terça-feira, março 25, 2008

Eu & Maria

Hoje, à Maria, apresentei alguns problemas redacionais dos alunos do primeiro ano do ensino médio e que se repetem nos textos dos alunos do segundo e do terceiro ano.

Em suas introduções, há muita presença dos verbos "ser", "estar", "ter", por exemplo, e insistente presença incomoda-me, porque pertence a uma regra viciada, fácil.

Além de eles usarem dicionário em sala, precisamos criar exercícios específicos para uso adequado dos verbos, massificá-los. Sugeri à professora de Leitura-Literatura dez introduções bem escritas, mas sem os verbos e, uma vez compreendidos os textos, encontrar os verbos apropriados a partir de relações internas da introdução.

Esse material didático precisa ser criado por nós.

A Língua

Na escola Heloísa Mourão Marques, a professora-gestora Osmarina popôs a divisão de Língua Portuguesa e de Literatura. Para esta, Leitura e Literatura; e, para aquela, Produção Textual e Gramática.

A princípio, números surgiram, porque eu lecionaria para quatro turmas, 160 alunos, e não mais para duas, 80 alunos. Concordei por este motivo: uma experiência nova.

Por um lado, mesmo com mais alunos, eu me dedicaria a duas disciplinas, havendo mais tempo para elaborar material. Não se trata de mudar grade curricular, mas de alterar a forma. Por esse caminho, haveria, em tese, uma relação pedagógica entre o professor de Literatura-Leitura e o professor de Produção Textual-Gramática.

Entretanto, infelizmente, não foi assim que a Secretaria de Educação compreendeu. Segundo me informaram, esse caminho deverá ser rejeitado no próximo semestre.

Nossa Escrita (não é assim)



A Secretaria de Estado de Educação do Acre publica um informativo bimestral com ótima diagramação, mas, na capa do informativo de fevereiro-março deste ano, a imagem da língua portuguesa foi arranhada.

"Professora, Lenilda Soares, trafega em áreas de difícil acesso, e chega a passar 15 dias distante da família."

Quando meus alunos me perguntam se existe uma forma correta de falar, eu digo que não há, porque, caso existisse, o "ocê", que pertence à fala do mineiro, seria um erro. A gíria seria outro erro.

A língua, sabemos, é também marginal, desobediente, dependendo da situação.

Ora, para quem se dedica ao estudo da língua portuguesa, sabe que a preposição é conseqüência do "erro" popular, do latim vulgar, de sua desobediência.

A preposição surge do genitivo do latim clássico, negado pelo falar "errado" da população comum.

Entretanto, quando se trata de instituição, a gramática tradicional deve ser seguida à risca. Uma secretaria de educação deve escrever de forma exemplar. O uso errado de vírgula no informativo não pode ocorrer.

Informativo é mais que aparência, e a língua portuguesa, uma vez a serviço de uma instituição, deve sempre passar uma ótima imagem.