O
senso comum ou a doxa sempre afirma
com toda naturalidade que “Deus existe”, sem saber o único sentido de
“existir”.
Não se opina sobre a palavra “existir”, isto é, a palavra não varia conforme a opinião de cada falante, porque a palavra possui seu sentido original, primeiro; um sentido em si mesmo, na própria palavra.
“Ex-istir” significa “estar fora de”. Esse, o sentido da palavra em si mesmo. Assim, dentro de seu próprio significado, “existir”, por ser “estar fora de”, é “separar-se de”.
Uma vez a separação, temos duas substâncias. Deus, porém, só pode ser uma só substância. Deus, portanto, não existe, porque, ao não existir, não “está fora de” e, como consequência, não “está separado de”.
Mais: caso Deus exista, ou seja, se Ele “está fora de” o que O mantinha como Deus, isto é, absoluto, quer dizer, ilimitado, imperecível, indeterminado, eterno, Ele, uma só substância, “não está fora de” o ilimite, de o infinito, de o indeterminado.
No entanto, se afirmarmos que Deus existe, repito, que Ele “está fora de”, fora do ilimite, Deus então está no limite determinado pelo tempo; mas, como Ele não está no tempo, pois, se estivesse, Deus seria determinado, finito, limitado e transformado pelo tempo, porque o tempo é movimento.
Deus está fora do movimento. Deus não se transforma. Deus, portanto, não existe.
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