terça-feira, outubro 21, 2008

A literatura segundo os comunistas

De Aldo Nascimento

Há muitos anos, não ouço daquela esquerda palavras de ordem contra “políticas neoliberais”. Hoje, adequada à economia de consumo neoliberal, essa esquerda não protesta contra a mais-valia na forma de uma Hilux. Ignora-se, entretanto, que o neoliberalismo permite ao indivíduo o que comunistas não permitiram na história: a liberdade de criar.

Se tivesse nascido no berço da economia de mercado, a arte de Vladimir Maiakóvski teria seguido outro destino. Os burocratas comunistas não apreciavam sua arte, por isso entre eles os choques foram inevitáveis. Em 14 de abril de 1930, Maiakóvski suicida-se com um tiro. Tinha apenas 37 anos.

Não há mais União das Repúblicas Soviéticas Socialistas (URSS), mas os versos desse fascinante poeta permanecem vivos. O Estado comunista ruiu. Maiakovski não: “Nesta vida/morrer não é difícil/o difícil/é a vida e seu ofício”, poetizou. Para quem ainda pensa que suicídio é ato de fraqueza, digo que, no caso de Maiakóvski, o suicídio foi apenas a confissão de que a existência não valia a pena em um Estado totalitário.

Devo aqui, entretanto, reconhecer que Lênin admitia que o trabalho literário “não é possível de nivelamento mecânico, de um domínio de uma maioria sobre a minoria”. Para ele, deveria haver “o máximo de espaço à iniciativa individual e às inclinações individuais, o máximo de espaço ao pensamento e à fantasia, à forma e ao conteúdo”. Para a desgraça de Maiakovski, entretanto, Lênin morre antes que seu pensamento fosse uma realidade política.

Sob a tutela de Stálin, em 17 de agosto de 1934 – pouco mais de quatro da morte de Maiakóvski -, o 1º Congresso de Escritores Soviéticos coroa, por meio de Andrei Jdanov, o “realismo socialista” como doutrina oficial, mesma doutrina com que o Partido Comunista Brasileiro (PCB) asfixiaria a liberdade de criação com as mãos rudes de uma ideologia que não admitiria a imaginação, as inquietações da forma.

Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, não suportaram a pressão do PCB e, como resposta, arrancaram as mordaças da anticriação literária. Outro dissidente foi Graciliano Ramos. Em 1935, o autor de Vidas Secas envia uma carta ao crítico Oscar Mendes, dizendo: “Acho que transformar a literatura em instrumento de propaganda política é horrível. Li umas novelas russas e, francamente, não gostei.”

Sem imaginação, preso à objetividade, o realismo socialista de Andrei Jdanov fechou a palavra em si mesma, evitando a polissemia ou enfraquecendo-a por meio de um discurso autoritário. Assim, sem pluralidade, o monólogo panfletário de comunistas sacramentou um jogo parafrásico a fim de sepultar a ficção.

Por que domesticar a imaginação? Por que comunistas identificaram-se com o realismo? Por que eliminar a ficção? Em um pedaço de jornal, impossível responder. Posso, isso sim, deixar esta ótima dica para quem deseja (des)cobrir essa caça ao texto ficcional: A Trilogia do Controle, um denso livro do professor Luís Costa Lima.

Boa leitura!!!

Raionery, obrigado!

"Ainda hoje lembro-me das aulas hiperdinâmicas de um superprofessor chamado Aldo A. T. do Nascimento que lecionava na Escola Raimundo Gomes de Oliveira. Este revolucionou ao implantar um jornalzinho na escola, ao incentivar as leituras em baixo das árvores da escola, no auditório do centro cultural ao lado da escola, ou em qualquer lugar que lhe fosse adequado para o aprendizado dos alunos ao deleitarem-se em livros como Cinderela ou Fernão Capelo Gaivota, também levava os alunos à Filmoteca Acreana para assistirem "Sociedade dos Poetas Mortos". Dessas atividades o referido professor extraia valiosos debates e lições de literatura, gramática e redação, que ficavam gravados na mente dos alunos (de alguns, pelo menos), contribuindo imensamente para o aprendizado dos mesmos. Os tempos passaram, alguns se esqueceram dos professores, contudo aquelas aulas ficaram cravadas nas memórias. As atitudes daquele professor e seus métodos fortaleceram ainda mais meu desejo de ser professor e de lecionar na escola púlblica, hoje estou cursando Licenciatura em História na Universidade Federal do Acre, devendo em parte, àquelas ações do professor Aldo Nascimento."
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Raionery, lembro-me de ti e é bom saber que deixei algo em você. Fico feliz com tuas palavras, sei que são verdadeiras. Bom saber que você segue um caminho correto para melhorar a vida das pessoas. Estude, leia muito, compre livros, erga uma bibloteca aos poucos em tua casa e, quando entrar em sala para lecionar, alegre teus alunos para transformar o destino.

Um grande abraço em tuda vida e, por favor, mande uma foto para eu perceber como você é hoje. Vida longa aos que são inquietos! Vida longa aos que lutam contra a ignorância e a alienação!