Para os veículos de comunicação de massa do Acre, a escola pública nunca entra em pauta, a não ser quando existe ocorrência de violência ou de droga. Diferente daqui, a revista VEJA publicou uma entrevista interessante sobre educação pública.
No Acre, nenhuma notinha nos jornais sobre a entrevista que o secretário de Educação de São Paulo, sr. Paulo Renato (PSDB), concedeu à revista no dia 28 de outubro. Entretanto, após quase um mês, não quis deixar em branco meus comentários sobre a escola pública segundo essa entrevista.
No Acre, nenhuma notinha nos jornais sobre a entrevista que o secretário de Educação de São Paulo, sr. Paulo Renato (PSDB), concedeu à revista no dia 28 de outubro. Entretanto, após quase um mês, não quis deixar em branco meus comentários sobre a escola pública segundo essa entrevista.
"Contra o corporativismo" é o título da entrevista e, nas primeiras linhas, o ex-ministro da Educação declara que, "sem meritocracia, não haverá avanços em sala de aula". Leciono há 12 anos na rede pública do Estado do Acre e, até hoje, não senti o aroma do mérito. Nas escolas públicas acrianas, se o professor lecionar melhor, seu salário permanece o mesmo. A Secretaria de Educação não reconhece o mérito.
Os cursos
Serei específico. Nos últimos anos, a Secretaria de Educação do Acre promove cursos para professores do ensino médio, lembro-me de um deles: letramento. Eu não assisti a todas aulas e, por causa disso, não recebi da secretaria um certificado que comprova o tempo devido dedicado ao curso.
Sem esse certificado, o meu décimo quarto salário ficou comprometido. Todavia, quem recebeu o certificado do curso de letramento e submeteu-se ainda a outras exigências da Secretaria da Educação receberá seu décimo quatro salário.
Letramento
Pergunto: receber certificado do curso de letramento representa qualidade de ensino na sala de aula? Se o professor aprendeu algo no curso, quem constata esse aprendizado em sala de aula? Conheço colegas de profissão - eu disse colegas - que receberam o certificado de letramento, mas não o aplicam em sala de aula.
Ora, se não aplica, se o aprendizado não retorna à sala de aula, se a secretaria não tem formas para conferir se o professor emprega o letramento em sala de aula, isso significa dinheiro público desperdiçado.
A Secretaria de Educação emite certificados, mas ignora o que ocorre em sala de aula, porque não possui meios para examinar o que acontece entre professor e alunos. Ora, para examinar, a secretaria depende também de quem administra a escola. E aí Paulo Renato diz:
"As boas escolas são comandadas por diretores com uma visão moderna de gestão, coisa raríssima no país. Não existe no Brasil nada como um bom curso voltado para treinar esses profissionais a liderar equipes ou cobrar resultados, o básico para qualquer um que se pretende gestor."
Em São Paulo, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), no lugar de oferecer cursos, criou a Escola do Magistério, ideia que o PT acriano deveria copiar.
Contra a isonomia
Antes, o governo do PT propagava que o professor acriano recebia o maior salário do Brasil. Depois que salários dos estados e do Distrito Federal foram publicados - este blogue divulgou, houve o silêncio. Em São Paulo, onde o custo de vida é menor, o salário do professor chega a R$ 3 mil, com um só contrato.
Outra diferença. Enquanto o PT acriano põe fé na isonomia salarial, o PSDB de São Paulo prefere a diferença.
"Nós limitamos o número de promoção por ano: não mais do que 20% dos profissionais poderão subir de nível. É um teto razoável: evita um rombo no orçamento e, ao mesmo tempo, promove uma bem-vinda competição. Demandará mais empenho e estudo dos professores - o que não lhes fará mal."
Segundo Paulo Renato, é consenso entre especialistas do mundo que aumentos concedidos a uma categoria inteira, desprezando as diferenças de desempenho entre profissionais, não têm impacto relevante no ensino. O PSDB defende a ideia de que o que faz a diferença é conseguir premiar os que se saem melhor em sala de aula. "A isonomia é uma bandeira velha", critica o secretário de Educação de São Paulo.
Não voto no PSDB. Só aprecio boas ideias.
Serei específico. Nos últimos anos, a Secretaria de Educação do Acre promove cursos para professores do ensino médio, lembro-me de um deles: letramento. Eu não assisti a todas aulas e, por causa disso, não recebi da secretaria um certificado que comprova o tempo devido dedicado ao curso.
Sem esse certificado, o meu décimo quarto salário ficou comprometido. Todavia, quem recebeu o certificado do curso de letramento e submeteu-se ainda a outras exigências da Secretaria da Educação receberá seu décimo quatro salário.
Letramento
Pergunto: receber certificado do curso de letramento representa qualidade de ensino na sala de aula? Se o professor aprendeu algo no curso, quem constata esse aprendizado em sala de aula? Conheço colegas de profissão - eu disse colegas - que receberam o certificado de letramento, mas não o aplicam em sala de aula.
Ora, se não aplica, se o aprendizado não retorna à sala de aula, se a secretaria não tem formas para conferir se o professor emprega o letramento em sala de aula, isso significa dinheiro público desperdiçado.
A Secretaria de Educação emite certificados, mas ignora o que ocorre em sala de aula, porque não possui meios para examinar o que acontece entre professor e alunos. Ora, para examinar, a secretaria depende também de quem administra a escola. E aí Paulo Renato diz:
"As boas escolas são comandadas por diretores com uma visão moderna de gestão, coisa raríssima no país. Não existe no Brasil nada como um bom curso voltado para treinar esses profissionais a liderar equipes ou cobrar resultados, o básico para qualquer um que se pretende gestor."
Em São Paulo, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), no lugar de oferecer cursos, criou a Escola do Magistério, ideia que o PT acriano deveria copiar.
Contra a isonomia
Antes, o governo do PT propagava que o professor acriano recebia o maior salário do Brasil. Depois que salários dos estados e do Distrito Federal foram publicados - este blogue divulgou, houve o silêncio. Em São Paulo, onde o custo de vida é menor, o salário do professor chega a R$ 3 mil, com um só contrato.
Outra diferença. Enquanto o PT acriano põe fé na isonomia salarial, o PSDB de São Paulo prefere a diferença.
"Nós limitamos o número de promoção por ano: não mais do que 20% dos profissionais poderão subir de nível. É um teto razoável: evita um rombo no orçamento e, ao mesmo tempo, promove uma bem-vinda competição. Demandará mais empenho e estudo dos professores - o que não lhes fará mal."
Segundo Paulo Renato, é consenso entre especialistas do mundo que aumentos concedidos a uma categoria inteira, desprezando as diferenças de desempenho entre profissionais, não têm impacto relevante no ensino. O PSDB defende a ideia de que o que faz a diferença é conseguir premiar os que se saem melhor em sala de aula. "A isonomia é uma bandeira velha", critica o secretário de Educação de São Paulo.
Não voto no PSDB. Só aprecio boas ideias.
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