terça-feira, setembro 08, 2009

Entre a folia e a violência

Sena-Folia registra uma morte, uma tentativa de homicídio e 29 prisões

O Carnaval fora de época, o já tradicional Sena-Folia, realizado na noite de sábado em Sena Madureira, não foi dos mais tranquilos. Mais de cinco mil pessoas lotaram as dependências da praça 25 de Setembro.

As Polícias Civil e Militar prenderam 29 foliões. A grande maioria por excesso de bebida, desordem ou pequenas desavenças, nada de muito grave. O saldo negativo ficou por conta de um homicídio e uma tentativa de homicídio.

TRÊS TIROS
Era madrugada de domingo, o jovem Francisco Rodrigues da Silva, o Barrão (22), retornava para casa quando dois homens encapuzados dispararam contra ele. Atingido nas costas, no abdome e no braço, o rapaz correu para pedir ajuda.

Depois de passar pelo hospital, foi transferido para o hospital de Rio Branco e submetido a cirurgias de emergências. Um acerto de contas seria a causa do atentado.

ASSASSINATO
Na madrugada de domingo, policiais souberam que um homem havia sido assassinado nas proximidades da área da folia. No local, eles se depararam com um jovem de uns 22 anos morto a pauladas. Ele estava com o rosto desfigurado.

Como não tinha documento, foi encaminhado ao Instituto Médico Legal de Rio Branco, onde permanecia até ontem à espera de parentes.

Os dois crimes estão sendo investigadores pelo delegado Jarlen Alexandre.

Um bom livro



O poeta da filosofia, Nietzsche, diz que
não existe verdade, mas interpretações.







Sete de Setembro, o desfile, mereceu uma caprichosa interpretação de Roberto DaMatta no livro Carnavais, malandros e heróis. Assim como Raízes do Brasil e Casa-Grande e Senzala, a obra de DaMatta é um clássico para o brasileiro entender melhor sua pátria.

No Acre, o desfile iniciou-se à noite, o que é um erro simbólico. A parada militar emerge ao amanhecer. O carnaval é que pertence à noite. Para o antropólogo, o Dia da Pátria representa o reforço; o carnaval, a inversão; e a procissão, a neutralização.

Conforme Roberto DaMatta escreve, a parada militar e a procissão assemelham-se porque elas fazem uma trajetória familiar. Ele chama a parada militar de uma segunda procissão.

Mas os soldados não reverenciam a população, e sim as autoridades. A continência, que é com a mão direita - por que a direita? -, representa uma obediência à ordem, a uma organização social fixa. A parada militar é moralizadora.

Nesse sentido, 7 de Setembro se mantém organizado como há anos, diferente do carnaval. No Acre, a Frente Popular organiza o carnaval para também ser familiar, perdendo assim sua força de subversão da ordem social. Não são assimilados os signos da festa de Momo, mas os signos do Dia da Pátria, a população os assimila. Como escreve DaMatta na página 52, "o Dia sa Pátria é um rito formal e que celebra a estrutura", no caso, a divisão social, a divisão de classe.

O carnaval, informal que é, não celebra essa divisão, mas a inverte, por isso a Secretaria de Cultura do Estado do Acre, sem compreender a importância cultural do carnaval, deforma-o.

Leia essa dica que oferto a teus olhos.

Banco Irreal

Em Rio Branco, Acre, o banco pode se chamar Real, mas a realidade do cliente é irreal. Blogueiro(a), repare nos minutos.