sábado, novembro 10, 2007

Um apelo eleitoral

Não lanço palavras a alunos que nunca estudaram comigo, porque esses me ignoram, só ouvem falar de meu fantasma.

Falo aos que vivem comigo entre as quatro paredes da escola Heloísa Mourão Marques, sem ar-condicionado; profiro aos que, diante de mim, saboream minha virtude e aos que sentem o gosto amargo de meus defeitos.

Querido aluno, a eleição de gestor se aproxima para definir o que desejamos com a nossa escola pública. Teu voto representa uma escolha para os próximos quatro anos. O teu destino prende-se a teus estudos, pois, sem estes, aquele está condenado ao fracasso.

Não podemos mais suportar uma escola sem direção, sem proposta educacional, sem vontade de transformar a tua preciosa vida por causa de alguns que permanecem indiferentes e cínicos. Alguns.

Um gestor sensível, inteligente, franco, ético, ou seja, um pessoa que não se reduza à aparência das palavras, à dissimulação. Um gestor que trabalhe mesmo, que saiba apontar novos caminhos com todos e para todos. Um gestor que saiba exigir e que saiba ser amável com equilíbrio e com perseverança.

Aluno, aluna, por favor, vamos transformar a escola Heloísa Mourão Marques para o bem de nossos destinos, porque, como escreveu o poeta Affonso Romano de Sant'Anna,

"Uma coisa é um país,
outra um ajuntamento
".

E, para nós,

Uma coisa é uma escola,
outra um ajuntamento.

Professor e Professora, assistam!!!













Hoje, madrugada, assisti a este bom filme do diretor americano Richard LaGravenese, Escritores da Liberdade.

Com sua narrativa simples, sem nenhuma pretensão de ser um filme autoral ou filme-arte, Escritores da Liberdade reproduz uma realidade que ocorreu em uma escola dos Estados Unidos, na última década do século 20.


Essa película une-se aos filmes Ao Mestre com Carinho, Sociedade dos Poetas Mortos e O Sorriso de Mona Lisa, formando um quadrívio exemplar sobre a escola.

Professora de Literatura, Erin apresenta Homero em sala de aula, mas, conforme os conflitos tomam dimensões maiores, ela opta por um livro que se relaciona à vida social desumana e violenta dos alunos.

Para isso, eles lerão
O Diário de Anne Frank. Amável e rígida, sensível e austera, Erin mostrou o que venho afirmando há tempo, que o ensino de literatura no ensino médio é distorção, é anacrônico, com sua divisão histórica: Barroco, Arcadismo, Romantismo, Parnasianismo.

Quando ela escolhe O Diário de Anne Frank, a disciplina Literatura deixou de ser indiferente às relações socioexistenciais dos jovens. Erin tematiza, isto é, ela não generaliza o conhecimento e, assim, não o fragmenta, mas, especificando-o, vasculha conceitos, reflete. Em outras palavras, aprofunda-se sobre o conceito violência.

Mas se aprofunda não só de forma racional, sistemática, Erin promove o lúdico, promove a razão do sensível, muito bem escrita por Maurice Merleau-Ponty.

Momento Pô-Ético (1)


















Sob meus olhos, a poesia de Affonso Romano de Sant'Anna, Que país é este?, para outro conteúdo.

Uma coisa é uma escola,

outra um ajuntamento.

Uma coisa é uma escola,
outra um fingimento.

Uma coisa é uma escola,
outra o aviltamento.

Ronda Gramatical


Respeite a gramática, a norma padrão pede passagem

Seja consciente, dê preferência à crase,

à vida

Livro Didático



Nesta semana, para minha surpresa, vi esses livros didáticos na escola estadual Heloísa Mourão Marques.
Não me lembro da última reunião entre professores de Literatura e de Língua Portuguesa para eles escolherem o livro didático.

Reunião com ata e filmada.

Pois bem, como resultado, o livro de Literatura e de Língua Portuguesa que chega aos alunos de uma escola pública é muito ruim.

É preciso compreender que os conselhos de área devem estar no processo de construção do Plano Político Pedagógico.