Estou a lecionar em uma escola municipal com contrato
provisório. São 12 horas em sala de aula e 8 realizando leitura, pesquisa,
projeto.
Nela, há muitas diferenças com uma escola pública de Rio Branco. Exemplos:
1) se
compararmos a arquitetura da escola-modelo Armando Nogueira, a do Acre projeta
uma beleza que aqui tão cedo terá, se é que um dia terá;
2) a escola acriana situa-se na beleza tranquila da floresta, e
a escola carioca da Tijuca ergue-se no tumulto da cidade, sendo mais um prédio
entre outros;
3) onde leciono, os alunos são muito mais informados e exigem
mais do professor por causa da competição e da dinâmica de uma grande cidade;
mas, por outro lado, são mais agressivos, irreverentes, desobedientes. Se o
professor não for “maneiro”, o barco afunda;
4) outra diferença: a postura dos professores. Aqui, o corpo
docente não tem medo de falar o que pensa não sobre o outro, mas sobre ideias.
Ninguém observa “a maneira como o outro fala”, mas “o que o outro fala”. Os
debates são calorosos, e ninguém, até agora, tem demonstrado antipatia por
minha pessoa por eu me expressar assim e não de outra forma. As ideias, por
fim, predominam sobre questões pessoais;
5) lê-se muito na escola em que leciono, havendo, inclusive,
sala de leitura confortável com projeção de cinema. Livro de literatura que
transita na área de química. Estou lendo “Admirável Mundo Novo” com o professor
de Química para o aluno perceber que há relação entre o poder político e a
bioquímica;
6) mais uma diferença: na escola municipal do Rio de Janeiro, aluno não vota;
7) por último, para quem é graduado e está iniciando na carreira,
o salário no Rio de Janeiro é bem melhor, trabalha-se menos e o custo de vida
no Rio é menor do que no Acre: tomate custa R$ 1,5; no Acre, 4 reais.
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