Por que o prazer é regulado pela Razão no Arcadismo?
Por meio de Platão, podemos chegar a respostas. Chamada também de escola neoclássica, o Arcadismo possui termos que encontramos em "A República", por exemplo, austero, regular.
No entanto, não destacarei trechos dessa obra grega para explicar. Um outro pensador, eu prefiro: Sêneca. Da editora Nova Alexandria, um pequeno livro, Sobre a Vida Feliz, educa-me à felicidade como se eu estivesse em um mundo árcade.
Na página 35, esse homem, que se matou a mando de Nero, diz que "a virtude é algo de elevado, de incansável; a volúpia é baixa, servil, fraca, insignificante; seu lugar, seu domicílo são os lupanares e as tavernas. Você encontrará virtude no templo, no fórum, na cúria, de pé junto às muralhas, coberta de poeira, corada do sol, com as mãos calosas; a volúpia, geralmente, furtiva e em busca das trevas, nas proximidades dos banhos, das saunas, dos lugares que temem a polícia, mole, abatida, com vinho e perfume a escorrer, pálida, rebocada, embalsamada como um cadáver."
E ele, em outra página, a 37, oferta aos meus olhos... "não pode haver nenhuma consistência naquilo que, por natureza, está em movimento; muito menos pode haver consistência alguma naquilo que vem e passa logo."
A melhor volúpia para Sêneca é a dos sábios, porque ela é moderada, isto é, é regulada pela virtude, pela Razão. No Arcadismo, há essa moderação do prazer. "Na virtude, não se deve temer o excesso, porque nela está a medida", escreveu o filósofo estóico.
Para haver essa "medida", o limite, os amantes no Arcadismo não se expõem à lua, mas ao sol, à luz. Nas poesias românticas, pulsa o desejo da noite.
Ora, a "medida" pertence ao Arcadismo, termo oposto ao Barroco. Um bom filme que apresenta elementos árcades é Triunfo do Amor, de Bernardo Bertolucci. Essa medida encontra-se no pai de André, do romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, que se transformou em filme por meio da sensibilidade elegante de Luiz Fernando Carvalho.
Não desejo estender-me mais a fim de não cansar seus olhos. Digo apenas que não leio um texto para dizer que é árcade ou barroco, mas leio para aprender algo sobre a vida.
Minhas aulas seguem essa trilha, fogem ao historicismo literário, porque meus alunos precisam, no mundo atual, pensar a palavra, pensar palavra-corpo para que se lancem ao prazer de forma digna, altiva, nobre, autêntica, quando o momento certo chegar.
Na página 35, esse homem, que se matou a mando de Nero, diz que "a virtude é algo de elevado, de incansável; a volúpia é baixa, servil, fraca, insignificante; seu lugar, seu domicílo são os lupanares e as tavernas. Você encontrará virtude no templo, no fórum, na cúria, de pé junto às muralhas, coberta de poeira, corada do sol, com as mãos calosas; a volúpia, geralmente, furtiva e em busca das trevas, nas proximidades dos banhos, das saunas, dos lugares que temem a polícia, mole, abatida, com vinho e perfume a escorrer, pálida, rebocada, embalsamada como um cadáver."
E ele, em outra página, a 37, oferta aos meus olhos... "não pode haver nenhuma consistência naquilo que, por natureza, está em movimento; muito menos pode haver consistência alguma naquilo que vem e passa logo."
A melhor volúpia para Sêneca é a dos sábios, porque ela é moderada, isto é, é regulada pela virtude, pela Razão. No Arcadismo, há essa moderação do prazer. "Na virtude, não se deve temer o excesso, porque nela está a medida", escreveu o filósofo estóico.
Para haver essa "medida", o limite, os amantes no Arcadismo não se expõem à lua, mas ao sol, à luz. Nas poesias românticas, pulsa o desejo da noite.
Ora, a "medida" pertence ao Arcadismo, termo oposto ao Barroco. Um bom filme que apresenta elementos árcades é Triunfo do Amor, de Bernardo Bertolucci. Essa medida encontra-se no pai de André, do romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, que se transformou em filme por meio da sensibilidade elegante de Luiz Fernando Carvalho.
Não desejo estender-me mais a fim de não cansar seus olhos. Digo apenas que não leio um texto para dizer que é árcade ou barroco, mas leio para aprender algo sobre a vida.
Minhas aulas seguem essa trilha, fogem ao historicismo literário, porque meus alunos precisam, no mundo atual, pensar a palavra, pensar palavra-corpo para que se lancem ao prazer de forma digna, altiva, nobre, autêntica, quando o momento certo chegar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário