quinta-feira, novembro 12, 2009

Redação. Presente.

Há quase 20 anos lecionado Literatura e Língua Portuguesa, acredito que eu tenha aprendido algo sobre produção textual, assunto que chegou aos meus ouvidos em 1986. De lá para cá, erros e acertos, leituras e releituras para aprender e, depois, lecionar menos pior.

Nesses anos, nunca... jamais reclamei de meus alunos. Sempre me queixei de mim, de meus limites, de uma sensação incômoda de ser incompleto para eles. Na minha cabeça, quem deve sempre aprender primeiro sou eu.

Nesses anos, portanto, aprendi com eles a lecionar produção textual e, dessa forma, criei meu método conforme a realidade da sala de aula. Desde agosto, meus alunos da escola Heloísa Mourão Marques, rede estadual acriana, reescrevem seus textos, no caso, para iniciar, só a INTRODUÇÃO.

Que batalha! Muitos me dizem que nunca reescreveram seus textos em sala, nunca. Por causa dessa ausência de "refazer a escrita", eles chegam ao segundo ano do ensino médio sem noção - que absurdo ! - de ponto contínuo. Quem foram seus professores no ensino fundamental?

Muitos são os problemas. Só não posso reclamar de meus alunos, olhar para suas redações e reclamar, reclamar, reclamar, reclamar, reclamar, reclamar, reclamar, reclamar. Um médico não reclama quando doentes e mais doentes chegam ao hospital. Se sou professor, se me escolhi para lecionar, não posso reclamar de minha escolha.

Diante de meus olhos, erros e mais erros, consequência de professores indiferentes à produção textual em sala de aula.

Com aulas de redação só às terças-feiras, iniciamos uma longa procissão textual, caminhando com o Enem de 2005, um dos mais difíceis.

Evidente que outras atividades houve, mas a maioria voltada para a organização interna ou para a retomada de ideias. Penso ser grave não haver organização textual no segundo ano do ensino médio.

Exercícios escritos adequados e gincana do conhecimento para esse tipo de problema foram criados. Hoje, observando os textos após 16 aulas, vejo que há transformações, houve algum tipo de melhora. Outros escritas avançaram mais.

Meus alunos podem falar mal de mim, eles só não podem falar que eu não dou aula e que não exijo, sem reclamar.






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