País está entre os "piores do mundo" em educação,
diz Lula, que promete "revolucionar"
Da redação
Em São Paulo
Agência Brasil
Haddad ouve o presidente Lula na apresentação do PDE
Ao apresentar nesta quinta-feira (15) em Brasília, junto com o ministro da Educação Fernando Haddad, as linhas gerais do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) para educadores de todo o país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu que o acesso à educação cresceu no Brasil, mas que o ensino continua com baixa qualidade."Nós estamos entre os piores do mundo", afirmou o presidente, na cerimônia realizada no Palácio do Planalto.
"A experiência acumulada mostra que o Estado brasileiro, ao longo das últimas décadas, não deu respostas (aos problemas da educação). Houve a universalização do ensino, mas não houve um acompanhamento pela melhoria da qualidade da educação. Então, estamos entre os piores do mundo", declarou o presidente, falando a professores, reitores, pedagogos e ex-secretários de educação.
Entre as medidas que fazem parte do PDE estão a realização de uma olimpíada de língua portuguesa, semelhante à de matemática, já existente; a criação do piso salarial nacional do magistério, que é uma reivindicação antiga da categoria; investimento na formação continuada de professores, fazendo com que todos estejam ligados a uma universidade; universalização dos laboratórios de informática, inclusive na área rural; melhoria do transporte escolar e qualificação da saúde escolar.
O ministro Haddad anunciou também a possibilidade de o aluno aderir a um financiamento estudantil de seu curso superior e pagá-lo depois de formado, com desconto em folha e prestações de cerca de R$ 100.
"Revolução"
De acordo com o presidente Lula, o PDE proporcionará uma "grande revolução" na educação brasileira. "Existe uma dívida de educação nacional e estadual, e isso deve ser sanado", afirmou.
O número de jovens que se encontram em cadeias foi apontado pelo presidente como uma evidência das falhas na educação brasileira. "São todos da década de 80 para cá. São resultados de um milagre brasileiro que não distribuiu renda, de políticas elitistas que não pensavam numa educação de qualidade para todos".
O presidente afirmou que diversas pessoas foram chamadas para colaborar na elaboração do PED, como os ex-ministros Cristovam Buarque (PDT-DF) e Paulo Renato (PSDB-SP). Segundo Lula, o governo quer ouvir quem pode contribuir, independentemente de partido.Buarque, primeiro titular do MEC (Ministério da Educação) sob Lula, foi demitido pelo presidente por telefone, e o enfrentou na eleição presidencial de 2006.
No segundo turno, apoiou o rival de Lula, o tucano Geraldo Alckmin. Já Paulo Renato é um político ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.Avaliação mais freqüenteO presidente Lula defendeu ainda que o Prova Brasil seja aplicado antes da 4ª serie do ensino fundamental, como forma de mapear as condições dessa etapa da educação.
"Não temos como esperar quatro anos para fazer uma prova. Ou medimos essas crianças mensalmente, quinzenalmente, semanalmente, diariamente, ou não tem jeito", criticou.O Prova Brasil, citado por Lula, é desenvolvido e realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão ligado ao MEC.
Sua primeira edição ocorreu em novembro de 2005, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação, que mobilizaram mais de 20 mil colaboradores para atuarem na execução dos trabalhos.
O exame foi realizado em 5.398 municípios, avaliando 3,3 milhões de alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental (ou seja, com intervalo de quatro anos). Foram aplicadas provas de língua portuguesa (com foco em leitura) e matemática, com questões elaboradas a partir do que está previsto para as séries avaliadas nos currículos de todos os Estados e, ainda, nas recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Com informações da Agência Brasil
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