De Aldo Tavares
Com
o depoimento de Antônio Palocci a Sérgio Moro em 6 de setembro deste ano, Lula
conheceu o que é capaz de fazer um “amigo”. Palocci já abriu a boca contra Lula
e Dilma e, bem mais do que falar, o Italiano tem provas e mais provas, farta
documentação de quem foi o centro do poder durante o governo de Lula.
Para os luletes e as luletes, Palocci foi pressionado por Sérgio Moro e pelos procuradores para mentir. Para os fãs, só Lula é a luz, a verdade e o caminho, não passando Palocci de um réu que só quer diminuir seus dias na cadeia e, para tanto, o Italiano mente, mente e mente.
Um dia após a delação, Dilma Rousseff disse em nota que “Palocci mente e ágio pago pela Odebrecht prova sua ficção”. Lula declarou que “Palocci é meu amigo, uma das maiores inteligências políticas do Brasil. Ele tá trancafiado, mas não tenho nenhuma preocupação com delação dele”.
Quem mente? A palavra “mentir” significa “esconder”. Dessa vez, Palocci assumiu que é o Italiano, ou seja, ele não se esconde mais, colocando-se como corrupto. Palocci assumiu a sua corrupção. Nesse sentido, ele não mente, porque não se esconde mais, quer dizer, ele não mente. Quanto a trair Lula para diminuir seu tempo de prisão, é bom lembrar que a delação não se limita à fala, são necessários os devidos documentos. Palocci já afirmou que os tem. O Italiano, enfim, não só abriu a boca contra Lula e Dilma como também abriu a boca contra ele mesmo. Palocci traiu os governos do PT e, mais do que isso, ele traiu a ele mesmo.
O
que dizer de uma pessoa que se diz corrupta? Podemos dizer que ela fala a
verdade, porque ela não só coloca Lula como se coloca como corrupta. Quem dirá
que Palocci não diz a verdade quando ele tem provas contra ele mesmo? No
entanto, luletes e dilmetes dizem que só os seus mitos falam a verdade. Mas o
que é a verdade? A verdade é o que é visto, é o que se apresenta aos olhos, ou
seja, a verdade é o real. Só Lula e Dilma são reais, eles não traíram a
esquerda e nem o Brasil. Eles falam a verdade.
O traidor encontra-se na instância da mentira nobre, não podendo ser (des)coberto no espaço público à luz do dia, podendo ser (des)coberto somente no espaço do íntimo - como no filme Coração Valente – ou ele, a público, dizendo e provando ser traidor, como o caso de Palocci.
Enquanto Lula não afirmar publicamente que é traidor da esquerda e da Nação, luletes o defenderão. Entretanto, caso Lula assuma sua culpa, seus fãs ainda pedirão provas e, caso ele as apresente, ainda dirão que Lula as forjou. O real é patológico.