quarta-feira, dezembro 24, 2008

Meu Natal













Com quem passarei meu Natal? Minha amada filha, meu único sangue neste chão, passará com a mãe. Longe de meus pais, de meu irmão, de meus primos, de meus tios e de meus bons amigos, eu passarei meu Natal com ela, minha única família neste Acre. Não é sangue do meu sangue, mas é alma de minha alma: Mony.

Falta pouco para a grande ceia, só que a nossa não se prepara na cozinha. Nós preparamos a carne no banheiro. Compramos ervas e perfumes para que a carne exale aromas antes da fome ser saciada.

Com a paciência santa dos que cuidam do que é mortal, nós a limpamos com água e sabonete, e com a alegria serena nas faces por sabermos que a carne não é eterna. Zelar pelo que morre, pelo que jamais retornará aos dedos, às mãos. Ao toque.

Agora, agora sim, espalharei sobre a carne ervas e perfumes, porque hoje é Natal, porque a vida renasce no amor que tenho por ti, Mony.

Falta pouco para meia-noite. Por favor, meu amor, ponha a tua carne sobre a cama para eu colocar a minha sobre a tua, e, uma vez bem postas, temperaremos nossas partes com o suor profano dos mortais que estão de bem com a vida.

Feliz Natal!!!

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