Em sua insana consciência, o Amante jamais pensa como beijará o ser Amado porque o que é vital no beijo é o não pensar. Uma vez nele, uma vez entre lábios e língua, entre a saliva e o céu da boca, já não queremos ver mais nada, por isso fechamos os olhos.
Desejamos tão somente sentir o movimento incerto da carne para partir... e, fechados os olhos, a Alma se sente cair no abismo de uma breve viagem. Deixar ir.
Nada no beijo é exato, preciso ou calculado. Quanto mais errado, quanto mais a língua escapa, foge, escorre, quanto mais os lábios se jogam, a boca só deseja se perder, mais ainda, na boca Amada.
Mas quem disse que o beijo são só os movimentos da carne? Antes de eu ter minha boca de volta, antes de eu ir embora, pouco antes de minha partida, deixei na tua não só o pecado molhado da saliva, mas meu sopro...
meu sopro de vida.
3 comentários:
Que texto lindo *-*
Lindo demais
Dar um sentido novo ao comum, a gesto simples de beijar.
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