terça-feira, julho 13, 2010

Tua liberdade

Não vejo outro sentido da liberdade do que este: proporcionar bons encontros, por exemplo, com tua boca, com teu olhos, com teus seios, com teu ventre. Não concebo a palavra liberdade como forma sonora para criar o mal, isto é, para destruir o outro ou as coisas.

Hoje, após a traição de tua mãe, a indiferença de teu pai e a rejeição de tuas irmãs, restou tua sombra, mas saiba que, ao meio-dia, nem a sombra fará companhia a ti. Tu estás com teu nome. Aprenda a viver com teu nome após sua recusa de ser submissa à imagem sagrada e covarde da família embora nunca deixe de amá-la no fluxo intenso das contradições.













Teu corpo pertence a tua palavra, ninguém fala por ti agora. É hora de saber o que diz, de ouvir tuas fraquezas com ajuda de teus medos. Estás livre, ou seja, alegra-te, tu estás sozinha para fecundar encontros, derrotas, tentativas, recomeços, novas derrotas, sorrisos.

Livre para ter a certeza de que até a morte agora é só tua. Não é mais mãe e irmãs que dizem quem és, que a culpa é tua, porque, agora, tu estás livre para saber com sabor quem és. Mate o deus de tua família e recrie Um que está muito além da Bíblia mal lida e nem lida que tua família cultiva no jardim cínico da injustiça.

Se mãe e irmãs inventaram um deus para te crucificar, mate-o com a tua liberdade e assuma o milagre maior que o Criador, acima da religiões, guardou para teu destino: teu nome.

Assuma teu nome para alegrar a vida de quem te tocar.