segunda-feira, junho 18, 2007

Eu-lírico (1)

No início de Dom Quixote, o narrador nos conta que "encheu-se-lhe a fantasia de tudo que achava nos livros, assim de encantamento (...); e assentou-se-lhe de tal modo na imaginação ser verdade toda aquela máquina de sonhadas invenções que lia (...)."

Quem leu a obra de Cervantes sabe que seu personagem interpreta e decide não acreditar no que vê. Dom Quixote nos ensina a suspeitar do que vemos.

Por causa disso, ela, a fantasia, Dom Quixote encheu-se dela. Na raiz da palavra, "fantasia" significa "visão das sombras".

Assim, pela fantasia, a visão de Dom Quixote inverte o que vê, focaliza "o outro lado". Há nesse protagonista a linguagem do eu-lírico, porque sua visão deseja o "outro lado", isto é, "o verso".

A linguagem poética é essa expressão inconformada com o que vê, por isso o verso, o outro lado da página... da vida.

Em José, obra poética de Carlos Drummond de Andrade, páginas obrigatórias para o vestibular da Universidade Federal do Acre, o eu-lírico expõe uma inadequação entre o eu e o mundo logo na primeira poesia, A bruxa.

Amo este homem e a sua família


Minas Gerais, nos últimos 15 anos, chegou a mim em forma de um homem que abre a porta de sua casa como quem abre sua alma para a amizade.

Se Minas é Estado, é estado de alegria encarnado em Matheus, pessoa que prepara um churrasco delicioso e que oferta a suculenta carne à boca de amigos.

Soube que esse Amigo morreria por causa de um problema cardíaco. Aos poucos, Matheus estava partindo. Quando eu soube do grave problema, ele encontrava-se em São Paulo para se submeter a uma cirurgia.

Chorei. Senti dor.

Minas permanece de pé. Minas ainda viverá por muitos anos. A cirurgia possibilitou a esse jovem sua continuidade no tempo.

Tempo, alimento que sustenta quem sabe degustá-lo com a saliva que umedece o amor que tenho por ti, por tua esposa Lucinéa, por teus filhos João Rodolfo e Matheusa.

Que a mesa de tua CASA seja farta de compreensão. Que a fartura do diálogo empanzine tua carne de entendimento sobre você e sobre teu semelhante.

Vida longa, meu amigo!!!

Palavras a Marcos Afonso

Li tua carta, Marcos, com toda lentidão de um senhor de idade. Calma. Muita calma. O que dizer a teu olhos?

Antes de mais nada, sinto-me na humana responsabilidade de escrever com muito esmero neste blog, porque minhas palavras são captadas por pessoas exigentes, você.

Depois, digo-lhe que sou muito grato por tuas palavras. "Gosto das suas palavras. Seu blog é leve, tem boa diagramação, as fontes são elegantes, as fotografias bem definidas, os sites que você sugere, importantes."

Queria ter um tempo largo para exigir mais de mim. Às vezes ou quase sempre, atualizo este espaço a mando da rapidez. Queria humanizar este blog com a fala de gente comum, ter tempo para ouvi-las e misturá-las a poesias.

Gostei de tuas observações sobre a escola, sobre a minha profissão de fé. Leciono, Marcos, para não morrer.

Obrigado, querido!!!, que a vida o recompense com os gestos mais simples e com a certeza de que ir ao encontro do Outro confessa a nossa alegre fragilidade.

Tua carta, eu a guardarei.