Em uma Assembléia Legislativa ou no Senado, forças políticas se opõem em nome do erário. Podem usar ternos, podem até ser formais, mas não predomina no discurso de parlamentares o teor acrítico.
Literatura, caixa-alta
Há outras instâncias públicas, espaços mantidos pelo dinheiro da população menos favorecida, por exemplo, a escola. Mais: conselhos escolares. Ainda: conselhos de disciplinas. Os pais de meus alunos precisam de um ótimo serviço público, porque pagam para que seus filhos tenham ótimas aulas de Literatura.
No entanto, sabemos, certos profissionais transpiram péssima formação quando reduzem a Literatura ao historicismo. Não podem receber críticas? Se, em um Senado, homens públicos criticam idéias, por que servidores públicos de uma escola, seja ela qual for, não podem criticar e ser criticados sem que seus nomes sejam revelados?
Nomes neste blog não interessam, mas defesa de idéias sim. Ratifico, portanto, minha crítica quando professores submetem a Literatura ao historicismo, conseqüência de uma péssima formação teórica.
Que linha teórica vós defendeis? Qual lastro de leitura para se justificardes? Vós assistis ao filme Escritores da liberdade? Há professores que se assemelham à diretora da escola dessa película quando ela não possiblita leitura aos alunos, porque tais alunos são incapazes de compreender. Os livros originais permanecem trancados na biblioteca da escola enquanto os paradidáticos são oferecidos a eles. A professora, oposta à diretora, rompe com regras internas para que seus alunos leiam.
Por que professores não lêem uma obra universal em sala de aula? "Nossos alunos não têm condições de aprender", disse-me uma professora em uma reunião de área. Dizer nomes? Isso, aqui, menos importa. Não me interessa o nome do carteiro, mas a mensagem que insiste em ser verdadeira.
Negar o historicismo implica levar o texto à sala, e isso dá muito trabalho. Ler um romance em sala cansa alguns, porque "aluno de escola pública não tem condições de ler Clarice, Machado."
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