quarta-feira, outubro 05, 2011

Quando eu voltar a blogar, não sei. Se eu voltar.


Certa vez, perguntaram a mim o que seria morrer. Sem apelo religioso, sem pensar em outra vida, sem defender a ideia de que existe vida após a morte, respondi que morrer é a suprema perfeição do esquecimento.

Não importa se amanhã ou se a dois mil anos. Eu, por exemplo, serei lembrado no máximo em uma missa de sétimo dia. Tenho a mais serena compreensão de minha insignificância.

Semelhante a Sísifo, carregamos a pedra ao topo e, depois, deixamos que ela role. Outra vez, nós a carregamos ao topo para que a pedra role outra vez. No entanto, embora façamos esse gesto sem futuro,  sem esperança, precisamos encontrar um sentido para esta vida.

Um sentido. Entretanto, ainda que possamos encontrar um sentido, a morte nos sepultará na cova profunda do esquecimento. Morremos para ser esquecidos.

Resta, portanto, preparar-se. Já li em obras literárias e já vi em belos filmes personagens que deram ao ato final a beleza de não haver o medo do fim, por exemplo, estes: Cyrano de Bergerac (peça teatral de Edmond Rostand), Drogo (romance O Deserto dos Tártaros), Selma (filme Dançando no Escuro), Adolf Hitler (filme A queda) e, antes deles todos, o filósofo Sêneca

Por meio deles, o autocontrole, isto é, a senhora Razão os guiou com a cor da serenidade.