segunda-feira, junho 29, 2009

Salário de professor

Navegar no mar da internete pode levar caravelas a bons portos. Meses atrás, meu mouse atracou-se ao cais de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Lá, conheci a navegante Ivone Bengochea, professora de Filosofia.

Entre uma palavra e outra, perguntei-lhe se sabia onde encontrar o salário do corpo docente de cada Estado e do Distrito Federal. Por meio de um amigo, ela, mais tarde, entregou aos meus olhos os salários. Os dados são de 2007, menos os de Rondônia e do Amazonas, que são de 2008.

A fonte jorrou dos sindicatos filiados à Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação. Quando olhei os salários, percebi logo que uma fonte tinha jorrado número demais. Trabalhando 30 horas e com licenciatura plena, um professor do Estado do Acre recebia R$ 2,1 mil por mês, e isso em 2007.

Com essa informação, a minha colega virtual acredita que no Acre professor recebia R$ 2,1 mil em 2007. Quem passou essa mentira para a CNTE?

Iniciando com...
No Acre, com um curso de especialização e há dez anos na rede estadual com um contrato de 30 horas, um professor recebe líquido por mês R$ 1.720. Em início de carreira, seu primeiro salário chega a R$ 1.520.

É evidente que o governo propaga que é o melhor salário do país, mas não o é, porque receber R$ 1.520 em início de carreira, por si mesmo, não é um bom salário para pagar as contas e ter o mínimo de conforto.

Não tenho conhecimento do custo de vida em Rio Branco, mas tenho certeza de que R$ 100 na capital acriana tem poder de compra menor do que em Porto Alegre, onde minha amiga virtual reside.

quinta-feira, junho 25, 2009

A "Paz" do Senhor

Em nome de um Deus que reinventam para seus interesses políticos, uma pastora e um pastor não estavam em paz na Câmara de Vereadores de Rio Branco. O texto foi retirado da coluna Bom-Dia!, do jornal A TRIBUNA.

Como diz Nietzsche, Deus também tem seu próprio inferno, que é amar aos homens.

Coisa de Deus ou do diabo? 1
Por bem pouco, a Câmara de Vereadores de Rio Branco não foi palco ontem de um "barraco", envolvendo dois tradicionais adversários políticos: a presidente do PSC, Antônia Lúcia, e o presidente da Casa, vereador Jessé Santiago (PSB). Ela foi disposta a tomar satisfações com o vereador com o argumento de ele estar movendo uma campanha sórdida contra sua pessoa na Assembleia de Deus. Postou-se na galeria até o fim da sessão e ameaçou revelar publicamente um documento sobre a vida particular de Jessé se ele não a recebesse. Temeroso de um escândalo, o assessor de comunicação, Antônio Muniz, levou-a ao gabinete da presidência para evitar uma discussão na presença da imprensa, onde foi lavada a roupa suja. Esse foi o primeiro round dos muitos confrontos que virão entre ambos na briga por espaços dentro da Assembleia de Deus pelos votos para deputado federal."

Coisa de Deus ou do diabo? 2
Afinal da conversa, Antônia Lúcia saiu rindo e, ao ser perguntada sobre o que aconteceu, foi sarcástica: “Fui lhe dizer que nem ele e nem o pastor dele, o Luiz Gonzaga, têm moral para me atacar. E também revelei ao senhor Jessé um documento judicial que prova que ele não tem a vida reta no campo pessoal, como muitos da Igreja imaginam. Quem se diz pastor como ele não pode cometer o que cometeu com uma menor.” Obs: A TRIBUNA teve acesso ao documento, mas, como se trata de assunto de vida íntima, decidiu não transcrever para não entrar na individualidade das pessoas.

segunda-feira, junho 22, 2009

Quando Jesus administra Manoel Urbano

Manoel Urbano é um exemplo de evangélicos administrando dinheiro público. Leia.
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Secretário de Manoel Urbano denuncia irregularidades na prefeitura

De Gilberto Lobo

O secretário de Finanças da prefeitura de Manoel Urbano, Jansen Negreiro de Almeida, pediu exoneração na última quinta-feira e denunciou irregularidades na administração do atual prefeito, Manoel Almeida. A notícia foi publicada no sítio Purus Line.

Jansen entregou à Presidência da Câmara dossiê que comprova fraudes no município. Os documentos, segundo alguns vereadores, contêm provas de irregularidades em pagamentos de obras acima do valor dispensado pela Lei de Licitações. Além disso, cópias de notas de empenho e de serviços.

A nomeação do secretário de Finanças era um crime de nepotismo, porque o Jansen Negreiros é filho do chefe do Executivo de Manoel Urbano. O secretário é pastor da Igreja Assembléia de Deus e foi no altar da igreja onde afirmou não concordar com os rumos que está tomando a administração de seu pai.

Segundo o Purus Line, nas ruas, populares comentam que a construção do prédio da Secretaria de Educação é um exemplo de fraude no processo licitatório. Correligionários do ex-secretário afirmam que ele preferiu sair a compactuar com as falhas que caracterizam corrupção e que manchariam seu nome.

O vereador Rubens Martins disse que "a atitude do pastor Jansen representa um tapa na cara da câmara, porque ele fez o que a Casa Legislativa deveria fazer: fiscalizar e denunciar quando necessário".
Já o presidente em exercício da câmara, Charles Brandão, garantiu que encaminhará os documentos às comissões para que sejam tomem as providências necessárias.

domingo, junho 21, 2009

A rodovia dos políticos

No Acre, jornalistas e intelectuais da Universidade Federal do Acre são incapazes de publicar textos que pensem sobre o que representa a rodovia Transoceânica para o Acre. No lugar deles, políticos acrianos discursam para o nosso bem econômico.

Por falta de bons textos, leia este sobre a integração Brasil-Peru.

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Nova rodovia dará ao Brasil acesso limitado ao Pacífico

Interoceânica, no Peru, tem obstáculos estruturais e políticos para virar corredor de exportação

Além da instabilidade social do país vizinho, limitações de circulação na rodovia podem atrasar projeto de integração comercial

AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL AO PERU

Distrito de Marcapata, Departamento de Cusco, Peru. Sob chuva forte, um paredão de 150 metros se desprende da montanha e desaba sobre a estrada. Mais de 250 mil toneladas de escombros soterram a rodovia. O trabalho de meses fica sob os Andes. Não tem sido nada trivial o esforço econômico e político do governo vizinho para a construção dos mais de mil quilômetros da Rodovia Interoceânica, projeto de US$ 2 bilhões que conectará o Brasil e o Peru, vizinhos que dividem uma fronteira de 3.000 km. Mais que isso: proporcionará ao Brasil acesso ao Pacífico.

Parte de um projeto geopolítico de integração regional, a Rodovia Interoceânica -um dos nove grandes eixos rodoviários de interligação sul-americana- oferecerá ao Brasil até o fim de 2010 uma saída com grandes restrições aos portos do outro oceano.

Além dos limites estruturais, recente crise social faz lembrar ao Brasil que o Peru é também um país com forte instabilidade política, desafio para qualquer grande planejamento logístico. No mais recente episódio, grupos indígenas bloquearam por cerca de dois meses estradas na região norte do país em protesto contra o governo (leia texto nesta página). As rodovias foram liberadas anteontem.

Na Interoceânica, a estrada também trará desafios de infra-estrutura. Boa parte dessa obra, ao sul do território peruano, avança sobre a cordilheira dos Andes. E o salto sobre essa muralha só está sendo possível graças à construção de uma pista sinuosa e com imensas limitações para o trânsito de grandes caminhões, como aqueles usados no Brasil para o escoamento da produção agrícola rumo aos deficientes portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

A reportagem da Folha percorreu mais de 1.700 quilômetros de estradas na região sul do Peru e pôde constatar que, entre as duas finalidades planejadas para esse grande projeto de infraestrutura, apenas a de permitir a integração turística e comercial entre regiões isoladas do Brasil e do Peru parece crível. O plano dos governos de viabilizar a Estrada do Pacífico como um corredor de exportação para o agronegócio brasileiro -embarcando commodities para a Ásia- não deve prosperar por enquanto.

Polêmica
O próprio agronegócio brasileiro prevê que, na ponta do lápis, os ganhos eventualmente obtidos com o custo menor de frete marítimo não compensam os mais de 2.000 quilômetros que separam as zonas produtoras do Brasil central aos portos do Pacífico.

"É uma ideia muito polêmica. A implementação desse corredor não é tão simples. É louvável a iniciativa, pode melhorar muito a nossa performance com a China. Mas, por enquanto, prefiro apostar em outras alternativas dentro do Brasil, em vez desse corredor peruano", afirma Carlos Lovatelli, presidente da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness).

Para Luiz Antonio Fayet, especialista em logística para o agronegócio, mais de 80% dos mercados brasileiros estão no Atlântico Norte e no Oriente Médio, regiões que podem ser atendidas pelos portos brasileiros. "Na minha visão, a grande prioridade nacional é resolver a questão do escoamento da safra do Centro-Norte e do Centro-Oeste com saídas pela bacia amazônica ou pelas portas da costa do Atlântico", afirma.

Os limites
O primeiro grande limite da rodovia, para os propósitos de transformá-la num corredor de exportação rumo à China, é de ordem estrutural. Projetada para suportar caminhões de até seis eixos, a Estrada do Pacífico não foi idealizada para grandes veículos, com sete a nove eixos e capacidade para transportar até 50 toneladas de carga, como os usados para transporte de cargas de exportação.

A inclinação de 12 graus da rodovia peruana é suave, mas isso a tornou excessivamente sinuosa, o que exige atenção extrema de quem tem o volante às mãos. A reportagem levou mais de 13 horas para percorrer 750 km num veículo de passeio.

Esse excessivo tempo de viagem para vencer a cordilheira é suficientemente grande para eliminar as vantagens dos portos do Pacífico.

Para o agronegócio nacional, o ganho estaria na possibilidade de embarcar grandes volumes de carga do outro lado da América do Sul, como em San Juan de Marcona. A profundidade das baías de Marcona chega a 30 metros, o que permitiria a atracação de navios de 300 mil toneladas de capacidade. Os navios que atracam no porto de Santos, o maior do país, são carregados com apenas 60 mil toneladas de carga.

Considerando um navio carregado para Xangai, na China, a diferença entre sair de Santos ou de um porto no lado do Pacífico é de quatro dias de navegação -uma economia estimada por uma grande companhia de navegação transoceânica em US$ 177 mil.

sábado, junho 20, 2009

Uma boa música aos seus ouvidos

http://www.youtube.com/watch?v=Z72Uv-qMci0

Secretaria, Redação e Sindicatos

Ontem, soube que a Secretaria de Educação do Estado não permitirá a semestralidade em 2010. Na prática, isso significa que o professor de Literatura-Língua Portuguesa lecionará para 6 turmas caso tenha um só contrato.

Mais turmas
Se em cada turma há 40 alunos, o professor terá diante dele 24o redações. Se o professor for muito aplicado, corrigirá mais de 240 por mês. Hoje, eu leciono para duas turmas; mas, com o fim da semestralidade, serão 4 turmas, ou seja, 160 redações.

Meu trabalho não será o mesmo. A qualidade ficará comprometida. Para falar a verdade, não lecionarei aula de Redação como antes, e isso se eu lecionar. Não serei uma peça em uma engrenagem que não funciona bem.

Sindicatos
Neste momento, onde estão o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre (Sinteac) e a presidenta do Sindicato dos Professores Lincenciados (Sinplac)? No caso dele, deve estar dando entrevista sobre fuso horário.

Segundo eu sei, eles defendem o fim da semestralidade. Sinteac e Sinplac deveriam exigir da Secretaria de Educação um debate que envolva professores. Depois disso, o corpo docente estadual deveria votar. A questão é séria.

Qualidade
Caso a secretaria tome decisão unilateral, a produção textual em sala de aula será inviável. Por outro lado, a secretaria pode até recusar a semestralidade, mas desde que diminua a quantidade de alunos em sala de aula. Hoje, como já disse, são 40, o Estado deveria reduzir esse número à metade.

Sobre isso, os sindicatos calam-se, porque, para Sinteac e Sinplac, falar de produção textual em sala de aula é assunto técnico e, por isso, assunto pequeno para seus interesses políticos e não educacionais.

Assembleia Legislativa do Acre
Deputados debaterão sobre isso? Se seus blogues não se envergonham dos erros grosseiros de português, não será a assembleia que debaterá sobre produção textual fora da semestralidade.

A assembleia tem outras preocupações, por exemplo, ofender e defender o subsecretário da Saúde, professor Sérgio Roberto. Outra: elogiar o Internacional, do Rio Grande do Sul, na tribuna. Mais uma: falar de investimentos de deputados na bolsa de valores de Nova York.

Seus filhos não estudam em escola pública.

quinta-feira, junho 18, 2009

"Queremos ser professores"













Luan e Jamylle, dois ótimos alunos do segundo ano do ensino médio. Exijo, e eles respondem à altura. Poderia exigir mais porque eles, ainda sim, responderiam. Hoje, na aula, soube que os dois desejam lecionar. "Queremos ser professores", sonham.

O que responder? Antes de minha subjetiva manifestação, a realidade. Após quatro anos na faculdade, discursos, diploma, abraços, bebidas, salgadinhos, ou seja, formatura. Depois dela, o mercado de trabalho.

Onde lecionar? Para ser professor estadual ou municipal, o concurso público precisará bater à porta dos recém-formados, e pode demorar. Entre os dois últimos concursos, houve um abismo de 10 anos. Se o concurso fosse hoje, o Estado pagaria R$ 1.520 por mês, valor líquido de 30 horas.

Muito? Aluguel no Acre, R$ 400; supermercado, R$ 300; luz, R$ 100. Até aqui, são R$ 800. Sobram R$ 720. O que faremos com as sobras? É claro que há mais gastos domésticos. Pergunto outra vez: muito?

Só para quem concluiu o ensino médio, tem concurso público que oferece salário acima de R$ 5 mil. Eu disse concurso para ensino médio.

Com esse salário de um contrato, vocês lecionarão para seis turmas, ou melhor, para 240 alunos. Caso Jamylle seja professora de Língua Portuguesa, ela corrigirá 240 redações. E isso tem um nome: qualidade de ensino.

Bem, se vocês, Luan e Jamylle, não são ainda professores de escola pública, deverão lecionar na iniciativa privada enquanto o outro concurso do Estado não bate à porta, e aí, meus amigos, piora porque são mais turmas e salário menor.

Sejam médicos. Sejam advogados. Sejam políticos. Se vocês querem um conselho, não sejam professores.

quarta-feira, junho 17, 2009

Marina segundo duas imagens








Antes de qualquer suspeita, sou eleitor inalienável de Marina Silva. Meu inexpressivo texto não será sobre sua pessoa ou sobre o ser político, longe disso, mas sobre Marina segundo duas imagens.

Clássica, a primeira foto transpira o vigor de uma luta pelos pobres. Sinto o cheiro de suor, percebo o corpo ao Sol dentro da mata. Expressão rígida, tensa, a líder não só guia os humilhados, mas se assemelha eles na forma de andar, de se vestir. Através de uma trilha, a marcha os iguala.


Na segunda foto, seu rosto não expressa uma gota de tensão ou de luta. Com uma bela roupa, sua imagem não mais transpira mas exala serenidade. Sentada, Marina está só (onde estão os humilhados?).

Nesta foto, o poder modelou sua imagem. Diria mais, bem diferente da primeira, o poder secou seu suor, limpou sua veste. Não existe aqui a imagem da luta, mas a delicadeza do repouso.

domingo, junho 14, 2009

Uma ótima postagem

Postando neste inexpressivo e muito pouco lido blogue, o jornalista e agora microempresário explorador (KKKKKKK) Josfá Batista deixou uma postagem interessante sobre homossexuais e e protestantes.

Segundo Josafá, no Rio de Janeiro, por meio do Tribunal de Justiça, aprovou-se uma lei que permite protestantes criticarem "práticas homossexuais".

sábado, junho 13, 2009

Marcha eleitoreira para Jesus

"Amontoamento populaceiro. Ali tudo está misturado: o santo e o bandido, o fidalgo e o judeu e todos os animais da arca de Noé", de Nietzsche, Assim falou Zaratustra.













Hoje, protestantes marcharam para Jesus em um dia lindo de Santo Antônio e dois dias após a procissão de Corpus Christi, festa da Igreja Católica. Das fotos de Debora Mangrich, escolhi esta por dois motivos: espaço e posição dos fiéis.

Eles terminaram a marcha para Jesus onde se erguem o Palácio Rio Branco, símbolo do Poder Executivo, e o prédio do Poder Legislativo. Por que religiosos terminaram uma marcha diante desses dois poderes e não diante de uma igreja?

Até onde eu sei, Jesus nos acolhe na igreja; pastores, porém, oram na Assembleia Legislativa do Acre e em câmaras de vereadores. São pastores-políticos e são políticos-pastores. Jesus, que é do PT, do PSB, do PMDB, do DEM etc, em verdade, deixou os limites da igreja para fazer política partidária.

E, nessa política, não há Jesus que promova a união, o entendimento. A pastora Antônia Lúcia, exemplo clássico desses desunidos interesses partidários, hostilizou, em nome do Senhor, a senadora Marina Silva, também protestante.

Mais do que multidão, o rebanho marchou não como ovelhas fiéis, mas como fiéis-eleitoras ou eleitoras-fiéis com intenções claras de que seus pastores ocupem cadeiras dos Poderes Executivo e Legislativo. A igreja é pouca para eles, por isso terminaram a marcha entre o executar e o legislar.

Jesus, refém dessa gelatina bíblica, deposita sua fé no Poder Legislativo para criar leis, por exemplo, contra homossexuais, esses "anormais sujos" que merecem ser castigados pela ira do Senhor, que é deles. "O sangue de Jesus tem Poder" Legislativo.

Se no passado o pastor Moisés buscava a terra prometida para fugir da opressão egípcia, nossos pastores buscam o dinheiro público das assembleias e das câmaras para semear a justica divina contra os impuros.

Quem conhece um pouco a comunhão entre ex-governador Garotinho e igrejas protestantes sabe muito bem como o dinheiro público era usado por "Deus".

Prefiro terminar este texto com falas dele entre aspas: Nietzsche.

Quando olhei o rebanho, eu disse... "encontrei mais perigos entre os homens do que entre os animais", por isso o meu "criador não procura cadáveres, procura colaboradores que inscrevam valores novos ou tábuas novas".

"Não devo ser pastor nem coveiro." "A revolta é a nobreza do escravo", mas o rebanho, por não ser nem escravo, nunca se revolta. Aqueles pastores, reparai, "vede, pois, esses adquirem riquezas, e fazem-se mais pobres. Querem o poder, esses ineptos, e primeiro de tudo o palanquim do poder: muito dinheiro!".

Assim, quando virei as costas para o rebanho com seus pastores, "o diabo disse-me assim um dia: 'Deus também tem o seu próprio inferno: é amar aos homens."

E eu disse a um pastor. Eu sei que o senhor, pastor, ama seu rebanho, mas eu digo mais, ame-o como as mães amam seus filhos - "quando se ouviu dizer que uma mãe quisesse ser paga do seu amor?".

"Você diz isso porque ignora o que seja a Igreja", disse-me. Desliguei a TV quando outro pastor pregava. "Igreja - respondi - é uma espécie de Estado, e a espécie mais enganosa."

quinta-feira, junho 11, 2009

12 de junho



No dia de Corpus Christi, não fui à procissão pelas vias públicas. Sei que o papa Urbano IV determinou em 11 de agosto de 1264 que pés caminhassem para honrar o Corpo do Senhor; entretanto, como eu soube que Urbano quis impor sua fé por meio de cruzadas, não honrei o Corpo do Senhor. Não gosto de procissões. Não sou chegado a cruzadas.

Ignorei a determinação de Urbano IV e esperei o Dia dos Namorados para honrar o dia de Corpus Mony com o cuidado de quem toca na finitude da carne, de quem sabe que só a ausência é eterna - morreremos.

Porém, antes que a última gota de teu fim caia sobre mim, antes que tua ausência preencha de angústia minha vida, eu possa beijar, todo cotidiano dia, tua face antes de deixar a cama, antes de pôr os pés em chão firme.

Se procissão é repetir gestos, a minha tem sido declinar a cabeça, dia após dia, para crer que "o amor é grande e cabe/no breve espaço de beijar".

terça-feira, junho 09, 2009

No fundo, não vale a pena ser professor












Li esse parágrafo da matéria do jornalista Freud Antunes.

De acordo com o sítio da entidade (http://ameac.blogspot.com/), a tabela apresentada garantirá ao coronel, que atualmente ganha R$ 8 mil, uma remuneração de R$ 10,29 mil. O soldado só receberia um reajuste ao chegar ao nível 2 da carreira, passando de R$ 1.811,77 para R$ 1.938,84.

Caso a minha filha revele algum desejo de ser professora, direi aos seus ouvidos que esse não é o melhor caminho para adquirir patrimônio & bens. "Não seja professora, filha", é o que falarei. Mesmo no Acre, onde há o melhor salário do país, não vale a pena mesmo a alma não sendo pequena.

Quando sair da faculdade, ela lecionará em uma escola privada - receberá menos e trabalhará mais - até que o Estado abra um concurso. Após anos e anos de espera, se apassar, receberá por mês R$ 1.540, líquido, 30 horas.

Filha, vá ser coronel da PM. No primeiro mês, seu contracheque registrará a alegria eufórica de R$ 10 mil. Se você for professora, após anos no magistério, tua aposentadoria não chegará à metade de R$ 10 mil.

Carreira militar, filha, dará a ti status, poder. O país, na verdade, meu amor, não precisa de professor; ele precisa de direito, de medicina, de coronéis. Para teu bem - e eu quero o teu bem -, não lecione.

Deixe o país inculto, filha!
E direito, e medicina, e coronéis que se virem com ele.

domingo, junho 07, 2009

A leitura não te abraça na escola


A Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura, articulada pela Prefeitura de Rio Branco e pelo governo do Estado, administrações do Partido dos Trabalhadores, fechou suas páginas em 7 de junho, sábado.

Não fui a um dia. Queria ter ido à palestra do provocador Márcio Souza, porém o destino não esteve a meu favor.

Uma bienal para a leitura. O governo propagou por meio da televisão e do rádio a importância da leitura, mas, na rede pública de ensino, aluno não é motivado a ler, porque a escola pública não é, pasme-se!, lugar de leitura.

Na escola Heloísa Mourão Marques, onde leciono desde 2003, conheci duas coordenadoras de ensino que achavam inútil ler um bom livro em sala de aula. Nunca mais me equeci de suas inteligências, professoras Nádia e Otacília. "Perda de tempo", diziam. Ignoravam como eu lecionava, nunca assistiram a uma única aula, mas ler em sala, para elas, era desnecessário.

Em 2000, quando lecionei para alunos do ensino fundamental, fui processado pelo diretor da escola Raimundo Gomes - não me lembro dessa outra inteligência - porque, no lugar das aulas de gramática, eu lia Monteiro Lobato para meus alunos.

Lembro-me de minhas leituras no Cerb, em 1998, um colégio estadual de Rio Branco.

Hoje, leio na escola Heloísa Mourão Marques sem problema. Reservo o dia de leitura no auditório da escola por ser muito silencioso, por ser confortável. Nesse espaço, leio, e alguns alunos tecem algumas perguntas. Compreender, interpretar, observações gramaticais, vocabulário.

E pensar que já fui processado por um diretor de escola por ler em sala de aula. Quando eu me lembrar de seu nome, registrá-lo-ei aqui.

sábado, junho 06, 2009

Redação voluntária

Ao todo, 60 alunos assinaram um documento, pedindo que professores lecionassem redação por causa do Enem. Conversaram comigo e com o coordenador de ensino, porf. Gleidson, e, pronto, as aulas foram marcadas para acontecer aos sábados, das 9 horas às 11 horas.

Hoje, segundo dia, 19 alunos compareceram. Na condição de professor voluntário, 41 alunos ausentaram-se, indiferentes ao tempo gratuito que ofertei a eles.













Na foto, Deusenir escreve uma frase-oracional depois de ler a proposta do Enem de 2000. Em sala, reconstruímos uma introdução no computador com a participação dos alunos, observando erros e propondo outra escrita.
Espero que possamos elevar a nota da escola no Enem.

quarta-feira, junho 03, 2009

Eu vou!!!



Márcio Souza
em Sempre Um Papo


Matéria da
Agência de Notícia do Acre








Evento faz parte da programação
da Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura

Os livros O Brasileiro Voador e História da Amazônia, do escritor Márcio Souza, estarão no centro do debate de mais uma edição do projeto Sempre Um Papo, desta vez inserido no maior evento literário realizado no Acre, a Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura.

O lançamento dos livros, que tem patrocínio do governo do Estado, será às 19 horas, no auditório do Colégio Estadual Barão do Rio Branco (CEBRB).

O livro História da Amazônia é obra inédita do escritor. Já O Brasileiro Voador é uma reedição que traz ficção e realidade com a narrativa biográfica sobre a trajetória de Santos Dumont. Márcio Souza, além de escritor, é roteirista de cinema, dramaturgo e diretor de teatro e ópera. Dirige o Teatro Experimental do Sesc do Amazonas (Tesc).

A Bienal da Floresta, do Livro e da Leitura reúne escritores de todo o país em Rio Branco até o dia 7 de junho. A aproximação com o público leitor se dá por meio de palestras, mesas-redondas, painéis e debates. O evento, realizado por Fred Perillo Consultoria de Comunicação e AB Comunicação, tem entrada gratuita.

segunda-feira, junho 01, 2009

Professores, acabou a folga!

Hoje, assinei um documento da Secretaria Estadual da Educação que determina a professora Maria de Jesus acompanhar o professor na escola quando for a "folga" do docente. Às sextas-feiras, eu não lecionava, aproveitando o dia para acordar mais tarde, para resolver assuntos particulares, para preparar as aulas.

Mas essa "folga" não foi criada para isso. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre (Sinteac), ela surgiu com a finalidade de o professor planejar suas aulas na escola, porém o próprio sindicato nunca fez questão de esse dia ser um dia de planejamento.

Após anos "folgando", o professor planejará com um ténico da secretaria suas ações. O responsável por isso, professor Josenir Calixto, diretor do ensino médio no Estado do Acre. Ele coloca na ordem o que fora desvirtuado.

A secretaria estadual tem a obricação de saber o que seu funcionário leciona e como leciona em sala de aula. A medida chegou tarde, mas o que importa é que ela chegou. Professor de Redação leciona o quê? como esse professor leciona? A secretaria, finalmente, saberá responder, é o que se espera.