sábado, março 29, 2008

Um acreano

Um juízo de valor sobre uma região depende de pessoas, não apenas de uma noção genérica de povo ou de sociedade. Um lugar é também individualidade. Meu amigo há 16 anos, tenho por João Bosco um respeito profundo e uma admiração sincera e leal, porque esse acreano de Xapuri nunca se submeteu à cirurgia plática para ter duas caras.

Quem o chamaria de canalha? quem afirmaria que ele é cínico? quem prova suas traições, suas falsidades? quem o queimaria?

Conheço alguns, gente que bajula poder e que adula a confortável aparência de sorrir para todos.

Professor dedicado, ser humano inquieto, o Acre tem muito valor para mim, porque, nesta tranqüila terra, conheci pessoas como João.

Senhor de uma escrita hábil, esgrimista das palavras e das sintaxes, João é um nobre em um mundo desencantado pela vulgaridade e pela ignorância.

A Secretaria da Educação acertou ao colocar esse profissional entre suas quatro paredes, porque esse cara sabe o que diz sobre língua portuguesa, além, é claro, de possuir um caráter inadequado aos medíocres.

Vida longa, meu amigo!!!

Um comentário:

Framarg disse...

O NÁUFRGO E O AFOGADO

O Acre não tem oposição, tem opositores!
Há tempos que essa máxima invade nossas bocas. Aqui no Acre, as experiências históricas mostram claramente que as conveniências miúdas e os interesses particulares fizeram bem mais que as gargantas inflamadas e arranhadas de algumas “lendas públicas”.
Intermitentes “marginalidades políticas”!
Nos últimos dias, os opositores dos ex-opositores denunciaram os desmandos do executivo municipal ao relatarem que o transporte coletivo urbano está monopolizado. O povo, sem usar a expressão de Aristides Lobos: “assistiu àquilo bestializado”, viu no episódio alguma coisa que confirmasse a certeza do péssimo serviço de transporte disponível.
Assim caminhamos!
O protesto dos opositores dos ex-opositores fez o líder do prefeito utilizar um termo por demais curioso. Entre pizzas e marmeladas Márcio Batista chamou-os de “incivilizados”.
A particularidade do termo não se deve ao neologismo em si. Aliás os dicionários qualquer dia irão adotá-lo - (É sempre assim!). A estranheza vem de onde o termo saiu.
O preconceituoso adjetivo foi proferido por quem pertence a um partido que até pouco tempo era conhecido pela forma mirabolante de mudar o mundo.
Quem não se lembra dos planejamentos “made in Moscou” de pegar em armar e destruir a burguesia tapuia, conivente com a ordem financeira internacional e com os desideratos capitalistas de primeira ordem?
Quem não se lembra do culto a um dos maiores assassinos da história humana, nomeadamente o georgiano Josef Stalin?
Quem não se lembra dos protestos “civilizados” que faziam nos movimentos sindicais?
Cuba e Albânia já não são mais o “Édem” comunista!
O PCdo B joga para debaixo do tapete o que restou de uma geração que juntava dinheiro para comprar uma camisa do “Tchê”, achava Enver Hoxha o maior administrador da terra e que torcia para o mundo vermelho mostrar sua superioridade nos Jogos Olímpicos (Não falemos dos escândalos de “Dopping” e sua indústria de fazer super-atletas).
Tive a honra de ter como professor de História, na escola Heloísa Mourão Marques, o elegante líder. Suas aulas eram contagiantes. O professor Marcio tinha um charme inconfundível ao falar dos esquemas financeiros mundiais, dos males do capitalismo e dos remédios heróicos de derrotá-lo. Emocionava-se e nos emocionava.
Nos corredores ou nos términos das aulas era comum sempre continuarmos os debates. Quantas vezes não o ouvi dizer que tínhamos um povo extremamente tímido, que não sabia protestar e de que a violência era um “mal necessário”, se caso quiséssemos efetivamente transpor a opressora conjuntura?
Tamanha foi a identificação com o que dizia, que este que escreve e mais alguns outros da sala de aula resolveram percorrer a academia de História, queriam compreender os códigos viabilizadores de uma possível transformação social. Nossa!
Hoje um simples protesto, contrário à cartilha vermelha, recebe o nome de “incivilização”. Não quero aqui dizer que não podemos mudar nossas opiniões, seria um absurdo pensar assim. Vejam Plutão! Passaram setenta anos afirmando ser ele um planeta.
Não desejaria que o PC do B voltasse a cogitar o mundo sobre a ótica lunática de Fidel, tampouco utilizasse as fantasias de Regis Debray. Nossa experiência democrática está em plena construção. Faço voto para que esse partido e os demais naturalizem em seus vocabulários a noção plena de democracia. A diferença, a discordância e os demais elementos que demonstram divergência precisam ser compreendidos. Pode ser que nem um nem outro adquiriram tal conceito. Uns porque sustentaram os longos anos de “ditadura Militar”, outros porque pretendiam destruí-la instalando outra.