domingo, março 11, 2012

Prova diagnóstica

Todo ano, a Secretaria de Educação do Acre exige que as escolas submetam seus alunos a uma prova diagnóstica para que o professor saiba a real situação do corpo discente em cada disciplina.

A ideia é boa.

Neste ano, a minha prova diagnóstica seguiu o caminho dos "descritores". Confesso que exige muito mais tempo para o professor corrigir e lançar os dados, mas a ideia dos descritores deve ser mantida.

De minas quatro turmas do 2º ano do ensino médio, todas, sem exceção, apresentaram menor porcentagem de acerto no "descritor 15".

Turma A (37 alunos): 3% de acerto;
Turma B (33 alunos): 6% de acerto;
Turma C (37 alunos): 8% de acerto; e
Turma D (25 alunos) 12% de acerto.

O descritor 15 indica que nossos alunos ignoram
 COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO, ou seja, eles não sabem estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

Um jeito de melhorar a habilidade ligada a esse descritor é propor exercícios de articulação das orações no período. Nessa situação, muitas vezes, é possível estabelecer relações lógico-discursivas unindo as mesmas orações com conjunções de diferentes significados. Assim, há a reflexão sobre a relação entre as orações e os sentidos que podem ser construídos com cada conectivo.

Identificar o descritor sem propor solução é o mesmo que identificar a doença sem propor um remédio.

Esse problema do descritor 15 é predominante porque na escola acriana não há leitura de narrativas complexas, não há refacção textual em sala de aula e não há o estudo gramatical.

As construções sintáticas de nossos alunos do ensino médio são péssimas, assemelhando-se a uma 5ª série. Eles, por exemplo, saem do ensino médio sem dominar estruturas sintáticas das subordinadas adverbiais, ignorando, com efeito, a relação entre causa e efeito, entre oração principal e oração concessiva.

Haver prova diagnóstica sem propor solução é ineficaz.