Conforme o Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janeiro:
Mito e Filosofia
Mito e Filosofia
- Identificar o discurso mítico;
- Identificar o discurso filosófico;
- Articular as relações entre mito e filosofia; e
- Situar o surgimento da Filosofia e suas contribuições na Grécia Antiga.
1. Mínios. 1) A vida social organizava-se ao redor e por causa de um centro, qual seja, o palácio, cujo papel é ao mesmo tempo religioso, político, militar, administrativo e econômico. Atraindo tudo para seu centro como se fosse uma força centrípeta, o palácio simboliza o lugar do rei, o representante do sobrenatural no mundo. Sua palavra, portanto, é divina. Amálgama entre a figura do governante e o poder, eis a identidade da lei existente nos impérios antigos; 2) “A vontade do governante, a sua vontade privada, a sua vontade pessoal, a sua vontade arbitrária, caprichosa, o que lhe desse na telha era ali, e era ela o critério para guerra, para paz, para vida, para morte, para justiça e para injustiça”, expressa Marilena Chauí no vídeo “O drama burguês”; 3) O germe desse poder encarna-se nos mínios, entre 2000 e 1900 a.C., quando invadem a Grécia continental e, com eles, surgem grandiosos palácios-cidades em Cnosso, Mália e Festo, na ilha de Creta. Dois séculos depois, o poder absoluto dos mínios se afirma, e, assim, em 1700 a. C., os palácios ampliam-se, é o período neopalaciano (1700-1450 a.C.).
2. Hititas. Outra invasão paralela, a dos hititas, manifesta-se e se expande pelo platô Anatólio. Em 1900 a. C., eles edificam a Troia VI, com características palacianas semelhantes às dos mínios da Grécia.
3. Aqueus ou micênicos. 1) Contemporâneo a esses povos, os aqueus ou micênicos se estabeleceram em Peloponeso e, posteriormente, entraram em contato com a Civilização Minoica de Creta; 2) Com uma cultura muito centralizadora, os micênicos têm uma hierarquia social sentenciada pelo soberano absoluto, uma classe rica e, unido a essa classe, um comandante militar;e 3) Por mais que tenhamos diferenças entre poder e política, uma me chama atenção por ser aquela que tece a realidade social, qual seja: a palavra. Na sociedade despótica, a palavra não passa de um instrumento objetivo para, conforme os escribas do rei divino, registrar todos os setores da vida econômica a fim de controlá-los e de regulamentá-los. A palavra, submetida ao poder palaciano, mantém-se nos grupos estritamente fechados, onde a palavra também se fecha nela mesma, pertencendo, portanto, ao espaço privado. Por isso faz sentido o termo déspota, porque, como ele significa “senhor da casa”, a palavra se limita a esse espaço “doméstico”, ao espaço de “oikos”.
II. A Palavra Filosófica
1. Dóricos. 1) Com a invasão dos dóricos em 1500 a.C., a palavra palaciana se desmancha para ressurgir, após o fim do domínio dórico, a palavra como política nas cidades-estados; 2) No lugar da força centrípeta do rei divino, a história conhece o espaço de “ágora” (praça pública), lugar onde a palavra chega a todos ou parte de todos. Não mais pertence ao poder sobrenatural, mas a palavra pertence à democracia. Ela é democrática, ou seja, a palavra é conflito, discussão no espaço público.
2. A Palavra em Ágora. No entanto, essa palavra em estado de conflito na democracia grega não significa desunião. Vernant afirma que “a exaltação dos valores de luta, de concorrência, de rivalidade associa-se ao sentimento de dependência para com uma só e mesma comunidade, para com uma exigência de unidade e de unificação sociais”. Conflito e união, Eris-Phlilia.
3. A Palavra em Ágora. Pulsa este estado de tensão, onde se discorda e reconhece a diferença na face do outro, o oponente. Bem antagônico ao mundo palaciano, onde não se reconhecia a diferença do outro, “o verdadeiro interesse pelos outros nasceu com os gregos”, escreve Cornelius Castoriadis em “A polis grega e a criação da democracia”, do livro “As encruzilhadas do labirinto – os domínios do homem, volume 2”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário