"Bem, caro Aldo, tenho lido o seu blogue. Belas palavras são ditas aqui. Mas não deixo de fazer uma ressalva a essa postagem, quando você cita a Profª. Laélia. Não a vejo tão defensora da história da literatura. Com ela conversei mais sobre estética da recepção, entre outras coisas. Outra ressalva: José Guilherme Merquior, que você também cita, escreveu o livro “De Anchieta a Euclides — Breve história da literatura brasileira”, de 1977. Talvez ele tenha mudado de ideia."
Márcio, antes de mais nada, quebrei todos os espelhos de minha casa. Todos. Não preservo nem a minha imagem. Neste espaço virtual, onde minha liberdade é lida, defendo ideias, e elas não são refletidas em espelhos.
Citei a professora-doutora Laélia por ser parte de uma elite que deveria problematizar a literatura na educação pública por meio de inquietantes artigos publicados, por exemplo, em um blogue. Assim como outros, ela formou professores segundo uma concepção de literatura, no caso, Márcio, historicismo literário.
Digo-lhe isso com toda propriedade, porque, antes de "ser exilado" da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Acre, recolhi todos os planos de curso do corpo docente de Literatura. Todos. A professora-doutora Laélia deixou as marcas do historicismo literário em seus planos. Estão lá.
"Com ela conversei mais sobre estética da recepção", você escreveu. Se você conversou, bem, estética da recepção, eu li em minha graduação, 1986, mas a Teoria Literária segue outros passos em 2009. O relógio biológico da professora atrasou-se.
Não digo que a estética da recepção encontra-se superada, longe disso, mesmo porque a Nova Crítica ou o Formalismo Russo podem orientar o professor de Literatura em uma escola pública; digo-lhe que, se a professora-doutora Laélia conversou sobre estética da recepção com você, mais uma vez, na condição de intelectual, ela não se antecipou ao tempo. Hoje, em 2009, a Teoria Literária se pensa de outra forma.
Quanto a José Guilherme Merquior, Márcio, esse pensador brasileiro publicou em 1977 De Anchieta a Euclides - breve história da literatura brasileira - para se contrapor aos livros didáticos da época embora tenha mantido uma história linear em suas páginas, mas o livro é profundo, problematiza. Ainda que submeta a literatura à história linear, Merquior supera o historicismo.
No Rio de Janeiro, no lugar do livro didático tradicional, já se lia no final dos anos 70 esse livro de Merquior. Acredito que você ironizou sem conhecimento de causa. Merquior, diferente de nós, foi precoce, um gênio. Em 1975, ele escreveu em Os Cadernos da PUC-RJ (primeiro encontro nacional de professores de literatura) um ensaio com o título "Comentário a 'Considerações sobre o Estudo e o Ensino de Literatura Brasileira''', onde critica o historicismo literário.
Sabe, Márcio, a tese de doutorado da professora Laélia encontra-se sepultada em uma biblioteca. Lê-la depende de uma exumação. Não digo isso para depreciar sua tese, entenda, não é isso, se fosse, eu escreveria, digo isso para afirmar que Altino Machado, que não é doutor, sem nível superior, intervém mais na realidade social do que certos doutores. Seu blogue incomoda. A palavra em seu blogue vive, circula. A tese de um professor de Literatura representa um título, às vezes, indiferente à realidade da escola pública.
Precisamos incomodar o poder (se é que isso é possível). Precisamos apresentar outras falas, outros textos. Como diz Marcelo D2, "vamos fazer barulho, porra". Certos doutores não fazem. As teses não circulam entre nós. Quem fará a exumação?
Márcio, antes de mais nada, quebrei todos os espelhos de minha casa. Todos. Não preservo nem a minha imagem. Neste espaço virtual, onde minha liberdade é lida, defendo ideias, e elas não são refletidas em espelhos.
Citei a professora-doutora Laélia por ser parte de uma elite que deveria problematizar a literatura na educação pública por meio de inquietantes artigos publicados, por exemplo, em um blogue. Assim como outros, ela formou professores segundo uma concepção de literatura, no caso, Márcio, historicismo literário.
Digo-lhe isso com toda propriedade, porque, antes de "ser exilado" da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Acre, recolhi todos os planos de curso do corpo docente de Literatura. Todos. A professora-doutora Laélia deixou as marcas do historicismo literário em seus planos. Estão lá.
"Com ela conversei mais sobre estética da recepção", você escreveu. Se você conversou, bem, estética da recepção, eu li em minha graduação, 1986, mas a Teoria Literária segue outros passos em 2009. O relógio biológico da professora atrasou-se.
Não digo que a estética da recepção encontra-se superada, longe disso, mesmo porque a Nova Crítica ou o Formalismo Russo podem orientar o professor de Literatura em uma escola pública; digo-lhe que, se a professora-doutora Laélia conversou sobre estética da recepção com você, mais uma vez, na condição de intelectual, ela não se antecipou ao tempo. Hoje, em 2009, a Teoria Literária se pensa de outra forma.
Quanto a José Guilherme Merquior, Márcio, esse pensador brasileiro publicou em 1977 De Anchieta a Euclides - breve história da literatura brasileira - para se contrapor aos livros didáticos da época embora tenha mantido uma história linear em suas páginas, mas o livro é profundo, problematiza. Ainda que submeta a literatura à história linear, Merquior supera o historicismo.
No Rio de Janeiro, no lugar do livro didático tradicional, já se lia no final dos anos 70 esse livro de Merquior. Acredito que você ironizou sem conhecimento de causa. Merquior, diferente de nós, foi precoce, um gênio. Em 1975, ele escreveu em Os Cadernos da PUC-RJ (primeiro encontro nacional de professores de literatura) um ensaio com o título "Comentário a 'Considerações sobre o Estudo e o Ensino de Literatura Brasileira''', onde critica o historicismo literário.
Sabe, Márcio, a tese de doutorado da professora Laélia encontra-se sepultada em uma biblioteca. Lê-la depende de uma exumação. Não digo isso para depreciar sua tese, entenda, não é isso, se fosse, eu escreveria, digo isso para afirmar que Altino Machado, que não é doutor, sem nível superior, intervém mais na realidade social do que certos doutores. Seu blogue incomoda. A palavra em seu blogue vive, circula. A tese de um professor de Literatura representa um título, às vezes, indiferente à realidade da escola pública.
Precisamos incomodar o poder (se é que isso é possível). Precisamos apresentar outras falas, outros textos. Como diz Marcelo D2, "vamos fazer barulho, porra". Certos doutores não fazem. As teses não circulam entre nós. Quem fará a exumação?
Um comentário:
Aldo, obrigado pela deferência. Não achei que um comentário iria provocar uma postagem. Que ótimo. Opiniões podem ser diferentes. Abraços e estarei te lendo.
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