sexta-feira, maio 15, 2009

Suicídio

Foto de Debora Mangrich











Em Rio Branco, na passarela Joaquim Macedo, o jovem José Gonçalves Neto, de Manaus, pulou para morrer no rio Acre. Desempregado, doente, sem dinheiro e longe de uma família indiferente a ele, José recebeu da plateia que assistia a seu drama o riso, o deboche. "Seu corno, pula, pula, porque corno tem que morrer."

Salvo pelos bombeiros, José teve depois um ataque de epilepsia. "Isso é cena", disse um popular da plateia.

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
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As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação
.
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"Os ombros suportam o mundo", de Drummond

Fui!



Alberto Nogueira,
repórter-fotográfico

da TRIBUNA

Quando eu soube que a vida não daria uma chance sequer a Alberto, o silêncio de uma breve lembrança encostou-se em mim. Outro amigo agora é passado.

Por causa do câncer, causado pelo cigarro, ele sofreu muito antes de ir embora para sempre. A dor dessa maldita doença o fez sofrer muito. Somos tão frágeis.