A forma como professores agem contra o governador do Acre é
a mesma como professores de São Paulo e do Paraná agiram neste ano contra seus
governantes. Há um padrão CUT de luta, modelo que tem como estrutura estruturante
uma rede de conceitos, um deles, o conceito de práxis. Sem repensar palavras, sem repensar conceitos, o agir
sempre será o mesmo, ou seja, a luta sempre será o confronto físico ou o
confronto verbal bem chulo. Inteligência limitada e ausência de criatividade
eternizam e limitam a luta da educação.
Embora discorde desse padrão CUT, discordo mais ainda
quando um ex-senador da República só escreve aos professores quando estes não
servem às propagandas de Acre Feliz na Escola Pública do governo petista. Eu
disse ex-senador, eu não disse professor que leciona todo dia em salas de aula
sem ares-condicionados. Aníbal é ótima pessoa, ótimo amigo, ótimo marido, ótimo
pai, ou seja, isso não me interessa, pois o que me interessa aqui é que,
enquanto homem partidário e governista, escreve para justificar o “momento inoportuno”
dos professores e para defender um partido que está governo há quase 20 anos.
Vamos às palavras do ex-senador.
O
desconforto causado pelo barulho e pela longevidade, apesar da pouca adesão, da
greve dos trabalhadores da educação, chama a atenção de todos. Por isso, dedico
algumas linhas de reflexão sobre o assunto.
Antes, o ex-senador, formado em história, desconhece o que
seja o uso correto da vírgula; erro, para mim, inadmissível vindo de um homem
público que só ocupou elevados cargos no PT ou na República.
Observado isso, evidente que neste parágrafo os professores
causam desconforto por causa do barulho e da longevidade da greve dos
trabalhadores da educação. Greve, por sinal, com pouca adesão. Sobre esse
assunto, sua reflexão.
Antes
de tudo, quero deixar claro que não há dúvida quanto ao direito de greve, à
livre manifestação e à justeza da reivindicação salarial de professores e
outros profissionais da educação.
Aqui, o ex-senador reconhece direito de greve, livre
manifestação e justeza da reivindicação salarial.
Então, ele refletirá qual assunto, o do primeiro ou do segundo parágrafos?
O
problema é o momento inoportuno em que se dá o movimento, num cenário de crise
profunda da economia nacional, com reflexos inevitáveis na diminuição dos
repasses para estados e municípios.
Eis a resposta: ele não pensará direito de greve, livre
manifestação e justeza da reivindicação salarial, e sim barulho e longevidade
da greve dos trabalhadores da educação, pouca adesão. Não é isso?
Eu
não tenho informação precisa do tamanho do comprometimento do orçamento do Acre
com o pagamento de pessoal, mas sei que, desde a implantação do PCCS – Plano de
Cargos, Carreiras e Salários no primeiro governo de Jorge Viana, a folha de
pagamento vem tendo crescimento automático superior a 0,5% a cada mês.
Aqui, entra não os professores, mas o governo do PT. Embora
seja ex-senador, Aníbal não tem informação exata do comprometimento do
orçamento estadual com o pagamento a funcionários. Não tem informação exata.
Deveria ter. Eu diria ainda: muito exata. Mas ele sabe, com precisão, que a
folha de pagamento cresce 05% a cada mês.
Até aqui, o texto de Aníbal Diniz desqualifica os
professores paralisados (desconforto, barulho, pouca adesão) e qualifica o
governo de Jorge Viana. Outra
observação: o ex-senador coloca um só travessão, o que, nesse caso, está
errado.
E
posso afirmar, sem risco de cometer impropério, que o maior investimento do
Governo do Acre na era das administrações do PT e da Frente Popular, sempre foi
na melhoria das condições de trabalho e de salário dos servidores, chegando ao
patamar atual de R$ 160 milhões mensais com o pagamento da folha.
Amplia seu elogio ao governo (melhor condição de trabalho,
de salário e R$ 160 milhões mensais ao pagamento) e permanece a errar ao usar a
vírgula.
Para
quem tem dúvida a respeito, é só fazer algumas comparações: se somarmos todo
investimento que o Governo do Estado fez na BR – 364 entre Rio Branco e
Cruzeiro do Sul ao longo dos últimos 16 anos será seguramente menor que o
investimento anual que o Estado faz com o pagamento dos seus servidores. O
mesmo pode ser feito com o montante investido na construção de milhares de
casas na cidade do povo, no complexo da piscicultura, na aquisição de máquinas
agrícolas ou no programa ruas do povo.
Para quem tem dúvida, basta, segundo Aníbal, comparar e,
para tanto, devemos somar todo investimento do governo na BR-364 (Rio
Branco-Cruzeiro do Sul) durante 16 anos. Depois, esse valor somado é menor do
que o investimento anual do governo petista para a construção de milhares de
casas na cidade do povo, para o complexo da piscicultura, para a aquisição de
máquinas agrícolas ou para o programa Ruas do Povo.
Uma pergunta: onde está a reflexão anunciada no primeiro
parágrafo? Outra pergunta: onde estão os professores? Até aqui, Aníbal cumpre
sua função, que não é refletir, mas defender o seu governo, ou seja, o seu
salário.
Todos
os investimentos feitos nos maiores programas e políticas públicas do Governo
do Acre não se comparam aos investimentos feitos a cada ano no pagamento dos
funcionários públicos. Ouvi o anúncio do governador de que destinará R$ 260
milhões para o programa Ruas do Povo em 2015, ao passo que, também em 2015,
serão investidos mais de R$ 1,92 bilhão (Um bilhão e 920 milhões) sem contar
com o 13º, em pagamento de servidores.
Seu aqui se repete nas primeiras linhas. Retorno fixo de
ideia ao próprio governo. Depois, ele especifica (R$ 260 milhões) para o
programa Ruas do Povo em 2015 e mais R$ 1,92 bilhão no mesmo programa. Por fim
o 13º.
Até aqui, não há professores mas servidores, ou seja, Aníbal
enxerga o todo, e não uma parte desse todo, no caso, os professores. Outra
observação: onde está a reflexão?
Isso
quer dizer que os servidores ganham muito? Não! É apenas uma demonstração de
que o Governo faz o que pode, dentro de suas condições e limitações, para
manter o pagamento de pessoal em dia, com uma folha que cresce vegetativamente,
com as chamadas vantagens e puladinhas, a cada mês.
Quase 20 anos de PT, e os servidores não muito, porque,
dentro de suas condições e de suas limitações, o governo faz o que pode. O governo
do Modo Petista de Governar (lembra-se?) faz o que pode. O partido do Orçamento
Participativo (lembra-se?) faz o que pode. O partido da Ética (lembra-se?) faz
o que pode para manter o pagamento de pessoal em dia, e aí Aníbal escreve “com
uma folha que cresce vegetativamente, com as chamadas vantagens e puladinhas”.
Qual o sentido de “vegetativamente”? Aqui, diferente quando é governo, ele
critica, mas não se aprofunda, não expõe abertamente seu pensamento quanto ao “vegetativamente”.
Aqui, ele fala, finalmente, dos professores, mas deixa sua crítica subentendida.
Além
do mais, já tivemos exemplo de irresponsabilidade no passado, durante o governo
Romildo Magalhães, em que o Governo cedeu à pressão dos funcionários e o
resultado foi de gravíssimas consequências para todos: primeiro, porque o
Governo teve que lançar mão do fundo previdenciário dos próprios servidores (o
que se espera que nunca mais aconteça!) e depois foi o histórico atraso no
pagamento dos salários. Ou será que já nos esquecemos de que quando Jorge Viana
assumiu o Governo havia atrasos de três, quatro e até cinco meses de salários
para algumas categorias?
Uma das marcas do neurótico é a repetição. Desde que
chegaram ao poder, os petistas remetem-se ao passado, e eles remetem-se ao
passado para que o mal não retorne. Aníbal é o bem. O seu grupo, ungido por
Deus. Aqui, mais uma vez, seu texto existe para o governo e, para isso, só
colocou os professores no primeiro parágrafo como meio.
Temos
que cair na real! Vivemos um momento de crise profunda, com acordos de redução
de jornadas de trabalho e redução de salários para a preservação dos empregos
em muitas indústrias dos grandes centros econômicos do país, e o melhor que
podemos fazer, como Estado pobre que somos, é usar do bom senso!
Só o governo cai na real, os professores não caíram na
real. E aí surge “Estado pobre que somos, é só usar o bom senso”. Estado pobre,
mas... pensões altíssimas para ex-governadores. Estado pobre, mas... DAS altíssimos
para amigos e partidários. Estado pobre, mas... salários altíssimos para secretários.
Estado pobre, mas... verbas altíssimas para gabinetes.
E aí eu me pergunto: onde está a reflexão do ex-senador?
Isso é reflexão? Além de não saber pontuar, além de escrever um texto mal
estruturado, o ex-senador da República ignora o que seja reflexão.