sábado, setembro 30, 2006

13inho

Quando eu atualizar este blog na segunda segunda-feira, o novo governador do Acre se chamará Binho Marques (PT), da Frente Popular. E digo mais: serão 16 anos de PT neste Estado.
Mais uma vez, a oposição perdeu por causa de seus limites, por causa de sua verborréia presa a um Acre que, aos poucos, deixa de existir. Ela precisa se ver no espelho da história.
E, para a situação ficar pior, essa oposição assistirá, mais uma vez, às transformações no Acre por mais quatro anos.

sexta-feira, setembro 29, 2006

No jornal

Há repórter que escreve "ter pago". Errado. Escreva "ter pagado".
Jornal O Rio Branco - "Bancários voltam a grevar dia 5". Existe registro do verbo "grevar"? No dicionário Houaiss e no Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft, não há sinal desse verbo. Não existe.
O correto é "bancários voltam à greve no dia 5".

quinta-feira, setembro 28, 2006

Ainda Sobre Cicarelli

CONTARDO CALLIGARIS
Um filme de amor

O interesse pelo vídeo de Cicarelli revela que somos sobretudo frustrados no amor À FORÇA de receber links para o vídeo de Daniella Cicarelli, acabei dando o clique e assisti ao filme. São quatro minutos e meio, editados a partir de duas horas de gravação e entrecortados por subtítulos, que introduzem diferentes momentos do convívio do casal.
Os subtítulos são em castelhano. Normal, visto que os fatos aconteceram na Espanha, e o "paparazzo" era espanhol. Mas as frases, numa língua estrangeira e próxima, facilitam, para o espectador brasileiro, uma atitude irônica e zombadora, como se pertencessem a um português macarrônico.
De fato, nas conversas destes dias, o vídeo é sempre evocado com um tom maroto e, sobretudo, burlesco. À primeira vista, o cômico parece servir para que o espectador esqueça a posição (incômoda e envergonhada) que ocupa: a de uma criança com o olho colado no buraco da fechadura ou, pior, a de um adulto salivando à vista de frutos proibidos.
Digo logo: suspeito que o cômico, neste caso, proteja o espectador de um outro incômodo, maior e, de certa forma, mais triste. Falando em frutos proibidos, é importante salientar que o vídeo não é nada "ousado".
Um sujeito que estivesse procurando por pornografia na internet certamente o descartaria sem hesitação e encontraria, com facilidade, imagens bem mais explícitas. Alguém dirá que o interesse pelo vídeo depende unicamente do fato de que uma "celebrity" seria assim "exposta".
Os títulos (infames) que acompanhavam os e-mails com o link iam nesse sentido. Algo assim: olhe só, Fulana está "dando" na praia... Ou seja, os brasileiros seriam fascinados pela "descoberta" de que uma "celebrity" e um lindo moço se desejam, beijam-se, acariciam-se etc. Essa cena nos ofereceria a certeza confortante de que os deuses do Olimpo não são muito diferentes da gente.
Seria um pouco como uma foto de Lula ou de Alckmin mordendo um sanduíche cheio de mostarda e ketchup ou entrando com urgência num banheiro. "Te peguei!". Pois é, não acredito em nada disso. Por duas razões. Primeiro, o vídeo nos mostra um casal que não tem nada de "jet-set". Eles não estão num iate na Sardenha nem numa enseada de sua ilha privada. Estão numa praia qualquer.
Tomam um refresco, comem um sorvete, tiram aquela foto que todos já tiramos, esticando o braço e recuando as cabeças para pegar o sorriso dos dois. Há um momento em que a moça puxa os cotovelos do moço para que ele a abrace; o gesto é comovedor de tão familiar.
Segundo, o distanciamento (facilitado pelos subtítulos irrisórios) mostra o seguinte: o espectador se arma de uma boa pitada de cômico para encarar uma visão que, sem isso, poderia magoá-lo (em geral, rir é um jeito de afastar de nós algo que preferimos ignorar). E acontece que, neste caso, o que queremos afastar certamente não é uma extravagância sexual, explícita ou implícita, pois o vídeo não é de sexo; é um vídeo de amor, um excelente vídeo de amor.
Ele poderia ou deveria ser proposto como exemplo nas escolas de cinema, não por suas qualidades técnicas, mas porque é raro que os cineastas consigam mostrar tão bem os gestos do desejo entre duas pessoas que se gostam muito e que se amam (que seja por uma semana, um ano ou uma vida, tanto faz). A delicadeza dos beijos, dos toques, dos abraços do casal falam de um momento de felicidade amorosa que é o verdadeiro "escândalo" do vídeo.
É contra essas imagens de amor que o título chulo e os subtítulos irônicos protegem o espectador, guiando-o para que se convença de que ele está assistindo a alguma devassidão ou se divertindo ao constatar que uma "celebrity" fez "aquilo" que nem a gente. Sem esse desvio da atenção, o vídeo seria, para quase todos os espectadores, tocante e talvez intoleravelmente triste.
Por quê? Simples: alguns podem ser frustrados no sexo, outros podem ser invejosos e estar a fim de dar um pontapé nos pedestais que eles mesmos erigem, mas muitos sentem a falta da delicada intimidade do desejo sexual quando ele acontece entre dois que se gostam e se amam -muitos são frustrados no amor.
Com a ajuda de título e subtítulos, em suma, o tom burlesco dos comentários destes dias serve para que a gente não perceba o que, de fato, o "paparazzo" filmou: uma cena que, ao ser enxergada, produziria em nós a descoberta dolorosa de nossa carência. Pois não se trata de um momento de sexo, mas de uma tarde de amor.

Angeli, da Folha de São Paulo


Nunca foram santos.

Clayton, de O Povo (CE)


Os traços sutis da inteligência.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Cicarelli

Performance anônima

A dinâmica do espetáculo depende do consumo de conteúdos irrelevantes

JULIANA MONACHESI - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Imersos no cotidiano de uma vigilância constante, seja por câmeras de segurança, seja por câmeras fotográficas embutidas em celulares e demais apetrechos que capturam imagens em vídeo, presentes em absolutamente qualquer reduto habitado do planeta, seríamos todos performers, encenando nossas ações no mundo?

O episódio envolvendo a apresentadora da MTV Daniella Cicarelli nesta semana -um vídeo veiculado no You Tube que em poucas horas atingiu picos de "nanoaudiência"- levanta esta e outras questões a respeito dos fenômenos midiáticos em tempos de sociedade do controle e do espetáculo.

Em entrevista à Folha, a professora da Pontifícia Universidade Católica de SP e teórica de novas mídias Giselle Beiguelman fala sobre o tema e sobre a diferença entre produtos da dinâmica do espetáculo e obras de artistas que se nutrem do fenômeno para criticá-lo, como é o caso do vídeo "Uma", do artista plástico Caetano Dias, exibido no 1º Festival Latino-Americano de Cinema de São Paulo, em julho deste ano, e que será apresentado na Paralela 2006, em SP, em outubro.

Registro de um casal que transa no mar, alheio à grande movimentação na praia de Guarajuba, na Bahia, o vídeo acompanha o princípio de conversa entre uma mulher negra e um homem branco, o encontro e o abandono. A investida poética de Caetano Dias trata da espetacularização das patéticas performances humanas.

FOLHA - O vídeo da Daniella Cicarelli com o namorado em uma praia na Espanha se torna, em questão de horas, objeto de interesse de milhões de internautas, sem que se saiba quem filmou. O fenômeno midiático na era da internet é necessariamente sem autoria e de propriedade coletiva?
GISELLE BEIGUELMAN - O anonimato dos produtores de mídia é uma constante na história das comunicações de massa. "As Ilusões Perdidas", de Balzac, publicadas no século 19, são um excelente ponto de partida para essa reflexão. Quantas pessoas sabem o nome do diretor do "Jornal Nacional"? O que a internet tem de diferente de outras mídias é que nela regimes de autoridade, e não de autoria, podem ser questionados e o fato de explicitar que o espectador não é um legume. É crítico e cúmplice.

FOLHA - Pode-se afirmar que o vídeo atualiza o conceito de performance? Ou seja, dado que vivemos em um mundo mediado, um casal namorando em uma praia cheia de gente está, necessariamente, encenando suas ações?
BEIGUELMAN - Não podemos confundir superexposição com performance. Vivemos uma experiência cotidiana tão mediada por câmeras e telas que o ato mais banal assume contornos de encenação programada. Nem a performance é isso nem me parece que o gesto do casal tivesse esse cunho. Há quem diga que foi tudo armação. Pode ser. Mas aí voltamos à sociedade do espetáculo e tudo fica claro, numa espécie de tributo e atualização de uma das máximas de Andy Warhol. Segundo esse expoente da arte pop, no futuro, todos teriam 15 minutos de fama. A internet alargou esse campo, possibilitando que todos possam ser célebres com alguns cliques. Se isso for verdade, performática, então, foi a ação de quem viu, gravou e publicou um material com conteúdo irrelevante e que foi notícia durante toda a semana.

FOLHA - Com a proliferação de tecnologias capazes de registrar e difundir qualquer tipo de informação (sejam texto, fotografia ou vídeo) em tempo real, existe diferença entre as esferas pública e privada? Celebridades midiáticas têm privacidade na sociedade hipermidiática?
BEIGUELMAN - É preciso diferenciar notícia de informação. Os meios hoje permitem grande capacidade de produção e difusão de notícias, mas não necessariamente de informação. A dinâmica da sociedade do espetáculo, analisada por Guy Debord, pensador fundamental do século 20, e ironizada por Fellini em "La Dolce Vitta" depende do consumo de imagens e de uma disponibilidade de alguns para ser protagonista desse espetáculo.Estamos falando de mercado. Em nosso contexto, mediado por câmeras, mensageiros on-line, cartões de fidelidade, o que temos é a consolidação da sociedade de controle, o estado de vigilância distribuída, no qual a privacidade se torna uma mercadoria de luxo, que nunca será entregue na sua totalidade.

FOLHA - A obra de Caetano Dias, que flagra um casal em situação idêntica à de Cicarelli, dá margem a que se veja o vídeo que circulou no You Tube como jornalismo ou arte?
BEIGUELMAN - O vídeo de Cicarelli que circulou no You Tube, em si, é apenas sintomático do tipo de sociedade do espetáculo e da vigilância distribuída em que vivemos. Não é arte nem jornalismo. Já o de Caetano Dias assim como os auto-retratos manipulados da fotógrafa Helga Stein se nutrem desse sintoma para banalizá-lo de uma forma tão extrema que operam sua crítica. O que os distancia do vídeo que circulou no You Tube é que agenciam sentidos e relações cognitivas, ao contrário do primeiro, que pretende participar da dinâmica do espetáculo e da sociedade de controle.

FOLHA - Quais os parâmetros para definir o que é hoje um fenômeno midiático?
BEIGUELMAN - O fenômeno midiático está sempre associado ao domínio rigoroso da mecânica de um meio de comunicação e ao reconhecimento do contexto de veiculação. Basta lembrar do impacto da transmissão de "A Guerra dos Mundos", pelo grupo de radioteatro de Orson Welles, em 1938. Sem a situação de tensão da Segunda Guerra e sem o domínio técnico e de conteúdo do rádio, jamais conseguiria mobilizar um país como mobilizou.Na era da internet, há uma certa flexibilização dos canais de comunicação. Não é mais necessário trabalhar na CBS, como o grupo de Welles, mas ainda é preciso eleger o canal correto de divulgação e ter a expertise de saber o que pode vir a ser notícia ou, pelo menos, fato passível de consumo.

sábado, setembro 23, 2006

A Superficialidade das SuperficialidadeS

Enquanto em outros estados, candidatos debatem sobre aspectos bem específicos da educação, no Acre, levitamos por causa da superficialidade.
Nem tocaram na gestão escolar.
Na escola Heloísa Mourão Marques, a diretora, professora Lúcia, e o coordenador de ensino, professor Walmir, permitem, com o corpo docente, uma outra forma de relação profissional entre professores.
Hoje, iniciou-se a construção dos Conselhos de Disciplinas. Em plenária, os professores aprovaram isto:
1º - Esses encontros pedagógicos baseiam-se na Lei de Diretrizes e Bases, em seu título VI, Dos Profissionais da Educação, artigo 67, inciso V;

2º - Encontro entre professores da mesma disciplina duas vezes por mês (1º sábado e 3º sábado);

3º - Elaborar conteúdo e prática pedagógica específica para alunos do 3º ano, porque o último ano do ensino médio deverá ser destinado ao pré-vestibular da Universidade Federal do Acre e ao Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM);

4º - Professores-coordenadores administrarão as reuniões de áreas pelo período de seis meses ou um semestre do ano letivo;

5º - As reuniões serão registradas e o conteúdo será aprovado em ata;

6º - Por meio do registro em ata, a coordenação deverá fiscalizar seu cumprimento e cobrar resultados;

7º - Os Conselhos de Disciplinas serão compostos pelos professores e pela coordenação de ensino e serão subordinados ao Conselho Escolar;

8º - Plano de curso não deve ser uma ação isolada do professor, mas uma prática elaborada pelo corpo docente da área, e os planos de aula surgirão a partir de um diálogo entre os professores das áreas, tendo como base os planos de curso.
Marcamos para o dia 7 de outubro um encontro sobre aspectos específicos, quais sejam:
1º - Criar atividades lúdicas, por exemplo, para a realização aos sábados de uma Gincana do Conhecimento e criar atividades pedagógicas fora da sala de aula;

2º - Criar um modelo de prova, modelo de teste e modelo de trabalho de pesquisa e elaborar um processo avaliativo que implica a prova, o teste e o trabalho de pesquisa; e

3º - Criar os planos de curso para o 1º ano, o 2º ano e o 3º ano, sendo que o 3º ano será destinado ao vestibular da Universidade Federal do Acre e para o Exame Nacional de Ensino Médio.
________________________

Em 23 de setembro de 2006

1. Nesse dia, professores da manhã, professores da tarde e professores da noite, da Escola Heloísa, aprovaram os Pontos Gerais;

2. Para os Pontos Específicos, os professores provaram o valor 6 para a prova de N1 e de N2;

3. Escolheram 7 de outubro para que os professores da mesma disciplina possam dialogar e definir por escrito sobre a natureza da prova;

4. Sobre a forma como a prova de N1 e a prova de N2 serão aplicadas;

5. Sobre os Planos de Cursos do 1º ano; e

6. Sobre a natureza da prova e sobre a aplicação dessa prova para o 3º ano, visando o pré-vestibular da Ufac e o Enem.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Introdução que dói

Minha nossa, tem repórter que escrevinha para furar o olho do revisor. Leia com atenção e com muita paciência esta estocada.
"Será realizado hoje às 19:00h, na Concha Acústica do Parque da Maternidade, o primeiro "Canto, Vida e Visão", evento que reúne teatro, música e dança e tem como objetivo levar a mensagem do evangelho e contribuir para restauração das vidas de centenas de jovens, crianças e adultos que hoje encontram-se no mundo das drogas, violência e prostituição através da arte e da cultura cristã, de forma a atrair a atenção dessa geração para música, teatro, pintura e outras atividades lúdicas, por meio das quais serão apresentadas mensagens cristãs, de auto-estima, valorização da família e princípios éticos de conduta social, de forma itinerante em praças e locais públicos. Os eventos serão realizados sempre em locais públicos, por artistas voluntários. São músicos, atores de teatro, palestrantes e poetas, daí “canto, vida e visão.”
Fechando o jornal, aparece essa introdução. Como dói. Pensei em suicídio, mas desisti, tenho algumas dívidas para pagar.
Além disso, não sou gay para agüentar uma introdução como essa. Sou revisor.
Que o Senhor Deus ilumine a escrita dessa repórter, amém!

quinta-feira, setembro 21, 2006

Abacaxi com Picanha



Paixão, do jornal Gazeta do Povo (PR)

TV TV TV TV TV TV TV TV TV

Hoje, à tarde, uma repórter de uma TV local vacilou. Em seu texto, ela disse "granditude".
Fui ao dicionário do Houaiss e NÃO encontrei a palavra. Repórter de TV erra e não é pouco.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Um JesuS que TiroU o Fiel da EscolA

Ontem, depois do trabalho, fui a um pequeno mercado para comprar pão de forma. Antes, um jovem, moreno, pediu, com educação, a minha atenção.
- Por favor, posso falar com o senhor?
Parei e dei a ele a minha insignificante atenção.
- Só Jesus nos salva, por isso convido a sua pessoa para comparecer à nossa igreja e fazer parte da sessão do descarrego e tocar no manto sagrado. Só Jesus salva. Se o senhor estiver doente, triste, com depressão, o Senhor Jesus vai salvar.
Sem querer incomodar a crença do jovem, disse a ele que compareceria no domingo.
- Venha, o senhor irá gostar.
Peguei meus pés e fui comprar meu pão de forma, mas fiquei pensando na fé do rapaz. Na volta, perguntei seu nome e idade. Tinha 17 anos. E seus estudos?
- Senhor, eu não terminei meus estudos. Para falar a verdade, deixei tudo em nome de Jesus, meu Salvador.
- Olha, eu iria vir aqui no domingo, mas, depois que você me disse que largou seus estudos, não virei mais, porque não compactuo com um Jesus, o seu, que deseja sua ignorância.
Virei as costas e fui embora.

terça-feira, setembro 19, 2006

Prefeitura de Rio Branco

"Juntos, a gente faz mais"
Aqueles que administram a coisa pública deveriam ter atenção dobrada, porque esse poder, em um país com pouca escolaridade, pode dar um péssimo exemplo quando o assunto é LÍNGUA Portuguesa.
O slogan "Juntos, agente faz mais" revela uma prefeitura que faz, mas, quando a questão é concordância, não faz o correto.
Seria correto se fosse "juntos, nós fazemos mais". Entretanto, como existe "a gente", o correto é "junto, a gente faz mais".
A gente não faz "juntos". A gente faz "junto". A gente faz "unido", e não "unidos". Nós não fazemos "unido". Nós fazemos "unidos".
Não tenho dúvida de que a prefeitura do PT faz uma política pública correta, mas, quando o assunto é gramática...

sábado, setembro 16, 2006

Admirável Mundo Novo 2



Na escola Heloísa Mourão, leciono Literatura, Leitura, Gramática e Redação, havendo duas aulas para cada disciplina durante a semana.
Para a aula de Leitura, escolhi o livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, a fim de apresentar aos alunos o realismo-naturalismo atual.
Infelizmente, a Literatura, na escola, ainda, fixa-se no naturalismo do século 19.
Com o livro de Huxley, depois passarei os filmes Matrix (1) e Código 46, porque defendo a idéia de usar filme como extensão de uma leitura desde a época em que eu lecionava no Rio de Janeiro, no Souza Marques, isso em 1990.
Com esse livro e com esses filmes, o realismo e o naturalismo se atualizam, apresentam-se de forma muita mais acabada e perversa.

Admirável Mundo Novo 1


Americana é primeira a receber braço "biônico"

Jason Read/Reuters

Claudia Mitchell e seu braçoPrótese se mexe com precisão, guiada pela mente

Folha de São Paulo

Pesquisadores dos EUA desenvolveram aquilo que eles anunciam como os primeiros membros "biônicos", controlados pela mente. As próteses foram instaladas em dois pacientes e apresentadas nesta semana pelo Instituto de Reabilitação de Chicago.Uma das pacientes é a ex-marine Claudia Mitchell, 26.
Ela perdeu os braços em um acidente de moto em 2004. O primeiro amputado a se beneficiar dos braços biônicos foi Jesse Sullivan de 59 anos, que recebeu a prótese quatro anos atrás.Ele pensa, "feche as mãos" e sinais elétricos são enviados através de nervos cirurgicamente reorientados.
A tecnologia que produziu os braços biônicos tem sido desenvolvida há mais de cinco anos, com financiamento do Darpa (sigla em inglês para Projetos de Pesquisa Associados à Defesa), do Pentágono.
Ela se baseia em grande parte nas descobertas seminais do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade Duke (EUA). Ele foi o primeiro a fazer uma macaca mover um braço mecânico usando somente a força do pensamento.
No caso de Mitchell, por exemplo, os nervos que controlavam seu braço amputado foram retirados do ombro e conectados a nervos na musculatura peitoral. Após alguns meses, eles cresceram no tecido muscular.
Depois, eletrodos conectados a uma placa no ombro foram usados para detectar impulsos emitidos dos nervos para o músculo e daí ao braço.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Matar & Matar

Atirador canadense se definia como 'Anjo da morte'

Publicada em 14/09/2006 às 15h48m

MONTREAL - O atirador que abriu fogo em uma escola secundária de Montreal, matando uma mulher e ferindo outras 19 pessoas na quarta-feira, referia-se a si mesmo como o "anjo da morte'', segundo o diário que mantinha na internet.

A polícia confirmou nesta quinta-feira que o atirador, que morreu no local do incidente de quarta-feira depois de um tiroteio com a polícia, chamava-se Kimveer Gill, tinha 25 anos e morava em um subúrbio da cidade canadense.

Em website dedicado à cultura gótica, Gill disse que seu lema era “Viva rápido, morra jovem e deixe um corpo mutilado”.

Ele usava o apelido “Trench”' e também escreveu no site que adorava armas e odiava as pessoas.

Testemunhas do incidente, que aconteceu no centro de Montreal, disseram que o atirador usava um casaco preto comprido e botas, e tinha o cabelo cortado no estilo moicano.

Autoridades da área de saúde de Montreal disseram que, dos 19 feridos, seis estavam em estado grave e dois corriam perigo.

O ataque aconteceu no Dawson College, uma faculdade de língua inglesa com cerca de 10 mil estudantes entre 16 e 19 anos, no coração de Montreal, a segunda maior cidade do Canadá.

Em seu blog, escrito em inglês, Gill publicou várias fotos que o mostravam com armas e uma faca, e com o cabelo no estilo moicano. Uma das fotos mostra o homem, que era alto e magro, com um casaco preto comprido e segurando um fuzil automático e com a legenda: “Pronto para a ação”. “A raiva e o ódio fervem dentro de mim”, diz outra legenda de foto.

Uma outra imagem mostra-o com uma arma automática preta descrita por ele como uma carabina semi-automática CX4 Storm. Em outra, ele diz: "Acho que tenho uma obsessão por armas.''

A estudante não resistiu a ferimentos e morreu no hospital. As vítimas foram encaminhadas para hospitais da região com ferimentos na cabeça, no abdômen, no peito, nas pernas e braços. (Pânico na Dawson College) .

“Eu pude vê-lo disparar várias vezes. Corri para uma sala de aula. Era como em um filme”, disse o aluno Michael Boyer à TV CBC. “Ele tinha menos de seis pés de altura (1,80m), mas não pude ver seu rosto, estava completamente coberto”.

Robert Soroka, que dá aulas na faculdade, disse que estava no quarto andar quando ouviu os disparos. Correu imediatamente pelo corredor e disse aos outros professores que mantivessem os alunos nas salas e fechassem as portas.

“Esta poderia ser uma situação péssima, se acontecesse cinco minutos depois, quando os alunos estariam saindo das salas durante o intervalo” afirmou.

Segundo Soroka, o incidente começou às 12h45m (13h45m em Brasília) e os tiros continuaram por meia hora. Ele disse ter ouvido pelo menos 20 disparos.

Atirador disparou sem aviso
Segundo testemunhas, o atirador estava todo vestido de preto, tinha um rosto “gélido” e abriu fogo sem avisar. Ele teria começado o ataque fora da escola, entrado pela porta da frente e continuado a atirar lá dentro.

“Ele não disse nada. Tinha o rosto gélido como pedra, não havia nada em seu rosto, ele não gritou nenhum slogan nem nada. Ele só começou a disparar. Era um assassino a sangue frio”, disse o estudante Soher Marous.

Uma jovem disse, chocada, que havia saído para fumar com amigos quando o ataque começou.

“Tinha um cara andando com um sobretudo preto e botas pretas enormes, com esse corte de cabelo maluco e uma enorme arma. Ele estava descendo [a rua] em plena luz do sol com a arma, ninguém disse nada a ele, e aí começou a atirar”, contou ela à emissora CBC.

“Ele atirou nas pessoas bem ao nosso lado. Todo mundo estava correndo, nós nos escondemos nos arbustos, havia destroços voando das balas que caíam ao nosso lado. Vimos todo tipo de gente sendo baleada do lado de dentro”, contou.

A moça disse que o atirador era branco, cerca de 20 anos, e parecia um “esterótipo, com o longo casaco preto e cheio de tachas, piercings, coisas assim”.

O aluno Soher Marous estava saindo quando o homem entrou.

“Eu estava na porta da frente e vi esse cara com sobretudo e botas do Exército, e ele tinha um fuzil de duas coronhas. Eu o vi abrir fogo - paf, paf, paf - e aí todo mundo começou a correr”, relatou ele à CBC.

“Corremos para a porta da frente e ele veio atrás de nós. Ele estava alguns metros atrás”, disse Marous, que contou ainda ter tentado alertar outros alunos ao fugir.

Outro aluno, Michael Boyer, disse que estava no corredor esperando uma aula quando viu o pânico.

Marous afirmou que ficou sem ação ao ver o incidente e que só se salvou porque um amigo insistiu que ele corresse.

“Na verdade, é difícil, naquela situação, reagir como se deve. Eu fiquei hesitando, nunca tinha ouvido um tiroteio antes, não sei o que é isso.”

SignO

Bem antes de Mikhail Bakhtin (1895-1975), Nietzsche, que lecionou filologia, revelou o poder NO signo lingüístico.

Como exemplo, ele citou o significante “bom” com seu duplo sentido. Para as classes sociais incultas, sem poder, usava-se “bom” na Alemanha para dizer que alguém era “dócil”. Para os que detinham poder, “bom” era todo aquele que fosse “guerreiro”.

Genealogia da moral”, eis a obra desse que influenciou o futuro.

Mais tarde, no século 20, Volochinov ou Mikhail Bakhtin publica “Marxismo e filosofia da linguagem” em 1929. No capítulo 1, página 32, lê-se que “o signo lingüístico pode distorcer a realidade”.

O signo “bom”, acima, distorce. Com esse exemplo de Nietzsche, Bakhtin completa anos mais tarde: “O signo se torna a arena onde se desenvolve a luta de classe.”

LITERATURA

Em sala, a Literatura caducou. Períodos de época reduzem o literário ao funcional há anos. Na faculdade de Letras, alguma professora-doutora reproduz o historicismo, condenado há anos por professores de História.

Ainda fala-se de características do Barroco. Em sala, o professor de Literatura precisa pensar os signos segundo Nietzsche, segundo Bakhtin. Qual o sentido e a função do conceito sensível, por exemplo?

A pergunta existe, porque sensível pertence ao Barroco. E em que fonte doce irei beber esse conceito? Não outro, ele: Merleau-Ponty.

O professor, mesmo no ensino médio, deve ler e reler esse autor para compreender o conceito sensível, termo tão importante no mundo atual.

Em outras palavras, sensível não é uma característica do Barroco, mas um signo que, se não for estudado, “pode distorcer a realidade”.

quarta-feira, setembro 13, 2006

CruzCruzCruz&SouzaCruzSousa

Na escola Heloísa Mourão Marques, novas turmas: A e B, ensino médio. No primeiro dia, reparei que há muitos alunos atentos. O pessoa participa.
Em Literatura, saí há anos dos estilos de época. Apresentei uma poesia de Cruz e Sousa, Grande Amor, para, primeiro, buscar o significado das palavras no dicionário e, depois, buscar o sentido delas no texto.
O signo, por meio de textos, deve ser repensado, porque, segundo Bakthin, o signo, mais do que significado, tem função.
Quais são as características desse estilo de época? Não respondo, pois rejeito a pergunta. Nego a instrumentalização da Literatura em sala de aula.
Grande Amor
Grande amor, grande amor, grande mistério
Que as nossas almas trêmulas enlaça...
Céu que nos beija, céu que nos abraça
Num abismo de luz profundo e céreo.


Eterno espasmo de um desejo etéreo
E bálsamo dos bálsamos da graça,
Chama secreta que nas almas passa
E deixa nelas um clarão sidéreo.


Cântico de anjos e de arcanjos vagos
Junto às águas sonâmbulas de lagos,
Sob as claras estrelas desprendido...


Selo perpétuo, puro e peregrino
Que prende as almas num igual destino,
Num beijo fecundado num gemido.


Como estou trabalhando essa poesia em sala de aula, escreverei na próxima atualização.

Divisão entre as Partes

Há professor de cursinho de pré-vestibular que, em sala de aula, afirma "número de linhas não importa". Se lesse Redação e Textualidade, por exemplo, não diria isso.
Número, sim, são importantes. Não se escreve uma introdução com duas linhas, porque, além da idéia, é preciso haver elaboração dessa idéia. Ora, não se elabora uma introdução, apenas, com duas linhas.
Se a dissertação tem 30 linhas, repare na divisão:
Introdução - 5 ou 7 linhas;
Desenvolvimento 1 - 10 ou 8 linhas;
Desenvolvimento 2 - 10 ou 8 linhas; e
Conclusão ou solução - 5 ou 7 linhas.

Somadas, teremos 30 linhas. O professor precisa ler mais.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Outra introdução de aluno

O título,
Que País e esse

Hoje no Brasil vivemos a mais vergonhosa corrupção no plenário brasileiro, o mensalão. Que se resume em tirar dinheiro de um povo humilde onde luta todos os dias para ter uma vida digna, tendo educação e saúde.

  1. Incrível como alunos do ensino médio não sabem usar a vírgula;
  2. "No Brasil vivemos (...) no plenário brasileiro." Não pode ser plenário marciano;
  3. "Que se resume." Quem disse que na introdução deve haver resumo?;
  4. "Onde." Não há, antes de "onde", um lugar para se haver "onde". Uso errado do "onde";
  5. E o título?

sábado, setembro 02, 2006

CopEVeCoPevEcOpEvECOpeVE

Após anos, muitos anos, a Copeve deveria levar em consideração o que Maria da Graça Costa Val escreve em Redação e Textualidade, editora Martins Fontes.
Uma redação não pode se reduzida à gramática e às suas organizações interna e externa. Antes do como se escreve, o autor precisa saber o que escreve. A Copeve deve considerar a análise da informatividade.
"A informatividade é entendida pelos estudiosos como a capacidade do texto de acrescentar ao conhecimento do recebedor informações novas e inesperadas."
Longe disso, os textos de nossos alunos ecoam a voz do senso comum. Não são mais previsíveis, porque 1 + 1 = 2. Para dissertar, a Copeve poderia exigir leitura de ótimos textos em revistas e em jornais.
Essas revistas e esses jornais poderiam ser selecionados, e o aluno, para elaborar um conteúdo, deveria, antes, ler, ler, ler, ler, ler, ler.
Por exemplo, no jornal Folha de São Paulo, aos domingos, publica-se o caderno Mais! e, por causa de sua importância, o aluno deveria lê-lo para que depois um tema fosse escolhido pela Copeve.
Leitura antes de escrever. Antes da gramática ou da organização, o conteúdo. Há entre nós, muitas frases feitas, muitas afirmações sobre o óbvio.
Sobre a violência em São Paulo, um aluno escreveu isto em sua introdução.
A metrópole dos criminosos
O Brasil inteiro está com os olhos voltados para a metrópole São Paulo, onde a população está literalmente nas mãos dos criminosos. A cidade tranformou-se num caos total, onde pessoas são feitas vítimas a todo momento e ônibus são queimados; uma cidade onde até os presos mandam, ou seja: submissão.
  1. Peca-se quando generaliza. O Brasil inteiro não está com os olhos voltados para São Paulo. Em maio deste ano, as emissoras de TV transmitiram a falta de segurança por que passou São Paulo;
  2. A população não está literalmente nas mãos dos criminosos, porque 40 milhões de habitantes não cabem nas mãos dos criminosos. Quando se escreve literalmente, significa valor denotativo e não conotativo. Literal, letra, isto é, exato, ao pé da letra;
  3. A cidade não se transformou em um caos total. O aluno precisa especificar e, para tanto, deve ler o que se escreve em ótimas revistas e em ótimos jornais.