A Expo-Acre é o espetáculo do cavalo, do comércio, do gado, da indústria; é o espetáculo de grandes terras. Para sua abertura, a tradicional Cavalgada exibe nobres cavalheiros com o poder econômico de comprar luxuosas caminhonetes, carretas, cavalos de raça, expondo sobre eles o padrão da moda country, a fartura de bebidas alcoólicas, o modelo feminino de beleza.
A Cavalgada, por ser o exibicionismo
dos que exercem o poder na cidade, ostenta o narcisismo da riqueza, da griffe de roupas bem acochadinhas, da
bota de couro mais cara, do cinto de couro mais viril.
Enquanto mortais pensam
na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), enquanto as bienais do livro
de São Paulo e do Rio de Janeiro representam riqueza cultural a cada dois anos,
a pecuária acriana, que gera milhões ao estado, seduz a massa com musiquinhas
pseudossertanejas, com seu vestuário norte-americanizado, ou seja, o gado no
pasto gera não só riqueza econômica para poucos; mas, sobretudo, o seu efeito
mais nefasto para a identidade de uma região: alienação cultural.
No lugar do caipira,
este homem simples do roçado, a festa do corte aplaude seu mito: o caubói. Nossas crianças, portanto, não
precisam de festas de livro, elas sorriem quando seus pais as fotografam ao
lado de um boi.
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