segunda-feira, agosto 05, 2013

4 em cada 5 escolas têm turma sem professor


São Paulo - O Estado de São Paulo tem um déficit de 49.085 professores efetivos na rede de ensino - 21% dos cargos necessários. Para atender os alunos, o governo lança mão de 49 mil docentes temporários, o que ainda assim é insuficiente: no fim do primeiro semestre, a rede tinha 4,8 mil turmas sem aula de alguma disciplina - fazendo-se uma média é como se quatro em cada cinco escolas tivessem turma sem professor. Os dados, que não são divulgados pelo Estado - alegando a grande dinâmica de atribuição de aulas -, estão em um documento encaminhado ao Ministério Público.
O cálculo do déficit é da própria Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos da Secretaria de Estado de Educação. Os dados foram obtidos com exclusividade pelo Estado. Falta de professores e a grande quantidade de profissionais temporários são os grandes gargalos da gestão tucana na Educação.
A maior necessidade é de professores de Matemática, com um déficit de 10.508 efetivos. Em seguida, aparecem as disciplinas de Português, Geografia e Educação Artística. Mesmo recorrendo a um grande número de temporários, que cresceu 69% desde maio de 2012, o Estado não consegue preencher todas as aulas. Entre as 4,8 mil sem professor atribuído, Matemática também tem a pior situação: são 833 turmas livres nessa disciplina, seguida de Geografia (767) e Sociologia (767).
A situação de aulas sem atribuição de professor atinge todo o Estado. No levantamento, com data de 7 de junho, a divisão é feita por diretoria de ensino e não detalha em quais escolas há o problema.
Apenas 9 de 91 diretorias de ensino tinham todas as aulas com professores. A situação é mais complicada na capital e na Região Metropolitana. Na diretoria de Suzano, por exemplo, havia 260 aulas sem professor, a pior situação. Na capital, as zonas leste e sul registram os maiores números de aulas livres. Juntas, concentram 78% das lacunas. Só na zona leste, 203 turmas estavam sem professor de Matemática. Na sul, eram 144.

10 ANOS DE CEUS

  • Junior Lago/UOL
    Única área de lazer da região, CEU São Mateus precisa de manutenção
  • Rodrigo Capote/UOL
    Sem parceria, 'CEU italiano' mantém cozinha industrial fechada
  • Sergio Lima/Folhapress
    CEU foi inspirado em modelos criados desde 1950; conheça projetos
A Secretaria de Educação defende que os alunos podem ter ficado sem a aula da disciplina, mas há professores eventuais. Segundo o chefe de gabinete da pasta, Fernando Padula, faltam 200 professores para suprir essas aulas não atribuídas. "Não quer dizer que não teve professor, teve atividade com professor eventual", diz. "São dois problemas: a falta de professores e professores que faltam. Nem sempre a escola tem à disposição professor de determinada disciplina, há um problema nacional em Exatas."
Segundo Padula, há 22 mil servidores da educação em licença médica atualmente. Em média, cada professor da rede estadual teve 21 ausências no ano passado por licença-saúde. Ele também cita a dificuldade de fixação de profissionais em determinadas regiões, como as franjas sul e leste da cidade.

Sem aula

A estudante Jennifer Portugal, de 15 anos, não teve professor de Química no ano passado inteiro. Aluna da Escola Estadual Roberto Mange, na zona sul de São Paulo, ela também ficou sem aulas de Português e Sociologia neste ano, problema só resolvido pouco antes do fim do semestre. "A gente reclamou e falaram que iam resolver. Mas nada foi feito, parece que não se importam", diz. "Ninguém falou nada sobre recuperar ou repor as aulas." Segundo a Secretaria de Educação, as escolas têm de organizar reposições ou reforço.
Para Priscila Cruz, da ONG Todos Pela Educação, o prejuízo é claro. "O aluno que não tem aula aprende menos e acumula deficiências", diz. "Os dados mostram que a proporção de alunos com aprendizado adequado vai caindo a cada ano."
O Grupo de Atuação Especial de Educação (Geduc), do Ministério Público Estadual, acompanha o tema do absenteísmo e falta de professores na rede. "Qualquer solução para a educação tem pouca efetividade sem o professor. Há um cenário de desresponsabilização, da secretaria aos professores", diz o promotor João Paulo Faustinoni e Silva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Plano Nacional de Educação20 fotos

17 / 20
Meta 17 - Valorização do professor: Equiparar o rendimento médio dos profissionais do magistério das redes públicas de educação básica ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência do PNE Leia mais Peter Leone/futura Press

COMENTÁRIOS 6

Avatar do usuário

  1. Avatar de Carlos46

    Carlos46

    13 minutos atrás
    O governo vai esperar até quando para admitir que os salários dos professores são uma vergonha e melhorar essa situação? Quando todas as escolas estiverem sem professores aí vamos ver como fica.
  2. Avatar de mf2012

    mf2012

    19 minutos atrás
    Não é só em São Paulo não, a escola publica esta sucateada em todos os estados, inclusive aqui em SC. Temos que exigir escolas a nível de estádios da copa.
  3. Avatar de INFIEL

    INFIEL

    21 minutos atrás
    AH, É,É ... Me conta alguma coisa que eu não saiba...É A EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO...E A SAÚDE ENTÃO, NEM SE FALA..."...estamos trabalhando duro...não vamos retroceder um milímetro...no meu governo os professores estão sendo valorizados...receberam mais de 100% de aumento...SÃO PALAVRAS DO NOSSO QUERIDO PICOLÉ DE CHUCHU DIET...E ainda tem otários que ainda acham que uma certa ave bicuda tem que permanecer em SAMPA...
Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.