segunda-feira, outubro 01, 2007

Redação & Redação

Amanhã, 2 de outubro, às terça-feira, aulas de Redação.

Depois de observarem modelos de Introdução e de reescreverem suas introduções, encerraremos a leitura de Redação - Linha a Linha, páginas 38, 39 e 40.

Na terça-feira passada, retirei as idéias principais de cada parágrafo de um texto da página 39, sendo que essas idéias relacionaram-se. O aluno tem que perceber a seqüência de raciocínio em cada parágrafo e a combinação entre eles.

Concluída essa aula, apresentarei três dissertações de alunos para observarem erros e acertos dos colegas de sala. Uma introdução será escolhida para, depois, escreverem o Desenvolvimento 1. Uma vez escrito, erros serão apontados e, dessa forma, o desenvolvimento será refeito. Apresentarei também modelos de desenvolvimento.

A farsa da avaliação de desempenho

De CARLOS GIANNAZI

O governo precisa é valorizar o magistério, garantindo de fato evolução funcional e salário condizente com a importância do cargo

O ARTIGO publicado neste espaço no último dia 21 pelo secretário de Estado de Gestão Pública de São Paulo, Sidney Beraldo, anuncia a intenção do governador José Serra de implantar no funcionalismo público a alardeada avaliação e remuneração por desempenho, concebida por alguns governos como a grande panacéia que solucionará a crise que há muito vem prejudicando a população usuária dos serviços públicos e de seus servidores no Brasil.

Crise representada pela falta de investimento na valorização salarial e na formação continuada, nas precárias condições de trabalho, de infra-estrutura material e humana e, ainda, na constante tentativa de governantes e setores da elite econômica de eleger sempre os servidores públicos como o "bode expiatório" da falência do Estado e da crise fiscal.

O secretário, adepto e influenciado por uma visão empresarial, de mercado e neocolonial, tenta justificar a "nova" metodologia pelo receituário neoliberal, até querendo, equivocadamente, comparar a realidade brasileira com a de países anglo-saxões. A cobaia da experimentação será a área da educação, em que os professores recebem salário-base médio de R$ 680 e trabalham em condições extremamente precárias, com superlotação de salas de aula, falta de material pedagógico e humano, excessivas e longas jornadas de trabalho, adoecimento, desgaste emocional e, somando a tudo isso, uma vertiginosa violência a massacrar todos no ambiente escolar que, por princípio, deveria ser o lugar da construção da civilidade.

As políticas salariais de bônus e gratificações adotadas nos últimos anos pelo próprio governo tucano não só fracassaram como também destruíram a carreira do magistério paulista, tendo como conseqüência o que revelou a última avaliação do MEC, classificando a rede estadual de São Paulo como uma das seis piores do Brasil.

Como exigir melhor desempenho dos professores em condições aviltantes de trabalho? Sabemos muito bem o que está por trás da proposta de remuneração por desempenho: não dar reajuste para os servidores, legitimar o desrespeito à data-base, que já venceu em 1º de março, fortalecer o controle e a punição e ainda culpar os professores pelo fracasso escolar.

O governo precisa é valorizar a carreira do magistério, garantindo de fato evolução funcional e salários condizentes com a importância do cargo, a fim de estimular os atuais professores e atrair outros que gostam e querem sobreviver da docência. Para tanto, perdoem-me o necessário trocadilho, é preciso ter decência.

Por isso, faz-se necessária, sim, uma avaliação, mas do desempenho deprimente e inócuo das políticas salariais adotadas para os servidores públicos, em especial os da rede estadual de ensino, já que serão eles as primeiras vítimas do experimento tecnocrático que trata os educadores como trabalhadores de uma empresa, de um banco e/ou aqueles que labutam por produção.

O trabalho com educação é absolutamente distinto e obedece a outra lógica, muito diferente da empresarial, fabril, de linha de montagem. Educação é um processo contínuo, permanente e interativo, no qual, além de conteúdos, são trabalhados valores éticos, habilidades, visão de mundo, competências, formação da cidadania crítica, respeito ao bem social comum, solidariedade humana etc. Isso não se mede ou se afere com estatísticas lineares, índices mercadológicos ou métodos da "qualidade total".

A sanha avaliativa -representada por avaliações externas, como Saresp, Prova Brasil, Saeb, Enem (o ex-Provão) e as novas Provinha Brasil, criada pelo PED, e a Prova São Paulo, da Prefeitura de São Paulo - fornecerá os critérios para premiar professores e escolas que atingirem as metas requentadas anunciadas recentemente pela Secretaria Estadual de Educação. Uma delas é a implantação do ensino fundamental de nove anos, que não é meta do governo estadual, e sim obrigação constitucional já incorporada pela Lei de Diretrizes e Bases. Só para citar mais uma, a implantação da recuperação, que já existe, é inerente ao processo ensino-aprendizagem e também figura na LDB.

Chega de avaliações. A educação já está com overdose delas. O que ela precisa, com os professores, é de mais investimento. Para isso, o governador José Serra poderia oferecer um bom exemplo de desempenho e um interesse em solucionar a grave crise que assola a educação estadual orientando a sua base governista na Assembléia Legislativa para derrubar os vetos do seu próprio partido às emendas que aumentam os recursos para as escolas públicas do Estado de São Paulo.
_____________________

CARLOS GIANNAZI, 45, mestre em educação pela USP e diretor (licenciado) de escola pública, é deputado estadual (P-SoL), membro da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa de São Paulo.

Milagre


Em Rio Branco, um milagre: uma passageira lê.

Números

Parada Gay reúne 10 mil pessoas em Madureira

Marcello Victor,
Agência JB

RIO - Com cerca de uma hora de atraso, começou a pouco, a 8ª Parada Gay de Madureira, na Zona Norte do Rio. Segundo a Guarda Municipal, 14 trios elétricos e vários DJs embalarão os foliões. A Polícia Militar estima que 10 mil pessoas estejam participando do evento, que deve terminar por volta da meia-noite.

O trânsito está congestionado em várias vias, como a Rua Carolina Machado e a Avenida Ministro Edgard Romero. Os motoristas que trafegarem pelo bairro devem ficar atento as mudanças no trânsito. Vias como a Rua Maria Freitas e a Travessa Almerinda Freitas ficarão com o tráfego em mão dupla.
__________________________

No Acre, os números são irreais. Na parada gay rio-branquense, os jornais acreanos publicaram 35 mil pessoas. Irreal.

Em Madureira, no Rio de Janeiro, a PM estimou 10 mil. Madureira é bem maior que Rio Branco.
Menos, por favor, menos.

Lei 5.765

Nossa ortografia permanece regida pela Lei 5.765, de 18 de dezembro de 1971. Manuais de jornais, entretanto, são vários, e eles nem sempre obedecem à lei.

Por exemplo, a palavra carnaval.

Sentencia a ortografia oficial:

"os nomes das festas pagãs ou populares escrevem-se com inicial minúscula: carnaval, entrudo, saturnais, etc."

Maiúsculo, portanto, é questão ideológica. O jornal O Estado de São Paulo, no Manual de Redação e Estilo, do Eduardo Martins, segue a ortografia oficial.

Eleição para gestor de escola pública

Em 22 de novembro, as escolas públicas acreanas escolherão seus novos gestores para os próximos quatro anos. A Secretaria de Educação do Estado do Acre submeterá os inscritos a uma prova de conhecimento sobre leis que regem a educação e, caso consigam boas notas, os inscritos serão candidatos.

Por meio desse processo seletivo, a secretaria passa a ignorar uma questão: o passado de quem foi gestor. Ora, se a secretaria seleciona antes da comunidade escolar votar, isso mostra que a democracia é, antes de mais nada, seletiva, ou seja, a questão não é votar, mas votar em quem, antes, foi selecionado pela Secretaria de Educação. A democracia, portanto, seleciona, escolhe, avalia para, aí então, aprovar o melhor. Aprovado pela secretaria, a escola, só então, vota.

Mas surge uma pergunta. E quem administrou uma escola pública? Um ex-gestor submete-se à avaliação da secretaria para, se aprovado, ser novamente candidato, mas esse ex-gestor, no período em que administrou uma escola, não foi avaliado pela secretaria segundo a escola.

Se administrou mal, se não conseguiu qualificar o ensino, enfim, se não foi bom administrador, a secretaria ignora e, no lugar, submete-o a um conhecimento legislativo sobre a educação. Se passar, é candidato.

Sem citar nome, um gestor levou uma TV de uma escola pública, porque a dele encontrava-se no conserto. Fora isso, DVD sumiu. Fora isso, ele levou até o bebedouro. Simpático e populista com os alunos, ele se inscreveu para ser gestor outra vez da escola. Caso passe pela avaliação da secretaria, poderá ser escolhido pelos alunos, porque, uma vez simpático e populista, não exige deles.

Na condição de gestor, a secretaria não o avaliou.

Se em São Paulo está assim...

Alunos do 3º ano têm nota de 8ª série

Em SP, no final do 2º grau, 43% dos estudantes mostram conhecimentos de leitura e escrita esperados da 8ª série

Na escola pública, a situação é ainda pior, segundo dados inéditos de um exame federal de avaliação de aprendizagem

FÁBIO TAKAHASHIDA
REPORTAGEM LOCAL

Quase a metade dos estudantes do Estado de São Paulo termina o ensino médio (antigo colegial) com conhecimentos em escrita e leitura esperados para um aluno de oitava série.

Dados inéditos extraídos do último Saeb - exame federal de avaliação de aprendizagem -, realizado em 2005, revelam que 43,1% dos alunos do terceiro ano tiveram notas inferiores a 250, patamar fixado como o mínimo para a oitava série pela secretária de Estado da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro.

Ou seja, eles não conseguem, por exemplo, compreender o efeito de humor provocado por ambigüidade de palavras ou reconhecer diferentes opiniões em um mesmo texto.

Outros 15,2% dos alunos tiveram desempenho ainda pior, similar ao desejado para crianças da quarta série do ensino fundamental (antigo primário).

O quadro seria ainda mais dramático se os alunos da rede privada fossem retirados da conta, uma vez que a média dos estudantes das escolas públicas estaduais é 21,2% inferior à dos alunos das particulares.

Talita Lima de Araújo, 18, que estudou em uma escola estadual na Pompéia (zona oeste de SP), reclama da precariedade do ensino público.

"Quando você termina o ensino médio, só percebe um vazio. Não temos chance no vestibular."

Os dados no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) comprovam a impressão de Talita. A média da oitava série da rede privada (285,8) é maior que a do terceiro ano do ensino médio da rede estadual (253,6).

Causas

Dagmar Zibas, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e uma das maiores especialistas em ensino médio no país, diz que o péssimo desempenho é conseqüência das condições de trabalho dos educadores.

"Não é possível que um professor, que já tem formação deficiente, dê aulas em duas ou três escolas. Ele não sabe nem o nome dos alunos. Chega, faz a chamada, dá algumas instruções e já tem de correr para a próxima aula", afirma.

Segundo a Secretaria Estadual da Educação, 70% dos professores têm emprego em outra rede -ou seja, no mínimo dobram a jornada.

O educador e filósofo Mario Sergio Cortella, secretário municipal de Educação de São Paulo entre 1991 e 1992 na gestão Luiza Erundina (então no PT), diz que o ensino médio cresce como nunca na história do país.

"Nos últimos dez anos, quase triplicamos o número de alunos, muitos com atraso escolar. Se aumentamos imensamente o universo de alunos, houve inversamente uma degradação das condições de trabalho. Faltam professores".

Cortella diz que essa "colisão" (mais alunos e menos professores) se agravou pela promoção automática nas escolas.

"Estamos colhendo o que foi organizado há dez, 15 anos."

O educador diz não ser contra a progressão continuada, mas afirma que ela foi mal implementada. Segundo ele, é necessário haver haver um sistema de recuperação eficiente, para que o aluno com dificuldade avance com as condições adequadas.

Já o professor da Faculdade de Educação da USP Romualdo Portela reclama da descontinuidade administrativa.

"Apesar de o mesmo partido comandar o Estado, cada secretário teve uma agenda, o que causou uma descontinuidade", diz.

Para Maria Helena, que assumiu a secretaria do governo José Serra (PSDB) há cerca de dois meses, presidiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais e ajudou a implantar o Saeb, o problema está na alfabetização deficiente, ocasionada pela má formação dos professores e por materiais didáticos de má qualidade.

Ela afirma que um pacote lançado pelo governo irá melhorar a situação.Secretário de Educação à época da prova, durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB), Gabriel Chalita foi procurado pela Folha, mas preferiu não se manifestar.

A prova do Saeb é aplicada em todo o país, de forma amostral, a cada dois anos, nas quartas e oitavas séries do ensino fundamental e no terceiro ano do ensino médio. O exame deste ano será realizado no mês que vem.