Nas clássicas estórias infantis, o mundo divide-se entre bons e maus, sendo
que os bons passam por provações; sofrem para que a ordem (pessoal) seja
restabelecida, isto é, para que a personagem ocupe o seu devido lugar na
estória.
Sobre essa literatura infantil, ler
Bruno Bettelheim, um dever.
Em 1978, Ruth Rocha publica “O Reizinho Mandão”, narrativa infantil que apresenta uma estória não de ordem pessoal, mas de ordem social.
Se, em “Branca de Neve”, o poder da rainha é ser a mais bela do reino (ordem pessoal), não havendo, portanto, a relação entre o governante e os súditos (ordem social), o poder do Reizinho Mandão impede em seu reino que os súditos o critiquem.
- Cala a boca! Eu é que sou o rei. Eu é que mando!
No reino do Acre, para que os súditos
soubessem o que a Polícia Federal (des)cobriu, o melhor lugar para não saber foi
a imprensa escrita rio-branquense, cuja função social tem sido há anos
registrar a contagem do tempo conforme o calendário.
Mas o que o seu rei mandar... não faremos
todos.
Libertadas das redações dos jornais, as palavras no blogue de Altino Machado, nas redes sociais e na revista Veja não se calaram.
Libertadas das redações dos jornais, as palavras no blogue de Altino Machado, nas redes sociais e na revista Veja não se calaram.
Por meio delas, soubemos que o reino do Acre é desencantado.
Blogue não
é súdito
No
Acre, jornalismo deixou de ser feito em redação de jornal. Jornalismo é ação
individual de um nome (o teu, o dele) que libertou a palavra da linha de
montagem das redações.
Blogue, lugar incômodo em que o governante não pode visitar para agradar ao
jornalista. Esta, portanto, a natureza do blogue: desobediência aos reis,
porque o blogue é um reino à parte.