Senador, desde o dia em que o senhor foi candidato, sempre votei em teu nome, porque, primeiro, ainda, sou um petista; e, segundo, porque o senhor é um homem público probo.
Este blog, senador, não é lido por milhares de pessoas, mas é lido por mim e por alguns e, por meio desta bolha, desejo aqui revelar minha insatisfação ao saber que o senhor aprovou o aumento de 91% para os congressistas.
O senhor já havia votado contra a CPI, ao contrário do senador Suplicy, deixando-me incomodado a sua posição. Após algum tempo, vota a favor de um aumento de 91%.
A imprensa local silencia-se, mas a tecnologia permite uma democracia que alguns petistas negam. Alguns. Graças à internete, a esse ainda pequeno meio de informação, afirmo-lhe que não votarei mais no senhor, porque o PT, nesse aspecto, não é isso. Mais: a esquerda não é 91%.
Poderia eu permanecer no aconchego de minha indiferença; entretanto, escrevo-lhe, porque não consigo ser indiferente ao meu país. Sabe, ainda possuo o vigor de expressar a minha indignação por meio desta democracia ao sabor da internete.
Sei que meu voto não fará diferença, mas a questão aqui não se reduz a número, a um voto, mas a uma porcentagem - os 91%. Meu voto pertence a um cidadão comum, sem importância, por alguém que só deseja viver em um Brasil justo; todavia, esse voto lhe será negado, porquanto não vale menos do que a vergonha de um aumento que me agride.
Para o bem da democracia, penso melhor agir assim, um blog. Rejeito a ação de Rita de Cássia Sampaio de Souza, de 45 anos, mulher que esfaqueou o deputado federal, o sr. Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).
"Eles têm tudo, mordomias, e eu nem consigo sacar o meu FGTS", protestou.
Minha arma não fere, não mata, pois, como escreveu Drummond, "lutar com as palavras/é a luta mais vã/Mas eu luto/ mal rompe a manhã".
Vida longa, senador!
Vida longa à justa democracia!