terça-feira, maio 31, 2011

A poesia do beijo

Extrair do comum, do natural, o deslumbramento poético. O beijo, sabemos como ele é. Não sabemos, isso sim, ofertar a ele as devidas palavras.

No texto abaixo, meu, já postado neste blogue, minhas palavras foram uma tentativa de renomear esse encontro entre lábios, oferecendo a ele o incomum. Leia-o!

Em sua insana consciência, o Amante jamais pensa como beijará o ser Amado porque o que é vital no beijo é o não pensar. Uma vez nele, uma vez entre lábios e língua, entre a saliva e o céu da boca, já não queremos ver mais nada, por isso fechamos os olhos para somente sentir.

Desejamos tão somente sentir o movimento incerto da carne para partir... e, fechados os olhos, a Alma se sente cair no abismo de uma breve viagem. Deixar ir.

Nada no beijo é exato, preciso ou calculado. Quanto mais errado, quanto mais a língua escapa, foge, escorre, quanto mais os lábios se jogam, a boca só deseja se perder, mais ainda, na boca Amada.

Mas quem disse que o beijo são só os movimentos da carne? Antes de eu ter minha boca de volta, antes de eu ir embora, pouco antes de minha partida, deixei na tua não só o pecado molhado da saliva, mas meu sopro... meu sopro de vida.