sábado, maio 25, 2013

O Reizinho Mandão


Nas clássicas estórias infantis, o mundo divide-se entre bons e maus, sendo que os bons passam por provações; sofrem para que a ordem (pessoal) seja restabelecida, isto é, para que a personagem ocupe o seu devido lugar na estória.

Sobre essa literatura infantil, ler Bruno Bettelheim, um dever.


Em 1978, Ruth Rocha publica “O Reizinho Mandão”, narrativa infantil que apresenta uma estória não de ordem pessoal, mas de ordem social.

Se, em “Branca de Neve”, o poder da rainha é ser a mais bela do reino (ordem pessoal), não havendo, portanto, a relação entre o governante e os súditos (ordem social), o poder do Reizinho Mandão impede em seu reino que os súditos o critiquem.

- Cala a boca! Eu é que sou o rei. Eu é que mando!

No reino do Acre, para que os súditos soubessem o que a Polícia Federal (des)cobriu, o melhor lugar para não saber foi a imprensa escrita rio-branquense, cuja função social tem sido há anos registrar a contagem do tempo conforme o calendário.

Mas o que o seu rei mandar... não faremos todos.

Libertadas das redações dos jornais, as palavras no blogue de Altino Machado, nas redes sociais e na revista Veja não se calaram.

Por meio delas, soubemos que o reino do Acre é desencantado.


Blogue não é súdito

No Acre, jornalismo deixou de ser feito em redação de jornal. Jornalismo é ação individual de um nome (o teu, o dele) que libertou a palavra da linha de montagem das redações.


Blogue, lugar incômodo em que o governante não pode visitar para agradar ao jornalista. Esta, portanto, a natureza do blogue: desobediência aos reis, porque o blogue é um reino à parte.