerdas necessitam rever suas formas de luta política diante da
sociedade civil. Não há dúvidas de que um homem que abandona a vida pessoal
para se entregar à luta armada em nome da justiça social merece todo respeito.
Entretanto, se sua vida deve permanecer na memória desta Pátria Amada, é para
que percebamos que lutar contra o poder é muito mais profundo do que pegar
apenas em armas. Quero dizer com isso que o filme só se torna importante neste
momento do Brasil para nos mostrar que a ideia revolucionária de Marighella é
inútil para a complexidade política do século 21, não passando essa ideia,
portanto, de peça de “museu de grandes novidades”.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> O filme encantará jovens que defendem a
violência como único meio de destruir o capitalismo, pupilos inocentes de um
marxismo maniqueísta, cuja inglória utilidade se reduz a azeitar a engrenagem
social. Jovens revolucionários, porém, não leem Platão, por isso ignoram que o
poder “não-é o que é” e “é o que não-é”, explico: tanto no governo getulista quanto
nos governos pós-64, o poder inventou inimigos políticos a fim de que esse
mesmo poder propagasse a imagem de que ele combateu adversários. Há nesse jogo
ambíguo uma liturgia política a fixar a luta entre o bem e o mal. Em <i>O
Príncipe</i>, Maquiavel evidencia isso na relação entre César Bórgia e Ramiro
Orco, onde o poder do príncipe Bórgia necessita da violência de Ramiro para
aquele ser amado por seus súditos. A ideia de luta política de Marighella é a
violência de que os militares necessitavam a fim de que, em sua propaganda
ideológica (Brasil, ame-o ou deixo-o!), a aparência do governante fosse querida
como aquela que luta contra o mal.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Se o filme de Wagner Moura seduzirá jovens
que defendem “a violência contra o sistema opressor”, saibam que a violência da
extrema-direita é bem mais elaborada pela simples razão de ela se apresentar
como ato estético nacionalista. Sobre o conceito de estética, vale lembrar, o <i>Minimanual
do guerrilheiro urbano</i>, escrito em 1969 por Carlos Marighella, não concebe
o guerrilheiro como “artista numa obra”. Já os militares, no entanto,
conceberam que seus homens fossem atores em um palco chamado região do
Araguaia, teatro escrito no livro <i>Xambioá</i>, de Pedro Corrêa Cabral, na
época capitão-aviador e piloto de helicóptero. Se Marighella não podia admitir
a arte como luta política, os militares a admitiram, a ponto de se
transformarem, na fronteira entre Tocantins e Pará, em “artistas numa obra”. A
narrativa <i>Xambiá </i>é exemplar aula de como o poder militar soube fazer uso
da arte da representação - arte que Platão chamou de “mentira nobre”.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Exilado o artista de seu <i>Minimanual</i>,
jovens herdaram de Marighella um dos modelos de ação política, qual seja, o de <i>ocupação</i>,
tendo influenciado outros manuais, entre eles, o de Ocupação das Escolas. Ao
ler o <i>Minimanual</i>, um jovem, sem fundamentos teóricos para entender que a
luta política atual não é lida em manuais, pode defender, conforme Marighella,
que “ser ‘violento’ ou ‘terrorista’ é uma qualidade que enobrece qualquer
pessoa honrada, porque é um ato digno de um revolucionário engajado na luta
armada" contra o vergonhoso capitalismo e suas atrocidades. Após 50 anos
de sua morte, muitos revolucionários de manual ignoram que o capital tornou-se
estético.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> O filme de Wagner Moura é muito bem-vindo à
democracia, e assistirei por duas razões: importância para a história recente
da Pátria Amada e profunda importância de não ter nada a dizer de criativo como
luta política para a atual realidade das esquerdas brasileiras.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">
</span><script language="Javascript" src="https://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
</div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-83997166761581748312019-01-13T12:35:00.001-05:002019-01-13T12:39:24.522-05:00Menino, azul. Menina, rosa. Meu menino, menina<span id="docs-internal-guid-c4f9f6d6-7fff-dbe1-5df1-f42679bd745c"></span><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quando nosso filho nasceu, sua vida nos chamou ao mais sensível. Com o passar do tempo, deixamos João ser criança, </span><span style="font-size: 12pt; font-style: italic; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">brincar. </span><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Enquanto minha esposa assistia aos cultos, e porque pastores em igrejas não brincam de esconde-esconde, João, que só acredita num Deus que saiba brincar, se alegrava comigo no pátio da Casa de Deus e não condenava nada. Brincar inocenta erros. Brincar é uma forma expressiva de erro que nos alegra.</span><br />
<span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Certo dia, com a inocência de seus quatro anos, João me surpreendeu: “Papai, vamu bincá di buneca?”. Meu filho sempre usou azul, sempre. Azul era seu quarto. O uniforme escolar, azul. Sua pasta, azul. Azul também a maioria dos brinquedos. Nossa casa, azul. Meu menino era cercado de azul. Evidente que não tinha o “pintinho” azul, mas sua identidade estava lá. Sua natureza tinha determinado um “pinto”. Meu filho nasceu homem e vestia azul.</span><br />
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Após cinco anos entre brincar com carrinhos e bonecas, fui percebendo que o azul se desbotava, até que, aos nove anos de idade, ele disse a mim e à mãe que sempre se sentiu menina. Influência da escola marxista? Alguma professora com ideologia de gênero? João estava doente? Terá sido alguma praga do pastor por ele ter brincado no pátio da igreja? Meu filho é contra Deus.</span><br />
<span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Quando a ministra das Mulheres, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou que “menino veste azul e menina veste rosa”, as cores são referências simbólico-culturais para que órgãos sexuais sejam identificados. Identificar o sexo pela cor é fixar, é saber quem é. O recém-nascido só é reconhecido como menino ou como menina pela única razão de cada identidade ser definida por sua natureza: seu órgão genital, portanto, a sua identidade.</span><br />
<span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Pelo ultrassom, a mãe sabe com muita antecedência se é menino ou menina. Para revelar à família o sexo do bebê, promove-se o “chá revelação”. Sobre a mesa, um bolo. A expectativa, cortá-lo: se por dentro o bolo é azul, menino; se rosa, menina. Até hoje, nenhum corte revelou um bebê neutro. A identidade sexual vinculou-se, ao longo de séculos, à aparência do corpo.</span><br />
<span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Mas o que é identidade? Quando o policial pede minha carteira de identidade, ele quer a prova de que eu sou eu mesmo, que sou igual a mim mesmo. Uma vez identificado, tudo permanece normal, estável: eu sou eu, pois meu rosto é o mesmo da foto. Mas a aparência, sabemos, é instável, efêmera, visto que não será a mesma daqui a 40 anos, quando haverá a necessidade de uma foto atualizada. Se a aparência não fixa minha identidade no tempo, então não posso confiar nela para afirmar quem sou. “Aparência” significa “chegar perto”, não diz o que a pessoa humana é. Evidente que a identidade-aparência organiza a vida; facilita a relação entre mim e o guarda de trânsito, mas ela é a minha essência.</span><br />
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Entendo a ministra. Para ela, “o pintinho” é identidade, não devendo a “ideologia de gênero” - conceito, por sinal, errado - causar confusão em uma personalidade ainda não formada. Essa relação com o mundo externo, o psicanalista Bruno Bettelheim o deixou escrito no clássico </span><span style="font-size: 12pt; font-style: italic; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A psicanálise dos contos de fadas</span><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">, onde </span><span style="font-size: 12pt; font-style: italic; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Cinderela </span><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">e </span><span style="font-size: 12pt; font-style: italic; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Chapeuzinho Vermelho</span><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">,</span><span style="font-size: 12pt; font-style: italic; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"> </span><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">por exemplo, </span><span style="font-size: 12pt; font-style: italic; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">fixam</span><span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"> não o que é menino e o que é menina, mas comportamentos adequados ou ajustados à natureza de cada um, o que significa dizer que as páginas de Charles Perrault, porque imitam o modelo, são representações estáveis para a criança. Porquanto escreveu olhando para o modelo ou para o limite, Perrault é o Platão da literatura infantil. Bettelheim é platônico: o menino veste azul e a menina veste rosa, pois isso indica marcas simbólico-culturais com a finalidade de dar à criança isto: a não confusão, segurança. “Mais importante ainda, para se sentir segura na terra, a criança necessita acreditar que este mundo é sustentado firmemente”, e continua o psicanalista. “A criança, não tendo seu id sob controle consciente, necessita de estórias que permitem pelos menos uma satisfação fantasiosa destas ‘más’ tendências, e modelos específicos para sua sublimação”.</span><br />
<span style="font-size: 12pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<span style="font-size: 12pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas e o João, meu filho, que veste rosa? A ministra Damares, merecedora de todo respeito, assim como toda comunidade LGBT, sabe que a palavra “natureza” origina-se do grego </span><span style="font-size: 12pt; font-style: italic; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">physis</span><span style="font-size: 12pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">, que significa “movimento”; e, por ser movimento, a natureza do meu filho escapa ao modelo. O modelo pode fixar menino com azul, mas é só olhar a natureza e perceber que Deus mistura cores, por exemplo, em meu filho. João, que não se reduz à aparência da cor, é alma - “o essencial é invisível aos olhos”, diz o Pequeno Príncipe, que veste azul, também.</span></div>
</div>
<script language="Javascript" src="https://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script>lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-36401238453625650462018-12-21T10:32:00.003-05:002018-12-21T10:33:52.115-05:00A QUESTÃO NÃO É SE PAPAI NOEL EXISTE OU NÃO<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Quando o Natal bate à
porta de sua casa, Jorge Antônio acolhe o nascimento de Jesus Cristo como Papai
Noel. Sala de visita ambientada com árvore fecunda de presentes. Luz
direcionada à cadeira de Noel quando ele chegar. Sobre almofadas distribuídas
na sala, crianças e pais emocionados à espera do Bom Velhinho. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Transfigurado pela
imagem de Papai Noel, Jorge solta seu “ho ho ho”, e a porta da casa se abre
para a irrealidade entrar na forma de um homem idoso; ele se faz presente não
só para entregar presentes às crianças, mas para deixar uma mensagem a cada uma
delas. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A questão aqui não é
se Papai Noel existe ou não, e sim que a fantasia tem algo profundo a dizer às
crianças; ela faz falar o que a realidade social dos adultos enfraquece,
diminui, inferioriza, deforma. Ao acolher a inocência infantil, a fantasia a
protege com a fortaleza da ternura, com os muros delicados do bem-querer; e,
assim sendo, Papai Noel abre uma possibilidade de encontro que Jorge Antônio,
por si mesmo, não abriria por lhe faltar a força afetiva de um sensível que se
excede.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Jorge conhece os
netos. Por essa razão, seu amor por eles pode, com carinho, chamar a atenção de
cada um, dizendo a David, por exemplo, que ele não pode desrespeitar a sua mãe.
“Você já imaginou, David, viver sem sua mãe?”, pergunta Noel. “Eu não ia parar
de sentir dor”. “E você gosta de sentir dor?”. “Não, Papai Noel!”. “Então você
não acha que sua bondosa mamãe merece desculpas e merece ouvir de ti que você a
ama?”. “Acho, Papai Noel, mas como o senhor sabe que xinguei ela?”. David não
sabe que Noel é o pai de sua mãe, ou seja, a fantasia oculta o avô Jorge (ou o
real) para deixar o mistério: “Como o senhor sabe que xinguei ela?”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O
senso comum crê que a fantasia distancia a criança da realidade; porém, por
meio do avô Jorge, a fantasia é uma forma afetiva de questionar a realidade de
David. A fantasia zela pelo respeito, pela gratidão; não afasta a criança da
realidade, mas oferta a ela uma “sensação excedente” na realidade. A fantasia
fala do que nos falta ou do que a realidade nos arrancou; ela não nos distancia
da realidade, mas nos aproxima dela para incomodá-la, no sentido de que a
realidade se encontra desajustada, por exemplo, um filho xingar a mãe ou a mãe
xingar o filho.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">O
Papai Noel, realizado pela família, tem o tempo precioso para contar
“estórias”, sendo o Bom Velhinho, portanto, aquele que encarna a imagem
expressiva do narrador, que escolhe uma narrativa para acolher a mensagem
natalina destinada a suas crianças, crianças que não sabem que Papai Noel é o
vovô Jorge. Mistério. Assim, por causa de sua natureza misteriosa, o Papai Noel
da família é experiência mítica que possibilita a inocência escapar de uma vida
dominada de modo realista.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">“Seu grande amigo Jorge Antônio faleceu”, disse-me
o destino. Papai Noel da família agora é o filho mais velho, o que é bem
diferente de o Bom Velhinho estar em shopping, pois, nesse ambiente
antinatalino, todo Noel não passa de um estranho disfarçado dentro de uma
máquina comercial, com a pretensa boa intenção de encantar o consumo infantil.
Se Papai Noel de shopping tem algum amor à criança, esse amor não resiste à
falta de salário. O “ho ho ho” de shopping center é risada de um empregado
idoso a cumprir jornada de trabalho, não havendo, portanto, nenhuma gratuidade
em seu sorriso. O Noel de shopping não quer saber se um dos netos de Jorge
xingou a mãe, mesmo porque David não passa da 81ª criança que se senta hoje no
colo do Bom Velhinho, onde não há tempo de David escutar algum conselho sobre
respeitar os pais. E, mesmo se houvesse, inútil seria, pois esse Papai Noel
desconhece as 100 crianças/dia (meta do funcionário) que se sentaram em seu
colo. Uma </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">selfie</i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> com esse tipo de Noel é o máximo que a inocência
consegue de uma produção em série.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Papai
Noel de shopping não é fantasia, mas objeto alienado pelo capital e a serviço
do comércio para aquecer as vendas, ditas natalinas. Lugar sedutor de
hiperconsumo, onde as palavras são usadas para identificar objetos, o shopping
submete a fala de Noel à condição imediata de </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">uso</i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> em um lugar onde a
palavra não foge à utilidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Poucos
avós levam aos lares mensagens aos netos por meio da força simbólico-afetiva do
Bom Velhinho. No meu amigo Jorge Antônio, havia certo grau de desobediência
civil quando se transfigurava de Papai Noel. Muitos levam netos ao shopping;
nesse espaço, porém, um estranho se disfarça de Bom Velhinho, desconhece a vida
de cada criança e obedece ao uso utilitário do capital.</span></div>
<script language="Javascript" src="https://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script>lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-32983142818911473582018-10-03T21:42:00.002-05:002018-10-03T21:43:48.745-05:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span id="docs-internal-guid-5bc1eefe-7fff-4aab-0c79-e2f31a91c196"></span><br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span id="docs-internal-guid-5bc1eefe-7fff-4aab-0c79-e2f31a91c196"><span style="font-size: 16pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-weight: 700; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O Deus que o STF escolheu para a escola pública</span></span></div>
<span id="docs-internal-guid-5bc1eefe-7fff-4aab-0c79-e2f31a91c196">
<div dir="ltr" style="line-height: 1.296; margin-bottom: 18pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Aldo Tavares</span><br />
<span style="font-size: 12pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Texto publicado pelo Jornal do Brasil</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3679999999999999; margin-bottom: 6pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em 27 de setembro, fez um ano que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4439, onde </span><span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">a Procuradoria-Geral da República (PGR) questionava o modelo de ensino religioso nas escolas da rede pública. Por maioria dos votos (6 x 5), os ministros entenderam que o ensino religioso nas escolas públicas pode ter natureza confessional, ou seja, vinculado às diversas religiões.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3679999999999999; margin-bottom: 6pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">O STF votou a favor de um ensino religioso subjetivo e dogmático, o que significa separar fé e razão, devendo a escola ser atravessada por vários dogmas de fé, pois “quem ensina os dogmas religiosos são aqueles que acreditam na própria fé”, justificou o ministro Alexandre de Moraes. Por essa razão, a teologia dogmática deve estar em sala de aula.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3679999999999999; margin-bottom: 6pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Assim, a disciplina de filosofia não pode cumprir função do ensino religioso ou o ensino religioso não pode chegar aos alunos por meio da filosofia, pois não seria ensino religioso porquanto o aluno perderia “o núcleo básico do ensino religioso, que é a fé”, concluiu o ministro Alexandre. Se coubesse à filosofia o ensino religioso, “confundir-se-ia”, segundo o ministro, “ensino religioso com filosofia”.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3679999999999999; margin-bottom: 6pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Para legitimar essa cisão, Alexandre de Moraes cita o filósofo Hegel, afirmando que a filosofia tem como base a razão, isto é, a filosofia se afasta da fé; separa-se do subjetivo e do dogma, não se caracterizando, portanto, como disciplina de ensino religioso. Entretanto, fé e razão em Hegel comungam-se, mesmo porque sua filosofia reconcilia os contrários. Hegel</span><span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; font-weight: 700; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"> </span><span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">tem duas fases: 1ª) a religião harmoniza a reflexão e o amor, unindo-os no pensamento; 2ª) subordina a religião à filosofia. Além disso, o filósofo vê a religião não como assunto privado, e sim como valor educativo em seu livro </span><span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; font-style: italic; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Religião popular e cristianismo</span><span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">. Ao ter aprovado o ensino religioso confessional pelo princípio único da fé, o STF escolheu um Deus que não pode ser pensado em uma instituição criada pelos seres humanos justamente para eles pensarem: a escola.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3679999999999999; margin-bottom: 6pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Lugar destinado ao pensamento, a escola pública deveria ser o espaço legítimo para Deus ser pensado a partir, por exemplo, de Êxodo (3:14), onde o Criador diz a Moisés: “Eu sou o que sou”. Se o próprio Deus afirma que “Eu sou o que sou”, Deus é Aquele que é. Pensar Deus é, portanto, pensar o Ser, e o estudo que pensa Deus é o estudo filosófico, visto que só cabe à filosofia o estudo do “Ser”. Sem filosofia, não se pensa Deus, e o STF negou ao aluno estudar filósofos que pensaram Deus.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3679999999999999; margin-bottom: 6pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">Se o STF tivesse permitido à escola pensar Aquele que “é”, Deus deixaria de ser em sala de aula a subjetividade de cada religião e deixaria de ser o dogma de fé de cada homem enquadrado por sua religião, pois as subjetividades religiosas cederiam por meio da filosofia ao princípio Universal e o dogma de fé se apresentaria como aporia natural aos limites da linguagem filosófica.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3679999999999999; margin-bottom: 6pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; white-space: pre-wrap;">O ministro Alexandre de Moraes partiu do princípio da fé (subjetividade e dogma) para justificar o ensino religioso confessional, mas o aluno não se encontra em sala de aula para aceitar por aceitar a palavra dada pela profissão de fé, e sim para entender por meio da filosofia que a linguagem, por ser limite nela mesma, não pode pensar mais do pensa, chegando, portanto, ao silêncio. Nesse momento, a fé se faz “presente”, porque, não podendo Deus ser mais pensado por causa do limite da própria linguagem, a palavra silencia-se para somente crer. Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, por exemplo, construíram por meio da linguagem filosófica um caminho racional que os levou ao limite da palavra pensada para afirmar, só depois, a beleza da fé em Deus. O limite de Deus pensado é o limite da linguagem; porém, só depois de um longo trajeto racional, a linguagem se depara com sua linha de demarcação e afirma o dogma de fé. Alunos deveriam ter tido acesso a esse caminho da linguagem filosófica, mas ele foi obstruído pelo STF há um ano: seis ministros votaram no ensino religioso subjetivo e dogmático.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.3679999999999999; margin-bottom: 6pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; text-align: left; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em 1167, surge a Universidade de Oxford, onde o conhecimento de filosofia da natureza possibilitou ao sacerdote Roberto Grosseteste </span><span style="font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; text-align: left; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">(1168-1253) influenciar, séculos depois, Isaac Newton (1643-1727) no estudo de óptica</span><span style="background-color: white; color: #385260; font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; text-align: left; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">. Grosseteste</span><span style="font-family: "alegreya"; font-size: 12pt; text-align: left; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"> foi filósofo de uma época em que a filosofia entrelaçou fé e razão, o mesmo Hegel fez entre os séculos 18 e 19. Sem filosofia como ensino religioso, o STF condenou o aluno a não entender no cristianismo a relação entre fé e ciência.</span></div>
</span><script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-87089077800042996242018-10-03T16:15:00.000-05:002018-10-03T16:16:21.188-05:00<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">ZIRALDO,
A CRIANÇA QUE AINDA BRINCA </span></b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">De Aldo Tavares</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Publicado pelo Jornal do Brasil</span></b><br />
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Faz
16 anos que levei minha filha ao Ziembinski para assistir a uma peça escrita
por Ziraldo, “Bonequinha de pano”, cuja protagonista encontra-se esquecida no
sótão de uma casa, até que uma menina a encontra. Trago este livro aqui para
lembrar que a inteligência sensível de Ziraldo é aquela que sempre escreveu a
palavra criança em seu devido lugar de criança; e, quando digo devido lugar, digo
conceitos que pertencem à natureza de criança. Um desses conceitos, este: <i>brincar</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Neste
ano, a Boitatá, selo da Boitempo, publicou “O capital para crianças”, onde
conceitos inerentes ao mundo infantil ausentaram-se, posto que a proposta de
suas páginas é registrar a infância no materialismo histórico, por isso a criança
diz ao vovô Marx: “Conte uma história pra gente, por favor! mas nada de
cavaleiros e princesas, nem de reis e dragões, nem cinderela, nem chapeuzinho.
queremos uma história de verdade”. O marxismo infantil escreve a palavra criança
sobre linhas retas e sérias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Também
escrevendo sobre linhas retas e sérias, o mercado editorial neopentecostal publica
literatura infantil para que a criança aprenda a se conduzir com retidão por
meio de narrativas bíblicas. Tal qual o marxismo para criança, a inocência na literatura
infantil neopentecostal deve ouvir a verdade não do vovô Marx, mas a verdade da
vovó Igreja. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Exposto
isso, podemos afirmar que marxismo e religião se abraçam ou igualam-se, visto
que as duas literaturas infantis “limpam” a criança das narrativas falsas com a
linguagem asséptica da verdade, a mesma verdade com que Platão disciplina a
criança em <i>A República </i>e em <i>As Leis,</i> qual seja, verdade que, separando-se
das diferenças, fixa valores absolutos. Essa verdade jamais se distancia da
ideia de real, por isso que as literaturas infantis marxista e religiosa têm
cunho realista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Evidente
que, por causa de princípios democráticos, essas literaturas devem e precisam
existir, mesmo porque, se não existissem, não seriam criticadas aqui; e a
crítica, sem os apelos de ideologias e de emoções religiosas, é o exercício de
uma razão que busca com equilíbrio qualificar ideias, nesse caso, a ideia de
criança, que é a ideia de brincar. Em “O capital para criança”, porém, a inocência
não brinca, o que não ocorre em “O Menino Maluquinho”, de Ziraldo, “onde tudo
que é bom é brincadeira”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> A
criança não busca a verdade. Ela busca
brincar. Se a verdade se separa das diferenças a fim de fixar valores
absolutos, a fim de se dizer pura, a criança brinca, pois brincar, que mistura,
alegra: o Menino Maluquinho “<span style="background: white;">deitava/
e rolava/ pintava e bordava/ e se empanturrava/ de bolo e cocada/ E ria/ com a
boca cheia/ e dormia/ cansado no colo da vovó/ suspirando de alegria”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> Mas
a criança que pede ao vovô Marx contar a verdade é criança que não sabe brincar;
o marxismo para criança, que não reconhece o ato de brincar como natural à infância,
também não pode reconhecer um conceito inerente ao brincar, a saber, ele: que proporciona
à inocência alegria, qual seja, o falso. Brincar é experimentar o falso; e, ao
experimentá-lo, a criança é afetada pelo excesso. Pais que assistiram com seus
filhos à peça “Bonequinha de pano” possibilitaram às crianças o acesso ao
brincar, desde que admitamos a relação estreita entre o brincar e o irreal ou
entre o brincar e o falso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="background-color: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="background-color: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Uma
criança que se fantasia, por exemplo, de boneca Emília brinca de Emília e, ao
mesmo tempo, falseia os limites do real. Por causa da ficção do falso, da
fantasia, a criança se alegra, visto que o falso oferta ao infante um certo
grau de expansão. Na literatura de Ziraldo, a inocência se alegra. “Desde que
existem homens, o homem se alegrou muito pouco: apenas isso, meus irmãos, é
nosso pecado original! Se aprendemos a nos alegrar melhor, melhor desaprendemos
de causar dor nos outros e planejar dores”, escreveu Nietzsche em </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Assim falou Zaratustra</i><span style="background-color: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">. </span></div>
<span style="background: white; line-height: 150%;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background: white; line-height: 150%;"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></span></div>
<span style="background: white; line-height: 150%;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> As
literaturas infantis marxista e religiosa, assim como a fábula nobre de Platão,
são ficções verdadeiras que representam a moral reta a que a criança deve ser submetida,
bem diferente do brincar desobediente e alegre do Menino Maluquinho, cujo
comportamento escolar recebe dos professores ZERO.<o:p></o:p></span></div>
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></span></div>
<span style="background: white; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">Quando
eu soube que Ziraldo encontrava-se no hospital por causa de um AVC, perdi por
alguns segundos a respiração em um mundo que tinha acabado de ficar ainda mais
desencantado. A verdade tinha me asfixiado. Eu quis, porém, acreditar que a
criança de 85 anos, na verdade, brincou de partir para sempre. Melhor assim:
brincar, fingir, falsear.</span></div>
</span><script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script>lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-29013986160704634352017-11-25T15:16:00.002-05:002017-11-25T15:16:04.428-05:00Política. Estrutura. Escola. Gramática<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />
</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">De
Aldo Tavares</span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> </span><br />
<div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Lecionei
no Acre durante 20 anos e percebi, nesse tempo, a escola pública antes e depois
do Partido dos Trabalhadores no governo. Não voto no PT. Defendo nenhum
partido. Defendo ideias. Então, se escrevo para afirmar que a educação acriana melhorou
com o PT, é porque eu estava com meus alunos em sala de aula desde o governo de
Jorge Viana.<br />
Em
grego, cidade é “pólis”, a mesma raiz de (polí)tica, que significa “muitos,
diversos, múltiplos”, ou seja, “pólis” tem a marca das diferenças, a marca de
valores não semelhantes. Já a raiz grega “-tica” nos remete “ao que é comum, ao
que deve ser igual a todos”. “Política”, portanto, é palavra com dois
significados que se contradizem, quais sejam, unidade e multiplicidade. Buscar
encontrar a unidade na multiplicidade, esse é o sentido original da palavra
política.<br />
Embora
seja um dos lugares em que as diferenças se manifestam por meio de
comportamentos, por meio de ideias, a escola tem de buscar sua unidade, o que
não significa excluir a multiplicidade da própria vida. Nesse sentido, a escola
é política. Mas por que meio se manifesta a unidade-multiplicidade escolar
entre a direção e o corpo docente? Antes dessa pergunta, deveria haver esta:
por qual meio coloca-se o professor ou a professora na direção escolar?<br />
Faço
essa pergunta porque, antes da relação entre direção e corpo docente, o diretor
foi escolhido pela democracia escolar. Passei por várias escolhas democráticas
e vi de perto o que é a democracia escolar na rede estadual acriana de ensino.
E aí retorno à minha pergunta: por qual meio coloca-se o professor ou a
professora na direção escolar? O menos atento responderá que é a democracia,
ignorando que a democracia é estrutura. É por meio da estrutura que se escolhe
um professor para estar diretor escolar.<br />
Por
causa do limite de linhas, evidente que este artigo não é o espaço mais
apropriado para pensar o conceito de “estrutura”, mas podemos afirmar que ele
não tem nenhuma relação com formalistas russos, com superestrutura e
infraestrutura do marxismo, com a obra “As estruturas elementares do
parentesco”, de Claude Lévi-Strauss, ou relação com o belo livro “A
reprodução”, de Pierre Bourdieu. O conceito de estrutura a que me refiro se
enlaça com a segunda fase de Bourdieu, com o segundo Wittgenstein, com as
páginas de “O aberto”, de Giorgio Agamben, quer dizer, sem nenhum vínculo com o
mecanicismo, estrutura é o que a filosofia pensa sobre “movimento”, ou seja, é
e não é, enfim: estrutura é abertura.<br />
A
atual estrutura que organiza e movimenta as relações humanas no processo
democrático escolar assemelha-se à democracia que vota em vereadores,
deputados, isto é, a estrutura democrática escolar no Acre não permite
qualificar o ensino público, porque ela é feita para não escolher o melhor
professor para estar diretor. Como eu disse antes que a estrutura é aberta,
pode ocorrer que em alguma escola ou em algumas escolas o voto escolha o melhor
candidato à direção; isso não tem predominado, no entanto. A regra tem sido
brigas, tumultos, xingamentos, interesses de grupo contra outros interesses de
grupo, porque a estrutura, subjacente às falas e às relações humanas, permite
que o tumulto e o superficial se manifeste, impedindo a presença de diálogos
muito qualificados a fim de que problemas e soluções sejam pensados com
elegância e profundidade. <br />
Pergunta-se:
é regra na escola pública acreana haver diálogo entre candidatos a diretor
sobre o aluno escrever bem? é regra entre candidatos nessa democracia escolar haver
diálogo sobre prática de leitura em sala? é regra debate sobre sala de leitura?
Pergunto porque pertence à natureza da escola ensinar muito bem o aluno a
escrever e a ler. A democracia escolar hoje escolhe o melhor candidato para que
o aluno escreva e leia bem?<br />
A
mais absoluta ausência dessas perguntas na atual estrutura democrática teve
como resultado, por parte da Secretaria de Educação do Acre, a retirada do
estudo de gramática e, em seu lugar, gêneros textuais. Leciono Língua
Portuguesa há anos, mas é a Filosofia que aprofunda a ideia de quanto a
gramática é importante para escrever e ler bem. Se debates na escola não
aprofundam problemas e soluções de escrita e de leitura, a secretaria retira da
escola a gramática, o que é uma insanidade. Digo insanidade porque retirar a
gramática da Língua Portuguesa assemelha-se a retirar os números da matemática,
porque, assim com a matemática, gramática é estrutura. Em seu livro
“Antropologia estrutural dois”, Claude Lévi-Strauss afirma na página 133: “a
estrutura é o próprio conteúdo”. Ora, se ele escreve isso, é porque a base do
antropólogo Lévi-Strauss é filosófica. Em “Mito e significado”, ele registra na
página 23: “falar de regras e falar de significado é falar da mesma coisa”. Por
si mesma, a Língua Portuguesa não tem como entender essa relação entre
estrutura e conteúdo, ela precisa dialogar com a Filosofia.<br />
É
o filósofo Jacques Derrida quem pensa o conceito de “desconstrução” e, uma vez
pensado pela filosofia, ele é transferido para outras disciplinas, por exemplo,
para a Língua Portuguesa. Eu disse “transferido”, e não “pensado” pela Língua
Portuguesa. A ideia de o aluno não estudar gramática na escola é consequência
da filosofia derridiana, só que o conceito de desconstrução na filosofia é
deformado quando cai de paraquedas na Língua Portuguesa.<br />
Derrida
pensa a desconstrução porque a gramática é extensão do “logocentrismo” e, como
o pensamento derridiano busca o fluxo da escritura, ele pensa a desconstrução
da gramática, ou seja, pensa a desconstrução do lógos. Isso, porém, não tem
nada a ver com a exclusão da gramática. Desconstruir não é excluir a estrutura.
E mais: a gramática só pode ser pensada por meio da metafísica, ou seja, sem a
metafísica, não se entende a origem da gramática, que é, por meio de conceitos
inerentes à metafísica, origem estrutural. Seu complexo livro “Gramatologia” pensa
isso e mais bem mais.<br />
Não
tenho dúvida de que o PT melhorou a escola pública. Em 2018, completam-se 22
anos de Partido dos Trabalhadores na administração estadual, quer dizer, nesse
longo tempo, o PT qualificou o ensino público, mas 22 anos é tempo demais para
qualificar pouco. O aluno na escola pública acriana ainda conclui o ensino
médio sem ler e sem escrever bem. Já são 22 anos, e uma maioria de alunos
termina sai da escola sem dominar, por exemplo, o uso da vírgula, conhecimento
importantíssimo para organizar e desorganizar estruturas sintáticas. Já são 22
anos, e uma maioria de alunos do ensino médio se forma sem ter lido sequer um
clássico de Filosofia, de Sociologia, de História, mesmo porque não existe a
prática de leitura na escola pública. Já são 22 anos, e as escolas públicas
acrianas não têm salas de leitura. Já são quase 22 anos.</span><script language="Javascript" src="https://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
</div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-16180411487124862642017-09-09T12:55:00.002-05:002017-09-09T13:32:32.683-05:00Palocci, Lula e Platão<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">De Aldo Tavares<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; text-align: justify;">Com
o depoimento de Antônio Palocci a Sérgio Moro em 6 de setembro deste ano, Lula
conheceu o que é capaz de fazer um “amigo”. Palocci já abriu a boca contra Lula
e Dilma e, bem mais do que falar, o Italiano tem provas e mais provas, farta
documentação de quem foi o centro do poder durante o governo de Lula.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;">
<span style="line-height: 115%;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman", serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman", serif;">Para
os luletes e as luletes, Palocci foi pressionado por Sérgio Moro e pelos
procuradores para mentir. Para os fãs, só Lula é a luz, a verdade e o caminho,
não passando Palocci de um réu que só quer diminuir seus dias na cadeia e, para
tanto, o Italiano mente, mente e mente.</span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; line-height: 115%; text-align: justify;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; line-height: 115%; text-align: justify;">Um
dia após a delação, </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; line-height: 115%; text-align: justify;">Dilma Rousseff disse em nota que “Palocci mente e ágio
pago pela Odebrecht prova sua ficção”. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; line-height: 115%; text-align: justify;">Lula declarou que
“Palocci é meu amigo, uma das maiores inteligências políticas do Brasil. Ele tá
trancafiado, mas não tenho nenhuma preocupação com delação dele”.</span><br />
<span style="font-family: "times new roman", serif; text-align: justify;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman", serif; text-align: justify;">Quem
mente? A palavra “mentir” significa “esconder”. Dessa vez, Palocci assumiu que
é o Italiano, ou seja, ele não se esconde mais, colocando-se como corrupto.
Palocci assumiu a sua corrupção. Nesse sentido, ele não mente, porque não se
esconde mais, quer dizer, ele não mente. Quanto a trair Lula para diminuir seu
tempo de prisão, é bom lembrar que a delação não se limita à fala, são
necessários os devidos documentos. Palocci já afirmou que os tem. O Italiano, enfim,
não só abriu a boca contra Lula e Dilma como também abriu a boca contra ele
mesmo. Palocci traiu os governos do PT e, mais do que isso, ele traiu a ele
mesmo. </span><span style="line-height: 115%;"></span><br />
<span style="line-height: 115%;"></span><br />
<div style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: justify;">
O
que dizer de uma pessoa que se diz corrupta? Podemos dizer que ela fala a
verdade, porque ela não só coloca Lula como se coloca como corrupta. Quem dirá
que Palocci não diz a verdade quando ele tem provas contra ele mesmo? No
entanto, luletes e dilmetes dizem que só os seus mitos falam a verdade. Mas o
que é a verdade? A verdade é o que é visto, é o que se apresenta aos olhos, ou
seja, a verdade é o real. Só Lula e Dilma são reais, eles não traíram a
esquerda e nem o Brasil. Eles falam a verdade.</div>
<span style="line-height: 115%;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-UxH3Sh4dtig/WbQziJeUw6I/AAAAAAAAFzY/lpCAHbWnFjshrGYSy0DaVQYJJV0QtNdigCLcBGAs/s1600/capa-platao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="1600" height="160" src="https://2.bp.blogspot.com/-UxH3Sh4dtig/WbQziJeUw6I/AAAAAAAAFzY/lpCAHbWnFjshrGYSy0DaVQYJJV0QtNdigCLcBGAs/s320/capa-platao.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Mas
o que é o real? Ora, segundo Platão, o real é aparência, quer dizer, não
podemos confiar nela porque não podemos confiar nos sentidos, sempre enganosos;
porém não há outro meio de acesso ao real senão pelos sentidos. Assim, os
sentidos, que são enganosos, sempre escondem algo do real, por isso que em </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif;">A República</i><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> Platão afirma que o real é
mentira, mas mentira nobre, em outras palavras, por ser nobre, a mentira diz
ser verdadeira. </span></div>
</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; text-align: justify;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; text-align: justify;">O
traidor encontra-se na instância da mentira nobre, não podendo ser (des)coberto
no espaço público à luz do dia, podendo ser (des)coberto somente no espaço do
íntimo - como no filme </span><i style="font-family: "times new roman", serif; text-align: justify;">Coração Valente</i><span style="font-family: "times new roman" , serif; text-align: justify;">
– ou ele, a público, dizendo e provando ser traidor, como o caso de Palocci.</span><span style="line-height: 115%;"></span><br />
<span style="font-family: "times new roman", serif; text-align: justify;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman", serif; text-align: justify;">Enquanto
Lula não afirmar publicamente que é traidor da esquerda e da Nação, luletes o
defenderão. Entretanto, caso Lula assuma sua culpa, seus fãs ainda pedirão provas
e, caso ele as apresente, ainda dirão que Lula as forjou. O real é patológico.</span><span style="line-height: 115%;"></span><br />
<script language="Javascript" src="https://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-54934700501569391512017-09-06T18:05:00.001-05:002017-09-06T18:05:51.885-05:00ANAVITÓRIA part. TIAGO IORC - Trevo (tu)<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/10ecqUKzHd0" width="480"></iframe><br />
<br />
<script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript"></script>lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-32436307469628237932016-06-21T13:28:00.002-05:002016-06-21T13:34:04.594-05:003º ANO: de Lógos ao Princípio Ético <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">PARTE I<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />I) As três ciências
de Aristóteles (384-383 </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">-<b> 323 a. C).<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />1. Ciências Práticas:
</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">elas<b> </b>se referem às<b> </b>ações que têm seu início e seu tempo no próprio sujeito que age:
são as ações morais; o saber relaciona-se à atividade prática: a moral (ética e
política); <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />2. Ciências Poiéticas
ou Produtivas: </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">elas
se referem às ações que têm seu princípio no sujeito, mas são dirigidas a
produzir algo fora do próprio sujeito (arte, incluindo medicina); e<b> <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />3. Ciências Teoréticas:
</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">física,
matemática e <u>metafísica</u> (teologia natural ou filosofia)<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />II) Metafísica, o
saber em si. <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />1. </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">A<b> “</b>filosofia primeira” refere-se às realidades que são separadas e
imóveis, mas é conhecimento da substância primeira e mais elevada e, sendo
primeira, é suprema, ou seja, é a causa de todas as coisas, é universal, qual
seja, substância primeira;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />II) <i>Lógos</i> é o que Aristóteles chama de<i> </i>substância (<i>ousia</i>).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />1. </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">Substância é “sub-stare”, ou
seja, significa “por baixo de todo estar”, compreendendo que o verbo “estar”
relaciona-se a movimento, à inconstância, à variação, quer dizer, ao que está
sendo; <br />
<br />
<b>2. </b>Por<b> </b>ser “sub-stare”, a substância nunca aparece em uma experiência
sensível, porque essa experiência nos mostra não o que é, mas o que está sendo.
A substância sustenta o mundo sensível, permitindo que ele seja conhecível e
pensável, isso quer dizer que a substância determina o que uma coisa é e a
substância permanece em tudo que muda. Por causa disso, a substância, princípio
de organização do mundo sensível, é imaterial, incorpórea, inteligível; <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />3. </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">Inteligível vem de<b> </b>“inte-<b><i>leg</i></b><i>ere</i>”, que significa “ler dentro”, ler o interior, ler o profundo a
fim de fundamentar, sabendo que a <i>essência</i>
reside abaixo da superfície;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />4. </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">A<b> </b>substância é o imóvel que é causa absoluta do móvel, ou seja, a
substância sustenta o mundo sensível e determina o que uma coisa é, porque ela
permanece em tudo o que muda;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />5.</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> A parte imaterial da substância
é a forma, o mesmo que essência; e a parte material é a potência, isto é, o que
está sempre se devindo;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />6. </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">Se, para Platão, o sensível não
passava de mera aparência destituída de ser, o sensível, para Aristóteles, tem
ser, mas é um ser em potência, ou seja, a Essência não está no mundo Ideal, mas
encontra-se no mundo material. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />7.</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> A substância composta é essência
e acidentes. A essência vem acompanhada da ideia de necessidade, por exemplo: a
essência de Platão é ser homem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">III) A Substância
determina a ideia de Ética.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />1. </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">A Ética nasce na Grécia entre os
séculos V e IV antes de Cristo, adotando uma nova forma de linguagem, a do <i>logos demonstrativo </i>ou da linguagem <i>epistêmica</i>, que é a da ciência. A Ética
tem como estrutura fundamental a <i>lógica</i>;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />2. </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">A ciência nasceu como ciência da
natureza (<i>phisis</i>) na Jônia do século
VI, onde se formularam as primeiras regras do discurso científico ou as regras
da necessidade <i>lógica</i>, ligando o antecedente
e o consequente;<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%;"><b style="font-weight: bold;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%;">3.</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 11pt; line-height: 115%;"> Ética é a ciência do <i>ethos</i>. Mas o que é <i>ethos</i>?
Esse termo deriva de <i>éthos</i>, que
significa “caráter habitual”, sendo equivalente ao termo latino <i>moral</i>, que é a “ciência dos costumes” ou
“conjunto de costumes normativos da vida de um grupo social”. O grego arcaico,
no entanto, não distinguia <i>éthos</i> de <i>êthos</i>, sendo que <i>êthos</i> significa “hábito” no sentido de “constância do comportamento
do indivíduo cuja vida é regida pelo <i>ethos-costume</i>”.
Aristóteles faz Ética derivar de <i>êthos</i>,
cuja etimologia original é “morada, covil ou abrigo dos animais”.</span></span></div>
<script language="Javascript" src="https://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-24532514563689331472016-06-19T16:44:00.002-05:002016-06-19T16:44:54.322-05:00LÓGICA ARISTOTÉLICA (2º ANO)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">DO <i>LÓGOS </i>AO PRINCÍPIO DA LÓGICA<br />
Professor de Filosofia </span></b><b><i><span style="font-family: "lucida handwriting"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">Aldo Tavares</span></i></b><b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />Conforme o Currículo Mínimo o
Estado do Rio de Janeiro</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />
Instrumentos do Pensar Filosófico:<br />
- Apropriar-se de princípios e de alguns dos instrumentos da lógica para o
pensar filosófico; e <br />
- Desenvolver o raciocínio lógico e a argumentação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />A LÓGICA</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> <b>OU A ANALÍTICA</b> <b>DE
ARISTÓTELES (384-383 </b>-<b> 323 a. C) <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />I) SILOGISMO CONFORME A
SUBSTÂNCIA<br />
<br />
a) Silogismo 1<br />
<br />
</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">1ª premissa: A liberdade
do ser humano é fazer o que ele quer.<br />
2ª premissa: Judas quis trair Jesus.<br />
3º conclusão: Logo, Judas é um ser humano livre.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />b) Silogismo 2<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />1ª
premissa (maior): Todos os <u>animais</u> (termo médio) são mortais. <br />
2ª premissa (menor): Todos os homens são <u>animais</u> (termo médio). <br />
3ª premissa (conclusão): Logo, todos os homens são mortais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />OBS. 1ª) “</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">Animais” desempenha a função de “termo
médio” do silogismo e, por isso, ele é a “substância” ou alusão à “substância”.
Por causa disso, existe a conclusão. Nesse caso, o silogismo é uma dedução
necessária, ou silogismo demonstrativo, ou silogismo científico, ou silogismo do
universal;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />OBS. 2ª) </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">A<b> </b>lógica aristotélica (lógica clássica ou formal) é,
fundamentalmente, um processo discursivo que tende a determinar o <i>porquê</i> ou a <i>causa</i>;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />OBS. 3ª) </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">O<b> </b>lógica do silogismo demonstrativo deve fazer uso de axiomas, ou
seja, proposições verdadeiras. <b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />II) Órganon (in<u>stru</u>mento
ou meio)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />1.</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> Raiz “<i>stru</i>, <i>struō</i>”: subjacente
à prática, essa raiz dispõe uma ordem que fixa, que mobiliza e que promove
relações; essa raiz que tem como 1º) significado <i>levantar,</i> <i>sustentar; </i>2º)
significado <i>retirar; </i>e 3º) <i>confortar, </i> <i>juntar,
ligar, preparar, compor, tecer, tramar, formar, causar, cobrir;</i> e também
tem o sentido de <i>o que produz</i>,<i> o que</i> <i>causa</i>;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />2. Alexandre de
Afrodisia (198 </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">-<b> 209 d. C) “</b>introduz o conceito de <i>órganon </i>para designar <i>lógica </i>em seu conjunto (e que, a partir
do século VI d.C, foi utilizado como título do conjunto de todos os escritos
aristotélicos relativos à lógica) define o conceito e a finalidade da lógica
aristotélica, que forneceria os instrumentos mentais necessários para enfrentar
qualquer tipo de investigação” (REALE, p. 151-52);</span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /><b>3. “Aristóteles</b></span><span style="font-family: "times new roman" , serif;">, que nasceu em Estagira (384-383
- 323 a. C), hoje Tessalônica, preferiu usar a palavra “”analítica”, e <i>Analíticos</i> é o título dos escritos
fundamentais do <i>Órganon</i>” (<i>Ibid</i>, p. 152); como disciplina
intelectual, foi criada no século IV a. C);</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />4.</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> “<b>Além de <i>Analíticos</i></b>,
Aristóteles usa a expressão <i>Escritos sobre
o silogismo </i>para referir-se a esses textos” (<i>Ibid</i>, NOTAS, p. 174);<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />5. O conceito <i>analítico</i></span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> significa “separação, resolução,
dissolução”. “A analítica (...) explica o método pelo qual, partindo de
determinada conclusão, podemos decompô-lo nos elementos dos quais ela deriva,
isto é, nas premissas de onde brota; assim, é possível fundamentá-la e
justificá-la” (<i>Ibid</i>, p. 152);<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />6. <i>Analítica</i></span></b><i><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> </span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">ou<i> <b>Órganon</b> </i>divide-se em seis
tratados: 1º) Categorias, 2º) Da Interpretação, <b>3º)</b> <u>Analíticos</u> <u>Anteriores</u>, <b>4º)</b> <u>Analíticos</u> <u>Posteriores</u>, 5º) Tópicos e 6º) Refutações
Sofísticas. Como os tratados 3º) Analíticos Anteriores e 4º) Analíticos
Posteriores são os fundamentais, as aulas se fixaram neles porque ambos
referem-se ao que Aristóteles chamava de <i>Escritos
sobre o silogismo</i>;<br /><b><br />7.</b> <b><i>Analíticos Primeiros</i> </b>trata<b> </b>da<b>
</b>estrutura do silogismo, termo vem do grego “<i>syllogismós</i>, cuja etimologia indica um conjunto ou uma reunião (de
proposições), um raciocínio, sem determinar sua forma precisa. (...). Mas
existe um emprego propriamente aristotélico desse termo, que designa, então, um
raciocínio dedutivo de forma particular. A definição geral que Aristóteles dá
é: ‘o silogismo é um discurso pelo qual, estabelecidas certas coisas, uma outra
coisa resulta necessariamente devido a esses dados apenas’” (<i>Primeiros analíticos</i> I, 1, 24b18 apud PELLEGRIN,
p. 57);<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />8. <i>Analíticos Primeiros</i>: 1º) </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">trata da estrutura do silogismo,
de suas diversas figuras e de seus diferentes modos, considerando seu aspecto
formal; <b>2º)</b> esse aspecto prescinde
de seu valor de verdade e examina apenas a coerência forma de raciocínio; e <b>3º) </b>parte-se de determinadas premissas para
deduzir as consequências que elas impõem (REALE, p. 153);<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />9. <i>Analíticos Segundos</i>: 1º)</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> além de correto formalmente,
trata do silogismo verdadeiro das premissas (e das consequências), ou seja, pensa
o silogismo científico ou demonstrativo (REALE, p. 153 e p. 164); <b>2º) </b>a demonstração científica está
quase inteiramente ligada à concepção metafísica de substância (ou essência, ou
forma, ou <i>eidos</i>) (REALE, p. 165).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />10. <i>Silogismo</i>: 1º) raciocínio</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">:
passamos a raciocinar quando proposições têm determinados nexos entre si e que
sejam, de certo modo, causas umas das outras, umas antecedentes, outras consequentes.
Não há reflexão sem nexo, sem esse caráter de consequência; <b>2º)</b> o silogismo se constrói com três
proposições: dois antecedentes (ou duas premissas) e a terceira proposição é o
consequente ou conclusão que deriva das duas premissas.<o:p></o:p></span></div>
<script language="Javascript" src="https://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-53628144554019647012016-06-12T08:07:00.002-05:002016-06-12T08:07:37.061-05:00O EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;">Quando
abrimos as primeiras páginas do apóstolo João, lemos que “no princípio era o
Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus”. Princípio. Verbo. O que é
o princípio? O que é verbo? Antes de qualquer coisa, saibamos que esses dois
termos são as traduções latinas dos gregos </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif;">arkhé</i><span style="font-family: Times New Roman, serif;">
(ἀρχή), “princípio”, e </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif;">lógos</i><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> (λόγος),
“verbo”. Embora tenhamos em são João o termo </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif;">arkhé</i><span style="font-family: Times New Roman, serif;">, este texto seguirá só com </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif;">lógos</i><span style="font-family: Times New Roman, serif;">.
</span><span style="color: white; font-family: "Times New Roman", serif;">.</span> <span style="font-family: Times New Roman, serif;"> </span><br /><br /><span style="font-family: Times New Roman, serif;">Antes de buscarmos o significado de verbo
em português, a origem desse termo é grega, ou seja, “verbo” passou pelo filtro
da cultura romana. Por causa dessa passagem da língua grega para a língua
latina, perdeu-se o sentido original, pois se perdeu a vida da palavra.</span></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="color: white; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Segundo
a obra <i>De Magistro</i>, de Agostinho, verbo
afirma “tudo o que é proferido por uma voz (<i>vox</i>)
articulada com uma significação percute (<i>verberare</i>)
no ouvido para ser percebido e é confiado à memória para ser conhecido (<i>nosci</i>)”. Nesse aspecto, verbo é palavra;
mas entendamos “palavra” enquanto sentido original de “palavra interior”,
porque, na obra <i>De Trinitate</i>, ainda
de Agostinho, “verbum não abandona a alma daquele que fala”. Palavra é,
portanto, o que vem do íntimo para o outro que me escuta, sabendo que, entre
quem fala e quem ouve, só há encontro por pertencer à natureza da palavra a
ordem. <span style="color: white; mso-themecolor: background1;">.</span><br /><br />“Lógos<i>”</i> também foi traduzido para o latim como
“ratio” ou “razão”. Mas qual a origem de “ratio”? Razão designava “a conta que
o escravo mantinha com seu dono em um livro-razão”. Então, “ratio” pertence à
ordem dos números, ou seja, por “ratio” derivar do verbo latino “reor”, a
conjugação é “eu conto, eu cálculo”. Infelizmente, nós herdamos da cultura
romana a ideia de razão, tendo sido sepultada a ideia de razão segundo os
gregos.
<span style="color: white; mso-themecolor: background1;">.</span> <br />Em
grego, “lógos” não tem sua origem em livro-razão, objeto do comércio, do negócio,
onde o número é precisão ou coisa em si mesma. Em grego, “lógos”, originado e
pensado por Heráclito de Éfeso (544?-474? a.C), possui beleza metafísica que,
embora tamanha beleza tenha sido muito alterada ao longo de séculos, chegou a
nós pelo pensamento católico</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <span style="color: white; mso-themecolor: background1;">.</span> <br />Primeiro
a pensar no cristianismo a relação entre o divino e o humano foi Orígenes (185-253
d.C), discípulo de Clemente de Alexandria (150-215 d.C). Ainda que Heráclito
tenha sido o primeiro a pensar “lógos”, Orígenes foi<b> </b>influenciado<b> </b>pela noção
estoica, que é a ordem racional do mundo, ou seja, “lógos” é força de unidade
na dispersão, princípio divino que vive nos homens, divinizando-os. Jesus é o “Lógos”,
ou seja, sua natureza é dupla, divina e mortal, infinita e finita, imanente e
transcendente, visto que “Lógos” é fonte das duas naturezas de Jesus Cristo. A
beleza e a profundidade do pensamento de Orígenes, podemos encontrar em
“Tratado sobre os Princípios”, páginas originárias dos pensamentos de Hegel
(1770-1831) e de Feuerbach (1804-1872) a respeito da natureza dupla de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br />Aldo
Bourdieu</span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> (</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><a href="mailto:l%C3%ADngua.portuguesa@uol.com.br">língua.portuguesa@uol.com.br</a></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">) é <b>professor
de Filosofia, de Sociologia, de Literatura, de Religião e de Língua Portuguesa</b>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br />
<i><o:p></o:p></i></span></div>
<script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-42085163366968636342016-06-05T08:04:00.001-05:002016-06-05T08:04:21.455-05:00Meu artigo na Revista Griot<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="http://www2.ufrb.edu.br/griot/images/vol13-n1/26.pdf">Bobos e Palhaços: a estética da so(m)bra</a><script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-76748054252082727362016-05-28T20:08:00.000-05:002016-05-28T20:17:44.451-05:00Mais de 30 instrumentos de guerra violam uma só vagina<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />No
mundo em que tudo é excesso, em que tudo é desmedida, em que tudo é abuso, um
estupro por dia não é o bastante para circular pelas redes ou para ser
propagado no exterior. Para a máquina olhar a desgraça humana e para depois
falar dela, a máquina exige o incomum a fim de que a palavra “barbárie” seja
usada quando, por exemplo, mais de 30 homens violam uma adolescente de 16
anos.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />Um
estupro por dia não é notícia. A máquina precisa mais de droga para “seu
êxtase” noticiário, sem antes racionalizar para saber a medida justa de sua
audiência. Governador fala. Ministro da Justiça fala. Secretário de Justiça
fala. Presidente fala. Feministas falam. Comoção nacional.</span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />Um
estupro por dia não emociona mais a audiência. Por dia, um só estupro não
mancha mais a civilização. Um estupro por dia não é barbárie. A máquina precisa
ser lubrificada, e, para tanto, o melhor lubrificante é o exagero, é o incomum,
ou seja, são mais de 30 homens. Agora o que comove é estupro coletivo; porém, “nas
favelas cariocas, quem estupra morre”, afirma a voz de um bandido que circula
nas redes sociais. Nenhum estuprador morreu por um chefe do tráfico. Se nenhum
morreu, terá sido cultura do estupro ou cultura da orgia sexual?</span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />E
se for verdade que essa adolescente tenha participado por vontade própria e por
dinheiro de uma orgia sexual à moda Marquês de Sade? Caso seja comprovado que
ela quis experimentar o domínio de mais de 30 animais machos, o que está em
questão, enfim, é o sexo entre adolescentes. Talvez a adolescente não tenha
sido vítima da cultura do estupro, mas voluntária da cultura da pornografia. Uma
dúvida: não será a cultura do estupro a outra face da cultura da pornografia? Pergunto
porque a cultura da pornografia é violência, força que submete o corpo à
condição de coisa. A pornografia, sabemos, não perde seu tempo com ternura, com
sentimentos, com amor.</span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />Ainda
que tenha sido ato voluntário da adolescente para participar de uma orgia,
houve crime; entretanto, por causa da escolha dela, não podemos falar de cultura
do estupro, e sim de cultura da pornografia. Dito isso, o problema não é o clichê
“machismo”, tão bem encarnado na imagem concreta de mais de 30 homens, mas sim o
domínio masculino invisível como estrutura social. A polícia encontra os
suspeitos de estupro. Entretanto, a polícia não encontra palavras. A polícia prende
os estupradores. Entretanto, a polícia não prende palavras. A polícia busca as
provas. Entretanto, a polícia não busca palavras. A justiça julga estupradores.
No entanto, a justiça não julga palavras. A justiça condena estupradores. No
entanto, a justiça não condena palavras.</span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />Enquanto
instituições podem apresentar à sociedade o mal encarnado em homens que violaram
o corpo de uma adolescente, as relações abstratas entre palavras disseminam na
mente de jovens juízos falsos, enraízam na mente de jovens enganos de
liberdade, deformam na mente de jovens a sexualidade. Pior: uma vez na mente, jovens
falam palavras que eles nem percebem que estão doentes de sentido profundo. A
polícia só age porque seu mundo é objetivo. A justiça só age porque seu mundo é
objetivo. As palavras não são objetivas, e, bem antes de a polícia e de a
justiça agirem, as palavras já adoeceram mentes que nem sabem que estão doentes
de ideias, de juízos, de raciocínios.</span></div>
<script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-53661536292017631382016-05-12T10:13:00.001-05:002016-05-12T10:13:08.177-05:00OS SIMBÓLICOS 13 ANOS DO PT<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="4e1ls-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-jFyoKWJmg1k/VzSdLiwfzEI/AAAAAAAAFw8/wcF7FO37PVcpx_Hv0-KAAMtyz2RqRRh0ACLcB/s1600/dilma.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-jFyoKWJmg1k/VzSdLiwfzEI/AAAAAAAAFw8/wcF7FO37PVcpx_Hv0-KAAMtyz2RqRRh0ACLcB/s1600/dilma.jpg" /></a></div>
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4e1ls-0-0" style="direction: ltr; position: relative;">
<br /></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="3e1d6-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3e1d6-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="3e1d6-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="4dt7i-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4dt7i-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="4dt7i-0-0">Dilma está fora. Eu queria que ela ficasse dentro até o final para não emergir o maniqueísmo do golpe, que alimenta, por exemplo, o marxismo vulgar, chulo, burro das lutas sindicais. </span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="jdj3-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="jdj3-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="jdj3-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="973rk-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="973rk-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="973rk-0-0">Não só isso: assisti a quase todos os debates das comissões e, confesso, ainda que eu seja burro, não ouvi justificativas para seu impedimento. </span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="7ncf7-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7ncf7-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="7ncf7-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="a2jj4-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="a2jj4-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="a2jj4-0-0">Digo: justificavas na natureza escrita das acusações, não nas falas subjetivas e passionais da oposição. </span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="atblc-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="atblc-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="atblc-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="e3756-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="e3756-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="e3756-0-0">Seu governo deveria sangrar l-e-n-t-a-m-e-n-t-e. Seu governo deveria se banhar no próprio sangue, sangue jorrado também pela estocada nas costas de um Delcídio do Amaral, um petista, um amigo, um escolhido pelo governo, um mentiroso segundo a Dilma.</span></div>
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="e3756-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="e3756-0-0"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-T1GfVShVxls/VzSdQrIQNfI/AAAAAAAAFxE/q0JyOOfn3icC-PPMgaRMEqJ1t_DBlDVigCKgB/s1600/delc%25C3%25ADdio-dilma-2-770x470.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="195" src="https://3.bp.blogspot.com/-T1GfVShVxls/VzSdQrIQNfI/AAAAAAAAFxE/q0JyOOfn3icC-PPMgaRMEqJ1t_DBlDVigCKgB/s320/delc%25C3%25ADdio-dilma-2-770x470.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="e3756-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="e3756-0-0"><br /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="8dec5-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8dec5-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="8dec5-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="a6oc5-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="a6oc5-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="a6oc5-0-0">Como autoritária, gesto próprio de uma revolucionária (?) desde os 16 anos (o quê!?!?!?), ela, agora, diz que não receberá as falas dos repórteres, pois fará um pronunciamento, ou seja, ela sai do governo sem o diálogo com os jornalistas.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="biqcf-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="biqcf-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="biqcf-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="ffcvp-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ffcvp-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="ffcvp-0-0">Assim são os revolucionários (?), não sabem dialogar com o tempo histórico e nem com a democracia. No caso dela, não sabe mais ainda dialogar com o tempo quando se diz revolucionária aos 16 anos.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="bjn7j-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="bjn7j-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="bjn7j-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="b8vgq-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="b8vgq-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="b8vgq-0-0">Ninguém é revolucionário aos 16 anos. Ninguém. É, no mínimo, um tolo ou um analfabeto revolucionário, ou seja, não é revolucionário, porque, para sê-lo, é preciso muita maturidade para não pegar em armas e defender a ditadura do proletariado, mesmo porque quem defende a democracia sabe que a luta é educacional.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="3h8bn-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3h8bn-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="3h8bn-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="ehn99-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ehn99-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="ehn99-0-0">Pior: um tipo ultrapassado de PT não aprenderá com o impedimento de Dilma, porque esse tipo nunca erra, porque seus líderes, só eles, sabem conduzir "o povo", essa abstração generalizada que não existe de fato na realidade.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="4qk12-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4qk12-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="4qk12-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="16e2l-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="16e2l-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="16e2l-0-0">Se o esse PT não quisesse isso, fosse então o "partido da ética" (lembram-se?). Esse tipo de PT assistiu a bons nomes indo embora do partido (Marina, Cristóvão, Hélio Bicudo, Chico Alencar) e, para isso, nem precisou da Globo e da Veja.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="5vt6-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5vt6-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="5vt6-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="dmu2d-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="dmu2d-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="dmu2d-0-0">Esse PT errou por si mesmo, e Dilma só confessou seu erro depois das eleições, já era tarde, pois esse PT jamais foi revolucionário.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="af26p-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="af26p-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="af26p-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="2ftkt-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2ftkt-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="2ftkt-0-0">Foi, isso sim, mentiroso durante 13 anos, o mesmo número de legenda é o mesmo número do fim. Ironia.</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="c4m42-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="c4m42-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="c4m42-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="bai2" data-offset-key="7881u-0-0" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7881u-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="7881u-0-0">Termino: o PT é muito importante para a democracia, mas não esse tipinho de PT.</span></div>
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7881u-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="7881u-0-0"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-yUVdV4lkH9g/VzSdOnb3DWI/AAAAAAAAFxA/Ykhr4uGBLioykNVZtd4gAn06aIOxyY27QCKgB/s1600/crop.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="203" src="https://2.bp.blogspot.com/-yUVdV4lkH9g/VzSdOnb3DWI/AAAAAAAAFxA/Ykhr4uGBLioykNVZtd4gAn06aIOxyY27QCKgB/s320/crop.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7881u-0-0" style="direction: ltr; position: relative; text-align: justify;">
<span data-offset-key="7881u-0-0"><br /></span></div>
</div>
<script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-39278282101579619712016-05-06T09:50:00.002-05:002016-05-17T13:09:29.970-05:00Filosofia: 2º ano do Ensino Médio<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";">Conforme
o Currículo Mínimo: Instrumentos do Pensar Filosófico<br />
- Apropriar-se de princípios e de alguns dos instrumentos da lógica para o
pensar filosófico; e <br />
- Desenvolver o raciocínio lógico e a argumentação.<br />
<br />
<b>DO <i>LÓGOS
</i>AOS PRINCÍPIOS DA <i>LÓGICA</i></b><i> </i><br />
<br />
<b>I. Razão e Fé na Idade Média: Patrística
(do século II ao século VIII) <br /><br />1</b>. <b>Precursor da Patrística:</b> <br /><b>a</b>. Fílon de Alexandria ou Fílon
Judeu (23 a.C-41 d.C): <b>1)</b> toma da <i>Estoá</i> o conceito de <i>Lógos</i> e toma de Platão a estrutura do mundo suprassensível e o mundo
das Ideias.<br />
<br />
<b>2</b>. <b>Patrística Apostólica:
<span style="color: white; mso-themecolor: background1;">.</span><br />a</b>. Clemente de Roma, discípulo de Pedro, ele não tem preocupação com a
filosofia e seu olhar é para dentro;<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />3</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">. <b>Filosofia</b> <b>Patrística</b> <b>Apologista ou Apologeta</b> <b>Helênica</b> <b>ou</b> <b>Filosofia</b> <b>Helênico-Patrística:<br />a</b>. Os textos dos apologetas eram conforme as letras jurídicas, ou seja,
suas obras defendiam os imperadores romanos o reconhecimento do direito legal
dos cristãos à existência em um império oficialmente pagão;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />b</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">. <b>São</b> <b>Justino</b> (100-165), o
mais destacado, filósofo e mártir: <b>1)</b>
segundo ele, a filosofia “era o que nos conduz a Deus e a ele nos une”; <b>2)</b> ele une filosofia e fé; <b>3)</b> se admitirmos que Deus revelou a
verdade aos homens apenas por meio de Cristo, então os que nasceram antes de
Cristo não foram culpados de tê-la ignorado; <b>4)</b> Justino vai a são João, que diz “todo gênero humano participa do
Verbo”; <b>5)</b> então, existe uma
revelação universal do Verbo divino antes do Verbo se fazer carne; <b>6)</b> Justino vai aos estoicos para
afirmar que existe uma “razão seminal” (<i>Lógos</i>);<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />c. Taciano</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> (120-180), discípulo de Justino, é<b> </b>contra
a filosofia;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />d</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">. <b>Escola de Alexandria:</b> <b>Clemente
de Alexandria</b> (150-215), de origem grega, ele representa o que há de mais
original na literatura patrística e foi discípulo de Panteno de Sicília
(falecido em 200): <b>1) </b>a<b> </b>filosofia não é obra do mal, mas é um
bem de Deus, pois a filosofia aprofunda o sentido da fé; <b>2) </b>o<b> </b>Verbo assume as
funções de um pedagogo para estabelecer limites; e<br />
<br />
<b>e</b>.<b> Orígenes </b>(185-253), discípulo de Clemente de Alexandria: <b>1) </b>influenciado<b> </b>pela noção estoica de <i>Lógos</i>,
que é a ordem racional do mundo, ou seja, o <i>Lógos</i> é força de unidade na dispersão (grego); <b>2)</b>
no entanto, para Orígenes, o <i>Lógos</i> também
não é grego, ao dizer que é princípio ativo que dirige o mundo, mas o mundo judaico-cristão;
<b>3) </b>o <i>Lógos</i> se faz o princípio divino que vive nos homens,
divinizando-os; <b>4)</b> Jesus é o <i>Lógos</i>, ou seja, é tempo imanente e
transcendência, eis a fonte das duas naturezas de Jesus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="text-align: justify;"><i><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">LÓGOS</span></i></b><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">:
</span></b><span style="font-family: "times new roman" , serif; text-align: justify;">lei, assim como
ler, vem de <i>legĕre, </i>de raiz <i>leg</i>, também sob a forma <i>lig-, </i>cujo particípio é <i>lectus</i>, de radical <i>lec.t-, </i>transformadas em português em<i> l(e)-, lh(e)-, le.ç- </i>ou<i>
lei.t.</i> Da mesma origem, lei e ler, portanto, encontram-se em co<i>lhe</i>ita. Contudo, antes de separar o grão
ruim do grão que é bom, o ato de selecionar está submetido a tudo que envolve o
ciclo da terra, a natureza (<i>physis</i>,
movimento).</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">1. “Heráclito,
fragmentos contextualizado”</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";">,
tradução, estudo e comentários de Alexandre Costa: <b>1) </b>“Ouvindo não a mim, mas ao <i>logos</i>,
é sábio concordar ser tudo-um” ou aparente-inaparente; <b>2) </b>se ouve o “eu”, dá
ouvidos ao mundo enganoso de suas falsas impressões e ao bulício da
idiossincrasia; <b>3)</b> ouvir o <i>logos</i> é concordar com ele, obedecer,
acatar o que ele diz e mostra é ser sábio para perceber que o <i>Lógos</i> é ser tudo-um; <b>4) </b>a escuta determina a fala, que diz a
mútua necessidade entre divergência e concordância, o que Heráclito designa
como harmonia; <b>5)</b> o <i>Lógos</i> mantém a unidade, a multiplicidade
e a tensão entre elas, fazendo concordar o que discorda; <br />
</span><b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />2. “Estoicismo,
Ceticismo e Ecletismo”</span></b><span style="font-family: "times new roman" , serif;">,
de Giovanni Reale:<b> 1) </b><i>o Lógos</i><b> </b>é princípio da <i>verdade</i>
(com suas leis do pensar, do conhecer e do falar) na lógica, é princípio <i>criador </i>(como princípio ontológico) do
cosmo na física, é princípio <i>normativo</i>
na ética ou princípio que determina o sentido das coisas, ou seja, o fim e o
dever-ser do homem, que é objeto da ética; <b>2)</b>
a essência do <i>Lógos</i> não se esgota no
conhecer e no falar; <b>3) </b>princípio
espiritual que dá forma a todo universo e a todo homem; <b>4) </b>a lógica é método, é o esqueleto, é a casca do ovo;<b> 5)</b> o Deus dos estoicos, que é Physis
(faz tudo nascer, crescer e ser), é também <i>Lógos</i>,
vale dizer, princípio de inteligência, de racionalidade e de espiritualidade; <b>6)</b> O Deus estoico, à medida que se
identifica com a natureza, não pode ser pessoal; mas, depois, isso se
transforma; e</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><br />3.</span></b><span style="font-family: "times new roman" , serif;"> <b>“Os assassinos do sol”</b>, de Marcio Tavares d’Amaral: <b>1)</b> Paulo, judeu-helenístico, é
responsável pela helenização do cristianismo: penetração dos <i>logos</i> de Jesus no mundo greco-romano e
sua difusão através da língua grega; <b>2)</b>
“Logos nós traduzimos depois apenas por pensamento, razão – e não é pouco, mas
é menos. O dizer da palavra <i>logos </i>tinha
ainda, em Heráclito, uma grande potência de instauração, contenção em limites,
de dis-posição, recolha de “tudo o que é”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-33622229753066066612016-05-05T21:34:00.001-05:002016-05-06T15:43:25.933-05:00Filosofia: 1º ano do Ensino Médio (aula 1)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: times new roman, serif;"><span style="line-height: 18.4px;"><b><br /></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: times new roman, serif;"><span style="line-height: 18.4px;"><b>Conforme o Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janeiro: <br /><br />Mito e Filosofia</b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: times new roman, serif;"><span style="line-height: 18.4px;"><b><br />- Identificar o discurso mítico;<br />- Identificar o discurso filosófico; <br />- Articular as relações entre mito e filosofia; e <br />- Situar o surgimento da Filosofia e suas contribuições na Grécia Antiga.</b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">I.
A Palavra Mítica</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />1.
Mínios</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">. <b>1)</b> A
vida social organizava-se ao redor e por causa de um centro, qual seja, o
palácio, cujo papel é ao mesmo tempo religioso, político, militar,
administrativo e econômico. Atraindo tudo para seu centro como se fosse uma
força centrípeta, o palácio simboliza o lugar do rei, o representante do
sobrenatural no mundo. Sua palavra, portanto, é divina. Amálgama entre a figura
do governante e o poder, eis a identidade da lei existente nos impérios antigos<i>; </i><b>2)</b><i> </i>“A vontade do governante, a sua vontade
privada, a sua vontade pessoal, a sua vontade arbitrária, caprichosa, o que lhe
desse na telha era ali, e era ela o critério para guerra, para paz, para vida,
para morte, para justiça e para injustiça”, expressa Marilena Chauí no vídeo “O
drama burguês”; <b>3)</b><i> </i>O germe desse poder encarna-se nos
mínios, entre 2000 e 1900 a.C., quando invadem a Grécia continental e, com
eles, surgem grandiosos palácios-cidades em Cnosso, Mália e Festo, na ilha de
Creta. Dois séculos depois, o poder absoluto dos mínios se afirma, e, assim, em
1700 a. C., os palácios ampliam-se, é o período neopalaciano (1700-1450 a.C.).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />2.
Hititas</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">. Outra invasão paralela, a dos hititas,
manifesta-se e se expande pelo platô Anatólio. Em 1900 a. C., eles edificam a
Troia VI, com características palacianas semelhantes às dos mínios da Grécia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />3.
Aqueus</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> ou <b>micênicos</b>.
<b>1</b>) Contemporâneo a esses povos, os
aqueus ou micênicos se estabeleceram em Peloponeso e, posteriormente, entraram
em contato com a Civilização Minoica de Creta; <b>2</b>) Com uma cultura muito centralizadora, os micênicos têm uma
hierarquia social sentenciada pelo soberano absoluto, uma classe rica e, unido
a essa classe, um comandante militar;e <b>3)
</b>Por mais que tenhamos diferenças entre poder e política, uma me chama
atenção por ser aquela que tece a realidade social, qual seja: a palavra. Na
sociedade despótica, a palavra não passa de um instrumento objetivo para,
conforme os escribas do rei divino, registrar todos os setores da vida
econômica a fim de controlá-los e de regulamentá-los. A palavra, submetida ao
poder palaciano, mantém-se nos grupos estritamente fechados, onde a palavra
também se fecha nela mesma, pertencendo, portanto, ao espaço privado. Por isso
faz sentido o termo déspota, porque, como ele significa “senhor da casa”, a
palavra se limita a esse espaço “doméstico”, ao espaço de “oikos”.<i> </i><b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />II.</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
<b>A Palavra</b> <b>Filosófica<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />1.
Dóricos</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">. <b>1)</b> Com
a invasão dos dóricos em 1500 a.C., a palavra palaciana se desmancha para
ressurgir, após o fim do domínio dórico, a palavra como política nas
cidades-estados; <b>2)</b> No lugar da
força centrípeta do rei divino, a história conhece o espaço de “ágora” (praça
pública), lugar onde a palavra chega a todos ou parte de todos. Não mais
pertence ao poder sobrenatural, mas a palavra pertence à democracia. Ela é
democrática, ou seja, a palavra é conflito, discussão no espaço público.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />2.
A Palavra em <i>Ágora</i></span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">.
No entanto, essa palavra em estado de conflito na democracia grega não
significa desunião. Vernant afirma que “a exaltação dos valores de luta, de
concorrência, de rivalidade associa-se ao sentimento de dependência para com
uma só e mesma comunidade, para com uma exigência de unidade e de unificação sociais”.
Conflito e união, Eris-Phlilia.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />3.
A Palavra em <i>Ágora</i></span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">.
Pulsa este estado de tensão, onde se discorda e reconhece a diferença na face
do outro, o oponente. Bem antagônico ao mundo palaciano, onde não se reconhecia
a diferença do outro, “o verdadeiro interesse pelos outros nasceu com os
gregos”, escreve Cornelius Castoriadis em “A polis grega e a criação da
democracia”, do livro “As encruzilhadas do labirinto – os domínios do homem,
volume 2”.<o:p></o:p></span></div>
<script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-46810100575031813402016-05-01T08:09:00.003-05:002016-05-01T08:09:34.775-05:00A luta dos professores do Paraná não é exemplo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 24px;"><br /></span></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Em
29 de abril deste ano, o confronto entre policias e professores da rede
estadual de ensino do Paraná completou um ano. Na Praça Nossa Senhora de
Salete, no Centro Cívico, em Curitiba, Língua Portuguesa, Filosofia, História, Física,
Química, Sociologia, enfim, as disciplinas escolares fecharam seus livros para
lutar na rua contra o governo de Beto Richa, do PSDB.</span></div>
</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span></div>
</span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Livros
foram lidos na faculdade durante anos para que, uma vez formado, o professor
enfrentasse policiais muito bem armados em um campo de batalha. O professor que
se formou em Sociologia, por exemplo, paralisou a escola para dizer na rua que
“a luta continua”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-c0ED8ENKT6Q/VyX_0QUpvJI/AAAAAAAAFwk/ykWXH-y6kkMiQCGkbJSp1rzwxmEbTmUPgCLcB/s1600/professores_do_parana78326.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://3.bp.blogspot.com/-c0ED8ENKT6Q/VyX_0QUpvJI/AAAAAAAAFwk/ykWXH-y6kkMiQCGkbJSp1rzwxmEbTmUPgCLcB/s320/professores_do_parana78326.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span></div>
</span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Médicos
jamais saíram às ruas para gritar palavras de ordem e muito menos para apanhar
de policiais militares, mesmo porque o conceito de greve se encaixa perfeito no
hospital. Se uma unidade hospitalar para de funcionar, o sofrimento se
materializa rapidamente, causando colapso na sociedade. Esse colapso ocorre
porque o médico, bem diferente do professor, não vive da palavra, ou seja, não
vive da abstração. Sendo assim, o conceito de greve é muito adequado, visto que
a natureza do trabalho em hospital materializa-se no corpo, não em ideias. E
mais: caso pare sua atividade profissional, o médico não precisará repor suas
consultas.</span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Uma
pergunta: será que o professor pode chamar de “greve da educação” sabendo que
suas aulas serão repostas? Não seria mais lógico chamar de “férias
antecipadas”? Mais uma pergunta: se o ato de falar em sala de aula se distingue
do ato de agir em um consultório médico, pode a palavra de um professor parar a
cidade? Ora, quando o médico para de examinar seus pacientes, ele consegue
parar a cidade; no entanto, quando o professor para a escola, sua palavra não
causa nenhum colapso na cidade. E nós sabemos que a origem do conceito de
greve, que é anarquista, tem como finalidade última parar a cidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-PE1mVLip-z0/VyX_3rBjNlI/AAAAAAAAFwo/-F0-cszhQMUntrFnZbdmE-_GcfOHFWB-ACLcB/s1600/professores-policiais-parana.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://4.bp.blogspot.com/-PE1mVLip-z0/VyX_3rBjNlI/AAAAAAAAFwo/-F0-cszhQMUntrFnZbdmE-_GcfOHFWB-ACLcB/s320/professores-policiais-parana.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span></div>
</span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Dois
representantes do pensamento anarquista que executaram muito bem o conceito de
greve foram Mahatma Gandhi (1869-1948) e Martin Luther King (1929-1968). Com
esses dois exemplos históricos, um nos Estados Unidos e outro na Índia, o
professor, antes de paralisar suas atividades escolares, deveria abrir livros
sobre a história do pensamento anarquista para aprender que paralisar uma
escola não é fazer greve. Paralisar uma escola é, antes e acima de tudo,
antecipar as férias para depois ainda ter de repor o tempo das férias antecipadas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-oL0K6vcF6FE/VyX_xUNMzxI/AAAAAAAAFwg/i488dB3QthQS_YxLHXyjJMLHNh3b36LDgCLcB/s1600/greve-professores-45jc.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="186" src="https://4.bp.blogspot.com/-oL0K6vcF6FE/VyX_xUNMzxI/AAAAAAAAFwg/i488dB3QthQS_YxLHXyjJMLHNh3b36LDgCLcB/s320/greve-professores-45jc.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span></div>
</span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">No
caso dos professores do Paraná, houve ainda um adicional: apanharam feio de
policiais. O que houve há um ano com esses profissionais não representa nenhum
exemplo de luta pelo motivo de essa luta estar completamente errada como luta
da educação. O corpo docente encontra-se muito doente por causa do “parasita
sindical”. Esse corpo precisa se curar primeiro dele; precisa recuperar sua
força original de pensar a natureza de seu trabalho. </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;">Assim, uma vez curado desse parasita, o corpo
docente deve se levantar para que seus movimentos criem formas apaixonantes de
intervenções inteligentes e sensíveis no espaço urbano. </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span></div>
</span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><br />
<i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A</i><i style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">ldo
Bourdieu</span></i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;"> (</span><a href="mailto:l%C3%ADngua.portuguesa@uol.com.br" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">língua.portuguesa@uol.com.br</span></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 150%;">) é <b>professor de Filosofia, de Sociologia, de Literatura, de Religião e de
Língua Portuguesa</b>.</span><br />
<script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-46161855109172573772016-04-23T10:44:00.001-05:002016-04-23T17:43:33.101-05:00ORGASMO APÓS OS 60 ANOS<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div>
<div class="MsoNormal">
<b style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-_1NCxlrGThI/VxuYIjw6maI/AAAAAAAAFwQ/L9NSpeilQSAm0Be9_7hn-DIZX7GZyV3_ACLcB/s1600/angela%2Bvieira011-20130817%2Batriz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://4.bp.blogspot.com/-_1NCxlrGThI/VxuYIjw6maI/AAAAAAAAFwQ/L9NSpeilQSAm0Be9_7hn-DIZX7GZyV3_ACLcB/s320/angela%2Bvieira011-20130817%2Batriz.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ângela Vieira</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<b style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Lembro-me
ainda de minha avó aos 60 anos. Senhora de idade sem o aroma do erótico, ela
era a imagem de quem não sentia mais desejo por nenhum homem - a não ser pelos
netos -, mesmo porque não despertava mais nenhum. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Aparentando ter saído de algum conto de fadas
de Charles Perroult (1628-1703), a minha Esther representava o modelo clássico
da vovó: o da censura, o da moral rígida. Inimaginável ela falar de prazer, de
sexo, de gozo. Depois dela, outras vovós vieram para ler contos clássicos de
fadas; porém, diferentes de minha avó, elas agora encantam homens mais novos. Essas
vovós ainda podem até cuidar dos netos; mas, na intimidade, são os homens os
seus bebês. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 18.6667px; line-height: 28px;"><br /></span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Se
Esther representou para uma época o final de uma vida, a vovó do século 21
deseja intensamente viver o corpo e a mente por meio de encontros que a
potencializem ou, como diria o filósofo Espinosa (1632-1677), deseja “encontros
alegres”, porque, embora não possa evitar a morte, ela pode chegar aos 60 anos com
uma vida para ser amada para além do quartinho do neto. Vovó quer ser devorada
pelo lobo bom, e digo bom porque uma mulher sexagenária, uma vez bem madura,
não vê só a boa aparência da “fruta”, mas deseja uma suculenta alma a fim de
provar a essência. Uma mulher madura, quando madura mesmo, não quer o corpo
pelo corpo, pois ela viveu muito para saber que inteligência, bondade,
compreensão, ternura, preliminares, verdade, por exemplo, são ótimos para
temperar a carne. Seu paladar é apuradíssimo. O sabor do gozo após os 60 anos assemelha-se
ao divino, pois, afinal, ela, a vovó, é divã – deusa que deixa as mortais de 20
aninhos insossas.</span></span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">
</span>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 18.6667px; line-height: 28px;"><br /></span></div>
<div style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Por
isso e por muito mais, o orgasmo pós-60 anos jamais é vulgar, visto que o
vulgar é fácil como é fácil destruir objetos, e a vovó soube muito bem preservar
a idade-corpo e a idade-mente, não se deixando competir com uma adolescente. A
vovó se reconhece como não adolescente, não engana sua idade; ela só preserva,
na justa medida do tempo, o charme, a elegância, como se fosse brisa que
preserva o sutil movimento. Mais: ela seduz porque também pulsa nela, em sua
alma, o vigoroso tempo vivido das perdas, das alegrias, das derrotas, dos que
se foram antes dela. Por causa disso, ela tem muito a dizer com a calma que o
tempo exigiu dela. Nada em sua idade é apressado: chegar ao orgasmo e levar o
outro a ele é movimento suave de que quem adquiriu sabedoria, mas também é
explosão </span><b style="font-size: 14pt; line-height: 150%;"><i>sexo</i></b><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">genária de quem grita pela vida por causa de alegres
encontros. Sexagenária era a minha avó. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 18.6667px; line-height: 28px;"><br /></span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">Os
rígidos sentenciarão que essas vovós são imorais, mas eu pergunto, pergunto e
pergunto: a rigidez é valor supremo para a vida? será a vida, a vida em si,
rígida? se for rígida como declara a rigidez dos moralistas, por que a vida se
renova? o que é rígido ou inflexível renova-se? a beleza da vida não será por
causa de ela ser divino movimento, divina inconstância?</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;"> </span></span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">
</span>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;">As
atrizes Eliane Glardini (64), Ângela Vieira (62) e Bruna Lombardi (62) - só
para ofertar três sensuais exemplos -, caso sejam avós, devem contar estórias à
noite para seus netos, mas essas vovós, que não são rígidas, vivem mais e mais quando
seus “bebês” sorriem ao embalo de sussurros ou de gemidos ao pé do ouvido, à
sombra daqueles que secam a vida com rigidez.</span></span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">
</span>
<br />
<i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">Aldo Bourdieu</i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"> (</span><a href="mailto:l%C3%ADngua.portuguesa@uol.com.br" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">língua.portuguesa@uol.com.br</a><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">) é </span><b style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">professor de Filosofia, de
Sociologia, de Literatura, de Religião e de Língua Portuguesa</b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;">.</span> <span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28456711.post-1347371896612525542016-03-31T17:42:00.003-05:002016-03-31T17:42:38.881-05:00Um filme para memória<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/U91gtFREBY0/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/U91gtFREBY0?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />
<script language="Javascript" src="http://hipercontador.gedan.com/cgi-bin/conta.cgi?usuario=aldomo" type="text/javascript">
</script></div>
lingualingua.blogspot.comhttp://www.blogger.com/profile/15547065234443386311noreply@blogger.com0