
Como anda o português no jornalismo?
Pasquale — É complicado discutir isso porque não se pode traçar um perfil. Depende do jornal, do ritmo. Imagina um jornal como a Folha de S. Paulo, que tem duas edições, pelo menos. A nacional tem de fechar às 8h e às cinco para as 8h está acontecendo o diabo e a matéria tem que ser escrita em cinco minutos. Então o que acontece? Besteira, é óbvio. Então não tem como exigir a perfeição nesse tipo de situação. E nós temos na Folha um trabalho que já vai longe. Eu estou lá desde 89. A Folha tem hoje duas professoras de português que ficam lá todo santo dia prestando assessoria e, mesmo assim, passa o diabo. De um modo geral, eu vejo a imprensa preocupada com a língua, o que é muito bom. O texto jornalístico brasileiro, na grande imprensa, tem um determinado padrão de correção. É um texto que pode ser chamado de semiformal. É um texto que serve com experiência para as pessoas que querem algo que ultrapasse as fronteiras do coloquial.
O que você acha do projeto do deputado Aldo Rebelo para proibir o uso de expressões estrangeiras na língua portuguesa?
Pasquale — Eu já disse isso a ele pessoalmente quando foi entrevistado por mim no programa “Nossa Língua Portuguesa”, falei que não acredito no projeto e ele disse que se fosse professor de português talvez não acreditaria também. Eu reconheço que existe um abuso, devido muito mais a tolice do que a qualquer outra coisa. Eu só posso justificar pela tolice alguém colocar uma propaganda e, na hora de anunciar o telefone 0800, que é gratuito, escrever “toll free” (taxa grátis). Isso é bobo, porque ele é tão deslumbrado com o estrangeirismo e acha que todo mundo vai entender aquilo. Uma parte significativa desse abuso do estrangeirismo se deve à tolice, ao deslumbramento, a essa coisa subdesenvolvida, atrasada, terceiromundista. A outra parte se deve ao poder, nós somos nada, o português é uma língua periférica então é natural que haja essa invasão. O que a gente deve fazer é mastigar, engolir o que serve e cuspir o que não serve. Há um monte de estrangeirismos que não servem para nada, não vêm para enriquecer a língua, vêm só para encher a paciência. Agora, lei resolve isso? De jeito nenhum Quem vai definir o que pode e o que não pode? Vai haver uma comissão e um cara com carimbo marcando essa pode, essa não pode?
Pasquale — É complicado discutir isso porque não se pode traçar um perfil. Depende do jornal, do ritmo. Imagina um jornal como a Folha de S. Paulo, que tem duas edições, pelo menos. A nacional tem de fechar às 8h e às cinco para as 8h está acontecendo o diabo e a matéria tem que ser escrita em cinco minutos. Então o que acontece? Besteira, é óbvio. Então não tem como exigir a perfeição nesse tipo de situação. E nós temos na Folha um trabalho que já vai longe. Eu estou lá desde 89. A Folha tem hoje duas professoras de português que ficam lá todo santo dia prestando assessoria e, mesmo assim, passa o diabo. De um modo geral, eu vejo a imprensa preocupada com a língua, o que é muito bom. O texto jornalístico brasileiro, na grande imprensa, tem um determinado padrão de correção. É um texto que pode ser chamado de semiformal. É um texto que serve com experiência para as pessoas que querem algo que ultrapasse as fronteiras do coloquial.
O que você acha do projeto do deputado Aldo Rebelo para proibir o uso de expressões estrangeiras na língua portuguesa?
Pasquale — Eu já disse isso a ele pessoalmente quando foi entrevistado por mim no programa “Nossa Língua Portuguesa”, falei que não acredito no projeto e ele disse que se fosse professor de português talvez não acreditaria também. Eu reconheço que existe um abuso, devido muito mais a tolice do que a qualquer outra coisa. Eu só posso justificar pela tolice alguém colocar uma propaganda e, na hora de anunciar o telefone 0800, que é gratuito, escrever “toll free” (taxa grátis). Isso é bobo, porque ele é tão deslumbrado com o estrangeirismo e acha que todo mundo vai entender aquilo. Uma parte significativa desse abuso do estrangeirismo se deve à tolice, ao deslumbramento, a essa coisa subdesenvolvida, atrasada, terceiromundista. A outra parte se deve ao poder, nós somos nada, o português é uma língua periférica então é natural que haja essa invasão. O que a gente deve fazer é mastigar, engolir o que serve e cuspir o que não serve. Há um monte de estrangeirismos que não servem para nada, não vêm para enriquecer a língua, vêm só para encher a paciência. Agora, lei resolve isso? De jeito nenhum Quem vai definir o que pode e o que não pode? Vai haver uma comissão e um cara com carimbo marcando essa pode, essa não pode?