sexta-feira, setembro 15, 2006

Matar & Matar

Atirador canadense se definia como 'Anjo da morte'

Publicada em 14/09/2006 às 15h48m

MONTREAL - O atirador que abriu fogo em uma escola secundária de Montreal, matando uma mulher e ferindo outras 19 pessoas na quarta-feira, referia-se a si mesmo como o "anjo da morte'', segundo o diário que mantinha na internet.

A polícia confirmou nesta quinta-feira que o atirador, que morreu no local do incidente de quarta-feira depois de um tiroteio com a polícia, chamava-se Kimveer Gill, tinha 25 anos e morava em um subúrbio da cidade canadense.

Em website dedicado à cultura gótica, Gill disse que seu lema era “Viva rápido, morra jovem e deixe um corpo mutilado”.

Ele usava o apelido “Trench”' e também escreveu no site que adorava armas e odiava as pessoas.

Testemunhas do incidente, que aconteceu no centro de Montreal, disseram que o atirador usava um casaco preto comprido e botas, e tinha o cabelo cortado no estilo moicano.

Autoridades da área de saúde de Montreal disseram que, dos 19 feridos, seis estavam em estado grave e dois corriam perigo.

O ataque aconteceu no Dawson College, uma faculdade de língua inglesa com cerca de 10 mil estudantes entre 16 e 19 anos, no coração de Montreal, a segunda maior cidade do Canadá.

Em seu blog, escrito em inglês, Gill publicou várias fotos que o mostravam com armas e uma faca, e com o cabelo no estilo moicano. Uma das fotos mostra o homem, que era alto e magro, com um casaco preto comprido e segurando um fuzil automático e com a legenda: “Pronto para a ação”. “A raiva e o ódio fervem dentro de mim”, diz outra legenda de foto.

Uma outra imagem mostra-o com uma arma automática preta descrita por ele como uma carabina semi-automática CX4 Storm. Em outra, ele diz: "Acho que tenho uma obsessão por armas.''

A estudante não resistiu a ferimentos e morreu no hospital. As vítimas foram encaminhadas para hospitais da região com ferimentos na cabeça, no abdômen, no peito, nas pernas e braços. (Pânico na Dawson College) .

“Eu pude vê-lo disparar várias vezes. Corri para uma sala de aula. Era como em um filme”, disse o aluno Michael Boyer à TV CBC. “Ele tinha menos de seis pés de altura (1,80m), mas não pude ver seu rosto, estava completamente coberto”.

Robert Soroka, que dá aulas na faculdade, disse que estava no quarto andar quando ouviu os disparos. Correu imediatamente pelo corredor e disse aos outros professores que mantivessem os alunos nas salas e fechassem as portas.

“Esta poderia ser uma situação péssima, se acontecesse cinco minutos depois, quando os alunos estariam saindo das salas durante o intervalo” afirmou.

Segundo Soroka, o incidente começou às 12h45m (13h45m em Brasília) e os tiros continuaram por meia hora. Ele disse ter ouvido pelo menos 20 disparos.

Atirador disparou sem aviso
Segundo testemunhas, o atirador estava todo vestido de preto, tinha um rosto “gélido” e abriu fogo sem avisar. Ele teria começado o ataque fora da escola, entrado pela porta da frente e continuado a atirar lá dentro.

“Ele não disse nada. Tinha o rosto gélido como pedra, não havia nada em seu rosto, ele não gritou nenhum slogan nem nada. Ele só começou a disparar. Era um assassino a sangue frio”, disse o estudante Soher Marous.

Uma jovem disse, chocada, que havia saído para fumar com amigos quando o ataque começou.

“Tinha um cara andando com um sobretudo preto e botas pretas enormes, com esse corte de cabelo maluco e uma enorme arma. Ele estava descendo [a rua] em plena luz do sol com a arma, ninguém disse nada a ele, e aí começou a atirar”, contou ela à emissora CBC.

“Ele atirou nas pessoas bem ao nosso lado. Todo mundo estava correndo, nós nos escondemos nos arbustos, havia destroços voando das balas que caíam ao nosso lado. Vimos todo tipo de gente sendo baleada do lado de dentro”, contou.

A moça disse que o atirador era branco, cerca de 20 anos, e parecia um “esterótipo, com o longo casaco preto e cheio de tachas, piercings, coisas assim”.

O aluno Soher Marous estava saindo quando o homem entrou.

“Eu estava na porta da frente e vi esse cara com sobretudo e botas do Exército, e ele tinha um fuzil de duas coronhas. Eu o vi abrir fogo - paf, paf, paf - e aí todo mundo começou a correr”, relatou ele à CBC.

“Corremos para a porta da frente e ele veio atrás de nós. Ele estava alguns metros atrás”, disse Marous, que contou ainda ter tentado alertar outros alunos ao fugir.

Outro aluno, Michael Boyer, disse que estava no corredor esperando uma aula quando viu o pânico.

Marous afirmou que ficou sem ação ao ver o incidente e que só se salvou porque um amigo insistiu que ele corresse.

“Na verdade, é difícil, naquela situação, reagir como se deve. Eu fiquei hesitando, nunca tinha ouvido um tiroteio antes, não sei o que é isso.”

SignO

Bem antes de Mikhail Bakhtin (1895-1975), Nietzsche, que lecionou filologia, revelou o poder NO signo lingüístico.

Como exemplo, ele citou o significante “bom” com seu duplo sentido. Para as classes sociais incultas, sem poder, usava-se “bom” na Alemanha para dizer que alguém era “dócil”. Para os que detinham poder, “bom” era todo aquele que fosse “guerreiro”.

Genealogia da moral”, eis a obra desse que influenciou o futuro.

Mais tarde, no século 20, Volochinov ou Mikhail Bakhtin publica “Marxismo e filosofia da linguagem” em 1929. No capítulo 1, página 32, lê-se que “o signo lingüístico pode distorcer a realidade”.

O signo “bom”, acima, distorce. Com esse exemplo de Nietzsche, Bakhtin completa anos mais tarde: “O signo se torna a arena onde se desenvolve a luta de classe.”

LITERATURA

Em sala, a Literatura caducou. Períodos de época reduzem o literário ao funcional há anos. Na faculdade de Letras, alguma professora-doutora reproduz o historicismo, condenado há anos por professores de História.

Ainda fala-se de características do Barroco. Em sala, o professor de Literatura precisa pensar os signos segundo Nietzsche, segundo Bakhtin. Qual o sentido e a função do conceito sensível, por exemplo?

A pergunta existe, porque sensível pertence ao Barroco. E em que fonte doce irei beber esse conceito? Não outro, ele: Merleau-Ponty.

O professor, mesmo no ensino médio, deve ler e reler esse autor para compreender o conceito sensível, termo tão importante no mundo atual.

Em outras palavras, sensível não é uma característica do Barroco, mas um signo que, se não for estudado, “pode distorcer a realidade”.