- Fragmento de um texto de "açeçor de gabineti"; e
- As vírgulas não estavam assim.
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
Ronda Gramatical
terça-feira, fevereiro 27, 2007
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Língua Portuguesa, um problema muito sério no ensino médio acreano
Propaga-se que o ensino público acreano escreve bem na lousa. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) apagou essa idéia. O Ministério da Educação, por meio de pesquisa, reconhece: o ensino de Língua Portuguesa no Brasil é insatisfatório em sala de aula.
Se os índices nacionais não são bons nem para o Ministério da Educação, como poderiam propagar no Acre que as escolas do ensino médio escrevem bem no quadro-negro? Ainda que a Frente Popular tenha iniciado um processo de transformação na rede pública, não estamos nos céus. Há imperfeições nesta terra avaliada pelo Enem.
Enem – 0 a 100 pontos
Em 2005, os alunos brasileiros conseguiram 39.41 na prova objetiva e 55.96 na prova de redação. No Acre, os estudantes pontuaram 31.96 na prova objetiva e 50.21 na redação. Em 2006, a média diminuiu. O país recebeu 34.94 na prova objetiva e 51.23 na prova de redação. As escolas estaduais acreanas ficaram com 30.27 na objetiva e com 47.10 pontos na redação. Por causa desses números, o ensino estadual acreano no Enem de 2005 obteve entre os Estados a 24ª posição na prova objetiva e a 26ª em redação. Em 2006, o Acre não saiu do 24º lugar, mas subiu para o 23º na prova de redação. Comparada às outras regiões, o Norte tem a menor média do Enem tanto em 2005 quanto em 2006, sendo, portanto, a região que puxa para baixo a média nacional.
Prova-Brasil
Em outra pesquisa do Ministério da Educação, o Prova-Brasil, o Estado do Acre deixou a Língua Portuguesa da 4ª série do ensino fundamental em uma boa posição, a 11ª. No entanto, na 8ª série, na mesma disciplina, o Estado caiu para o 16º lugar. Entre as capitais, a Língua Portuguesa da 4ª série em Rio Branco está no 8ª lugar e, na 8ª série do ensino fundamental, ocupa o 15º lugar.
Saeb
No Sistema Nacional de Avaliação Básica (Saeb), os números favorecem o Estado quando os alunos escrevem na 4ª série (9ª lugar) e na 8ª série (9º lugar). Entretanto, a Língua Portuguesa escreve e lê muito mal no 3º ano do ensino médio, deixando a terra da escritora Glória Perez na 17ª posição. Mesmo assim, o Acre puxa para cima, segundo o Saeb, os números da região Norte embora o Ministério da Educação reconheça, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que cerca de 59% de estudantes de todo o Brasil em Língua Portuguesa distribuam-se entre os estágios muito crítico e crítico na 4ª série. Na 8ª série, a situação do Brasil torna-se pior: apenas 10% dos estudantes estão no estágio considerado adequado.
Ensino médio
O ponto crítico encontra-se no ensino médio. Nessa fase escolar, o Enem e o Saeb reprovaram não só Acre em Língua Portuguesa, mas a própria média nacional. Nas escolas públicas do Estado, os alunos não lêem sequer um livro em sala de aula durante os três anos do ensino médio, e as aulas de Redação dependem da vontade do professor. Para a Saeb, a situação crítica de Língua Portuguesa é quando o aluno ainda não é bom leitor. Apresenta algumas habilidades de leitura, mas aquém das exigidas para a série - lê apenas textos narrativos e informativos simples. É o caso do Acre.
Qualidade de ensino
Acreditava-se que, pagando melhor ao professor, haveria qualidade de ensino. Com especialização e há dez anos no Estado, um professor recebe por mês, lecionando 20 horas semanais, R$ 1.570, líquido. O salário não chega a ser ruim, mas não representa a grandeza de educar e muito menos qualidade de ensino. Não há relação direta entre bons salários e boas aulas. Nos cursos de pré-vestibular, poucos desejam ser professor, o salário não compensa. “Os políticos falam tanto sobre valorizar o professor, mas eles continuam a receber pouco pelo que a educação vale para uma nação”, disse Simony, estudante do pré- vestibular Ideal e deseja cursar medicina na Universidade Federal do Acre. E se um professor recebesse igual a um médico? A Simony poderia mudar até sua opção no vestibular, mas seus alunos do ensino médio teriam um ótimo desempenho no Enem? Qualidade de ensino significa um conjunto de ações. Uma delas, administração escolar. Quem conhece a gestão escolar pública sabe que há falhas e uma dessas falhas inicia-se pelo processo democrático, que tem sido incapaz de votar em ótimos candidatos para que eles administrem muito bem as escolas. Ainda se vota em candidato a gestor de escola como ato nocivo ao bem público, por exemplo, troca de favores, simpatia, cor partidária. Alguns defendem que, para ser gestor, a pessoa deveria ser formada em administração. E mais. Uma vez formada, deveria se submeter a um concurso público. “Eu já presenciei várias eleições na minha escola e sei o quanto a democracia escolar é corrupta, os alunos votam sem saber o que é escola, votam porque esse é simpático, aquele é antipático, votam porque esse tem as cores partidárias”, observa a professora Fátima (o nome é fictício a fim de não comprometer a educadora).
Ainda a qualidade
Daniele, de 24 anos, estudou na escola Heloísa Mourão Marques há alguns anos. Ela revela que, quando estava no 3º ano do ensino médio, uma professora de História pediu para que os alunos desenhassem e pintassem um índio. “Não é mentira, é um absurdo, mas uma professora fez isso em sala, porque era o Dia do Índio”, e conclui. “Professor fazia o que queria e o que não queria em sala. Para você ter uma idéia, certa vez, um colega meu faltou muito, mais de 75% de falta, mas, mesmo assim, passou de ano com 9 e 10.” A Lei 1.513, de 11 de novembro de 2003, apresenta equívocos, e um deles lê-se em seu capítulo 3, sobre a organização da gestão escolar. Esse capítulo admite somente os conselhos escolares como estrutura, mas essa estrutura tem sido insuficiente para qualificar o ensino. Não pode haver qualidade se, também, não houver uma nova estrutura escolar. Na escola Heloísa Mourão Marques, criaram-se os conselhos de disciplina e de turma. “No ano passado, minha área se reuniu aos sábados e delimitou algumas idéias em conjunto. Como não são possíveis encontros de áreas na semana, porque a chamada folga não contempla todos os professores, nós trabalhamos no sábado enquanto área a fim de refletir sobre problemas e soluções na disciplina de Matemática”, argumenta o professor Gleidson. Como pode haver qualidade de ensino se os próprios professores de área não se encontram para definir critérios que exigem qualidade, por exemplo, no processo avaliativo? Hoje, com a atual estrutura escolar, cobra-se, e mal, individualmente do professor, o que é um erro. A cobrança não deve ser sobre o indivíduo, mas sobre as áreas, as disciplinas, mas, para tanto, a Lei 1.513 precisa ser alterada.
José Rodrigues Alves. - Presente, professora!
Uma escola pública tem contribuído para que o Acre obtenha uma pontuação melhor no ensino médio. No Enem de 2006, ela tirou 33.60 pontos na prova objetiva e 43.94 na prova de redação, ficando na quarta posição, atrás somente das particulares: Meta (53.37), Lato Sensu (52.73) e Instituto Imaculada Conceição (50.46). Essa escola, a Prof. José Rodrigues Leite, conhecida como Etca, mantém-se, mais uma vez, acima das escolas estaduais. Na entrada da escola, uma faixa informa que 42 alunos do José Rodrigues Alves passaram no vestibular da Universidade Federal do Acre (Ufac). “Somos a escola que mais coloca alunos na Ufac”, observa o gestor da escola, prof. João de Souza Lima. No corredor, um painel expõe as fotos dos alunos que chegaram às suas respectivas faculdades. Faixa e painel: isso mostra que essa instituição pública reconhece o mérito de seus alunos. Pode haver uma escola sem cobrança, sem ordem, sem disciplina? Para obter bons resultados, a José Rodrigues Leite exige dos professores e dos alunos e quem não consegue se adequar sai automaticamente. Há professores que não suportam e vão embora. Alunos de outras escolas públicas também saem muito não da escola, mas da sala de aula para ficar pelos corredores, isso quando não pulam os muros. “Menos em minha escola, ninguém aqui fica pelos corredores”, compara. “Sou um gestor muito presente, cobro muito de mim para, depois, cobrar do corpo docente e do corpo discente, além de cobrar dos funcionários de apoio.”
Conselhos
Mas a escola José Rodrigues Leite não se difere quando o assunto é Coordenação de Ensino. Como outras, a coordenação cobra individualmente do professor o conteúdo da disciplina. Não há reuniões de área. Cada um faz seu trabalho. “O planejamento pedagógico em nossa escola se realiza duas vezes por ano, uma vez em cada semestre”. Não há encontros semanais entre os professores de Língua Portuguesa ou de Matemática para que eles possam criar um trabalho conjunto. O tempo para planejamento pedagógico, tão reivindicado no passado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteac), transformou-se em dia de “folga”. Argumenta-se que durante a semana não há condições de marcar encontro entre professores da mesma área. Também não há conselhos de turma. Professores e representantes dos alunos não se reúnem para solucionar problemas da classe. Tudo se concentra em torno da coordenação.
O ensino médio melhorou?
Para o diretor João Lima, a política educacional da Frente Popular não conseguiu qualificar o ensino médio em oito anos. “O que há são pontos isolados. Se o diretor está na escola, a escola funciona; se não está, a escola não funciona”, e o professor João ressalta. “Educação não é para oito anos, mas para 30 anos”.
E os diretores não são cobrados? João Lima responde que não são. Na Lei 1.513, de 11 de novembro de 2003, o artigo 33º obriga o diretor a prestar contas semestralmente para a comunidade escolar, mas, como afirma o professor João, não há fiscalização. “Para você ter uma idéia, há escolas que estão sendo reformadas novamente em pouco tempo, porque o diretor não preserva o patrimônio público e muito menos é cobrado a preservá-lo”, e ele continua. “Se um DVD some na escola, se uma TV é furtada, é preciso que alguém faça uma queixa-crime na delegacia, porque, como não existe lei para punir esse diretor irresponsável e muito menos existe fiscalização da Secretaria de Educação, o DVD ou a TV só retornarão à escola se um novo diretor agir”. Em muitas escolas públicas, objetos “somem” e os diretores não são obrigados a pagar o que foi “retirado” em sua gestão, deixando para o próximo diretor, se esse assim quiser, a responsabilidade de recuperar TVs, DVDs, aparelhos de som. Na José Rodrigues Leite, não há uma carteira rabiscada. O patrimônio público, preservado. Mas o maior furto que ocorre nas escolas públicas do ensino médio, como mostrou o Enem, é “meter a mão” na qualidade de ensino. Para o diretor do José Rodrigues Leite, enquanto o interesse político se mantiver soberbo acima do interesse educacional, as escolas públicas de ensino médio não apresentarão índices satisfatórios de qualidade. “Cobrou-se muito de quem não era do grupo político, e isso, creio, não poderá mais haver”, finaliza. “O poder público tem que pagar melhor a quem trabalha melhor, porque há funcionários públicos que, mesmo pagando para trabalhar, dão prejuízos à sociedade, ao Estado”.
oS granDes JornaiS
"A nova terapia traz esperanças a todos os que morrem de câncer a cada ano". JORNAL DO BRASIL.
"Apesar da meteorologia estar em greve, o tempo esfriou ontem intensamente". O GLOBO
"Os sete artistas compõem um trio de talento". EXTRA (pertence ao Globo).
"A vítima foi estrangulada a golpes de facão". O DIA
"Os nossos leitores nos desculparão por esse erro indesculpável". O GLOBO.
"No corredor do hospital psiquiátrico os doentes corriam como loucos". O DIA.
"Ela contraiu a doença na época que ainda estava viva". JORNAL DO BRASIL.
"Parece que ela foi morta pelo seu assassino". Jornal EXTRA.
"O acidente foi no triste e célebre Retângulo das Bermudas". (Até ontem era um triângulo!) EXTRA.
"O velho reformado antes de apertar o pescoço da mulher até a morte, se suicidou". O DIA.
"A polícia e a justiça são as duas mãos de um mesmo braço". EXTRA.
"Depois de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para a satisfação dos habitantes".
(água no além para purificar as almas...) - Jornal do BRASIL.
"O aumento do desemprego foi de 0% em novembro".
"O presidente de honra é um jovem septuagenário de 81 anos".
"Quatro hectares de trigo foram queimados. A princípio, trata-se de um incêndio".
(Ah, bom! Achei que fosse um churrasco!).
"Na chegada da polícia, o cadáver se encontrava rigorosamente imóvel".
(Viu como ele é disciplinado?).
"O cadáver foi encontrado morto dentro do carro".
"Prefeito de interior vai dormir bem, e acorda morto".
sábado, fevereiro 24, 2007
Matéria de Josafá Batista
Gasto de famílias com alimentos ultrapassa valor do salário mínimo em Rio Branco
Segundo a pesquisa, uma “família padrão” de Rio Branco, formada por dois adultos e por três crianças, precisa gastar R$ 435,34 por mês só com itens básicos de alimentação. O estudo foi realizado em 51 estabelecimentos comerciais da capital, com duas visitas ao mês a cada local. O montante corresponde a mais de um salário mínimo e meio, denunciando o baixo poder de compra do piso salarial pago à classe trabalhadora. De acordo com o IBGE, 129.568 acreanos sobreviviam com até um salário mínimo em dezembro de 2005. “Uma família padrão precisaria ter uma renda de R$ 562,42 para suprir sua necessidade básica com alimentação, higiene pessoal e limpeza doméstica, representando 1,62 salários mínimos”, acrescenta a pesquisa Cesta Básica, cuja responsabilidade técnica é da Gerência de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão. O documento tem como referência janeiro de 2007. Ele analisa em separado o impacto de três cestas básicas com diferentes itens na renda do trabalhador. A principal delas, e também a mais conhecida, é a cesta básica alimentar. As outras são a cesta básica de limpeza doméstica e a cesta básica de higiene pessoal. Ainda, segundo a pesquisa, as três cestas têm um impacto de R$ 161,55 no salário de cada trabalhador. “Esse valor representa aproximadamente 46,2% do salário mínimo vigente, sendo o restante do salário considerado para outros gastos”, informa o documento. O acesso à pesquisa é livre e cópias podem ser requeridas na própria Seplands, que funciona no Palácio das Secretarias. O telefone é 3224 1240.
Cesta básica mais cara
Não bastasse não corresponder ao poder de compra das famílias, a cesta básica também está ficando mais cara a cada mês. De acordo com a pesquisa, o custo do conjunto de alimentos em janeiro foi de R$ 124,38 por pessoa. Em comparação a dezembro, houve uma alta de 0,56% nos preços. O malabarismo necessário para equilibrar gastos com alimentação deve ficar maior nas próximas semanas, graças à volta às aulas e à recente polêmica do veto à carne acreana no Rio Grande do Sul. Apesar disso, a carne foi um dos itens que apresentou queda de preços no período pesquisado (3,18%). O pão também ficou 3,18% mais barato. Em compensação, itens de produção local como café, mandioca e até a banana puxaram a alta da cesta básica alimentar. A maior alta foi obtida pelo café, com 9,43% de reajuste. Em segundo lugar veio o tomate, com 3,76%. A mandioca e a banana ficaram em terceiro e quarto lugar, com 2,63% e 1,89% de reajustes, respectivamente. Os percentuais se referem aos preços médios obtidos por outra pesquisa do mesmo tipo realizada em dezembro de 2006.
Limpeza e higiene
Nem tudo é negativo no mercado de consumo acreano. A pesquisa revela também queda de preços nas cestas básicas de limpeza doméstica (1,24%) e de higiene pessoal (1,43% em relação à coleta de preços anterior). Enquanto a cesta de limpeza doméstica chegou a 26,04 reais, a de higiene pessoal foi a 11,12 reais. Dos nove produtos da cesta de limpeza doméstica, apenas a água sanitária teve aumento de preços entre dezembro e janeiro. O reajuste foi de 2,08%. Na cesta de higiene pessoal, todos os produtos apresentaram queda. Segundo a metodologia da pesquisa, a cesta básica alimentar é composta por 14 itens, a cesta de higiene pessoal por cinco e a de limpeza doméstica por nove. O objetivo da pesquisa é mensurar as variações mensais, informar a defasagem entre o salário mínimo e o valor da cesta e identificar o tempo necessário para a aquisição dos produtos da cesta.
Ronda Gramatical
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Ronda Gramatical
A frase-oracional acima foi escrita por três repórteres.
- - reduzir dos - O correto é "reduzir os patamares"; e
- - a que - O correto é "em que ela se encontra".
Ronda Gramatical
Os sem-parada
Há muito tempo, uma rua, a Terminal, não era asfaltada no Aeroporto Velho. Na administração de Angelim, do PT, recebeu asfalto.
Mas nem tudo é lama. No ponto final de ônibus, não há aquele modelo de parada.
Os trabalhadores não têm um abrigo para esperar um ônibus que demooooooooooooora muuuuuuuuito!!!..
quinta-feira, fevereiro 22, 2007
Criança terminal
Um trabalhador
Com seus desenhos, Enílson poderia expor a caricatura do poder, dos ricos e a realidade desumana da pobreza.
Mas, para tanto, falta loucura a esse artista acreano.
Bloguista, repare só na parada de ônibus. Há grupo político nesta terra que nem faz questão de oferecer à população uma parada de ônibus à altura do dinheiro público.
Na época, a prefeitura de Rio Branco propagou que as paradas de ônibus dariam cidadania ao rio-branquense.
O prefeito Angelim, do PT, construiu ótimas paradas na capital, mas não em todo canto. No Aeroporto Velho, no ponto final do Ginásio Coberto, por exemplo, não existe cobertura na parada de ônibus.
Se chover, Enílson e os trabalhadores do Ginásio Coberto tomam banho fora do banheiro, sem água quente, sem chuveiro e sem toalha para se secar.
De Enílson Amorim
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Razão e Sensibilidade

Leia a inteligência
de Renato Janine Ribeiro.
_____________________
Filósofo e estudioso do iluminismo,
Renato Janine Ribeiro
repensa a pena de morte à luz da morte de João Hélio
RENATO JANINE RIBEIRO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Escrever sobre o horror em estado puro: assim vivi o convite para participar deste número do Mais!. É insuportável pensar no crime cometido contra o menino João Hélio. E é nisso que mais penso, nestes dias. Não me saem da cabeça duas ou três coisas. A primeira é o sofrimento da criança.
Se há Deus, e acredito que haja, embora não necessariamente antropomorfo, como admite Ele esse mal extremo, gratuito, crudelíssimo? Se a alma ou o espírito tem um destino após a morte, chame-se esse de juízo eterno ou de uma série de reencarnações, como poderá esse infeliz menino ser recompensado pela vida que lhe foi ceifada, não apenas tão cedo, mas, além disso, de modo tão bárbaro? Essas são questões religiosas, ou melhor, de fé. E quanto aos assassinos?
A outra coisa que não me sai da cabeça é como devem ser punidos. Esse assunto me faz rever posições que sempre defendi sobre (na verdade, contra) a pena de morte. Anos atrás, me convidaram a escrever um artigo para uma revista de filosofia contra a pena de morte. Perguntei então: mas alguém escreverá a favor? E me responderam que era possível, por que não? Acabei escrevendo meu artigo (contra a pena capital), mas este caso horrível me faz repensar ou, melhor, não pensar, sentir coisas distintas, diferentes.
________________________________________________
Torço para que, na cadeia, os assassinos recebam sua paga;
torço para que a recebam de modo demorado e sofrido
_________________________________
Se não defendo a pena de morte contra os assassinos, é apenas porque acho que é pouco. Não paro de pensar que deveriam ter uma morte hedionda, como a que infligiram ao pobre menino. Imagino suplícios medievais, aqueles cuja arte consistia em prolongar ao máximo o sofrimento, em retardar a morte.
Todo o discurso que conheço, e que em larga medida sustento, sobre o Estado não dever se igualar ao criminoso, não dever matar pessoas, não dever impor sentenças cruéis nem tortura -tudo isso entra em xeque, para mim, diante do dado bruto que é o assassinato impiedoso. Torço para que, na cadeia, os assassinos recebam sua paga; torço para que a recebam de modo demorado e sofrido.
Conheci o sr. Masataka Ota, pequeno empresário cujo filho pequeno foi assassinado. Entrevistei-o para meu programa de ética na TV Futura (episódio "Justiça e Vingança"). Masataka perdoou os assassinos, isto é, embora pudesse matá-los, não o fez. Quis que fossem julgados e lamenta que já estejam soltos, poucos anos após o crime hediondo, mas ele é um caso raro -e admirável- em não querer se vingar, em não querer que os assassinos sofram mais do que a pena de prisão.
Confesso que não seria a minha reação. Quem é humano? Penso -porque ainda consigo pensar, em meio a esse turbilhão de sentimentos- também que há diferentes modos de impor a pena máxima. A punição com a morte se justifica ora pela gravidade do crime cometido, ora pela descrença de que o criminoso se possa recuperar.
No caso, as duas razões comparecem. Parecem irrecuperáveis, e seu crime é hediondo. Não vejo diferença entre eles e os nazistas. Creio que só um insensato condenaria as execuções decretadas em Nuremberg. Há, hoje, quem debata se Luís 16 deveria ou não ter sido guilhotinado: dizem alguns que o melhor seria reduzir o último rei absoluto da França a um cidadão privado, um pouco como a China (curiosamente, campeã em execuções) fez com Pu Yi, seu derradeiro imperador.
Mas Luís era culpado apenas de ser rei. Pessoalmente, era um homem bom. Os nazistas foram culpados do que fizeram. Optaram pelo mal. Como esses assassinos. Em países como os Estados Unidos, a demora na execução é ela própria uma parte -talvez involuntária- da pena. Alguém passa 20 anos no corredor da morte, e é executado quando já pouco tem a ver com quem foi.
Na Inglaterra, antes de abolir a pena de morte, era diferente: dois ou três meses após o crime, o assassino era enforcado. Nos dois países, a garantia de todos os direitos de defesa ao réu faz parte, por curioso que pareça, da engrenagem que diz ao acusado: você terá todos os direitos, mas não escapará. No Brasil é diferente. Não temos pena de morte, na lei. A Constituição a proíbe.
Mas provavelmente executamos mais gente que o Texas, o Irã ou a China. É que o fazemos às escondidas. Quando penso que, desses infanticidas, os próprios colegas de prisão se livrarão, confesso sentir um consolo. Mas há algo hipócrita nisso. Se as pessoas merecem morrer, e se é péssimo o Estado se igualar a quem tira a vida de outro, por outro lado é uma tremenda hipocrisia deixar à livre iniciativa dos presos ou aos justiceiros de esquina a tarefa de matar quem não merece viver.
Abrimos mão da responsabilidade, que pode ter uma sociedade, de decidir -no caso, quem deve viver e quem merece morrer. Tudo isso traz questões adicionais. É-se humano somente por se nascer com certas características? Ou a humanidade se constrói, se conquista -e também se perde? Alguém tem direito, só por ser bípede implume, de fazer o que quiser sem perder direitos? A todos assiste o direito da mais ampla defesa.
Mas, garantida esta, posso fazer o que quiser sem correr o risco da pena última? Isto, que relato, põe em questão meu próprio papel como intelectual. Intelectual não é apenas quem tem uma certa cultura a mais do que alguns outros. É quem assina idéias, quem responde por elas. Tive, na graduação, uma amiga que teve bloqueio de escrita. Mas, na verdade, ela até fazia trabalhos -de graça- para outros colegas.
Seu bloqueio não era de escrita, mas de assinatura. Talvez possa dizer: o cientista escreve, o intelectual assina. O intelectual é público. Só que, para ele cumprir seu papel público, é preciso acreditar no que diz. Ora, quantas vezes o intelectual afirma aquilo em que não acredita? Quantos não foram os marxistas que se calaram sobre os campos de concentração, que eles sabiam existir? Por isso, o mínimo que devo fazer, se sou instado a opinar, é dizer o que realmente penso (ou, então, calar-me).
Sei que a falta de perspectiva ou de futuro é o que mais leva pessoas a agirem como os infanticidas. Sei que devemos reformar a sociedade para que todos possam ter um futuro. Creio que isso reduzirá a violência. Mas também sei que os pobres são honestos, mais até do que os ricos. A pobreza não é causa da falta de humanidade. Quer isso dizer que defenderei a pena de morte, a prisão perpétua, a redução da maioridade penal? Não sei. Não consigo, do horror que sinto, deduzir políticas públicas, embora isso fosse desejável.
Mas há algo que é muito importante no exercício do pensamento: é que atribuamos aos sentimentos que se apoderam de nós o seu devido peso e papel. Não posso pensar em dissonância completa com o que sinto. A razão, sem dúvida, segura muitas vezes as paixões desenfreadas.
Quantas vezes não nos salvamos do desespero, do desamparo, do ódio e da agressividade, apenas porque a razão nos acalma, nos contém, nos projeta o futuro? Que crimes o amor desprezado não causaria, não fosse ele contido pela razão? Mas isso vale quando a dissonância, insisto, não é completa.
Se o que sinto e o que digo discordam em demasia, será preciso aproximá-los. Será preciso criticar os sentimentos pela razão -e a razão pelos sentimentos, que no fundo são o que sustenta os valores. Valores não são provados racionalmente, são gerados de outra forma. Afinal de contas, o que vivemos no assassínio bárbaro de João Hélio, como meses atrás quando queimaram viva uma criança num carro, não é diferente do nazismo. Dizem uns que o Brasil está como o Iraque. Parece, pior que isso, que temos algumas mini-auschwitzes espalhadas pelo território nacional.
RENATO JANINE RIBEIRO é professor de Ética e Filosofia Política na USP e autor de, entre outros, "A Ética na Política" (ed. Lazuli).
Violência segundo o jornalista
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
Rei Momo e Cinderela na Floresta Encantada


De Aldo Nascimento
Dias antes de Momo receber a chave da cidade de Rio Branco, o poder público vai à TV para falar somente de segurança, de camisinha e da programação do Carnaval. Para piorar o nosso imaginário, durante a festa, sempre aparece aquele repórter da TV a perguntar se o folião está alegre no baile.
Programada pelo Estado e pela Prefeitura da capital, a festa de Momo aqui se assemelha a uma “alegria paraestatal”, porque ela não encarna espontaneamente a irreverência popular.
O tempo carnavalesco no Acre, por exemplo, regulado por instituições públicas, recebe a ordem de que Momo deverá parar de brincar à meia-noite. Argumenta-se que é para evitar índices maiores de violência. Mas uma festa acreana, cujo índice de violência é maior, não termina à meia-noite. O lucro que a Expoacre gera dura cinco dias.
Nosso Carnaval é programado e domesticado pelo poder público. Não se trata de uma manifestação que se espalha pela cidade como corpo social motivado pelo Riso, pela Máscara, mas se concentra, por exemplo, no calçadão da Gameleira até meia-noite. Por isso, nossa festa recebeu o apelido de Carnaval de Cinderela.
A Fundação Garibaldi Brasil, da Prefeitura de Rio Branco, e a Fundação Elias Mansour, do Estado, nunca apresentaram alguém para falar na TV Aldeia sobre a importância imaginária e social do Carnaval.
Há, por parte dessas instituições, a necessidade inconsciente de substituir a desobediência do Riso por um didatismo que enquadra Momo em um espaço restrito, em um horário limitado e em blocos carnavalescos domesticados.
Se nossas fundações culturais não vão à TV com sua fala desconcertante, irreverente, ouvimos então aquele representante da Polícia Militar falar sobre segurança e aquela jornalista perguntar ao folião sobre o que acha do Carnaval deste ano.
Cinderela
Até meia-noite, o povo voltará a ser Gata Borralheira, e sem direito a sapatinho de cristal. O mito de Ciderela, que tem três versões [a chinesa, a dos Irmãos Grimm (estética romântica) e outra de Charles Perrout (estética clássica)], chegou a nós modelada pela ideologia clássica, e Walt Disney tratou de industrializar.
Cinderela simboliza uma personagem limpa, muito bem-comportada, uma jovem que não anda à margem da sociedade. Cinderela é obediente. Nesse sentido, batizaram o Carnaval de Rio Branco de Carnaval de Cinderela, porque à meia-noite Momo perde seus encantos.
Sobre esse desejo do poder disciplinar o Riso, de conter uma manifestação popular e marginal, Georges Monois registra no livro História do Riso e do Escárnio.
“Em 1538, nas cidades flamengas, o imperador interdita a festa do Rei dos Bobos, como em Lille, em 1540, e um cronista de Valenciennes justifica essas medidas pelo fato de que esses regozijos ‘induzem o povo a fazer badernas e derrisões contra nossa santa religião’”.
Nesse período da história, os Carnavais não só atentaram contra a religião católica como também ameaçaram a ordem pública, degenerando, às vezes, em conflitos armados. Assim, como Rei Momo representa um conflito contra a aparência ética dos sacerdotes, dos reis, dos políticos, o século 16 marca uma época em que o Carnaval precisava ser domesticado. Escreve Monois.
“Para essa elite, a festa torna-se celebração didática e séria de uma ordem, isto é, o inverso da festa popular”, e continua. “Os valores da sensibilidade subjetiva, o gosto do prazer, os frutos da ‘natureza’ foram rejeitados em nome de uma subordinação a uma concepção ética.” Cinderela, na condição de princesa, ensina bons modos a Rei Momo.
Momo
Filho da Noite, da sombra, do sono, esse deus personifica a “maledicência”, o comentário maldoso. A história de Momo representa uma história que difama aqueles que têm poder. Sua festa, em sua origem, ri de quem oprime os humilhados.
“Particularmente ridículos são aqueles que se julgam importantes, porque, no mais alto trono do mundo, só estamos sentados sobre o cu”, diz Momo quando abre a porta para os loucos (os foliões).
Na condição de sombra, sua festa noturna inverte a opressão do trabalho, realizado de dia. Se o fruto do trabalho não paga uma vida digna, resta zombar de quem explora e, assim, distribuir o excesso, o exagero, a desmedida, por isso o corpo de Momo, gordo, representa simbolicamente esse excesso, a fartura.
O Riso, esse excesso, como concebe Henri Bérgson em seu livro O Riso, coloca do avesso as diferenças sociais por meio da paródia, da fantasia. “Assim rimos do acusado que dá lição de moral ao juiz”, observa o autor.
Outro nome, Roberto DaMatta, em Carnavais, Malandros e Heróis, analisa essa cultura popular com maestria, tecendo uma comparação entre o Carnaval, o Dia da Pátria e a Procissão. Sua descoberta, por exemplo, sobre a palavra brincar é interessante.
“E brincar significa literalmente ‘colocar brincos’, isto é, unir-se, suspender as fronteiras que individualizam e compartimentalizam grupos, categorias e pessoas”, interpreta DaMatta. “Criamos, então, um espaço especial onde as rotinas do mundo diário são rompidas e de onde se pode observar, discutir ou criticar o mundo real visto de pernas para o ar.”
Em Rio Branco, as pernas, entretanto, pertencem a ela - Cinderela.
---------------------------------------------------------------------------
Indicações para uma boa leitura
sobre as representações simbólicas de Rei Momo
História do Riso e do Escárnio, de Georges Minois, editora Unesp;
Comicidade e Riso, de Vladimir Propp, editora Ática;
O Riso, de Henri Bérgson, editora Guanabara;
Mitologia Grega (volume 2), de Junito de Souza Brandão, editora Vozes;
A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento, de Mikhail Bakhtin, editora Hucitec;
Carnavais, Malandros e Heróis, de Roberto DaMatta, editora Guanabara
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Frase-oracional de uma doutora
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Nomes dos secretários
A vida social está errada
Júlio, atrás, não concluiu o ensino fundamental, e José Carlos não terminou a antiga 3a série.
José, você estudou?
Meu pais eram pobres. Comecei a trabalhar com 12 anos e saí do Paraná com 16 anos para andar pelo Brasil. Parei na 3a série.
Você lê?
Lia muito a Bíblia, mas hoje eu não leio nem mais a Bíblia.
Meus pais eram bóias-frias, eram muito pobres. A gente se levantava às 5 horas da madrugada e voltava às 5 horas da tarde. A vida era muito difícil e não tive oportunidade de estudar.E aí, em um jornal de Rio Branco, um jornalista publica:"(...) não foi levado em conta a capacidade individual de cada um dos indicados."
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Crianças terminais
Meninas da Playboy 4
Meninas da Playboy 2
Meninas da Playboy 1
sábado, fevereiro 10, 2007
Vírgula, um detalhe
- Matei o jornalista.
Jornalismo Educacional
O jornalismo educativo - um tipo de material de imprensa que não é jornalismo sobre educação - tem sido meu trabalho na última década e meu objeto de estudo. Parto do pressuposto de que existem muitas diferenças entre fazer jornalismo sobre Educação e jornalismo educativo, mas neste artigo pretendo me deter apenas na questão da construção da linguagem naquilo que venho chamando de interface da Comunicação com a Educação e que é o objeto do meu projeto de doutorado.E que resumo em: Levar notícia para a sala de aula e labrir a sala de aula para além da escola, sempre no formato de notícia; levar além da informação, formação, atualização com elementos colhidos no próprio universo educacional em geral e escolar em particular, sem perder de vista o pano de fundo da política educacional. Tanto na forma de material impresso, quanto televisivo ou ainda nos modernos suportes da informática, o jornalismo educativo guarda uma cumplicidade estreita com o ensino.Partindo de um pressuposto, que é também um princípio (no sentido ético) - quem sabe educação é o educador - o papel dos jornalistas seria fazer a mediação entre os dois mundos, equalizando as abordagens e buscando uma linguagem que unisse os dois universos teóricos e semânticos.Um trabalho que envolve o exercício constante de apropriações de saberes e linguagens e a construção e reconstrução de representações que se tem — no senso comum e na profissão de jornalista — do que seja o educador e a educação.
O lugar do jornalista
"Toda ordem de conhecimento, (...) pressupõe uma prática e uma atmosfera que lhe são próprias e lhe dão corpo. E, também, sem dúvida alguma, um papel particular do indivíduo conhecedor. Cada um de nós preenche de modo diferente esse papel quando se trata de exercer o seu ofício na arte, na técnica ou na ciência, ou quando se trata da formação de representações sociais".Serge Moscovici - que tem sido um referencial teórico importante nas minhas reflexões sobre a interface comunicação-educação — começa o item 2 do primeiro capítulo de A representação social da psicanálise , descrevendo, desta forma muito simples, o lugar onde o jornalista está colocado no momento em que pensa, cria imagens, constrói opiniões, seleciona temas, elabora pautas, busca, identifica e relata "experiências em sala de aula", levadas a cabo por professores da rede pública de ensino de 1o. Grau que imaginamos modelos a serem seguidos.Para dar conta dessa construção, o jornalista envolvido na produção de um programa ou de um texto jornalístico educativo precisa _ em primeiro lugar _ ter muito claro quem é seu público-alvo, delimitado pelo conceito de segmento. Se o trabalho estiver voltado para o professor, sua linguagem terá que passar por um processo de despojamento e apropriações de conceitos e linguagens, exatamente no sentido a que se refere Roger Chartier.Para Roger Chartier, a história cultural tem como objeto principal "identificar o modo como em dife-rentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler". Para chegar a isso, é necessário que nos detenhamos sobre como a sociedade percebe e aprecia o real e, para tanto, é preciso entender como se dá a organização dessa apreensão, essa apropriação. Esse entendimento passa pela identificação das classes sociais ou o meio intelectual a que o grupo pertença.É deles que surgem os "esquemas intelectuais incorporados que criam as figuras graças às quais o presente pode adquirir sentido, o outro tornar-se inteligível e o espaço ser decifrado". É exatamente isto que acontece no momento em que se constrói o discurso de um programa educativo de natureza jornalística. O que nos chama a atenção no trabalho de Chartier é a possibilidade de ver com mais clareza esses momentos de apropriação e reconstrução, no dia a dia do trabalho do jornalista que atua nessa área. Como jornalista participei de dois projetos _ um impresso, outro televisivo _ destinados à atualização do professor e dos estudantes do Curso de Formação do Magistério. Ambos pressupunham a imersão nas práticas de sala de aula, para em seguida divulgá-las, agregando-lhes o embasamento teórico e apontando de forma sistemática as possibilidades e dificuldades didáticas.
A busca da interface
Do ponto de vista jornalístico, a idéia central do trabalho do jornalista é mostrar reportagens sobre experiências de ensino que estivessem dando certo.Uma idéia simples e aparentemente fácil de executar. Ver, ouvir, fotografar, filmar. A interface, no entanto, precisa de mais que técnicas jornalísticas.Quando uma equipe envolvida nesse processo descobre que o jornalismo sozinho não dá conta de resgatar os processos que se passam na sala de aula, em geral realiza um mergulho no aprendizado do que é pedagógico.As equipes em que trabalhei realizaram esse mergulho, em cursos, leituras, freqüentando congressos etc. A apropriação de conhecimentos da pedagogia, no entanto, não garante o resultado. Toda produção de programas desse tipo passa pelo dilema: ou o programa fica extremamente pedagógico e perde o jornalismo, ou se prende ao jornalismo de superfície, distanciando-se do pedagógico e do didático. Acaba não respondendo COMO as coisas acontecem. Não chega perto dos processos e, muito menos, da teoria.A barreira que separa Educação e Comunicação leva tempo para dar os primeiros sinais de fissuras, para que os sujeitos dos processos de ensino/aprendizagem fiquem claros, dentro dos paradigmas teóricos que se acredita darem conta dessa caminhada. Ou seja, envolve um processo em que a equipe se dá conta, toma consciência, de quem é o sujeito do saber e também se apercebe da representaçãoconservadora que nós, jornalistas, temos do educador _ unicamente como portador de conteúdos estáticos repassáveis e não como o facilitador, que realmente é, do processo de aprendizagem.Ao se apropriar da pedagogia, os jornalistas, no entanto, correm o risco: elaboram de tal forma a linguagem, costuram conceitos recentes e acabam pecando pelo excesso. Corremos o risco de nos afastar do público-alvo na medida em que se torna a narrativa hermética. Em vez de abrir para o entendimento, a repetição de conceitos, vazios muitas vezes, fecha. Vira chavão sem conteúdo. Além da apropriação dos conceitos e da sua recolocação na linguagem jornalística, sem abrir mão do rigor acadêmico, a equipe trabalha o tempo todo revendo suas representações do que seja aprender/educar.Existe - com certeza - a representação da Educação como missão, tarefa, que se dá com o uso dos verbos fazer, dever, sempre conjugados no imperativo negativo ou afirmativo, mas sempre embebidos de uma legitimidade, de uma autoridade do que sabe para o que não sabe. Uma representação da Educação como algo imbuído de espírito altruísta, filantrópico, salvacionista. E se corre o grande risco de ter essa representação impregnando o discurso jornalístico.Outra frente delicada desse trabalho, além da escrita, quer seja de textos de matérias quer seja dos roteiros de CD ROM ou de TV, é o uso da câmera. Sobretudo na TV, o uso construtivista da câmera pode trazer um enriquecimento enorme ao programa, relevando detalhes nunca antes imaginados por quem fica fora da sala de aula.Todas essas considerações, no entanto, apontam para um processo que ainda está em construção em qualquer dos veículos que em nossos dias se dedicam ao jornalismo educativo ou a produtos que estão inseridos na interface da Comunicação com a Educação. Ainda estamos buscando.
Ana Mascia LagôaJornalista e ProfessoraUniversidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) / Brasil
Autor do Artigo
Ana Mascia Lagôa
Inf. sobre o artigo
Jornal "a Página"Nº 88
Ano 8 Fevereiro 2000
Pag. 23
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Um guarda e uma desembargadora
Os indivíduos não podem estar acima das instituições. Nem guarda. Nem desembargadores. Antes, no Acre, não havia medida para isso. O indivíduo era o poder; situava-se acima da lei.
Polícia Militar, Ciatran e Corpo de Bombeiros agiram de forma correta, porque um guarda na sociedade não é menos importante que uma desembargadora ou menos humano. Merece respeito tal qual um juiz.
Ainda sonho com uma pátria justa.
--------------------------------------------------
Matéria de Josafá Batista
Policiais defendem agente que multou marido de desembargadora
Agentes da Polícia Militar, da Companhia de Trânsito (Ciatran) e do Corpo de Bombeiros se uniram ontem em solidariedade ao agente de trânsito que multou o advogado Raimundo Menandro de Souza.
Segundo eles, o policial não dirigiu sequer a palavra à desembargadora Eva Evangelista Araújo e Souza, esposa de Menandro, e que o acompanhava no incidente.
Ainda na versão do policial, era Menandro e não Eva que ocupava a direção do veículo, cuja placa não tinha o lacre de segurança. Por isso, o breve diálogo teria acontecido apenas com o motorista.
A desembargadora, que ocupava o banco da frente, teria se limitado a sair do veículo pouco depois do agente anunciar a Menandro a retenção do automóvel. A retenção sumária é prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
“Há uma padronização das abordagens no trânsito. Ela diz que a fala deve ser dirigida ao motorista, com requisição de documentos do veículo e do próprio. Esse policial faz esse mesmo serviço há 14 anos e é um exemplo para nós. O que está acontecendo é uma infâmia, já que ele não dirigiu a palavra à desembargadora”, argumenta o presidente da Associação dos Militares do Estado do Acre (Ame-AC), Natalício Braga.
Segundo Braga, o episódio, ocorrido nesta quinta-feira, está causando comoção entre os militares. Eles aguardam o desfecho com preocupação.
Ontem, os jornais acreanos trouxeram várias notas de solidariedade à desembargadora, assinadas por instituições representativas dos magistrados.
No mesmo dia, o automóvel da desembargadora, um Corolla, já não estava mais no pátio do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Para Wherles Rocha, vice-presidente da Ame-AC, o policial também está recebendo solidariedade de instituições ligadas aos policiais militares do Acre. O agente, que não quis se identificar, é considerado um modelo de comportamento na corporação.
“Ele é muito respeitado e tudo isso está abalando o exercício da função de fiscalização do trânsito como um todo. Essa polêmica é um episódio muito triste e não podemos deixar que alguém seja atingido injustamente”, finaliza.
A retenção de veículos sem lacres de segurança nas placas é estabelecida em lei, no artigo 230, inciso 1º, do CTB.
Enem dos Estados
---------Prova Objetiva & Prova de Redação-----------------
1º RGS - 39.29 -------------------1º RGS - 57.22
2º MG - 37.34 --------------------2º SC - 53.29
3º DF - 36.77 ---------------------3º MS - 53.15
4º PR - 36.28---------------------4º PR - 53.13
5º SP - 36.00---------------------5º DF - 52.39
6º ES e SC - 35.91-----------------6º MG - 52.36
7º RJ - 35.88----------------------7º RJ - 51.73
8º GO - 33.66---------------------8º ES - 51.10
9º MS - 33.65---------------------9º SP - 51.09
10º CE - 33.08--------------------10º BA - 51.02
-------------------------------------27º TO - 45.26
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
A educação acreana
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2006
A pontuação do Enem vai de 0 a 100. O ranking abaixo refere-se à media da prova de redação e às escolas estaduais de Rio Branco.
1º Meta --------------------------------------------- 53.37 (particular)
2º Lato Sensu ---------------------------------------52.73 (particular)
3º Instituto Imaculada Conceição ------------------- 50.46 (particular)
4º Prof. José Rodrigues Leite ----------------------- 43.94
5º Fundação Bradesco ------------------------------ 43.92 (particular)
6º Barão do Rio Branco ----------------------------- 39.57
7º Glória Perez ------------------------------------- 37.05
8º Instituto Lourenço Filho ------------------------- 36.07
9º José Ribamar Batista ---------------------------- 35.44
10º Profª. Heloísa Mourão Marques ---------------- 35.15
11º Dr. João Aguiar ---------------------------------34.96
12º Humberto Soares da Costa --------------------- 33.04
13º Centro de Educação de Jovens e de Adultos -----32.78
14º Henrique Lima --------------------------------- 32.09
15º Leôncio Carvalho ------------------------------- 30.76
16º Maria Chalub Leite ----------------------------- 28.69
terça-feira, fevereiro 06, 2007
Aceçores


segunda-feira, fevereiro 05, 2007
As igrejas de Deus

sexta-feira, fevereiro 02, 2007
Chico Science & Nação Zumbi

