
Há nomes que são eternos. Eu não sou. Você também não. Seremos pulverizados pelo tempo depois da missa de sétimo dia. Nós nunca existimos.
Mas meus olhos apreciam palavras eternas, a imensidão infinda de termos que dizem mais do que esta vidinha que levamos. Ler um ótimo autor, um dos maiores escritores do século 19, insulta a minha insignificante vida. Leio para rir dos tolos, de mim, por exemplo. Leio, porque a realidade nada me diz. Assim, ele me diz "examinem a vida dos melhores e mais fecundos homens e povos e perguntem a si mesmos se uma árvore que deve crescer orgulhosamente no ar poderia dispensar o mau tempo e os temporais; se o desfavor e a resistência externa, se alguma espécie de ódio, ciúme, teimosia, suspeita, dureza, avareza e violência não faz parte das circunstâncias 'favoráveis' sem as quais não é possível um grande crescimento, mesmo na virtude? O veneno que faz morrer a natureza frágil é um fortificante para o forte - e ele nem o chama de veneno". Fecho o livro. Amanhã, abraçarei a minha leitura como quem se entrega à amada - leitura, A Gaia Ciência, de Nietzsche.