Foto da sala da José Rodrigues Leite, a primeira escola do Enem de 2006 entre as escolas públicas do Acre.
___________De Aldo Nascimento
Propaga-se que o ensino público acreano escreve bem na lousa. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) apagou essa idéia. O Ministério da Educação, por meio de pesquisa, reconhece: o ensino de Língua Portuguesa no Brasil é insatisfatório em sala de aula.
Se os índices nacionais não são bons nem para o Ministério da Educação, como poderiam propagar no Acre que as escolas do ensino médio escrevem bem no quadro-negro? Ainda que a Frente Popular tenha iniciado um processo de transformação na rede pública, não estamos nos céus. Há imperfeições nesta terra avaliada pelo Enem.
Enem – 0 a 100 pontos
Em 2005, os alunos brasileiros conseguiram 39.41 na prova objetiva e 55.96 na prova de redação. No Acre, os estudantes pontuaram 31.96 na prova objetiva e 50.21 na redação. Em 2006, a média diminuiu. O país recebeu 34.94 na prova objetiva e 51.23 na prova de redação. As escolas estaduais acreanas ficaram com 30.27 na objetiva e com 47.10 pontos na redação. Por causa desses números, o ensino estadual acreano no Enem de 2005 obteve entre os Estados a 24ª posição na prova objetiva e a 26ª em redação. Em 2006, o Acre não saiu do 24º lugar, mas subiu para o 23º na prova de redação. Comparada às outras regiões, o Norte tem a menor média do Enem tanto em 2005 quanto em 2006, sendo, portanto, a região que puxa para baixo a média nacional.
Prova-Brasil
Em outra pesquisa do Ministério da Educação, o Prova-Brasil, o Estado do Acre deixou a Língua Portuguesa da 4ª série do ensino fundamental em uma boa posição, a 11ª. No entanto, na 8ª série, na mesma disciplina, o Estado caiu para o 16º lugar. Entre as capitais, a Língua Portuguesa da 4ª série em Rio Branco está no 8ª lugar e, na 8ª série do ensino fundamental, ocupa o 15º lugar.
Saeb
No Sistema Nacional de Avaliação Básica (Saeb), os números favorecem o Estado quando os alunos escrevem na 4ª série (9ª lugar) e na 8ª série (9º lugar). Entretanto, a Língua Portuguesa escreve e lê muito mal no 3º ano do ensino médio, deixando a terra da escritora Glória Perez na 17ª posição. Mesmo assim, o Acre puxa para cima, segundo o Saeb, os números da região Norte embora o Ministério da Educação reconheça, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que cerca de 59% de estudantes de todo o Brasil em Língua Portuguesa distribuam-se entre os estágios muito crítico e crítico na 4ª série. Na 8ª série, a situação do Brasil torna-se pior: apenas 10% dos estudantes estão no estágio considerado adequado.
Ensino médio
O ponto crítico encontra-se no ensino médio. Nessa fase escolar, o Enem e o Saeb reprovaram não só Acre em Língua Portuguesa, mas a própria média nacional. Nas escolas públicas do Estado, os alunos não lêem sequer um livro em sala de aula durante os três anos do ensino médio, e as aulas de Redação dependem da vontade do professor. Para a Saeb, a situação crítica de Língua Portuguesa é quando o aluno ainda não é bom leitor. Apresenta algumas habilidades de leitura, mas aquém das exigidas para a série - lê apenas textos narrativos e informativos simples. É o caso do Acre.
Qualidade de ensino
Acreditava-se que, pagando melhor ao professor, haveria qualidade de ensino. Com especialização e há dez anos no Estado, um professor recebe por mês, lecionando 20 horas semanais, R$ 1.570, líquido. O salário não chega a ser ruim, mas não representa a grandeza de educar e muito menos qualidade de ensino. Não há relação direta entre bons salários e boas aulas. Nos cursos de pré-vestibular, poucos desejam ser professor, o salário não compensa. “Os políticos falam tanto sobre valorizar o professor, mas eles continuam a receber pouco pelo que a educação vale para uma nação”, disse Simony, estudante do pré- vestibular Ideal e deseja cursar medicina na Universidade Federal do Acre. E se um professor recebesse igual a um médico? A Simony poderia mudar até sua opção no vestibular, mas seus alunos do ensino médio teriam um ótimo desempenho no Enem? Qualidade de ensino significa um conjunto de ações. Uma delas, administração escolar. Quem conhece a gestão escolar pública sabe que há falhas e uma dessas falhas inicia-se pelo processo democrático, que tem sido incapaz de votar em ótimos candidatos para que eles administrem muito bem as escolas. Ainda se vota em candidato a gestor de escola como ato nocivo ao bem público, por exemplo, troca de favores, simpatia, cor partidária. Alguns defendem que, para ser gestor, a pessoa deveria ser formada em administração. E mais. Uma vez formada, deveria se submeter a um concurso público. “Eu já presenciei várias eleições na minha escola e sei o quanto a democracia escolar é corrupta, os alunos votam sem saber o que é escola, votam porque esse é simpático, aquele é antipático, votam porque esse tem as cores partidárias”, observa a professora Fátima (o nome é fictício a fim de não comprometer a educadora).
Ainda a qualidade
Daniele, de 24 anos, estudou na escola Heloísa Mourão Marques há alguns anos. Ela revela que, quando estava no 3º ano do ensino médio, uma professora de História pediu para que os alunos desenhassem e pintassem um índio. “Não é mentira, é um absurdo, mas uma professora fez isso em sala, porque era o Dia do Índio”, e conclui. “Professor fazia o que queria e o que não queria em sala. Para você ter uma idéia, certa vez, um colega meu faltou muito, mais de 75% de falta, mas, mesmo assim, passou de ano com 9 e 10.” A Lei 1.513, de 11 de novembro de 2003, apresenta equívocos, e um deles lê-se em seu capítulo 3, sobre a organização da gestão escolar. Esse capítulo admite somente os conselhos escolares como estrutura, mas essa estrutura tem sido insuficiente para qualificar o ensino. Não pode haver qualidade se, também, não houver uma nova estrutura escolar. Na escola Heloísa Mourão Marques, criaram-se os conselhos de disciplina e de turma. “No ano passado, minha área se reuniu aos sábados e delimitou algumas idéias em conjunto. Como não são possíveis encontros de áreas na semana, porque a chamada folga não contempla todos os professores, nós trabalhamos no sábado enquanto área a fim de refletir sobre problemas e soluções na disciplina de Matemática”, argumenta o professor Gleidson. Como pode haver qualidade de ensino se os próprios professores de área não se encontram para definir critérios que exigem qualidade, por exemplo, no processo avaliativo? Hoje, com a atual estrutura escolar, cobra-se, e mal, individualmente do professor, o que é um erro. A cobrança não deve ser sobre o indivíduo, mas sobre as áreas, as disciplinas, mas, para tanto, a Lei 1.513 precisa ser alterada.
José Rodrigues Alves. - Presente, professora!
Uma escola pública tem contribuído para que o Acre obtenha uma pontuação melhor no ensino médio. No Enem de 2006, ela tirou 33.60 pontos na prova objetiva e 43.94 na prova de redação, ficando na quarta posição, atrás somente das particulares: Meta (53.37), Lato Sensu (52.73) e Instituto Imaculada Conceição (50.46). Essa escola, a Prof. José Rodrigues Leite, conhecida como Etca, mantém-se, mais uma vez, acima das escolas estaduais. Na entrada da escola, uma faixa informa que 42 alunos do José Rodrigues Alves passaram no vestibular da Universidade Federal do Acre (Ufac). “Somos a escola que mais coloca alunos na Ufac”, observa o gestor da escola, prof. João de Souza Lima. No corredor, um painel expõe as fotos dos alunos que chegaram às suas respectivas faculdades. Faixa e painel: isso mostra que essa instituição pública reconhece o mérito de seus alunos. Pode haver uma escola sem cobrança, sem ordem, sem disciplina? Para obter bons resultados, a José Rodrigues Leite exige dos professores e dos alunos e quem não consegue se adequar sai automaticamente. Há professores que não suportam e vão embora. Alunos de outras escolas públicas também saem muito não da escola, mas da sala de aula para ficar pelos corredores, isso quando não pulam os muros. “Menos em minha escola, ninguém aqui fica pelos corredores”, compara. “Sou um gestor muito presente, cobro muito de mim para, depois, cobrar do corpo docente e do corpo discente, além de cobrar dos funcionários de apoio.”
Conselhos
Mas a escola José Rodrigues Leite não se difere quando o assunto é Coordenação de Ensino. Como outras, a coordenação cobra individualmente do professor o conteúdo da disciplina. Não há reuniões de área. Cada um faz seu trabalho. “O planejamento pedagógico em nossa escola se realiza duas vezes por ano, uma vez em cada semestre”. Não há encontros semanais entre os professores de Língua Portuguesa ou de Matemática para que eles possam criar um trabalho conjunto. O tempo para planejamento pedagógico, tão reivindicado no passado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteac), transformou-se em dia de “folga”. Argumenta-se que durante a semana não há condições de marcar encontro entre professores da mesma área. Também não há conselhos de turma. Professores e representantes dos alunos não se reúnem para solucionar problemas da classe. Tudo se concentra em torno da coordenação.
O ensino médio melhorou?
Para o diretor João Lima, a política educacional da Frente Popular não conseguiu qualificar o ensino médio em oito anos. “O que há são pontos isolados. Se o diretor está na escola, a escola funciona; se não está, a escola não funciona”, e o professor João ressalta. “Educação não é para oito anos, mas para 30 anos”.
E os diretores não são cobrados? João Lima responde que não são. Na Lei 1.513, de 11 de novembro de 2003, o artigo 33º obriga o diretor a prestar contas semestralmente para a comunidade escolar, mas, como afirma o professor João, não há fiscalização. “Para você ter uma idéia, há escolas que estão sendo reformadas novamente em pouco tempo, porque o diretor não preserva o patrimônio público e muito menos é cobrado a preservá-lo”, e ele continua. “Se um DVD some na escola, se uma TV é furtada, é preciso que alguém faça uma queixa-crime na delegacia, porque, como não existe lei para punir esse diretor irresponsável e muito menos existe fiscalização da Secretaria de Educação, o DVD ou a TV só retornarão à escola se um novo diretor agir”. Em muitas escolas públicas, objetos “somem” e os diretores não são obrigados a pagar o que foi “retirado” em sua gestão, deixando para o próximo diretor, se esse assim quiser, a responsabilidade de recuperar TVs, DVDs, aparelhos de som. Na José Rodrigues Leite, não há uma carteira rabiscada. O patrimônio público, preservado. Mas o maior furto que ocorre nas escolas públicas do ensino médio, como mostrou o Enem, é “meter a mão” na qualidade de ensino. Para o diretor do José Rodrigues Leite, enquanto o interesse político se mantiver soberbo acima do interesse educacional, as escolas públicas de ensino médio não apresentarão índices satisfatórios de qualidade. “Cobrou-se muito de quem não era do grupo político, e isso, creio, não poderá mais haver”, finaliza. “O poder público tem que pagar melhor a quem trabalha melhor, porque há funcionários públicos que, mesmo pagando para trabalhar, dão prejuízos à sociedade, ao Estado”.
Propaga-se que o ensino público acreano escreve bem na lousa. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) apagou essa idéia. O Ministério da Educação, por meio de pesquisa, reconhece: o ensino de Língua Portuguesa no Brasil é insatisfatório em sala de aula.
Se os índices nacionais não são bons nem para o Ministério da Educação, como poderiam propagar no Acre que as escolas do ensino médio escrevem bem no quadro-negro? Ainda que a Frente Popular tenha iniciado um processo de transformação na rede pública, não estamos nos céus. Há imperfeições nesta terra avaliada pelo Enem.
Enem – 0 a 100 pontos
Em 2005, os alunos brasileiros conseguiram 39.41 na prova objetiva e 55.96 na prova de redação. No Acre, os estudantes pontuaram 31.96 na prova objetiva e 50.21 na redação. Em 2006, a média diminuiu. O país recebeu 34.94 na prova objetiva e 51.23 na prova de redação. As escolas estaduais acreanas ficaram com 30.27 na objetiva e com 47.10 pontos na redação. Por causa desses números, o ensino estadual acreano no Enem de 2005 obteve entre os Estados a 24ª posição na prova objetiva e a 26ª em redação. Em 2006, o Acre não saiu do 24º lugar, mas subiu para o 23º na prova de redação. Comparada às outras regiões, o Norte tem a menor média do Enem tanto em 2005 quanto em 2006, sendo, portanto, a região que puxa para baixo a média nacional.
Prova-Brasil
Em outra pesquisa do Ministério da Educação, o Prova-Brasil, o Estado do Acre deixou a Língua Portuguesa da 4ª série do ensino fundamental em uma boa posição, a 11ª. No entanto, na 8ª série, na mesma disciplina, o Estado caiu para o 16º lugar. Entre as capitais, a Língua Portuguesa da 4ª série em Rio Branco está no 8ª lugar e, na 8ª série do ensino fundamental, ocupa o 15º lugar.
Saeb
No Sistema Nacional de Avaliação Básica (Saeb), os números favorecem o Estado quando os alunos escrevem na 4ª série (9ª lugar) e na 8ª série (9º lugar). Entretanto, a Língua Portuguesa escreve e lê muito mal no 3º ano do ensino médio, deixando a terra da escritora Glória Perez na 17ª posição. Mesmo assim, o Acre puxa para cima, segundo o Saeb, os números da região Norte embora o Ministério da Educação reconheça, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que cerca de 59% de estudantes de todo o Brasil em Língua Portuguesa distribuam-se entre os estágios muito crítico e crítico na 4ª série. Na 8ª série, a situação do Brasil torna-se pior: apenas 10% dos estudantes estão no estágio considerado adequado.
Ensino médio
O ponto crítico encontra-se no ensino médio. Nessa fase escolar, o Enem e o Saeb reprovaram não só Acre em Língua Portuguesa, mas a própria média nacional. Nas escolas públicas do Estado, os alunos não lêem sequer um livro em sala de aula durante os três anos do ensino médio, e as aulas de Redação dependem da vontade do professor. Para a Saeb, a situação crítica de Língua Portuguesa é quando o aluno ainda não é bom leitor. Apresenta algumas habilidades de leitura, mas aquém das exigidas para a série - lê apenas textos narrativos e informativos simples. É o caso do Acre.
Qualidade de ensino
Acreditava-se que, pagando melhor ao professor, haveria qualidade de ensino. Com especialização e há dez anos no Estado, um professor recebe por mês, lecionando 20 horas semanais, R$ 1.570, líquido. O salário não chega a ser ruim, mas não representa a grandeza de educar e muito menos qualidade de ensino. Não há relação direta entre bons salários e boas aulas. Nos cursos de pré-vestibular, poucos desejam ser professor, o salário não compensa. “Os políticos falam tanto sobre valorizar o professor, mas eles continuam a receber pouco pelo que a educação vale para uma nação”, disse Simony, estudante do pré- vestibular Ideal e deseja cursar medicina na Universidade Federal do Acre. E se um professor recebesse igual a um médico? A Simony poderia mudar até sua opção no vestibular, mas seus alunos do ensino médio teriam um ótimo desempenho no Enem? Qualidade de ensino significa um conjunto de ações. Uma delas, administração escolar. Quem conhece a gestão escolar pública sabe que há falhas e uma dessas falhas inicia-se pelo processo democrático, que tem sido incapaz de votar em ótimos candidatos para que eles administrem muito bem as escolas. Ainda se vota em candidato a gestor de escola como ato nocivo ao bem público, por exemplo, troca de favores, simpatia, cor partidária. Alguns defendem que, para ser gestor, a pessoa deveria ser formada em administração. E mais. Uma vez formada, deveria se submeter a um concurso público. “Eu já presenciei várias eleições na minha escola e sei o quanto a democracia escolar é corrupta, os alunos votam sem saber o que é escola, votam porque esse é simpático, aquele é antipático, votam porque esse tem as cores partidárias”, observa a professora Fátima (o nome é fictício a fim de não comprometer a educadora).
Ainda a qualidade
Daniele, de 24 anos, estudou na escola Heloísa Mourão Marques há alguns anos. Ela revela que, quando estava no 3º ano do ensino médio, uma professora de História pediu para que os alunos desenhassem e pintassem um índio. “Não é mentira, é um absurdo, mas uma professora fez isso em sala, porque era o Dia do Índio”, e conclui. “Professor fazia o que queria e o que não queria em sala. Para você ter uma idéia, certa vez, um colega meu faltou muito, mais de 75% de falta, mas, mesmo assim, passou de ano com 9 e 10.” A Lei 1.513, de 11 de novembro de 2003, apresenta equívocos, e um deles lê-se em seu capítulo 3, sobre a organização da gestão escolar. Esse capítulo admite somente os conselhos escolares como estrutura, mas essa estrutura tem sido insuficiente para qualificar o ensino. Não pode haver qualidade se, também, não houver uma nova estrutura escolar. Na escola Heloísa Mourão Marques, criaram-se os conselhos de disciplina e de turma. “No ano passado, minha área se reuniu aos sábados e delimitou algumas idéias em conjunto. Como não são possíveis encontros de áreas na semana, porque a chamada folga não contempla todos os professores, nós trabalhamos no sábado enquanto área a fim de refletir sobre problemas e soluções na disciplina de Matemática”, argumenta o professor Gleidson. Como pode haver qualidade de ensino se os próprios professores de área não se encontram para definir critérios que exigem qualidade, por exemplo, no processo avaliativo? Hoje, com a atual estrutura escolar, cobra-se, e mal, individualmente do professor, o que é um erro. A cobrança não deve ser sobre o indivíduo, mas sobre as áreas, as disciplinas, mas, para tanto, a Lei 1.513 precisa ser alterada.
José Rodrigues Alves. - Presente, professora!
Uma escola pública tem contribuído para que o Acre obtenha uma pontuação melhor no ensino médio. No Enem de 2006, ela tirou 33.60 pontos na prova objetiva e 43.94 na prova de redação, ficando na quarta posição, atrás somente das particulares: Meta (53.37), Lato Sensu (52.73) e Instituto Imaculada Conceição (50.46). Essa escola, a Prof. José Rodrigues Leite, conhecida como Etca, mantém-se, mais uma vez, acima das escolas estaduais. Na entrada da escola, uma faixa informa que 42 alunos do José Rodrigues Alves passaram no vestibular da Universidade Federal do Acre (Ufac). “Somos a escola que mais coloca alunos na Ufac”, observa o gestor da escola, prof. João de Souza Lima. No corredor, um painel expõe as fotos dos alunos que chegaram às suas respectivas faculdades. Faixa e painel: isso mostra que essa instituição pública reconhece o mérito de seus alunos. Pode haver uma escola sem cobrança, sem ordem, sem disciplina? Para obter bons resultados, a José Rodrigues Leite exige dos professores e dos alunos e quem não consegue se adequar sai automaticamente. Há professores que não suportam e vão embora. Alunos de outras escolas públicas também saem muito não da escola, mas da sala de aula para ficar pelos corredores, isso quando não pulam os muros. “Menos em minha escola, ninguém aqui fica pelos corredores”, compara. “Sou um gestor muito presente, cobro muito de mim para, depois, cobrar do corpo docente e do corpo discente, além de cobrar dos funcionários de apoio.”
Conselhos
Mas a escola José Rodrigues Leite não se difere quando o assunto é Coordenação de Ensino. Como outras, a coordenação cobra individualmente do professor o conteúdo da disciplina. Não há reuniões de área. Cada um faz seu trabalho. “O planejamento pedagógico em nossa escola se realiza duas vezes por ano, uma vez em cada semestre”. Não há encontros semanais entre os professores de Língua Portuguesa ou de Matemática para que eles possam criar um trabalho conjunto. O tempo para planejamento pedagógico, tão reivindicado no passado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteac), transformou-se em dia de “folga”. Argumenta-se que durante a semana não há condições de marcar encontro entre professores da mesma área. Também não há conselhos de turma. Professores e representantes dos alunos não se reúnem para solucionar problemas da classe. Tudo se concentra em torno da coordenação.
O ensino médio melhorou?
Para o diretor João Lima, a política educacional da Frente Popular não conseguiu qualificar o ensino médio em oito anos. “O que há são pontos isolados. Se o diretor está na escola, a escola funciona; se não está, a escola não funciona”, e o professor João ressalta. “Educação não é para oito anos, mas para 30 anos”.
E os diretores não são cobrados? João Lima responde que não são. Na Lei 1.513, de 11 de novembro de 2003, o artigo 33º obriga o diretor a prestar contas semestralmente para a comunidade escolar, mas, como afirma o professor João, não há fiscalização. “Para você ter uma idéia, há escolas que estão sendo reformadas novamente em pouco tempo, porque o diretor não preserva o patrimônio público e muito menos é cobrado a preservá-lo”, e ele continua. “Se um DVD some na escola, se uma TV é furtada, é preciso que alguém faça uma queixa-crime na delegacia, porque, como não existe lei para punir esse diretor irresponsável e muito menos existe fiscalização da Secretaria de Educação, o DVD ou a TV só retornarão à escola se um novo diretor agir”. Em muitas escolas públicas, objetos “somem” e os diretores não são obrigados a pagar o que foi “retirado” em sua gestão, deixando para o próximo diretor, se esse assim quiser, a responsabilidade de recuperar TVs, DVDs, aparelhos de som. Na José Rodrigues Leite, não há uma carteira rabiscada. O patrimônio público, preservado. Mas o maior furto que ocorre nas escolas públicas do ensino médio, como mostrou o Enem, é “meter a mão” na qualidade de ensino. Para o diretor do José Rodrigues Leite, enquanto o interesse político se mantiver soberbo acima do interesse educacional, as escolas públicas de ensino médio não apresentarão índices satisfatórios de qualidade. “Cobrou-se muito de quem não era do grupo político, e isso, creio, não poderá mais haver”, finaliza. “O poder público tem que pagar melhor a quem trabalha melhor, porque há funcionários públicos que, mesmo pagando para trabalhar, dão prejuízos à sociedade, ao Estado”.
2 comentários:
Professor quero parabenizá - lo pelo o seu blog. Espero que este canal de comunicação posso nos ajudar a desvendar o ministério da compra de um terreno pelo SINPLAC no valor R$ 80.000,00 sem o conhecimento e sem a autorização dos filiados, num local inadequado e fora do valor de mercado. Nos ajude a desvendar esse mistério.
Professor a atuar presidente do SINPLAC de forma autoritária formulou e protocolou no mês de março uma pauta de reivindicão junto aos governos, sem passar pelo crivo da assembléia dos professores licenciados, isso prova a falta de habilidade e competência da colega para dirigir o sinplac. Este ano a equipe de negociaçào do governo se recursou a negociar com o SINPLAC, porque discutiu de forma acirrada e pessoal com a equipe de negociação, esquecendo-se que ela representa o coletiva, portanto jamis poderia acirra os ânimos de forma pessoal, com isto o SINPLAC foi banido da mesa de negociação e portanto o aumento salarial dos professores licenciados foi 0%.
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