quinta-feira, abril 23, 2015

Hegel não é pensamento cristão

Em sua fase teológica, Georg Friedrich Hegel (1770-1831) escreveu, aos 23 anos, "Religião popular e cristianismo" (1793), depois escreveu, em 1795, "Vida de Jesus", e escreveu "A positividade da religião" (1796-1799).

Embora os dois tenham recebido educação cristã,Kant e Hegel divergem muito quanto ao saber teológico.

Uma das diferença é que o Deus de Hegel é imanência e o de Kant, transcendente. Por essa diferença, o Deus de Hegel se afasta do Deus cristão.


   

terça-feira, abril 21, 2015

Círculo dos Filósofos


Filósofos da Universidade Federal do Acre

A única falha nesta foto é ausência de crédito. O fotógrafo foi muito feliz ao registrar o momento. São professores da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Acre.
Depois da Lei 5.692/71, quando a Filosofia foi excluída das escolas pela ditadura militar, o Saber Filosófico só retornou às unidades escolares como obrigação, por meio da Lei 11.684/08, ou seja, 44 anos depois.
Ora, se Alemanha é Alemanha, se França é França, se Inglaterra é Inglaterra, não é pelo motivo de todos serem advogados, não é pelo motivo de todos serem médicos, não é pelo motivo de todos serem engenheiros - profissões procuradas no Brasil pelo status (econômico) -, mas porque Alemanha, França e Inglaterra - só para ofertar três exemplos europeus - possuem como RAIZ a educação ou, para ser mais exato, a Filosofia como "arché" nas escolas e nas universidades.
Estes países foram atravessados pelo Pensar.
A foto
Trata-se de uma imagem sagrada, porque a origem histórica dessa formalidade é sagrada, ou seja, o Saber Filosófico encontra-se "separado" porque sagrado é separação.
Se assemelha-se a vestes monásticas ou sacerdotais, não é por capricho dos homens, mas é porque o Saber também precisa se separar do comum.
Atrás, pessoas olham para várias direções, mas o Círculo dos Filósofos, como denominou meu saudoso amigo Manoel Coracy Saboia Dias, com traços orientais, olha para uma só direção, no caso, à esquerda, que representa a desobediência (pensada).
No canto, ele, Guilherme (de Ockham?), que, com seu chapéu, quebra a formalidade dos sacerdotes, desobedecendo, portanto, ao sagrado.Guilherme Cunha, para quem conhece, mistura, é pro-fano, um ser híbrido, por isso um profundo leitor de Nietzsche. No entanto, saibamos: Nietzsche não nega Jesus.
À frente dos que olham para várias direções, embora a formação desses pensadores não seja circular, ainda sim podemos simbolicamente denominar de Círculo dos Filósofos, forma geométrica que representa a igualdade (das diferenças) não só entre eles, mas entre eles e o público. Eles estão separados, mas não estão distantes dos que olham para várias direções
Não só isso. A Geometria está no livro "Ética", de Espinosa; encontra-se na Escolástica; escreve-se no livro "Timeu", de Platão. Mas por que a Geometria?
Isso já é texto para outro momento.

Jozafá responde, e eu contrarrespondo

Primeiro parágrafo

Meu amigo 
Aldo Bordoada: estabelecer uma dualidade entre as instituições segundo a preferência de quem julga é apenas desonestidade intelectual. Sem mais. Compreendo e até concordo com a sua referência a Heráclito, embora me pareça que você está tentan
do categorizar a questão a partir de seus conhecimentos recém-adquiridos na Academia. Mas não é o caso, pra mim. Não se aplica, até porque me parece um reducionismo: mesmo o militonto petista mais empedernido não categoria dessa forma (ou pelo menos não deveria). Porque é absurdo. Categoriza assim, e com certo histrionismo, quem observa o militonto e a partir dele forma uma concepção fatalmente genérica do atual discurso petista sobre a luta de classes nas instituições e como ela afeta o PT.

Eu contrarrespondo

Copiando as falas de João Bosco, vou dar uma de Jack Estripador: vamos por parte.
Jozafá Batista, dividamos em partes o seu primeiro parágrafo em Parte 1, letra A; Parte 2, letra B; Parte 3, letra C.
Parte 1)
A) Você escreveu: "Meu amigo Aldo Bordoada: estabelecer uma dualidade entre as instituições segundo a preferência de quem julga é apenas desonestidade intelectual".
1.1) Meu procurador, não se trata de "preferência de quem julga", porque conceitos (uno e contradição) não são de preferência minha. Quando pessoas dizem que "todos os políticos são corruptos", essa declaração é falsa, porque o real não é uno, e ele não é uno porque o real é irregular, assimétrico, contraditório. Quando se diz que é irregular, é da natureza do real. Isso não é "preferência de quem julga". Então, nem todos os políticos são corruptos. Nem todo petista é mensalão. Nem todo PSDB é coxinha.
Parte 2)
B) Você escreveu: "Sem mais. Compreendo e até concordo com a sua referência a Heráclito, embora me pareça que você está tentando categorizar a questão a partir de seus conhecimentos recém-adquiridos na Academia".
2.1) Jozafá, Heráclito não é conhecimento recém-adquirido na Academia, eu já tinha lido alguns fragmentos dele, mas alguns livros lançados sobre ele são recém-adquiridos. O conhecimento sobre Heráclito e a influência dele em Hegel não é nada recém-adquirido; mas, isso sim, é conhecimento meu ampliado que eu adquiri fora e dentro da Academia, porque não havia publicações antes.
2.2) É claro que ótimos professores contribuem muito, ampliam mais, mais essa relação entre Heráclito e Hegel, eu sabia antes de entrar na Academia. Heráclito sempre me fascinou, mas havia, quando eu era jovem, pouca tradução, pouca mesmo.
2.3) Conhecimento recém-adquirido na Academia é a Filosofia Cristã. Sobre isso, eu era muito mais ignorante do que sou hoje e confesso que me surpreendeu, transformou minha visão sobre Filosofia Cristã.
2.4) Então, o que fiz: fui ler mais e mais sobre Filosofia Cristã, e isso não tem fim. Hoje, por exemplo, estou lendo "O Livre-Arbítrio", de Santo Agostinho, e perdi muito tempo de minha vida com pré-conceitos contra esse período da humanidade. Estou encantado com Agostinho no sentido de compreender a fundo o que se opõe, aí sim, à minha "preferência".
Parte 3)
C) "Mas não é o caso, pra mim. Não se aplica, até porque me parece um reducionismo: mesmo o militonto petista mais empedernido não categoria dessa forma (ou pelo menos não deveria)."
3.1) Meu amigo, sim, neste espaço virtual e até oralmente, tudo se reduz, mas o pouco que eu disse foi enxuto, preciso, porque partir do uno e do contraditório.
3.2) Não entendi o "militonto" e o "não categoria". Eu usei conceitos de forma que não deveria, assim como um petista militonto?
Parte 4)
D) "Porque é absurdo. Categoriza assim, e com certo histrionismo, quem observa o militonto e a partir dele forma uma concepção fatalmente genérica do atual discurso petista sobre a luta de classes nas instituições e como ela afeta o PT".
4.1) Histrionismo de minha parte? Mas eu partir só de dois conceitos, quais sejam, uno e contradição. Histrião? Confesso que sou apaixonado pela Filosofia do Bobo, mas não é o caso.
Fim do Primeiro Parágrafo.



domingo, abril 19, 2015

Heráclito e Hegel

Parte I

Jozafá Batista​, meu querido amigo,

os conceitos não existem segundo nossa opinião. Para que haja a conceituação, é preciso haver um profundo pensar não de pessoas comuns como nós, mas de gênios, cujo pensar atravessou séculos e séculos.

Nosso pensar não é original, por isso recorremos a nomes que atravessaram séculos e optamos por alguns.

Não é minha ideia quando digo: o real é movimento, e é movimento por ser contingente, por ser acidente; e é acidente por nos encontrarmos no mundo sensível, cuja marca é a contradição, ou seja, a instabilidade.

Hegel


Essa é a natureza do real. Como disse certa vez a você, até em um mosteiro pulsa essa instabilidade, pois o mosteiro é real, é variação. Não pertence à natureza (humana) o Uno, porque o Uno é estabilidade, imobilidade.

Uma vez humana, em nenhuma instituição existe o Uno, por exemplo, na Polícia Federal ou na Receita Federal. Nesses espaços, existe o Uno? todos são do PSDB? tudo é interesse político? todos são contra o PT?

Como diz Gilvan Fogel, "o real, a realidade do real é movimento de realização de realidade, isto é, ação". Não existe, portanto, a ideia do homogêneo, do absoluto no real, isto é, "todos os brasileiros", "todos na Polícia Federal", "a Polícia Federal age de forma política".

Parte II

O senso comum ignora, mas ele reproduz a ideia de Parmênides, que é a ideia da não contradição, e reproduz a não contradição porque Parmênides atravessou séculos e séculos - muito diferente de Heráclito, que é a ideia da contradição.

No século VI d. C, Heráclito passa a ser ocultado e só é des-coberto de forma bem ampla no século XX.

No entanto, mesmo não de forma bem ampla, só com alguns fragmentos, Hegel lê Heráclito e, embora seja outra contradição, mas tendo como base o pensamento desse grego, Hegel fundamenta a ideia da contradição.

Se Hegel escreveu "Fenomenologia do Espírito" ou "Fenomenologia da Mente" (1807) e "A Lógica da Ciência", não foi só por causa das obras de Kant, mas também por causa de Heráclito. Com Hegel, com Heráclito, com Platão, aprendemos que no tempo nada é absoluto, nem a totalidade.

Sobre a totalidade, pensamento que o senso comum reproduz, eu digo o seguinte a partir de Hegel, que o senso comum, nesse caso, o de Hegel, não reproduz: a totalidade final é tão una, única, homogênea e autônoma quanto à identidade primeira e primordial (a tese), porque ela, a totalidade final, é síntese e, por causa disso, por ser síntese, é identidade e negatividade enquanto nova tese, mas uma tese que já é devir. Assim, há nessa nova tese, que é síntese, estabilidade, imobilidade, fixidez, tal qual a identidade primeira (A=A). No entanto, ao sair de si mesma por causa da negatividade (fora de si), possibilita outra totalidade final, que também possui uma identidade primeira.

Dessa forma, a identidade primeira é homogênea porque não há nela a negatividade, porém tão somente a estabilidade, a imobilidade de A=A. Como na totalidade final tese e antítese têm uma suspensão - o que Hegel chama de "aufheben" (não há no português termo com o mesmo sentido) -, ocorre também na totalidade o uno, o único, o homogêneo, isto é, uma nova tese, uma identidade, sabendo que essa nova tese já um devir.

Heráclito

segunda-feira, abril 06, 2015

domingo, abril 05, 2015

Alma Imoral


"Alma Imoral", uma das melhores peças a que assisti.

A palavra aqui tem uma força reveladora que o ordinário oculta. 



sábado, abril 04, 2015

A estética do palhaço


Na obra de Suassuna, há três palhaços, mas a TV Globo retirou um, deixando Chicó e Grilo.

Hoje, quando se trata de real, é muito difícil se encontrar com o palhaço, isto é, com a alegria, mas não com uma alegria individual.

A alegria do palhaço é uma alegria política.