Em 15 de abril, por volta de 12h30, no térreo da Assembleia Legislativa do Estado do Acre, o Sindicato dos Professores Licenciados do Acre, o Sinplac, por meio de uma minoria, aprovou uma “greve” (reposição de aula) porque o governo da Frente Popular manteve-se imóvel diante das reivindicações dos professores.
A postura fria do governo justifica-se porque ele sabe que o Sinplac não tem poder de parar a máquina. Os médicos, esses sim, não só param um hospital público, mas afligem a vida dos pacientes visto que o corpo no hospital não se assemelha ao corpo escolar. Naquele, o corpo sente dores; e neste, pensa. Em outras palavras, no hospital, o corpo exterioriza sua condição de matéria; e, na escola, ele assimila abstrações.
Se o hospital público parar por uma semana, corpos gritam, sofrem, doem, avolumam-se. Em pouco tempo, a greve dos médicos gera caos, desordem, tumulto. Se a escola pública parar por uma semana, a greve dos professores não gera caos na escola porque o corpo na escola não é o mesmo corpo no hospital. Além disso, o médico não repõe consulta. O hospital, esses sim, senhores, pressiona o governo.
Posso afirmar, portanto, que médico faz greve porque causa colapso visível no sistema. Quando paralisa as aulas, o professor não causa colapso material, ou seja, o significado original de “greve” perde-se ou deforma-se na educação.
Não podemos usar o signo “greve” para o corpo docente quando sabemos que, ao repor aula e ao não causar colapso material no sistema, o significado original de “greve” altera-se - eu chamo reposição de aula. A escola, senhores, não pressiona governos.
O que fazer?
Os búzios responderão.
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