sexta-feira, janeiro 15, 2010

Entre dois Rios: Branco e de Janeiro

Não temos shopping

Certa vez, lecionando na faculdade, um aluno disse-me não entender o motivo de eu estar no Acre. Perguntei-lhe o porquê de não entender. Sua resposta causou-me espanto. “No Acre, professor, não há shopping.”

Mais tarde, na escola, outro jovem acriano respondeu da mesma forma.

Sair do Rio de Janeiro, onde há shopping, para morar no Acre, onde não há shopping, significa para esses jovens um atraso. Sem esse templo do consumo, o Acre, segundo eles, é tão inferior que esses jovens não entendem o motivo de eu morar entre açudes, árvores, rios, igarapés; não entendem o motivo de eu morar em uma cidade que cresce na floresta.

Aqui há shopping

Férias no Rio de Janeiro e, aqui, entre o Corcovado e a igreja da Penha, não há um só shopping, mas muitos, tantos. Estou aqui para consumir marcas de calça, de camisa, de sapato, não é verdade?

Não é verdade.

Quando plantarem um shopping na floresta acriana, um aluno ou parte da elite dirão que somos agora iguais aos grandes centros.

Se a elite acriana entrar no templo do consumo só para comprar marcas ou só para assistir a Avatar ou a 2012, nosso atraso mental será cinematográfico.

Acredito que no shopping verde, caso tenha quatro salas de cinema, predominará a cultura de massa. Por que Hanani - cerejeiras em flor? Nossa culta elite prefere Avatar.

Associa-se a ideia de progresso a viaduto, a shopping, O governo do PT, nesses anos, jamais associou progresso e desenvolvimento a filmes autorais, a teatro, à cultura.

Por meio de sua propaganda oficial, o governo deseduca meus alunos. "Professor, aqui é atrasado porque não tem shopping."