terça-feira, dezembro 30, 2008

Retornarei quando for Carnaval



Últimas horas de 2008, ano que levou Feyndews e meu amado tio-pai, o Dílson Tavares. Quando o Carnaval bater à porta, retornarei com um texto sobre a Festa de Momo.

Quando essa festa chegar, o governo propagará, mais uma vez, que está fazendo tudo para conter a violência no Carnaval, mas esse mesmo governo não fala em violência quando a Expoacre chega.

Por isso, quase todo ano, escrevo sobre o Carnaval ou faço uma matéria para mostrar que o sentido autêntico dessa festa está se perdendo aos poucos. A TV Aldeia, que fala tanto em cultura, nunca apresentou uma matéria original sobre Momo, jamais informou de forma autêntica sobre o Carnaval.

Bem, retornarei quando a festa chegar.

Que venha 2009, mas só depois das férias e com a reforma ortográfica.

A Antônio Alves

Não sei se Toinho se lembra, mas, na varanda de sua casa, conversamos por mais de duas horas, faz tempo. Palavras misturaram-se ao orvalho da noite. Gosto muito de sua fala. Gosto muito de sua escrita. Sua palavra é simples como é simples a paisagem acreana.

Conheci-o no PT, em 1992 ou em 1993, não sei. É um dos bons quadros do PT acreano. Na última propaganda eleitoral, suas ótimas crônicas salvaram os programas ruins da Companhia de Selva. Só assitia ao programa do PT para ouvir sua ironia, sua graça.

Boa pessoa, ser humano que luta da sua forma contra injustiças. Alguém como poucos. Ele é um desses acreanos por quem guardo apreço e admiração. Incapaz de fazer o mal contra alguém, Toinho resiste à mediocridade, à vulgaridade. Pulsa nobreza em sua alma.

Hoje, por estar no poder, compreendo sua situação, não podendo ser mais o homem crítico que fora um dia. O poder, sabemos, exige limites, e Toinho encontra-se no limite. Falar contra pensão vitalícia de governadores, falar contra uma revolução inexistente na educação, por exemplo, seria impróprio para quem está no poder. Eu compreendo.

É claro que perdemos com isso, mas talvez não seja o momento de o PT receber críticas, porque é preciso ainda melhorar este Estado. Eu acredito que o PT não irá se superar, não apontará caminhos profundos e novos, por exemplo, para a educação e muito menos negará um dia as pensões dos governadores. Para mim, o PT será seduzido pelo poder e, aí então, não conseguirá se superar.

Quando esse dia chegar, quando ramais forem asfaltados, quando os prédios todos forem reformados, quando pontes e viadutos forem contruídos, outros caminhos precisarão ser apontados, por exemplo, na educação. Para tanto, a autocrítica será indispensável.

Adversários, nós não os criticamos: debochamos, ironizamos, nós os ridicularizamos. Um partido em que acreditamos, por exemplo, o PT, nós criticamos, porque sabemos que a crítica é uma forma de exigir mais ainda o melhor, por isso teci minha crítica a Antônio Alves - ele pode ser ainda melhor.

domingo, dezembro 28, 2008

Do gado da reserva extrativista ao gado do rodeio

Primeiro, ouvi o que o jornalista Antônio Alves expressou quando recebeu o Prêmio Chico Mendes. Depois, com muita atenção, li o texto. Em blog e em jornal, propagou-se a idéia de que Antônio Alves é uma voz crítica dentro do poder, até Altino Machado concordou com isso.

Se fosse voz crítica, o bom Toinho Alves não estaria no poder. Como permanecer nele se sua fala se opõe à pensão vitalícia dos governadores? Como permanecer nele se sua fala propaga que não houve revolução na educação acreana? Sobre pensão e pseudo-revolução, silêncio.

Quando digo voz crítica, refiro-me a uma voz que emite rupturas. No poder, com seus amigos, Toinho não promove rupturas, mas se conserva no poder para pagar a conta de luz, as compras do mês, o crediário, para receber prêmios - coisa de que não gosta, disse certa vez.

Quando os senhores falarem de voz crítica, por favor, citem Frei Beto, por exemplo. Ele saiu do poder e revelou em livros o que blogs e jornais não publicam.

Neste pequeno mundo chamado blog, deixo aos teus olhos meu último artigo deste ano. Queria muito, minha mãe, que a senhora o lesse para comentá-lo, porque a senhora é a única que acessa minhas vãs palavras. Meu sonho desde criança, a senhora sabe, era ser um Altino Machado para não ser acessado só pela senhora. Paciência, sou um fracassado.














Do gado da reserva extrativista ao gado do rodeio
De Aldo Nascimento

Por sua natureza, o Estado precisa inventar heróis. No Acre, seria diferente? Entre árvores copadas, em plena Floresta Amazônica, surge um herói com farda e patente para militarizar a virtude. Outro herói emerge entre árvores depois que os gringos o projetaram para o mundo. Plácido de Castro, idealizado pela propaganda de Estado, e Chico Mendes, modelado pela comunicação de massa, não só se opõem como também deformam o que Mário de Andrade e Oswald de Andrade pensaram sobre a identidade de um povo, sobre a imagem de uma cultura.

Por meio de seus heróis, o Estado quer convencer, educar, disciplinar, ordenar e, por outro lado, tende a propagar uma ideologia que pode aborrecer ou irritar. A cultura do Estado é forçada, quer adaptar o público à sua cultura. Se tais heróis aborrecem, se eles irritam, é porque não foram germinados no solo fértil da cultura popular.

Zumbi dos Palmares, degolado em 20 de novembro de 1695. O negro jamais colocou seu herói em uma procissão cristã e nunca precisou do Estado ao longo da história para patrocinar sua lembrança. O passado do negro permanece intensamente vivo porque sua cultura, encarnada em seu corpo, dança, musicaliza, canta, veste-se e exporta moda, ou seja, sua cultura cicatrizou-se no modo ser, de existir, de falar.

Qual o herói do seringueiro? O Estado idealizou um. A comunicação de massa modelou outro. Mas onde encontramos a cultura do seringueiro encarnada no corpo social? Qual a dança do seringueiro? Qual a música do seringueiro? Qual o canto do seringueiro? Quais as vestes do seringueiro que exportam moda?

Por meio da Rádio Difusora, o seringueiro manda sua mensagem; hoje, porém, sua fala passa por uma limpeza. Se ele escreve em sua mensagem “Toin”, a rádio o corrige, o certo é “Toinho”. Em Cruzeiro do Sul, o professor-doutor Milton Chamarelli Filho chegou à conclusão em sua pesquisa de que a cultura da fala acreana está deixando de existir, eu acredito que seja por causa dos veículos de comunicação de massa. No caso da Rádio Difusora, que pertence ao Estado, a fala do seringueiro está passando hoje por uma assepsia: “Toin” é uma infecção lingüística. Assim, sem música que nos faça dançar, sem canto que nos faça sonhar, sem vestes que exportem moda, o seringueiro tem sua fala roubada, mas em troca recebe um herói modelado pelos veículos de comunicação de massa e outro idealizado pelo Estado.

Chico Mendes, segundo a cultura de Estado, é herói de um povo, e, por ser herói, um grupo político premia e premia-se; entretanto, na reserva extrativista que leva seu nome, seus ideais foram pro brejo, menos a vaca e o boi. O gado ri de nós, porque, enquanto sublimamos Chico Mendes, suas idéias pastam em sua reserva.

Esse, no entanto, ainda é o mal menor. Mal maior é quando a pecuária nos veste com suas botas, com suas calças justas e cintos largos, com suas blusas, com seus chapéus para o acreano José da Silva, que veio do seringal Redenção, ser chamado de cowboy. Ele ainda ouve música sertaneja e dança. Mal maior não é o gado na reserva, mas a pecuária transfigurada em cultura. Ele veio do seringal, é um jovem seringueiro, mas José da Silva encarna o modo de ser do rodeio.

O Estado pode inventar heróis, idealizá-los para nos convencer, para nos educar, propagando uma ideologia que aborrece e irrita por ser ela forçada e por querer adaptar o público à sua cultura pesada, mas os mitos que criam comportamentos são outros.

Depois que lemos Mitologias, de Roland Barthes, podemos afirmar que o cowboy é um desses mitos que, vindo da pecuária e oposto à cultura enfadonha do Estado, faz tudo para agradar, divertir, recrear. José Silva sai do seringal para ir ao rodeio porque o cowboy o despersonaliza como seringueiro para, em um segundo momento, repersonalizá-lo por meio da bota, da calça justa com cinto, do chapéu, da música sertaneja, da dança. Senhores, o gado na Reserva Extrativista Chico Mendes é mal menor. O mal maior é a pecuária agenciando a fantasia.

Heróis de um povo segundo o Estado. Leiamos Macunaíma, de Mário de Andrade. Leiamos Oswald de Andrade.

sábado, dezembro 27, 2008

Deputados gastam mais de R$ 1 milhão

De Freud Antunes

Os deputados federais do Acre gastaram juntos R$ 1.129.739,87 com verbas indenizatórias em 2008. O valor desperdiçado com hospedagens, com materiais gráficos, com gasolina, com transporte, com aluguéis de carros e até com o pagamento de consultorias daria para pagar mais de 2,7 mil assalariados.

Ilderlei Cordeiro (PPS) foi o congressista que mais gastou nos últimos 12 meses, atingindo a cota de R$ 179.955,25, utilizada para pagar transporte, hospedagem e combustíveis. O segundo lugar ficou com Perpétua Almeida (PC do B), que fez uso de R$ 179.917,33.

O curioso é que, mesmo com o chamado recesso parlamentar em janeiro, eles chegam a utilizar até R$ 22 mil, como é o caso de Sérgio Petecão (PMN), que aplicou o dinheiro público em aluguéis de imóveis (R$ 2 mil), em combustíveis (R$ 4,5 mil) e em consultorias (R$ 4 mil).

Do dia 1º até o dia 27 de dezembro, Perpétua Almeida foi quem mais gastou a verba indenizatória, chegando à marca dos R$ 22.549,33, sendo que foram destinados R$ 17 mil apenas com transporte, com hospedagem e com alimentação.

O benefício pago com o dinheiro do povo foi criado em 2001 para que o parlamentar possa gastar como for de seu interesse, apresentando apenas uma nota fiscal.

Os valores referentes aos gastos parlamentares são encontrados no sítio da própria Câmara dos Deputados: www2.camara.gov.br/.

Aluguéis
Nos benefícios oferecidos aos deputados, está um gabinete dentro do Congresso, um apartamento funcional e um auxílio-moradia, mas, mesmo com todos esses itens, eles ainda chegam a gastar de R$ 400 a R$ 8 mil com aluguéis conforme a planilha divulgada na internete. Os custos não são fixos, podendo chegar a R$ 408,21 em um mês e R$ 6 mil no outro, como é o caso dos valores pagos a Fernando Melo (PT).

Outros gastos
Para não tirar um tostão do próprio bolso, os parlamentares ainda possuem outras regalias, por exemplo, verba de gabinete (R$ 50 mil), auxílio-moradia (R$ 3 mil), cota de gasto postal e telefônico (R$ 4,2 mil), cota de gasto com publicações (R$ 6 mil), cota de passagens aéreas (de até R$ 16 mil) e o próprio salário de R$ 13 mil.Na soma de todos os gastos, cada parlamentar gera um custo de mais de R$ 100 mil por mês, o que ainda não está incluído o plano de saúde e as sessões extras.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

O quê? Onde? Por quê?












Ninguém aprendeu isso na auto-escola.

Quando vai à rua para trabalhar, Selmo Melo sempre fica atento às placas em Rio Branco. Desta vez, esse repórter-fotográfico não deixou essa passar.

O que um aluno de uma auto-escola faria diante dessa placa?

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Meu Natal













Com quem passarei meu Natal? Minha amada filha, meu único sangue neste chão, passará com a mãe. Longe de meus pais, de meu irmão, de meus primos, de meus tios e de meus bons amigos, eu passarei meu Natal com ela, minha única família neste Acre. Não é sangue do meu sangue, mas é alma de minha alma: Mony.

Falta pouco para a grande ceia, só que a nossa não se prepara na cozinha. Nós preparamos a carne no banheiro. Compramos ervas e perfumes para que a carne exale aromas antes da fome ser saciada.

Com a paciência santa dos que cuidam do que é mortal, nós a limpamos com água e sabonete, e com a alegria serena nas faces por sabermos que a carne não é eterna. Zelar pelo que morre, pelo que jamais retornará aos dedos, às mãos. Ao toque.

Agora, agora sim, espalharei sobre a carne ervas e perfumes, porque hoje é Natal, porque a vida renasce no amor que tenho por ti, Mony.

Falta pouco para meia-noite. Por favor, meu amor, ponha a tua carne sobre a cama para eu colocar a minha sobre a tua, e, uma vez bem postas, temperaremos nossas partes com o suor profano dos mortais que estão de bem com a vida.

Feliz Natal!!!

terça-feira, dezembro 23, 2008

Até fevereiro


Saborosa Saquarema.

Paz





Entre Maricá e Saquarema, 45 minutos ao volante. Depois de Saquarema, Araruama e, depois, Arraial do Cabo e Cabo Frio. À beira mar, em um quiosque, um prato caseiro barato e muito bom. Um bife acebolado, um feijão carioca, muita sardinha e, diante dos olhos, o aroma do mar.
Finalmente, ele: o descanso.

Fui










Ponta de Maricá ou Ponta Negra, lado esquerdo. Do lado direito, Jaconé, caminho à beira mar até chegar a Saquarema.

Férias










Para os lados de Niterói, no Rio de Janeiro, Maricá é um município charmoso e tranqüilo. Montanhas e mar dão uma beleza única a essa Região dos Lagos. Vou descansar, rever meus pais, meu irmão.

Retorno só em fevereiro ou mais depois. Que tal uma licença-prêmio?

sexta-feira, dezembro 19, 2008

A Primeira Vez (5)













Ao microfone, o professor Tadeu. Após a fala da gestora Osmarina, nosso colega agradeceu a Deus.

Ótimo encontro. Primeira formatura. Quero outras.

A Primeira Vez (4)













Abaixo, canto direito, minhas três alunas: Jaqueline (D), Fernanda e Tatiane (E). Que a vida as recompense com a inquietação de transformar sempre realidade de teus semelhantes.

Meninas aplicadas. Espero que alguma palavra minha tenha atingido vocês.

A Primeira Vez (3)












O jantar da formatura, além de ótimo, localizou-se na escola, ficou muito bom. O próximo deve ser no mesmo local. Tudo muito bem organizado.

Fiquei à mesa com colegas de profissão. Ótimo momento.

A Primeira Vez (2)













A gestora Osmarina sabe que transformar velhos e viciados hábitos é muito difícil. Essa formatura, a primeira da escola, é o início de outras.

Uma festa assim é uma forma de reconhecer um no outro, o trabalho de equipe, a importância da escola na vida das pessoas.

A Primeira Vez (1)













Foi a primeira vez que a escola Heloísa Mourão promoveu uma formatura. Alguns são responsáveis por isso, por exemplo, a gestora Osmarina e o professor Fernandes. Gostei muito desse momento, fato que eu desejava há anos. Foi muito bom. Foi ótimo.

É verdade que poucos professores foram. Uns viajaram e outros não apareceram por causa do descaso, da indiferença, do desinteresse. Muito alunos pagaram o evento, mas, sem explicação, faltaram.

A foto registrou o momento em que o Hino Nacional é cantado.

Professora Osmarina, parabéns!

Não sei de nada












Já pensou se foto de transeunte fosse enviada ao Detran para justificar uma multa?

Alimentassão













Em Rio Branco, no bairro Sobral, encontramos lugares que servem palavras. Comer na "penção" com um bom "mollho" deixa a LÍNGUA passar muito mal.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Eles e o revisor

Internete, megassena, caxinauá e o revisorzinho

No sábado, dia 13 de dezembro, dei uma carona à charmosa e simpática Alessandra Machado, editora-chefe do jornal A TRIBUNA. Se era a noite de Chalub Leite no teatro Plácido de Castro, o prêmio maior destinou-se mais uma vez a elas, às palavras.

O jornalista premiado, portanto, é aquele que escreve as melhores palavras. E elas, para serem melhores, divorciaram-se dos erros de português. Ora, decretada a dissolução entre o repórter e os erros, Chalub Leite premia o jornalista, mas não o co-autor do texto jornalístico, ele: o revisor.

Limpar texto de jornalista, retirar desse chão textual sujeiras que emporcalham a língua portuguesa. Algumas ainda ficam. Todo dia, o repórter deixa cair em sua sintaxe lixos de regências verbal e nominal, entulhos incorretos de vírgulas.

O revisor, sabemos, é o gari da redação. Talvez por isso que ele seja o menos importante no jornal, porque, assim como todo mundo pode limpar uma casa ou varrer uma rua, também toda pessoa alfabetizada pode limpar melhor a palavra do que um gari de redação.

Um secretário de Segurança ri de um revisor quando este escreve “caxianauá”. Os diagramadores debocham de um revisor quando este corrige o texto do repórter para escrever “megassena”. O repórter-fotográfico ridiculariza o revisor quando registra “internete”. O que pode um gari argumentar diante desses estudiosos da língua portuguesa?

Lixeiro, como sabemos, recebe pouco por mês, menos que um diagramador, bem menos que um repórter-fotográfico, não tendo condições, portanto, de comprar livros de Evanildo Bechara, de Celso Pedro Luft, de Celso Cunha, de Pasquale Cipro Neto, de José Carlos de Azevedo, de Adriano da Gama Kury, de Sérgio Nogueira Duarte da Silva, de José Nicola, de Antônio Houaiss, de Eduardo Martins.

Assim, sem dinheiro para comprar bons livros sobre a língua-pátria, o gari de redação deveria escrever “mega-sena”, porque, nos letreiros de casas lotéricas, escreve-se assim, ou seja, escreve-se como a rua registra a palavra, ou melhor, joga-se com a palavra assim como apostadores jogam com os números. “Todo mundo escreve ‘mega-sena’, menos A TRIBUNA”, falam-me.

Isso faz lembrar aquele personagem popular de Ariano Suassuna quando perguntam a ele a razão de ser assim: “Não sei, só sei que foi assim”, responde Chicó, do livro Auto da Compadecida. Por que se escreve “mega-sena” e não “megassena”? “Por que se escreve “internet” e não “internete”? Por que se escreve “aldeias Kaxinawá” e não “aldeias caxinauás”? E aí eles responderão: “Não sei, só sei que escrevem assim.” E como a rua escreve assim e como muitos escrevem assim, pronto, o gari não sabe limpar o chão. O revisorzinho está errado. Afinal, ele é um só, ele é só um, e as casas lotéricas são muitas com suas “mega-senas”.

Mas quem disse a vocês que eu jogo com as palavras?

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Chuva no Primeiro Mundo


Foto
de Selmo Melo

Não sou contra a terceira e a quarta pontes ou contra a bela passarela, mas deixar o pronto-socorro assim é sacanagem, só porque os carros não passam por ele. Aqui, não se senta a classe média ou política. Aqui, sentam-se faxineiras, domésticas, classe social que coloca os filhos em escola pública.

Ontem, resolvi meter uma bala na cabeça, coisa de suicida. Mas, por pura incompetência, acertei o meu pé esquerdo. Resultado, o Samu me deixou no pronto-socorro. Chovia muito lá dentro. "O senhor não trouxe o guarda-chuva?", perguntou-me a atendente. "Não sabia que tinha que trazer." Não fui atendido.

Na próxima vez que eu cometer um suicídio fracassado, irei para um pronto-socorro da Suíça. Lá, não neva, no hospital.

Sinjac

"Ontem, o jornalista-escritor Zuenir Ventura abriu no Teatro Plácido de Castro a Semana Chico Mendes de 2008 e a Semana de Comunicação do Sinjac, com um bate-papo sobre o livro Crime e Castigo, que reúne reportagens sobre o líder seringueiro desde seu assassinato, em 1988. A semana acontece há 20 anos, e toda a programação é aberta ao público."

O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Acre, Marcos Vicentti, age muito bem quando proporciona uma mesa-redonda sobre conteúdos interessantes. Pena que Sinteac e Sinplac não promovam encontros assim sobre educação de forma contínua e cíclica.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Blog Aberto a Lígia

Prezada Lígia Aplle, coordenadora de programa da Rádio Difusora, em qual livro você achou a verdade da LÍNGUA? Minha cara, não existe maneira correta ou maneira errada de falar.

O professor Houaiss afirma que as mudanças ortográficas da língua portuguesa ocorreram segundo a fala popular e não conforme a etimologia. A preposição, por exemplo, surgiu por causa do latim vulgar, do latim da plebe. Hoje, quando usamos o verbo em várias posições na frase-oracional, isso se deve ao latim do vulgo, dos incultos. No latim clássico, admitia-se o verbo somente no final da frase-oracional.

Falar à margem da gramatical tradicional revela uma LÍNGUA que, por causa da fala, subverte a ordem, o poder que controla. A LÍNGUA é marginal. A beleza de um "ocê" mineiro equivale-se a um "Toin" de um seringueiro. Já pensou o que seria da obra de Suassuna se ele não registrasse a fala popular?

Minha cara, seu erro é lamentável. Pior ainda é saber que isso surge no governo do PT. Aprecio muito certos petistas da Frente Popular, mas existem alguns que, com suas arrogâncias, não passam de indivíduos despreparados com seus vícios de controle. A esquerda brasileira sempre teve problemas com a individualidade, com a cultura.

Deveriam, isso sim, evitar a vazante de erros da assessoria de imprensa do governo. Pessoas alfabetizadas e bem pagas que propagam uma escrita inconciliável com normas elementares. O governo, por meio de seus assessores, presta um desserviço à língua portuguesa.

O governo tem o dever cívico de escrever conforme a LÍNGUA padrão ou conforme um ótimo manual jornalístico de redação. Aníbal, Oly, Jorge Henrique, Antônio Alves e outros, até hoje, permitem que textos do governo deixem a língua portuguesa humilhada pela ignorância.

Vão corrigir seus assessores e deixem a fala (desobediente) do seringal em paz.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

O Poder e o Seringal

Há um bom tempo, comentam comigo sobre o que ocorre na Rádio Difusora, uma extensão sonora do Poder Executivo. Pois bem, há uns seis meses, Lígia Aplle recebeu a função de coordenadora de programa da rádio estatal.

Não sei se Lígia cultua os textos parnasianos, mas ela defende a pureza da LÍNGUA. Na Rádio Difusora, ela tem eliminado as impurezas lingüísticas dos seringueiros ou a oralidade dos matutos. Aqui, matuto significa aquele que o poder não controla, não consegue modelar.

Na redação da rádio, ela, como coordenadora, não admite que o seringal mande mensagem com a palavra "Toin". O correto, segundo ela, é Toinho. Lígia também rejeita mensagens com duplo sentido, próprio da cultura popular.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Poesia de Alexandre O'Neill















Sei os teus seios
Sei-os de cor

Capitu, de Machado de Assis

Hoje, a inteligência sensível de Luiz Fernando Carvalho ressurge nas cores e nas formas de Capitu, de Machado de Assis. Na televisão brasileira, Luiz é único com sua estética. Ele defende uma televisão que deve provocar o telespectador. Perturbá-lo.

Depois de A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, a Capitu televisiva de Luiz Fernando é a evidência de que a TV não precisa ser burra para ter audiência.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Um dia, serei simpático


Como é insosso levar a educação pública a sério. Há anos, defendo idéias fixas na escola Heloísa Mourão Marques, um delas: o Conselho de Língua Portuguesa. Sua finalidade destina-se a organizar a disciplina, mas até a gestora Osmarina parece não acreditar nele, com certa razão.

Para organizar o conselho, precisávamos de um coordenador, e isso dependia de uma democracia que escolhesse o melhor, sabendo que o melhor é exigente e exige de si mesmo. Depositaram o voto, entretanto, em quem nem sabe organizar reuniões. Votaram na simpatia. Talvez, quem sabe, por causa dessa democracia que não sabe selecionar o melhor, o coordenador da área deva ser escolhido pelo gestor.

Ainda sim, por causa de alguns poucos professores de lingua portuguesa e de literatura, definimos procedimentos na disciplina, por exemplo, a prova vale 6 pontos e o trabalho escrito à mão, 4 pontos.

No entanto, muitos professores descumprem o que foi estabelecido. Avalia-se como bem quer, em outras palavras, aluno passa sem critério. "Não vou deixar aluno para a prova final, porque não quero ter trabalho", podemos escutar isso de um colega. Em outros casos, alunos com tantas faltas, inúmeras, mas as notas são 8, 9 ou 10.


Qual a questão?
Qual a questão central desse problema? Rezar ou orar, os professores talvez não rezem ou não orem antes de entrar em sala. É preciso pedir a Jesus luz para iluminar a preguiça e a incompetência.

Mas, em uma escola pública, não é Deus que coordena nossas vidas, porque, se assim fosse, nossos alunos seriam melhores, por exemplo, no Enem. Quem coordena professores é COORDENADOR DE ENSINO, ou seja, uma pessoa inteligente, culta, dinâmica e com uma vontade abismal de querer trabalhar para qualificar o ensino conforme o interesse do erário e não conforme o descaso de alguns parasitas, pseudo-educadores indiferentes à vida de alunos que são filhos de faxineiras, de domésticas, de vendedores ambulantes.

Aqui, neste ponto, o problema: COORDENADOR DE ENSINO. Quais suas qualidades? Por que foi escolhido? Quais seus méritos? Na escola Heloísa, nunca conheci um coordenador à altura dos sonhadores, dos que são inquietos, dos que dialogam com os professores para encontrar soluções por meio da ação, da prática, por meio da fiscalização.

Fiscalizar avaliações, por exemplo. Fiscalizar o coordenador do Conselho de Língua Portuguesa, por exemplo. Fiscalizar para cobrar e para obter resultados, por exemplo.

Como é insosso ser sério. Um dia, quem sabe, serei simpático para eles votarem em mim. Falso, cínico, indiferente, mas simpático, porque, como diz Maquiavel, o vulgo vive das aparências.

sábado, dezembro 06, 2008

Minhas aulas de...

Nesses 16 anos lecionando no Acre, fui processado algumas vezes e sacaneado tantas outras. Penso em ser um servidor público meio parasita, lecionando o suficiente para ser menos que um medíocre, mas, quando recebo mensagem de alguns alunos, sinto que eu os coloquei em outras trilhas, porque ainda leciono por causa de uma intensa e voraz paixão pela vida. Não sei até quando resistirei.

Hoje, a educada Elaíne deixou para os meus olhos estas palavras. Ser humano que deseja edificar um futuro melhor, Elaíne assistia às minhas aulas com muita atenção. Nós dois vencemos um pouco.

"Graças ao modo como ensinava aos alunos não só a lingua portuguesa, mas também a literatura, e não só o ensino escolar, mas também a lição de vida que nos dava, é que hoje agradeço ao professor Aldo pela confiança depositada em seus alunos, pela prática diária do ensino que exercia pela manhã na escola Heloísa Mourão Marques, pois fizeram valer a pena a nota que atingi no Enem, sendo que na redação, muito bem aplicada por ele a nós, alunos, foi que alcancei a média 85 na redãção do Enem. Retribuo a Ele esta honra de conquistar essa média e, desde já, agradeço-lhe por se mostrar o melhor professor da Escola Heloísa Mourão Marques."

Grata, Elaíne.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

A escola

Hoje, conversando com a professora-gestora Osmarina, da Escola Estadual Heloísa Mourão Marques, colegas de profissão ouviram minhas enfadonhas argumentações. Um desses colegas ouviu-me outras vezes e, em um certo dia, disse-me:


"Aldo, você não aprende, o melhor é calar a boca, fazer bem seu serviço e ignorar a escola. Faça o seu. A maioria não quer transformar esta escola, quer sair 20 minutos antes do tempo devido de aula, não tá nem aí para os alunos. Faça seu trabalho e seja indiferente, porque isso aqui não tem jeito."

Calei-me diante de seu realismo, porque, no fundo, somos personagens de uma narrativa realista. Os valores do mundo minam resistência de sonhadores. Esse colega que tanto respeito tem razão. Heloísa Mourão Marques é difícil. Professores que brincam, que são indiferentes, que sorriem para todos, que aceitam tudo e não lecionam à altura das inquietações, bem, esses transitam entre o consenso e a resignação. Esses são eleitos.

Colocar Osmarina como gestora não foi fácil, nada fácil. Uma corrupção silenciosa e admitida por muitos quase impediu sua derrota, a nossa. Dois candidatos retiraram seus nomes para apoiar a professora Osmarina. Se não fosse assim, teríamos perdido por uma candidata que nunca zelou pelo erário.

Hoje, sabemos de acordos ilícitos entre ela e alguns funcionários. Funcionário, por exemplo, que vinha à escola segundo sua vontade, segundo seu relógio biológico. Diretora que não cumpria seu horário e, quando se ausentou durante um mês e uma semana, não apresentou justificativa ao Conselho Escolar e muito menos ao corpo docente. Nessa época, professores terminavam suas aulas 20 minutos antes. Uns se calavam. Outros contavam piadas. O descaso havia porque eles tinham a "liberdade" de sair 20 minutos antes. Eles, alguns.

Hoje, quase um ano como gestora, uma parte do corpo docente não defende idéias para a construção de uma escola pública MELHOR, mas corrói a gestão por meio da fofoca. "Ela é gestora de gabinete." "Ela é grossa." "Ela é ditadora." "Essa escola é um quartel." "Ela é um demônio." Não refletem sobre educação, educador, qualidade de ensino, alunos, problemas, soluções, mas reduzem à escola pública à personificação.

Já vejo luzes de desânimo nos olhos da professora-gestora Osmarina. Mas existem soluções, não se desanime. Dou-lhe estes conselhos:

1. fique fora da escola por mais de um mês e não dê satisfações;
2. faça acordos espúrios com os funcionários, com os professores e com Deus;
3. dê dobra a funcionários de apoio;
4. deixe professores sair 2o minutos mais cedo;
5. prepare festinhas com bolo e refrigerantes;
6. tire da escola professor que quer trabalhar;
7. conte piadas;
8. sorria com a pasta dental mais barata;
9. não cumpra horário;
10. sorria outra vez;
11. mais uma festinha;
12. seja falsa e cínica a ponto de ninguém perceber;
13. e o mais importante: entregue tudo a Deus e à propaganda de governo.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Como referência...

No Acre, certos jornalistas têm como referência jornais do sul do país. Se escrevem assim, copiaremos. Leia esta resposta de Pasquale. Depois, leia sua resposta sobre o estrangeirismo.

Como anda o português no jornalismo?
Pasquale — É complicado discutir isso porque não se pode traçar um perfil. Depende do jornal, do ritmo. Imagina um jornal como a Folha de S. Paulo, que tem duas edições, pelo menos. A nacional tem de fechar às 8h e às cinco para as 8h está acontecendo o diabo e a matéria tem que ser escrita em cinco minutos. Então o que acontece? Besteira, é óbvio. Então não tem como exigir a perfeição nesse tipo de situação. E nós temos na Folha um trabalho que já vai longe. Eu estou lá desde 89. A Folha tem hoje duas professoras de português que ficam lá todo santo dia prestando assessoria e, mesmo assim, passa o diabo. De um modo geral, eu vejo a imprensa preocupada com a língua, o que é muito bom. O texto jornalístico brasileiro, na grande imprensa, tem um determinado padrão de correção. É um texto que pode ser chamado de semiformal. É um texto que serve com experiência para as pessoas que querem algo que ultrapasse as fronteiras do coloquial.

O que você acha do projeto do deputado Aldo Rebelo para proibir o uso de expressões estrangeiras na língua portuguesa?
Pasquale — Eu já disse isso a ele pessoalmente quando foi entrevistado por mim no programa “Nossa Língua Portuguesa”, falei que não acredito no projeto e ele disse que se fosse professor de português talvez não acreditaria também. Eu reconheço que existe um abuso, devido muito mais a tolice do que a qualquer outra coisa. Eu só posso justificar pela tolice alguém colocar uma propaganda e, na hora de anunciar o telefone 0800, que é gratuito, escrever “toll free” (taxa grátis). Isso é bobo, porque ele é tão deslumbrado com o estrangeirismo e acha que todo mundo vai entender aquilo. Uma parte significativa desse abuso do estrangeirismo se deve à tolice, ao deslumbramento, a essa coisa subdesenvolvida, atrasada, terceiromundista. A outra parte se deve ao poder, nós somos nada, o português é uma língua periférica então é natural que haja essa invasão. O que a gente deve fazer é mastigar, engolir o que serve e cuspir o que não serve. Há um monte de estrangeirismos que não servem para nada, não vêm para enriquecer a língua, vêm só para encher a paciência. Agora, lei resolve isso? De jeito nenhum Quem vai definir o que pode e o que não pode? Vai haver uma comissão e um cara com carimbo marcando essa pode, essa não pode?

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Escola pública


O prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, do PT, deu ordem para a escola Diogo Feijó ser reformada. Ao que era antes, a escola está bonita. Bom gosto.

Para a história do Partido dos Trabalhadores, entretanto, reformar prédios escolares é o menos importante, porque a história do PT exige bem mais.

O mais difícil é ótima administração, é qualidade de ensino. O mais difícil é mudar hábitos de coordenadores de ensino, de gestores, de professores, de funcionários. Reformar relações humanas em uma escola é o mais difícil.

Coordenador de ensino sai da escola quando quer, não cumpre horário. Coordenador de ensino não sabe imprimir transformações, nem quer. Coordenador de ensino não trabalha. Eu, por muito menos, recebi advertência.

Não consigo me calar diante do que está errado em uma escola pública. O governo, com sua propaganda, diz que está tudo bem. Eu, um insignificante blog, digo que não é bem assim. Existem muitas falhas na educação pública. Muitas.

Talvez, agora, não seja tarefa do PT refletir sobre gestão, novos rumos. Talvez, agora, seja função do PT reformar prédios, o mais fácil.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Ao Josafá Batista

"Aldo, Orkut é nome próprio e pertence ao criador desse site de relacionamentos, o turco Orkut."

1. Josafá, nós não acessamos um turco, uma pessoa, mas um sítio, uma página virtual. Orkut deixou de ser substantivo próprio para ser substantivo comum.

"Uma dúvida: pelo critério de aportuguesamento gostaria de saber como ficariam as palavras: background, making-off, shopping-center, recall, pizza, marketing, show business, status, jeans, performance, scanner, mouse (de computador) e aids (sida?)."

2. Josafá, em certos lugares deste país, evitam-se termos estrangeiros. O deputado Aldo Rabelo, até onde sei, apresentou um projeto de lei que proíbe termos ingleses em estabelecimentos comerciais. Em Portugal, na França, por motivos históricos, a língua-pátria não se submete à grafia do estrangeiro.

3. Certos autores de nosso país, estudiosos, homens com nomes reconhecidos, com livros publicados - eu só sou um reles reprodutor do que leio -, admitem certas alterações, por exemplo, internete, orcute.

4. No caso de aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), deixou de ser iniciais de nomes para ser um substantivo comum, ou seja, uma doença tal qual câncer, por exemplo. Entretanto, meu amigo, podemos encontrar Aids ou AIDS como duas formas gráficas que mantêm a sigla. Eu prefiro
sida, porque, dessa forma, não me submeto à organização norte-americana, mas, como aceitamos "síndrome" vindo depois, isto é, como os norte-americanos escrevem, registramos, repito, conforme o estrangeiro. Não somos portugueses. Não somos franceses. Já pensou eu colocar no jornal A TRIBUNA "sida"? Se ouço piadinhas quando registro "orcute", imagine "sida", seria demitido, porque os jornais Folha de São Paulo e O Globo não escrevem assim. Esta é a nossa identidade: copiar os outros.

Ronda Gramatical

"No Acre, 401 pessoas foram detectadas pelo vírus da AIDS, dessas 162 foram a óbito, sendo que na Capital concentra 85% dos casos. O Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, comemorado no dia 1º, alertou a população para os cuidados necessários de prevenção para que esses números não cheguem a crescer."

Preciso dizer algo?

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Orkut ou orcute?

Há mais de dez como jornalista, Francisco Costa, do blog reporter24horas.blogspot.com, não gostou quando escrevi em sua matéria "orcute" e não "Orkut". Ele tem a mais absoluta razão, pois o texto pertence a ele, não é verdade? Não. O texto pertence também ao revisor.

Ele não me elogiou quando coloquei vígulas nos lugares certos. "Tua obrigação", ele diria. Bem, se é minha obrigação retificar, eu retifico segundo o que penso sobre a LÍNGUA portuguesa. No caso de "orcute", eu defendo a idéia de uma escrita abrasileirada. A intenção, lembrando-me de Oswald de Andrade, é antropofágica. Além desse autor, baseio-me em outros autores para preferir "orcute" a "Orkut".

E ainda escrevem Orkut, caixa-alta. Trata-se de um substantivo próprio?

Retirei alguns trechos de seu texto.

"Site para o qual Venícios trabalha publicou várias reportagens sobre o assunto. Enquanto isso, o jovem e habilidoso repórter, tenta gravar uma entrevista com o agenciador. Foram vários dias de negociações e, finalmente, Ivan decidiu falar. Pepsi, como o agenciador também é conhecido, gravou uma entrevista de três horas de duração. Mas, com medo de represálias, não se deixou fotografar."

1. Retirei a vírgula, mas não fui elogiado.

"Ivan também revelou o perfil de seus clientes e a maneira como as meninas eram selecionadas. Contou, por exemplo, que usava a internet (blogs e comunidades do Orkut) para divulgar seu trabalho, a qual classificou de “cooperativa do sexo fácil”.

1. Por que a preposição "a" antes de "qual"? Mais uma correção, e não vieram os abraços e os doces.
Há outros erros, são humanos. Eu erro. Para falar a verdade, eu sou um erro.

Públicas x Particulares

Públicas x Particulares

Neste ano, mais uma vez, segundo o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, as escolas privadas obtiveram um desempenho melhor do que as escolas públicas na média nacional. No Acre, seguindo a mesma tendência, as públicas não superaram as particulares quando o assunto é Redação.

O professor de uma particular pode chegar a lecionar para 11 turmas, e o professor-servidor público, para 4 ou 5. Se em média há 30 alunos em cada sala, aquele corrige 330 redações e este, 150. Além de os números registrarem menos trabalho, a escola pública estadual ainda paga melhor no Acre

Os salários, melhores. Em um passado não muito distante, verborréias sindicais acreditavam que bons salários equivalessem à qualidade de ensino, por exemplo, a boas aulas de Redação. Por trás dessa dissimulação sindicalesca, a prioridade não era a qualidade, mas tão-somente salário por ser ele mais fácil para unificar a categoria. Tamanha associação entre dinheiro e bom ensino, além de mentirosa, só serviu para mostrar que sindicalista não entende o que possa qualidade de ensino. Esse pretérito imperfeito elevou-se como falácia

Na outra ponta discursiva, a Secretaria de Educação do Estado, a fim de qualificar seu corpo docente, oferece aos professores cursos e mais cursos. No último, professoras-doutoras da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) falaram sobre letramento. A secretaria crê que, após concluir um curso de letramento, o professor, motivado pela causa pública (kkkkkkk), retornará à sala de aula para que alunos escrevam ótimas redações

Se há bons salários e se há qualificação profissional, por que a escola pública estadual não supera há anos a escola particular? Se professores recebem menos e se não são qualificados por meio de cursos, por que a iniciativa privada consegue há anos melhores notas

Há respostas que se combinam, mas uma é capital: o lucro. A escola particular lucra com o Enem, porque, por meio desse exame, o diretor-proprietário propaga a boa imagem de sua escola. Assim, para manter sua imagem, o lucro não admite desperdícios, por isso sabe administrar seus bens e seu patrimônio. Ora, como o diretor-proprietário precisa de bons resultados no Enem, o lucro se organiza e organiza seu espaço escolar, quer dizer, controla-se e controla. O dinheiro faz questão de manter a boa imagem e, para isso, sabe que, sem organização, sem boa administração, não há controle para obter resultados. A iniciativa privada não admite desperdício

E a escola pública? Como todo setor público deste “berço esplêndido”, o desperdício é a regra. Nesses meus 12 anos lecionando na rede pública estadual, nunca conheci um coordenador de ensino que tivesse metas para a Redação. Ocupa-se a coordenação segundo não o mérito muito bem posto, mas conforme a indicação de um gestor, que, por sua vez, foi escolhido por um processo democrático também sem mérito. Como pode haver qualidade de ensino quando a própria democracia escolar é desqualificada? Ela é um desperdício de tempo

Gestor escolar, uma vez formado em administração, deveria ocupar sua função por meio de concurso público. E mais: esse administrador público não deveria ter estabilidade de emprego, nem o professor. Quanto ao coordenador de ensino, escolhê-lo dependeria também de seus méritos como professor e como pessoa. Além disso, alunos deveriam avaliar esse professor por meio de questionário para que seu nome pudesse se candidatar a coordenador e, dessa forma, ser votado pelo corpo docente

Absurdo? Hoje, se o professor quiser, leciona Redação. Hoje, o coordenador de ensino, se quiser, busca metas. Hoje, o gestor, se quiser, administra. Hoje, lecionando bem ou mal, o salário é o mesmo com uma estabilidade de emprego que acomoda o desperdício.