Bem antes de Mikhail Bakhtin (1895-1975), Nietzsche, que lecionou filologia, revelou o poder NO signo lingüístico.
Como exemplo, ele citou o significante “bom” com seu duplo sentido. Para as classes sociais incultas, sem poder, usava-se “bom” na Alemanha para dizer que alguém era “dócil”. Para os que detinham poder, “bom” era todo aquele que fosse “guerreiro”.
“Genealogia da moral”, eis a obra desse que influenciou o futuro.
Mais tarde, no século 20, Volochinov ou Mikhail Bakhtin publica “Marxismo e filosofia da linguagem” em 1929. No capítulo 1, página 32, lê-se que “o signo lingüístico pode distorcer a realidade”.
O signo “bom”, acima, distorce. Com esse exemplo de Nietzsche, Bakhtin completa anos mais tarde: “O signo se torna a arena onde se desenvolve a luta de classe.”
LITERATURA
Em sala, a Literatura caducou. Períodos de época reduzem o literário ao funcional há anos. Na faculdade de Letras, alguma professora-doutora reproduz o historicismo, condenado há anos por professores de História.
Ainda fala-se de características do Barroco. Em sala, o professor de Literatura precisa pensar os signos segundo Nietzsche, segundo Bakhtin. Qual o sentido e a função do conceito sensível, por exemplo?
A pergunta existe, porque sensível pertence ao Barroco. E em que fonte doce irei beber esse conceito? Não outro, ele: Merleau-Ponty.
O professor, mesmo no ensino médio, deve ler e reler esse autor para compreender o conceito sensível, termo tão importante no mundo atual.
Em outras palavras, sensível não é uma característica do Barroco, mas um signo que, se não for estudado, “pode distorcer a realidade”.