sábado, março 31, 2007

A esquerda acreana não tem memória





































Os 43 anos do golpe militar passaram em branco para a Frente Popular. Eu me lembrei.

"Doida é a Glória Perez"






Ontem, a imprensa acreana não noticiou a prisão muito doida do repórter Josafá Batista.

O jornalista foi preso no Projac, Rio de Janeiro, depois de jogar açaí e cupuaçu na autora de Amazônia: de Galvez a Chico Mendes, de Glória Perez.
"Essa senhora é que é doida, porque a sua minissérie está com audiência muito menor do que JK e Hoje é Dia de Maria", disse Josafá.
Por causa dos números, a autora está sendo chamada por Josafá de Glória Perde.
Filho de seringueiro, o jornalista tem a certeza de que sua mãe nunca traiu seu pai. Para ele, a minissérie só mostra mulher colocando galho em seus maridos. "Eu não sou doido e meu pai, um ex-seringueiro, nunca foi corno."

Prova Diagnóstica

Hoje, houve reunião na escola estadual para buscar rumos sobre os resultados da prova diagnóstica. Em Língua Portuguesa, os professores do primeiro ano, ensino médio, constataram que a maioria dos alunos não sabe usar vírgula.
E agora?
Vírgula é muito importante, porque organiza a construção interna de um texto. A gramática deve orbitar a produção textual. O que fazer?
A área de Língua Portuguesa, reunindo-se aos sábados, precisa criar exercícios com vírgulas e massificá-los em sala de aula. Tais exercícios precisam estar arquivados no computador da escola.
Na leitura de um romance, realizada na escola pelo professor, é preciso explicar aos alunos o por quê das vírgulas. Na aula de Redação, é preciso, por meio da reconstrução textual, cobrar o uso correto da vírgula.
Na reunião de hoje, professores de Língua Portuguesa faltaram, não se escolheu o presidente do Conselho de Disciplina para o semestre, não houve ata, não foi retomado o que foi debatido no ano passado e não fiquei na reunião até o final.
Paciência!

sexta-feira, março 30, 2007

Arte na Praça


Há tempo, estou para escrever sobre essa escultura, localizada na Praça da Revolução, centro de Rio Branco.


Sempre quando compro jornal aos domingo, reservo um tempo para apreciar essa arte moderna.

Ela me atrai por causa de seu mistério, por não ser descritiva.

Hoje, no entanto, ainda não tenho tempo para dissertar sobre ela.

Amanhã... não sei.

Minhas aulas

Nesta semana, na terça-feira, demos continuidade à leitura de Lavoura arcaica. Abrimos dicionários para encontrar o significado mais adequado ao texto. Marcamos alguns aspectos gramaticais que se relacionam à produção de texto, por exemplo, uso do pronome oblíquo.
Percebam o uso no texto, não pedirei classificação.
Na quarta, aula de Literatura, interpretamos uma poesia, sem que eles soubessem período literário, autor. Só o texto. Mais uma vez, fomos ao dicionário a fim de encontrar o significado mais adequado. Vocabulário para ser usado em uma redação. Observamos, também, o uso do pronome oblíquo. Saber abstrair. Imaginar. Interpretar.
Na quinta, toda quinta, aula de gramática: uso da vírgula por meio da Ordem Sintática Direta, prática que elimina 90% dos problemas de vírgula. Para tanto, não frases-oracionais isoladas, desarticuladas, mas a leitura de um texto. Qual o conteúdo? Qualquer um? Ler sobre Lavoura arcaica e, mais uma vez, também, marcações gramaticais relacionadas à organização textual, por exemplo, uso do pronome.
Na sexta, sempre produção textual. Hoje, observamos a seqüência lógica de raciocínio de duas introduções. Para tanto, um exercício muito próprio. Faltam 12 introduções. Sistematização. Massificação. Por que essa construção sintática surge depois dessa? Especificar idéias. Partir do geral para o específico.
Na sexta anterios, reconstruir a introdução. Faz. Refaz. Observação. Erros mais comuns. Escreve-se no quadro-negro. Observa-se. Não quero os verbos ser, estar e ter na introdução. Busque no dicionário outro verbo. Ampliar vocabulário. Abra o dicionário! Falei sobre vírgula, corrija seu texto. Essa palavra não é escrita assim. Vá ao dicionário. Idéia geral, não quero. Especifique-a!
Refazer. Refazer. Refazer. Mais tarde, no desenvolvimento, uso do gerúndio, do particípio regular. Apostos antecipados. Aponto isso no texto, no romance. Antes disso, introdução, modelo. Refazer. Refazimento. Falta o pronome oblíquo. Use-o no texto.
Escrever se aprende escrevendo. Leciono para ser lembrado como um professor que exige, mas, antes, que se exige. Quero ver esses jovens vitoriosos e não há vitória sem esforço, disciplina, sistematização, garra, paixão pelo que faz. Quero, ainda, mudar o mundo, e ele começa em minha sala de aula.

Um detalhe educacional


Hoje, soube que pessoas responsáveis pelo ensino médio não admitem encontros pedagógicos aos sábados como se fossem aulas.
Em um dia da semana, o professor da rede pública estadual não leciona para planejar suas ações pedagógicas com a coordenadora de ensino. Esse encontro, no entanto, não ocorre, porque esse tempo do professor transformou-se em tempo vago ou folga.
Se ainda, entretanto, houvesse tempo para planejamento com a coordenadora, seria um erro, pois a disciplina Língua Portuguesa não depende de ações isoladas, mas articuladas entre os professores dessa área.
Tenho certeza de que não há na rede pública encontros pedagógicos entre as áreas e isso significa, também, não haver qualidade de ensino, porque cada um trabalha isolado.
Depois que o modelo clássico, base da gramática tradicional, foi substituído pela idéia de texto, princípio defendido pelos sofistas, os professores de Língua Portuguesa precisam dialogar a fim de buscar caminhos para uma melhor produção textual. A gramática, já não é de hoje, gira em torno do texto.
Na escola Heloísa Mourão Marques, até hoje, o corpo docente de Língua Portuguesa e de Literatura não possui um trabalho que seja a conseqüência de um diálogo entre os professores da área.
É preciso haver um material de redação criado pelos próprios professores. É preciso selecionar os problemas mais comuns nas redações. É preciso criar exercícios gramaticais e textuais a partir dos problemas redacionais. É preciso haver a reconstrução textual, segundo os parâmetros, nas aulas de Língua Portuguesa. É preciso haver papel adequado para a produção e para a correção de texto. É preciso criar um modo de lecionar produção de texto que obtenha resultado positivo. É preciso organização escolar para a área de Língua Portuguesa pensar, questionar, dialogar, problematizar, solucionar.
É preciso haver encontros aos sábados para que as áreas se reúnam.


quinta-feira, março 29, 2007

Feministas, por que vocês se calam?


Prazer & Morte


O chão acreano deu-me uma filha com uma cor que lembra os nativos desta terra. Por parte da mãe, suas raízes, estas: indígenas.
Educá-la em mundo onde meninas, menores de idade, entram em motéis e, por meio da internete, um endereço, são expostas a orgias que deliciariam marquês de Sade.
Adolescentes, por exemplo, do colégio Meta, entregues aos seus 13 e 14 anos, aparecem com rapazes viris e tolos em motéis. Culto à devassidão. Mais: a devassidão é a exposição.
Uma jovem esqueceu suas fotos em uma lan hause e, sem saber, sua imagem circula pela rede, servindo ao ridículo, à difamação.
A Justiça prende quem estupra. Mas quem prenderá as menores que se expõem, alegres, em um endereço da internete?
Pelas imagens, ninguém usa camisinha. Isso, no entanto, é caso para camisinha? Camisinha protege meninas de Sade? Camisinha as previne contra os excessos?
Exibicionismo do feminino a serviço das regras masculinas: pornografia. O endereço não poderia ser mais apropriado: www.acretinos.vai.la
Senhores, espero nunca ver minha filha, menor ou maior de idade, expondo a deformação de seu caráter. Caráter!? Honra!? Marquês de Sade ri de nós; as ninfetas, também.
Sobre esse modelo de violência, as feministas acreanas se calam, por quê? Pornografia não é violência contra a mulher?

Sociedade dos Poetas Mortos

















Um bom filme. Assista!!!








Educação Pública



Gestão profissional faz Acre e Tocantins avançarem no Saeb

Uma matéria, publicada na edição desta quinta-feira do jornal O Estado de S. Paulo, confirma os números positivos da educação pública estadual, apresentados pela secretária de Estado de Educação (SEE), Maria Corrêa. O setor, segundo o governo do Estado, avançou, e muito, nos últimos anos.
O texto analisa números divulgados pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do Ministério da Educação. Ele mostra que a gestão profissional do ensino e a criação de metas elevaram em 11% as notas do exame.
A mesma ação aconteceu no Tocantins.

“Criamos um plano estratégico e o governo promulgou uma nova lei para as carreiras. Tudo foi sistematizado para que um modelo descentralizado fosse implantado e a secretaria funcionasse como gestora, acompanhando e monitorando as unidades”, explica Jean Mauro de Abreu Moraes, gerente de Gestão da Secretaria da Educação do Acre.
Leia a matéria na íntegra.
__________________________

Desempenho melhora onde há metas

Tocantins e Acre vão na contramão e conseguem aumentar nota no Saeb enquanto média do resto do país cai

Simone Iwasso

No Tocantins, em quatro anos, o salário dos professores aumentou 40%, a evasão escolar caiu de 7,8% para 1,2% e a aprovação no ensino fundamental subiu 20%. No médio, caiu 26% a distorção idade-série e a nota do Sistema Nacional da Avaliação Básica (Saeb), do Ministério da Educação aumentou cerca de 20%. Antes o pior, o Estado é hoje um dos melhores do Norte e Nordeste.
Os números podem parecer pouco significativos, mas se destacam pelo fato de serem positivos numa área que, de maneira geral, teve queda de rendimento - o desempenho dos estudantes em geral no Enem é o pior desde 2002, o número de alunos no ensino médio continua a cair e a média nacional dos estudantes no Saeb também está até 10% abaixo do registrado na edição de 2001.

Nesse cenário, as dados positivos do Tocantins refletem uma mudança que começou com um programa de gestão compartilhada da Secretaria da Educação. Cada diretor teve mais autonomia e maior responsabilidade sobre gastos. Os professores ganharam aumento, mas se submetem a avaliações. As escolas elaboraram plano de metas.

“Tivemos problemas com partidos, sindicatos e até com o Ministério do Trabalho, mas tudo se acertou”, afirma a secretária da Educação, Maria Auxiliadora Seabra Rezende, que está no cargo desde 2000. “Sabemos que falta muito para chegar ao ideal, mas saímos de um patamar baixíssimo e melhoramos.”
As iniciativas refletem uma profissionalização da gestão, com cobrança de resultados.
No Acre, as notas no Saeb subiram até 11% após um gerenciamento semelhante. Minas e Pernambuco caminham nessa direção.

Salário por resultado
Em São Paulo, o governador José Serra (PSDB) anunciou na semana passada que pretende adotar projeto para conceder reajustes salariais diferentes para o funcionalismo público.
A idéia prevê aumento não-linear por área - e começaria com a educação - segundo o desempenho de cada unidade. No ano passado, o Estado começou um sistema de bônus para premiar professores que faltam pouco, uma iniciativa que se repetirá neste ano.
Sobre a experiência de Tocantins, a secretária conta que fez uma opção. “O investimento do Distrito Federal é seis vezes maior que o nosso. Mesmo assim, aumentamos o salário, optamos por pagar um valor decente, até para podermos exigir contrapartida”, diz. Hoje, o professor com ensino superior completo recebe no Estado cerca de R$ 2 mil iniciais. “Queremos mais dinheiro, mas precisa saber onde investir, senão nunca vai ser suficiente.”
No Acre, o salário básico dos professores com ensino superior também subiu de R$ 420 em 2001 para R$ 1.562.
“Criamos um plano estratégico e o governo promulgou uma nova lei para as carreiras. Tudo foi sistematizado para que um modelo descentralizado fosse implantado e a secretaria funcionasse como gestora, acompanhando e monitorando as unidades”, explica Jean Mauro de Abreu Moraes, gerente de Gestão da Secretaria da Educação do Acre.
Na prática, o que as duas secretarias fizeram foi aumentar o salário dos professores, exigindo contrapartida de resultados; decidiram, em vez de fazer as compras de materiais, por exemplo, e gerenciar tudo o que as escolas pediam, enviar um valor mensal para elas mesmas administrarem - o que reduziu gastos.

Plano de aprendizado
Além disso, cada unidade teve de elaborar um projeto para definir o que os alunos devem aprender. Essa última parte, que pode parecer desnecessária, ainda faz falta em muitas redes, pois não há definições específicas para os professores - cada um pode pegar o livro didático e, a partir dele, ensinar o que acha que deve ser ensinado.
“Antes, se eu precisava de um armário, tinha de pedir à secretaria e esperar meses e nunca vinha o que a gente pedia. Hoje, temos nossa verba mensal, e compramos, nós mesmos, no comércio local do que precisamos. Até nossa conta de luz diminuiu, porque sabemos agora quanto gastamos e não se desperdiça mais”, conta Maristélia Alves, diretora do Centro de Atendimento Integrado à Criança de Palmas, escola com cerca de 1,9 mil alunos de ensino fundamental e médio. “Outro fator que nos ajudou foi chamar os pais para discutir as mudanças na escola.”
Fernando Mendes, superintendente-adjunto da Fundação Abrinq, que desenvolve trabalhos de monitoramento da gestão da educação por meio do programa Prefeito Amigo da Criança, lembra a importância da participação da comunidade na definição dos rumos da escola.
“Está clara a importância da gestão para o uso racional dos recursos e a melhora no desempenho do aluno”, afirma. “E isso também inclui a participação da comunidade, em uma gestão democrática, que é importante para melhorar resultados.”

No último levantamento do programa, dos 2,6 mil municípios participantes, 623 tinham plano municipal de educação e 157 já contavam com conselhos gestores das escolas. “É um esforço para promover mudanças.”

quarta-feira, março 28, 2007

Ainda sobre Pornografia












A imagem pertence ao filme Os contos proibidos de Marques de Sade e, se comparado ao livro A filosofia na alcova, escrito por Sade (1740-1814), é muito inocente.

Eugénie, 15 anos, é a virgem que Saint-Ange apresentará para que seu corpo sirva de objeto. Sob essa condição, a de objeto, a jovem surge descrita por Saint para os olhos de Cavaleiro, outro personagem da peça A filosofia na alcova.

Surpresa, a adolescente fala em decência, mas outro personagem, Dolmancé, diz que "a decência não tem importância nenhuma hoje em dia, e que contraria totalmente a natureza". Dolmancé agarra a jovem e a beija.
"Parai com isso, senhor!... Mais respeito!", ela o censura. Inútil.
Segue-se uma sucessão de cenas "naturalistas". "O destino da mulher é ser como a loba e a cadela", sentencia a personagem Saint.

O corpo, em muitos momentos, surge preso a descrições científicas enquanto, aos poucos, a filosofia racionalista da carne brota das palavras. Na pornografia, mata-se o sensível e despreza-se o semelhante para a violência-prazer esgarçar a carne.

Dolmancé ensina. "Como disse Maquiavel, 'jamais devemos ter cúmplices, ou nos livrar deles tão logo nos tenham servido'. (...). A falsidade nunca é demais. (...)."
Mais? Leia o livro.

terça-feira, março 27, 2007

Pornografia











Certa vez, você me disse que a pornografia é o "excesso de cenas". Em Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, as cenas não existem, não estão expostas, mas a pornografia encontra-se lá.

Excesso que deseja destruir o sagrado, eis a pornografia. Em nenhum século anterior, a pornografia se espalhou como no final do século 20. Não a olhamos mais por meio da fechadura, às escondidas, mas sua exposição depende de um endereço na internete.


Pela webcam, assistimos a casais em posições ao vivo e, se nossa foto agradar, poderemos marcar um encontro de carne e osso para que sejamos filmados, expondo posições, por exemplo, entre casais. Marques de Sade nunca foi tão atual. Sua leitura, obrigatória.
Enquanto escrevo, um vizinho espalha pela rua este excremento auditivo:
Toma gostosa, lapada na rachada! Você pede que eu te dou, Lapada na rachada! E aí? Tá gostoso? Lapada na rachada! Toma! Toma! Toma! (Vamo balançar! Vamo balançar! O balançado mais gostoso do Brasil! Balança, balança, balança neném! - Ô Lene Silva?! Vamos dar uma lapadinha?- Ai Clauber, mas só se for na rachadinha! - Vamos agora! Simbora!) Vi uma menina linda, A danada enlouqueceu, A macharada ficou doida, quando ela apareceu. Sorriso envolvente,jeitinho sensual, Pra acabar de completar, me deu mole no final. Juro não acreditava, no que tava acontecendo, sorria, me olhava, e o clima foi crescendofui direto ao assunto e não pude acreditar, chegou no meu ouvido ecomeçou a falar: Vai! Dá tapinha na bundinha, vai! Que eu sou sua cachorrinha, vai! Fico muito assanhada, se eu pedir você me dá?! Lapada na Rachada!Vai! Dá tapinha na bundinha, vai! vai! Que eu sou sua cachorrinha, vai! Que eu tô muito assanhada, (- Vamos dar uma lapadinha Lene Silva?- Mas só se for de rachadinha!) Toma gostosa, lapada na rachada! Você pede que eu te dou, Lapada na rachada! E aí? Tá gostoso? Lapada na rachada! Toma! Toma! Toma!(2x)(- Dá lapada na rachada vai! - Que forró é esse Lene Silva?- Balança Neném!- Fazendo você gemer!)

A mulher, equiparada a uma "cachorrinha", é instinto, isto é, o prazer não é conseqüência de uma razão, mas uma necessidade física inconsciente. Em Lapada na rachada, o prazer se reduz à vulgaridade do orgânico.
No palco, as mulheres da banda, com seus trajes, assemelham-se a "putas" e o palco, a "cabaré". Um texto de Adorno, O fetichismo na música, afirma que "a música de entretenimento preenche os vazios do silêncio que se instalam entre as pessoas deformadas pelo medo, pelo cansaço e pela docilidade de escravos sem exigências".
"Lapada na rachada" expõe a pornografia velada e inocente
e, dessa forma, a lei não censura. Os promotores calam-se. Licenciada, com alvará de funcionamento, essa pornografia cínica permite que crianças dancem, rebolem e usem calcinhas pretas. Dizem que "é a cultura do forró".


"Porno" significa "cheira mal", "estragado". Lapada na rachada fede.

Ele, o sr. Jaleco














Três colegas de profissão. Da esquerda para a direita, professor Afonso (discipina de Matemática), Gleidson (Matemática) e Maria Célia (Literatura e Língua Portuguesa).
Eles estão aqui para mostrar o quanto o jaleco cai bem para um professor. Penso que uma instituição deve apresentar uma imagem uniforme de seus profissionais, na caso, da educação.
Não se trata de uma questão funcional, mas de postura, boa apresentação. Se os alunos usam uniformes, por que os educadores devem se vestir de qualquer forma?
"Qualquer roupa" não veste o advogado quando entra no fórum. O jaleco deixa um ar de elegância.
Se um cristão não entra com qualquer roupa em uma igreja, se um advogado não usa qualquer roupa diante do juiz, o corpo docente, também, não deve lecionar com qualquer roupa diante de seus alunos.

segunda-feira, março 26, 2007

Livro e, depois, Cinema













Após um ano, retornei com a leitura de Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, na escola Heloísa Mourão Marques.
Pensei em outra temática, mas mantive a leitura sobre ordem e paixão; família e individualidade; tradição e liberdade. Tais conceitos, muito intensos nessa obra literária, serão compreendidos por meio de uma narrativa complexa e poética.
Como digo à minha símpática colega de trabalho, professora Maria Célia, lemos um belo livro não para saber se é romântico ou realista, mas para que percamos a inocência, como escreveu Sartre.
Por meio de seus personagens, desejo repensar a vida. Não só.

Gramática

No primeiro dia, marcamos alguns aspectos gramaticais: pronome, uso do "onde". Além disso, os alunos abriram o dicionário para encontrar o significado mais adequado ao texto. Quanto a outro termo, vou à sua raiz para que o aluno saiba sua importância etimológica.
A gramática que destaco na leitura relaciona-se aos problemas redacionais, os mais comuns, impossível querer pontuar todos. Por isso, seleciono os que são muito úteis à organização interna do textual, por exemplo, vírgula.
Ler não como um burocrata, mas ler para se emocionar com o que é lido. É preciso teatralizar a leitura e, para tanto, o professor se apaixona quando lê.
Mas a leitura nem sempre é aprazível. Há momentos chatos, porque, para ler bem, se faz necessário pensar e pensar - verbo rejeitado por alguns alunos.
Às terças, em um lugar silencioso e confortável na escola, meus alunos lerão, pelo menos, um livro por ano. Educados, atentos às minhas "loucuras", muitos, mesmo com as dificuldades financeiras dos pais, compraram a fotocópia.
No final, passarei o filme para que percebam a imaginação do diretor na tela, o que Luiz Fernando Carvalho realizou com a sua leitura em forma de cinema.
Antes de concluir a leitura de Lavoura Arcaica, mostrarei um filme realista, porque desejo que percebam a diferença entre o poético e o que não tem beleza.

O feminismo de Elisabeth Badinter






















Texto retirado da revista EntreLivros

Depois do feminismo, a guerra dos sexos. Esse é o receio de Elisabeth Badinter expresso em Rumo equivocado, que está sendo lançado neste mês no Brasil. Feminista conhecida, Badinter surpreende seu público ao fazer ressalvas sobre os caminhos do movimento que outrora apoiou. Sua posição é inequívoca a partir do título do livro.

"O feminismo tomou um rumo que nos leva à regressão", diz. "Em vez de se concentrar na igualdade entre homens e mulheres, o feminismo enveredou por um caminho muito influenciado pelos EUA. Esse rumo aponta a mulher não como igual ao homem, mas como sua vítima."

Badinter falou a EntreLivros em Paris, em seu apartamento defronte ao jardim de Luxemburgo. É uma mulher austera que, sexagenária, guarda a beleza da juventude nos grandes olhos azuis e na ardência da defesa de suas idéias.

Mulher de Robert Badinter - ministro da Justiça no governo socialista de Mitterrand nos anos 80 - e herdeira de uma das maiores agências de publicidade do mundo, a Publicis, Elisabeth é mais conhecida como intelectual.

Não se deve deduzir que as críticas de Badinter a colocariam no campo antifeminista. Ela própria ainda se considera uma seguidora de Simone de Beauvoir.

"Eu me tornei feminista em 1960 no ônibus da linha 82, lendo O segundo sexo. Tinha 16 anos, e foi uma revelação", declarou ao L'Express em 2003, quando seu livro foi lançado na França.

Em O segundo sexo, de 1949, Beauvoir fazia a sustentação do que viria a ser o feminismo francês expandido pelo Ocidente: o alerta sobre a necessidade da participação da mulher na sociedade, revendo seu posicionamento sempre secundário em relação aos homens, sobretudo em termos de política.

Pode-se dizer que o mote da obra de Badinter está centrado no problema da maternidade. Longe de ser avessa a crianças - teve três filhos -, ela questiona a idéia de que o amor das mães seja inato. Essa reflexão já causava polêmica há 20 anos, pois se trata de um tema que desenvolveu em L'amour en plus (1981), editado no Brasil sob o título Um amor conquistado - o mito do amor materno, e esgotado em 1998 na 9ª edição.

Pesquisas sobre a gestação e o aleitamento de crianças nos séculos passados mostraram que a maioria delas era completamente negligenciada, entregue a amasde- leite mercenárias. Muitas morriam antes de completar quatro anos de idade. Apoiada em números estarrecedores e no estudo do comportamento social - ela nota que para as mulheres da alta burguesia era desprestigioso ocupar-se da prole, enquanto que para as operárias, dada a jornada de trabalho, era tarefa impossível -, a autora chega ao questionamento de uma "vocação natural" para a maternidade.

Para Badinter, dois fatores estão ligados à formação do "mito do amor materno": a necessidade de assegurar a sobrevivência dos descendentes e a idealização da figura da mãe, a fim de que certa completude se fizesse sentir entre a mãe e a criança. Não se trataria, segundo ela, de "instinto", pois o afeto se formaria da convivência e seria algo "conquistado", como é o caso da paternidade. A pensadora acredita que não haja tanta distinção assim entre o amor paterno e o materno, movimento ao menos no que tange ao aspecto natural.

O simples fato de levantar dúvida sobre algo aparentemente cristalizado na organização social gerou polêmica e levou a críticas e certas generalizações a respeito de suas posições, ao mesmo tempo que despertou a atenção dos especialistas e colocou sua obra no centro dos estudos de psicologia e na defesa do feminismo contemporâneo.

quinta-feira, março 22, 2007

40 anos




















No Acre, um silêncio absoluto sobre os 40 anos do Tropicalismo.
Amanhã, meu corpo receberá uma cirurgia.
Retorno na segunda-feira ao blog caso o cirurgião não erre.
"Que minissérie ruim", dizem os bares da vida. O Acre merecia algo melhor.

Caso Luziene

Hoje, no Ideal, em uma nova turma, disse aos meus alunos que muitos desejam faculdade de direito por status, prestígio. E assim edifica-se a vaidade acima da justiça social.

Para que me serve um espelho se a luz do sol reflete neste país, neste estado, pobreza, miséria, ignorância, violência, vulgaridade, injustiça?

Quanta perversão contra Ozias Ferreira da Costa, Roni da Silva Chaves e Ernandes da Silva Chaves e, no final, o estado pagará a eles, por causa do erro do próprio estado, míseros R$ 30 mil.

O mal ri de nós. Brinca.

_____________________________________

Obs: esta matéria não veio assinada.

TJ manda Estado indenizar
colonos que não mataram a estudante

A Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Acre condenou o Estado a pagar R$ 30 mil de indenização por danos morais a cada um dos três colonos acusados injustamente de estuprar e de matar a estudante Luziene Queiros de Morais.

A decisão dos desembargadores baseia-se nas provas de torturas física e psicológica, exercidas no quartel da Polícia Militar de Sena Madureira. As vítimas são Ozias Ferreira da Costa, Roni da Silva Chaves e Ernandes da Silva Chaves. Passaram dois anos e quatro meses presos até serem inocentados pelo Tribunal do Júri por falta de provas.

O crime, um dos mais horrendos da história acreana, segundo os registros policiais, ocorreu no dia 21 de maio de 1997. Luziene foi estuprada, teve a garganta cortada à faca e o corpo, abandonado em um terreno baldio no centro da cidade, em frente à paróquia da cidade.

O filho do então deputado estadual Zé Vieira, Tácio Vieira, foi apontado como proprietário da caminhonete usada para transportar o corpo de Luziene.

Na época, Tácio com 16 anos, não foi chamado sequer a depor ao juizado do menor. Até alcançar a maior idade, ele permaneceu em local não revelado em Florianópolis (SC). A responsabilidade dos militares, acusados de tortura, será julgada em processo distinto.

Durante o tempo em que Ozias esteve no presídio, nasceu seu terceiro filho. O pai dele se matou, deixando uma carta destinada ao promotor de justiça da cidade, alegando que não acreditava na culpa do filho, porque, na noite do crime, ele se encontrava no seringal.

A esposa abandonou a colônia para ficar perto dele na cidade e também acreditava na inocência do marido.

Ao ser solto, Ozias não pôde voltar para casa, porque sua colônia já tinha sido ocupada por outra família. Hoje, ele tem problema com alcoolismo, mora em um quarto alugado na invasão do bairro João Eduardo, periferia de Rio Branco, vive de diárias prestadas em fazendas da Transacreana e tenta esconder dos vizinhos o que aconteceu com ele no passado.

Os outros dois acusados, ambos solteiros, continuam morando no mesmo seringal com os país, um dia de viagem de barco de Sena Madureira.

________________________

Seria bom ouvir Ozias, publicar sua fala no blog ou no jornal.


quarta-feira, março 21, 2007

Ainda sobre Arcadismo


Por que o prazer é regulado pela Razão no Arcadismo?


Por meio de Platão, podemos chegar a respostas. Chamada também de escola neoclássica, o Arcadismo possui termos que encontramos em "A República", por exemplo, austero, regular.


No entanto, não destacarei trechos dessa obra grega para explicar. Um outro pensador, eu prefiro: Sêneca. Da editora Nova Alexandria, um pequeno livro, Sobre a Vida Feliz, educa-me à felicidade como se eu estivesse em um mundo árcade.
Na página 35, esse homem, que se matou a mando de Nero, diz que "a virtude é algo de elevado, de incansável; a volúpia é baixa, servil, fraca, insignificante; seu lugar, seu domicílo são os lupanares e as tavernas. Você encontrará virtude no templo, no fórum, na cúria, de pé junto às muralhas, coberta de poeira, corada do sol, com as mãos calosas; a volúpia, geralmente, furtiva e em busca das trevas, nas proximidades dos banhos, das saunas, dos lugares que temem a polícia, mole, abatida, com vinho e perfume a escorrer, pálida, rebocada, embalsamada como um cadáver."
E ele, em outra página, a 37, oferta aos meus olhos... "não pode haver nenhuma consistência naquilo que, por natureza, está em movimento; muito menos pode haver consistência alguma naquilo que vem e passa logo."
A melhor volúpia para Sêneca é a dos sábios, porque ela é moderada, isto é, é regulada pela virtude, pela Razão. No Arcadismo, há essa moderação do prazer. "Na virtude, não se deve temer o excesso, porque nela está a medida", escreveu o filósofo estóico.
Para haver essa "medida", o limite, os amantes no Arcadismo não se expõem à lua, mas ao sol, à luz. Nas poesias românticas, pulsa o desejo da noite.


Ora, a "medida" pertence ao Arcadismo, termo oposto ao Barroco. Um bom filme que apresenta elementos árcades é Triunfo do Amor, de Bernardo Bertolucci. Essa medida encontra-se no pai de André, do romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, que se transformou em filme por meio da sensibilidade elegante de Luiz Fernando Carvalho.
Não desejo estender-me mais a fim de não cansar seus olhos. Digo apenas que não leio um texto para dizer que é árcade ou barroco, mas leio para aprender algo sobre a vida.
Minhas aulas seguem essa trilha, fogem ao historicismo literário, porque meus alunos precisam, no mundo atual, pensar a palavra, pensar palavra-corpo para que se lancem ao prazer de forma digna, altiva, nobre, autêntica, quando o momento certo chegar.

terça-feira, março 20, 2007

A Literatura em Pré-Vestibular

Hoje, no Ideal, a LiteraTura passou pela sala de aula conforme determina a Universidade Federal do Acre. Os anos passam e a receita, a mesma: períodos de época, historicismo e ainda há professor que coloca a biografia do romancista, do poeta.
Por acaso estudamos '"produto cartesiano" com a biografia de René Descartes?
A LiteraTura padece no ensino médio e no pré-vestibular, porque intelectuais de Letras não respiram outras possibilidades. Hoje, uma aluna do Ideal apresentou-me três autores: Mário Quintana, Oswald de Andrade e Érico Veríssimo. Ela, também, estuda para a UnB.
Por falta de criatividade e de inteligência, dez livros, mantidos até hoje para a prova de Literatura, desanimam os jovens à leitura. Melhor reproduzir cópias sobre os livros e lê-las.
Em sala, hoje, lecionei sobre Arcadismo. Há anos, busco sair do clichê "pastores" ou coisa do gênero. Compreendo que precisamos partir dos conceitos, porque são eles que me (re)apresentam a vida, o mundo.
Se o Arcadismo chama-se também Neoclassicismo, apresentei uma ótima tradução da obra "A República", de Platão, um fragmento, ei-lo:
"Mas, para nós, ficaríamos com um poeta e um narrador de histórias mais austero e menos aprazível, tendo em conta a sua utilidade, a fim de que ele imite para nós a fala do homem de bem e se exprima segundo aquele modelo que de início regulamos, quando tentávamos educar os militares."
Aqui, termos relacionados ao Arcadismo. Um, no entanto, não se relaciona, qual seja: aprazível. Por que o Arcadismo controla o aprazível a ponto da arte árcade ser austera e regulada pela Razão?
Por que o Arcadismo evita o prazer? Por que os amantes não se tocam na poesia árcade? Para mim, os jovens precisam repensar o prazer por meio da Literatura.
Árcade, filho de Zeus e de Calisto - leia "Mitologia Grega", de Junito Brandão -, nasceu para civilizar os campos em que o deus Pã (ou Pan) tocava sua flauta. Árcade, portanto, representa a ordem, conseqüência da Razão.
Se formos ao dicionário grego, "arkeo" siginifica "afastar o mal" e "arkos" quer dizer "limite", "cuidar", "medir".
Que mal é esse? Limitar o quê? Ora, o corpo, esse templo dos sentidos, do desejo, do prazer. Como escreveu Platão, o poeta não pode ser aprazível, nesse caso, o árcade.
O que há no prazer para que ele não pulse na linguagem do Arcadismo? Penso que, por meio dessa pergunta, o Arcadismo torna-se interessante para jovens que precisam repensar o prazer no mundo atual.
Amanhã, continuarei sobre isso.

LuLa, MoMenTo FiLoSófiCo

1. "É preciso melhorar a massa encefálica dentro do cérebro para as pessoas compreenderem que as mulheres devem ser respeitadas."
2. "Sexo é uma necessidade orgânica, uma necessidade da espécie humana e da espécie animal. Como não temos controle disso, o que precisamos é educar."

segunda-feira, março 19, 2007

Bolg aberto aos responsáveis pelo ensino médio

A Secretaria de Educação do Estado do Acre, mais uma vez, manifestou seu interesse de haver "prova diagnóstica" no ensino médio.
Elaborei uma prova simples, sozinho. A área de Língua Portuguesa não definiu um propósito comum. Cada um criou como quis.
Assim, na prova de Redação, professor cobrou cinco linhas; outro, nenhuma. Em minha prova, a do segundo ano, escrevi:
"Vamos supor que, neste momento, você dependa desta redação para fazer a sua faculdade na Universidade Federal do Acre. Ela é, portanto, decisiva. Sendo assim, escolha um dos temas abaixo para elaborar seu texto dissertativo."
O resultado não poderia ter sido pior. Dos 141 alunos, 34 não escreveram (21.11%). Foram 45 alunos (31.91%) que escreveram um texto com um só parágrafo. Outros 18 (12.76) tentaram dissertar com dois parágrafos. Com três parágrafos, foram 27 alunos (19.14%). Somente 5 (3.54%) escreveram com quatro parágrafos.
Ora, se estamos habituados a ler bons livros sobre redação escolar, sabemos que quatro parágrafos deveriam ser a norma na escola, mas nem isso, o mais simples, aprende-se.
O Enem pede quinze linhas, a UniNorte pede cinco e a Universidade Federal do Acre, 20 linhas. A escola, diante desses três exemplos, fica perdida. Não deveria se fosse organizada.
Como melhorar a produção textual no ensino médio? Se não houver reunião pedagógica, se não houver um plano político pedagógico por disciplina, não sairemos do lugar. Tudo começa pela organização escolar.
Se os alunos ignoram o processo de paragrafação, o mais simples, só poderia haver isto e muito mais:
1. Muitos jovens só pensam em divertir, más quando se fala em camisinha";
2. Jovens que não querão engravidar;
3. A te de 11 era pra dá camisinha por que os jovens estão tudo em gravidando. Elas tem medo de pegar piula camisinha púriso",
4. Eu acho que a violência tem que acabar porque o mundo está muito violento;
5. Hoje em dia se vê falar muito sobre casos de estrupamentos.
Poderia ofertar aos seus olhos inúmeros casos, mas conto até cinco. Se não houver médicos na cidade, corpos amontoam-se e o mau cheiro alastra-se. A ausência de saúde cria um caos bem visível.
Alunos concluem o ensino médio sem saber escrever, mas, como não há corpos putrefatos na disciplina de Língua Portuguesa, o sistema, sem qualidade, funciona. O odor que a ignorância exala é muito pior.
Sem uma educação que dê altivez à palavra escrita, ao pensamento elaborado em uma folha, o espírito não pulsa. Por isso, sem educação, sem a formação do espírito, mentes grosseiras emanam a fedentina da vulgaridade, da violência, da miséria. Um criança, de um ano e meio, é estuprada e seu corpo, deixado em uma pia-batismal. Outra, arrastada pelas ruas de minha "Cidade Maravilhosa".
Hoje, o jornalista Jairo Barbosa escreveu uma matéria na TRIBUNA que exemplifica. A escola, longe de ser exemplo para alunos, não dita comportamento, postura, mas, no lugar dela, a boate. Menores embriagados nunca poderão escrever bem.
O Enem já mostrou que somos ruins quando pensamos por meio da escrita. O que fazer, então, depois da prova diagnóstica... e da boate?

sábado, março 17, 2007

Mulheres no Sindicato

Os dois sindicatos da educação, Sinteac e APL, administrados por duas mulheres, já disseram que poderá, em abril, haver greve nas escolas públicas do Estado.
Serei direto.
Se mulher ocupa espaço sindical para ser incompetente igual a homem, melhor cuidar do lar e dos filhos. Primeiro, meninas, é que não existe greve na educação, porque, depois, o professor é obrigado a repor aula.
Que greve é essa?
Eu paro de lecionar e, uma vez terminada, tenho que repor o tempo parado. Fala sério, meu, digo, minha!!! Isso não é greve.
Convenhamos, no mínimo, descanso antecipado.
As mulheres no sindicato precisam, com urgência, rever o conceito de greve, prática de luta dos operários criada pelo anarquismo. Martin Luther King e Gandhi usaram muito bem esse conceito há muitos anos.
"O tempo não pára", cantou Cazuza, e o atual modelo de greve, congelado no tempo e ineficiente, porque a história mostra isso, não pode ser o mesmo, principalmente, para a educação.
A desobediência civil deve ser outra.
Quem já leu um pouco sobre isso deveria saber que Luther King e Gandhi causaram um colapso na economia, o que a educação não causa.
Além disso, sabemos que a educação não se reduz a interesse econômico dos professores.
As mulheres no sindicato repetem o que homens já faziam, e faziam errado. Se é para fazer igual, se é para reproduzir o modelo patriarcal de sindicato, vai lavar a louça, porque eu faço muito bem isso em minha casa.

quinta-feira, março 15, 2007

Prova diagnóstica, da Secretaria de Educação do Estado

Amanhã, encerrar-se-á a prova diagnóstica na escola Heloísa Mourão Marques. A iniciativa da secretaria merece elogios, mas penso que um procedimento deve ser alterado, qual seja: a elaboração das provas.
As provas, quando escritas, não apresentam uma consequência da área, por exemplo, de Língua Portuguesa, mas de um indivíduo. Serei específico.
Em Língua Portuguesa, um professor elaborou uma prova que pede a construção de um texto, mas esse texto deve ser escrito, no máximo, em cinco linhas. Ora, não há texto com cinco linhas no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, e nem na Universidade Federal do Acre.
Isso não passou pela área. Trata-se de um erro grave, porque, antes da prova diagnóstica, as áreas não definem o que desejam. Isso tem nome: desordem.
Eu, que não conversei com o meu colega do primeiro ano do ensino médio, devo escrever que prova diagnóstica para os alunos do segundo ano?
Sem que tenhamos conselhos de disciplina nas escolas, fica difícil definir o que é Língua Portuguesa na rede pública. Educação implica ação de um conjunto, o corpo docente, e não ação isolada de professores.

EducAÇÃO

País está entre os "piores do mundo" em educação,
diz Lula, que promete "revolucionar"

Da redação
Em São Paulo

Agência Brasil

Haddad ouve o presidente Lula na apresentação do PDE

Ao apresentar nesta quinta-feira (15) em Brasília, junto com o ministro da Educação Fernando Haddad, as linhas gerais do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) para educadores de todo o país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu que o acesso à educação cresceu no Brasil, mas que o ensino continua com baixa qualidade."Nós estamos entre os piores do mundo", afirmou o presidente, na cerimônia realizada no Palácio do Planalto.

"A experiência acumulada mostra que o Estado brasileiro, ao longo das últimas décadas, não deu respostas (aos problemas da educação). Houve a universalização do ensino, mas não houve um acompanhamento pela melhoria da qualidade da educação. Então, estamos entre os piores do mundo", declarou o presidente, falando a professores, reitores, pedagogos e ex-secretários de educação.

Entre as medidas que fazem parte do PDE estão a realização de uma olimpíada de língua portuguesa, semelhante à de matemática, já existente; a criação do piso salarial nacional do magistério, que é uma reivindicação antiga da categoria; investimento na formação continuada de professores, fazendo com que todos estejam ligados a uma universidade; universalização dos laboratórios de informática, inclusive na área rural; melhoria do transporte escolar e qualificação da saúde escolar.

O ministro Haddad anunciou também a possibilidade de o aluno aderir a um financiamento estudantil de seu curso superior e pagá-lo depois de formado, com desconto em folha e prestações de cerca de R$ 100.

"Revolução"

De acordo com o presidente Lula, o PDE proporcionará uma "grande revolução" na educação brasileira. "Existe uma dívida de educação nacional e estadual, e isso deve ser sanado", afirmou.

O número de jovens que se encontram em cadeias foi apontado pelo presidente como uma evidência das falhas na educação brasileira. "São todos da década de 80 para cá. São resultados de um milagre brasileiro que não distribuiu renda, de políticas elitistas que não pensavam numa educação de qualidade para todos".

O presidente afirmou que diversas pessoas foram chamadas para colaborar na elaboração do PED, como os ex-ministros Cristovam Buarque (PDT-DF) e Paulo Renato (PSDB-SP). Segundo Lula, o governo quer ouvir quem pode contribuir, independentemente de partido.Buarque, primeiro titular do MEC (Ministério da Educação) sob Lula, foi demitido pelo presidente por telefone, e o enfrentou na eleição presidencial de 2006.

No segundo turno, apoiou o rival de Lula, o tucano Geraldo Alckmin. Já Paulo Renato é um político ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.Avaliação mais freqüenteO presidente Lula defendeu ainda que o Prova Brasil seja aplicado antes da 4ª serie do ensino fundamental, como forma de mapear as condições dessa etapa da educação.

"Não temos como esperar quatro anos para fazer uma prova. Ou medimos essas crianças mensalmente, quinzenalmente, semanalmente, diariamente, ou não tem jeito", criticou.O Prova Brasil, citado por Lula, é desenvolvido e realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão ligado ao MEC.

Sua primeira edição ocorreu em novembro de 2005, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação, que mobilizaram mais de 20 mil colaboradores para atuarem na execução dos trabalhos.

O exame foi realizado em 5.398 municípios, avaliando 3,3 milhões de alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental (ou seja, com intervalo de quatro anos). Foram aplicadas provas de língua portuguesa (com foco em leitura) e matemática, com questões elaboradas a partir do que está previsto para as séries avaliadas nos currículos de todos os Estados e, ainda, nas recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Com informações da Agência Brasil

quarta-feira, março 14, 2007

pOesiA - a voz do Eu-Lírico


Sobre poesia, a Literatura na escola padece de inocência, beira a uma compreensão bobinha de alguns professores, porque se acomodaram com seus livros didáticos.

Há um texto da Escola de Frankfurt, no entanto, que retira a poesia de sua infantilização em sala, é Lírica e Sociedade, de Adorno.
A voz lírica, para esse pensador, não é a mera expressão de emoções e de experiências individuais; o eu-lírico, a linguagem poética, manifesta-se quando adquire participação no universal. "Da mais irrestrita individuação, a formação lírica tem esperança de extrair o universal", escreveu Adorno.

Com essa compreensão, individuação e universal, o eu-lírico é uma voz que reage à influência de agentes exteriores "contra a prepotência das coisas", é uma forma de reação "à coisificação do mundo".

Coisificação no sentido de que, desde a Revolução Industrial, no século 18, as mercadorias dominam os homens. O amor, por exemplo, adquire a condição de coisa quando se reduz ao "orgânico", à funcionalidade, por meio de músicas que submetem o amor à regressão auditiva.
"Lapada na rachada" nunca foi música, mas ruído que "preenche os vazios do silêncio que se instalam entre as pessoas deformadas pela docilidade de escravos sem exigências". O eu-lírico se opõe a esse coletivo.
Oposto a essa "lapada", oferto a teus olhos, então, Castro Alves, que hoje faz 160 anos de nascido.
Amar e ser amado

Amar e ser amado! com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento:
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano —,
Beijar teus dedos em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante — amado —
Como um anjo feliz... que pensamento!?





terça-feira, março 13, 2007

Alunos, os meus

























Novos rostos. Mais um ano letivo escreve-se na lousa de uma escola pública.
São quase 20 anos lecionando e ainda entro em sala como se eu pudesse mudar não o mundo, mas a vida de alguns. São poucos, nunca gostei das multidões.
Entro em sala para ofertar aos meus alunos o melhor de mim, e esse melhor é afeto e exigência; disciplina e desobediência; ordem e caos. Entro em sala ainda com paixão e leciono por um único motivo: não desejo morrer.
Sim, se eu não lecionasse, já não estaria mais aqui, porque, entre quatro paredes, vivo o que a realidade me retira: sonhos, outras possibilidades, por exemplo, ele: o amor, e seu gesto pulsa na narrativa que lerei para os meus alunos às segundas-feiras, entregue ao silêncio em um teatro de escola.
Por mim e por eles, um livro lido para que a vida seja outra em nossas particularidades, em nossas intimidades. Assim, nossos olhos irão se debruçar sobre Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, para que, por meio da leitura - eu sei, ler cansa -, possamos renomear o amor, a paixão, a noção de ordem - valores que a realidade da rua desconhece.
Buscarei, tal qual um sacerdote, teatralizar o texto sagrado da ficção para que percebam a vida relida, mais vida entendida, sempre vida contada, muita vida acima da vulgaridade e da pobreza que nos cercam.
Quando o ano letivo chegar ao fim, só desejo que esses rostos nunca mais se esqueçam de mim, porque para isso também fomos feitos: ofertar a recordação de um homem apaixonado por sua profissão.

segunda-feira, março 12, 2007

Baudrillard


"Brasil é o império das ilusões"
Em entrevista inédita feita durante a Eco 92, filósofo diz que o país não é hiper-real

Flávio Florido - 25.abr.2002/Folha Imagem
O filósofo francês Jean Baudrillard durante palestra na Bienal Internacional do Livro de 2002

KATIA MACIEL
ESPECIAL PARA A FOLHA

E m 1992, se realizou na cidade do Rio de Janeiro a Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco 92. Jean Baudrillard havia sido convidado para uma conferência, e a enorme mobilização da cidade em torno do evento provocou esta entrevista, que aconteceu no Jardim Botânico. Esta não foi a nossa primeira conversa e nem seria a última.
Durante muitos anos foram muitas conversas, mas só tenho o registro desta, que trata da relação entre a natureza e a alteridade, o ciclo da metamorfose, da vida e da morte. As idéias de hiper-realidade e de simulacro são experimentadas no cenário brasileiro a partir de uma análise que considera os processos comunicacionais como aceleradores do consenso. A forma de confrontação escolhida pelo autor é a da teoria fatal, a teoria no meio das coisas, uma teoria que não considera mais a separação entre sujeito e objeto e que acolhe em seu centro os gestos da indiferença como estratégia. Para o Brasil as palavras são de encantamento.
Baudrillard sempre acreditou neste país confuso e generoso e nunca pensou no Brasil como o país do futuro; ele sempre preferiu o presente.

PERGUNTA - Você acredita que esta conferência terá resultados mesmo sendo um tipo de simulacro?
JEAN BAUDRILLARD - Parece-me que tudo isso faz parte de uma nova ordem mundial. No sentido político, a ecologia faz parte de um novo establishment mundial, fundado sobre uma extensão formal da democracia, dos direitos humanos, fundado sobre um consenso. É mais um pacto simbólico com a natureza. Não é exatamente um contrato natural, não é um contrato em termos racionais. [...]

PERGUNTA - Não há mudança de toda forma.
BAUDRILLARD - Neste momento de consenso, só há mudanças mecânicas ou eletrônicas. A rede funciona, o processo é de rede, de circuito. Estabelecemos o consenso pela circulação acelerada das coisas. Se você está dentro de uma rede, você está em consenso. Não é uma questão de ideologia.

PERGUNTA - A aceleração é produzida pela mídia, por exemplo? O que promove toda a aceleração?
BAUDRILLARD - Na verdade, parece uma espécie de imensa maquinaria em forma de circularidade indefinida. Tudo comunica e tudo se torna comunicação. Nada muda verdadeiramente, não há uma forma de alteridade, de antagonismo, de relação dual. Não. Tudo circula. Tudo se torna comunicação, seja a sexualidade, as imagens ou até mesmo os processos científicos. Temos a impressão de que somos reconhecidos no mercado da pesquisa científica por descobertas e hipóteses que possam comunicar. O universo da comunicação é monofuncional. Existe uma mobilidade e é preciso que tudo seja dito. É preciso que tudo circule. De onde vem esse imperativo? Eu não sei... um mecanismo de dissuasão, de desqualificação. Tudo que é substancial, que tem valor, é perigoso. Então é preciso reduzi-lo, é preciso consensualizar fazendo circular.

PERGUNTA - Você vê a questão da hiper-realidade no Brasil?
BAUDRILLARD - Eu não vejo o Brasil como um país hiper-real. Não é como a Califórnia, a América do Norte. Talvez porque o Brasil ainda não tenha passado pelo princípio de realidade, não pode se tornar hiper-real, porque o hiper-real é mais que o real, um tipo de confusão entre o real e o imaginário. Tem-se a impressão de que não existe um princípio de definição da realidade. É bem uma espécie de país de ficção, mas não de ficção de transparência. Não é o país da semiologia ou da semiótica. Tenho a impressão de que o Brasil está mais próximo do jogo da ilusão, da sedução, dessa relação dual, mas confusa, e que não há essa forma de abstração que é a hiper-realidade... Enfim, essa forma de transmutação no vazio, de perda de substância, de referência. Aqui, é claro, há televisão por todo lado, há imagens, isso tudo. Temos a impressão de que é uma matéria muito mais bruta, imediata, primitiva, é uma matéria da relação coletiva. Não é a mesma definição que podemos ter na Europa entre o meio e a mensagem. Toda a teoria da comunicação não funciona assim porque são as funções de um modelo abstrato, uma realidade abstrata. Justamente por meio das novas imagens há uma espécie de confusão entre o emissor e o receptor. A hiper-realidade é uma espécie de roteiro transparente da modernidade, mesmo na Europa. Aqui eu tenho a impressão de que é uma confusão não primitiva -porque seria uma expressão pejorativa-, mas original. Uma confusão que é ainda uma forma anterior à da discriminação das coisas, da distinção das coisas. A hiper-realidade é quase tardia porque veio depois da divisão das coisas.

PERGUNTA - Mas nos EUA também não houve uma realidade anterior.
BAUDRILLARD - Sim, certamente. Não exatamente um princípio de realidade, na medida em que não houve uma acumulação primitiva de realidade por dois séculos, como na Europa. Não há um histórico de realidade, mas um princípio tecnológico, operacional, pragmático. Isso é um problema de infra-estrutura própria, não é uma infra-estrutura de princípios metafísicos, de princípios do sujeito. Há um princípio de operacionalidade muito forte nos EUA . Aqui eu não tenho a impressão de que ele funcione realmente, e não é ele que governa as formas simbólicas da relação. Portanto, é uma situação original, mas, evidentemente, quando fazemos a análise da hiper-realidade, ela é universal. Todo mundo é submetido a esse regime de potencialização de signos. Mas talvez o Brasil escape do universal. É preciso saber se a cultura brasileira passou pela modernidade, se os elementos de modernização, de abstração, de mediatização se tornaram os mais fortes. Se foi engolida e absolvida por isso, não estou muito certo. Não há julgamento estatístico ou metafísico. Talvez no Brasil haja uma certa tradição, talvez haja muito mais de surrealismo que de hiper-realismo.

PERGUNTA - Então seriam principalmente efeitos do inconsciente ?
BAUDRILLARD - O hiper-realismo é, na verdade, uma zona da desencarnação dos corpos. Não é o caso, aqui os corpos não são de forma alguma desencarnados. Os gestos, o movimento aqui são verdadeiramente sensuais. A hiper-realidade é um tipo de desencarnação, de desilusão, um pragmatismo das coisas. Aqui ainda é o império das ilusões, mas no sentido positivo do termo, ou seja, o jogo de aparências, incluídos no gestual, na dança, na música, no jogo, no culto. Esse tipo de coisa não demonstra absolutamente uma alternativa política, apenas mostra que ainda existe uma forma de ilusão, isto é, de gestão simbólica das coisas.


--------------------------------------------------------------------------------
KATIA MACIEL é professora de comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

sábado, março 10, 2007

Sentais-vos, vereadores!!!

O empresário de ônibus retira os bancos para dar mais espaço em pé. Isso tem nome: lucro.
Não existe lei no município para proibir isso. Como não usam ônibus, vereadores não criam uma lei para proibir isso.
O mesmo se dá com os ciclistas. Como não usam bicicleta, eles não criam leis para regulamentar o tráfego de duas rodas.

Diretora Lúcia

Gilson Albuquerque denuncia autoritarismo da diretora
Matéria de Jairo Barbosa

A comunidade do bairro Preventório está revoltada com as medidas adotadas pela diretora da escola Heloísa Mourão Marques, professora Lúcia. Segundo os moradores, a administradora da escola proibiu, desde o ano passado, que os estudantes jovens utilizem a quadra de esportes, que antes era liberada nos finais de semana.
Segundo Gílson Albuquerque, presidente da Ummarb e representantes da comunidade, a professora Lúcia simplesmente impediu a entrada dos moradores na área de lazer da escola sem aviso prévio. Albuquerque prepara um documento para entregá-lo à Secretaria de Educação, solicitando que a medida seja cancelada.
“Há mais de dez anos, esse espaço era usado pela comunidade, e a diretora, de forma arbitrária, proibiu os moradores de utilizar um espaço que sempre foi usado e preservado pela comunidade”, denunciou Albuquerque.
A liderança sindical também disse que os alunos da escola reclamam de outra medida adotada pela direção. Segundo Gílson, a diretora mudou o uniforme dos alunos sem consultar o Conselho Escolar.
“A gente quer a escola em sintonia com a comunidade. Estamos dispostos a colaborar com o que for possível, mas não iremos admitir autoritarismo aqui”, avisou Albuquerque.
Apesar das tentativas da reportagem, a professora Lúcia não foi localizada nem na escola nem por meio do seu celular.

quarta-feira, março 07, 2007

No dia das mulheres, eu quero a minha mãe


Texto completo, publicarei no domingo por meio da TRIBUNA

__________________________

Mulheres do lar lutam por seus direitos,
de Aldo Nascimento

Mulheres americanas que trabalham em casa reivindicam o que feministas acreanas rejeitam: o serviço familiar. Elas querem que os anos dedicados aos filhos, aos maridos e aos pais idosos sejam contabilizados na hora da aposentadoria. Um pouco atrasadas, isso ocorre há anos na Europa.
O sistema de previdência do governo dos Estados Unidos não reconhece o trabalho de donas-de-casa para fins de aposentadoria. Elas só podem contar com poupanças privadas e com parte dos benefícios de seus maridos.
Mulheres que tenham permanecido casadas por mais de dez anos têm direito à metade da quantia paga pelo sistema de seguridade social a seus ex-maridos. Mas, se não fizerem um acordo na hora da separação, perdem o direito às poupanças e aos planos empresariais.
Muitas, então, acabam tendo de entrar no mercado de trabalho para viver. Mesmo assim, por elas começarem a trabalhar tarde, várias jamais atingem o tempo mínimo necessário para recolher a aposentadoria empresarial.
Confirma-se, assim, uma desigualdade entre homens e mulheres. O Instituto de Pesquisa de Políticas para as Mulheres reconhece isso e uma de suas propostas para diminuir a desigualdade entre maridos e esposas, entre os trabalhadores e as trabalhadoras, é a criação de um “crédito de serviço familiar”, igual ao modelo europeu.
Esse crédito poderá ser oferecido a mulheres que deixam a força de trabalho para tomar conta das crianças, para cuidar dos maridos e para tratar dos parentes idosos.

Cuidar da casa
No Brasil, as donas-de-casa têm direito à aposentadoria desde a Constituição de 1988, porém o benefício ainda é muito pouco usado, menos de 1%. Mas, assim como as americanas, as brasileiras não recebem nenhum crédito extra pelos anos dedicados à criação dos filhos ou a pais idosos.
Essa remuneração às mulheres que se dedicam ao lar na condição de mães e de esposas deu seus primeiros sinais no final do século 19, na Europa. É o chamado “maternalismo feminista” ou “feminismo maternal”.
Esse pensamento, porém, recebeu a indiferença de mulheres que lutavam pelos direitos iguais aos dos homens. As falas da feminista alemã Käthe Schirmacher não ecoaram no Brasil, no Acre. Para essa mulher, o trabalho doméstico representa um trabalho que “cria valores”.
“Não existe trabalho mais ‘produtivo’ do que o da mãe, que, sozinha, cria o valor dos valores, que se chama um ser humano”, disse Käthe em 1905, na Liga das Associações Femininas Progressistas.
Para Gisela Bock, ex-professora no Instituto Universitário Europeu (Florença), Käthe Schirmacher “protestou contra essa exploração da dona-de-casa e da mãe, argumentando que as mulheres, em nome de sua emancipação, não deveriam ter ainda de suportar a exploração acrescida de um emprego mal pago, mas que a sociedade lhes devia o reconhecimento social, político e econômico do seu trabalho doméstico”.
Por ter vivido na França, Käthe encontrou essas idéias na década de 1890. Mas antes, em 1878, em Paris, no Congresso Internacional dos Direitos das Mulheres, foi exigido que os municípios apoiassem as mães pobres durante um período de 18 meses.
“Em 1892, a primeira conferência de mulheres a autodenominar-se ‘feminista’ sublinhou a necessidade da proteção social para todas as mães”, escreveu Gisela Bock em História das Mulheres, volume 5.

Nega-se a família
Nos finais dos anos 20, mulheres, uma minoria, rejeita o feminismo maternal em nome dos direitos iguais entre homens e mulheres. A família passa, com isso, a ter menos importância.
Na segunda metade do século 20, esse feminismo ausentou-se praticamente, porque as mulheres consideraram mais fácil conseguir a emancipação pelo trabalho assalariado e pela redistribuição de responsabilidade no seio do casal.

A identidade materna
N
o início do século 21, estudos e pesquisas, elaborados por feministas, retomam as idéias de Käthe Schirmacher. O feminismo maternal voltou à luz.
Professora emérita da Universidade de Provence, Yvonne Knibiehler publicou Quem cuidará das Crianças? Se Simone de Beauvoir (1908-1986) estivesse viva, jamais leria o livro. A companheira de Jean-Paul Sartre (1905-1980) foi útil a mulheres que desejavam direitos iguais entre elas e os homens; Yvonne, no entanto, discordou de Beauvoir.
“Em seu livro, O Segundo Sexo, ela definiu a maternidade como obstáculo à vocação humana de transcendência”, e conclui Yvonne. “A minha relação com as crianças que ponho no mundo é feita também de inteligência, e é precisamente isso que abre a possibilidade de uma superação, de uma transcendência.”
Para essa historiadora, o feminismo precisa, antes de mais nada, repensar a maternidade, a família, a importância da mulher no lar. A violência contra mulheres de classes sociais mais pobres deve-se também a uma concepção de feminismo que destruiu a representação simbólica da casa. A mãe é menos que uma trabalhadora. O escritório da secretária, menos importante que o lar.
Assim, ocupando funções que antes pertenciam somente ao sexo masculino, a mulher pensou que tivesse tirando o poder do homem. Para a autora de Quem cuidará das crianças?, sair de casa para trabalhar no escritório nunca foi suprimir a dominação masculina nem mesmo a atenuou. “As feministas apenas obrigaram que a dominação mudasse de lugar”, provoca Yvonne Knibiehler.
A mulher na política não eliminou ou enfraqueceu a dominação masculina, porque tamanha dominação fecunda-se na representação simbólica. Mulheres podem jogar futebol, mas o jogo, criado por homens, mantém-se o mesmo. A estrutura, a mesma. Ela pode ocupar os sindicatos, porém a estrutura sindical permanece patriarcal ou “machista”. A questão, portanto, não é ocupar os espaços dos homens, mas transformar o conceito de estrutura.
Como escreveu Françoise Thébaud no livro História das Mulheres, o século 20, “a mulher necessita de uma evolução da simbólica do poder e bem poderia vir a modificar o modo como este poder se exerce”.

Retorno ao lar
O clichê “as mulheres estão ocupando seus espaços na sociedade”, proferido por feministas acreanas, caducou. Oriana White, psicóloga e pesquisadora do comportamento humano da Universidade de São Paulo (USP), constatou em sua pesquisa que as mulheres estão voltando seus desejos para a vida em família. “Elas querem uma rotina mais simples, com maridos e filhos por perto”, diz Oriana.

Uma breve entrevista

Publicado em 1997 e editado no Brasil três depois, o livro A Terceira Mulher – permanência e revolução do feminino -, de Gilles Lipovetsky, emudece as banalidades de muitas feministas. Essa obra, portanto, leitura obrigatória para que saiamos do óbvio. Pensando nisso, esta breve entrevista com o autor mostrará um pouco de seu pensamento nesse provocante livro.

Em seu livro, constata-se que a mulher ocupou o espaço na sociedade pós-industrial?
A resposta em uma entrevista é insuficiente. Busco responder a isso em 305 páginas e aqui é impossível em poucas linhas. Entretanto, o que posso afirmar é que o homem permanece prioritariamente associado aos papéis públicos e “instrumentais”, a mulher, aos papéis privados, estéticos e afetivos. Quero dizer com isso que, longe de operar uma ruptura absoluta com o passado histórico, a modernidade trabalha em reciclá-lo continuamente.

Quando o sr. diz “reciclar”, isso significa a tradição revista pelo moderno?
Sim, a terceira mulher conseguiu reconciliar a mulher radicalmente outra e a mulher sempre recomeçada.

A mulher não deixou o lar?
Elas continuam mantendo relações privilegiadas com a ordem doméstica, sentimental ou estética, e não é por simples peso social, mas porque essas relações se ordenam de tal sorte que já não entravam o princípio de livre posse de si e funcionam como vetores de identidade, de sentido e de poderes privados.

O que o sr. pensa sobre o feminismo?
O feminismo como movimento social está marcando passo.

Por quê?
Nesse caso, melhor ler o livro.







terça-feira, março 06, 2007

Matéria da Secretaria de Educação e Eu

Acredito que, por causa da matéria que publiquei na TRIBUNA e no blog, a Secretaria de Educação elaborou um texto para mostrar sua versão. ____________________________________________
Indicadores do MEC mostram que educação do Acre
evoluiu muito nos últimos anos

Matéria de Edmilson Ferreira

Apesar das dificuldades, o Acre consegue reestruturar a educação pública. Todos os indicadores confirmam tendência de melhoria em todos os níveis, mas principalmente no ensino fundamental.
De acordo com o Ministério da Educação, em 2005 o Acre obteve a melhor variação absoluta no Prova Brasil, do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, que mediu o rendimento dos alunos das quartas e oitavas séries de todas as escolas do país. O Estado registrou crescimento de 12,4 pontos na avaliação atual em comparação ao Saeb 2003. Os estudantes acreanos tiveram média de 158,3 pontos em português, no Saeb 2003, e, na última avaliação, alcançaram média de 170,7 pontos na disciplina.
A média nacional é negativa, o Norte tem índices ruins, o pior do país. No entanto, a Frente Popular conseguiu melhorar a educação pública, mas estamos distantes e novos caminhos não foram apontados para o ensino médio.

Em 1999, no início do Governo da Floresta, o Acre ocupava as últimas colocações em todas as avaliações oficiais – era a pior educação do País. Em 2003, superou vários Estados e foi para 16ª posição e atualmente ocupa a 11ª colocação na avaliação de língua portuguesa, desempenho melhor que o obtido por Tocantins, Rondônia, Amazonas - e até mesmo por regiões ricas, como o Rio Grande do Sul.
No Enem, a colocação é 23ª e 24ª. O 11º refere-se ao ensino fundamental.
De acordo com a Secretaria de Educação, os avanços foram obtidos a partir de um grande esforço do Estado e dos professores. Os estudantes acreanos receberam nota média 158,7 no Saeb 2003 e conseguiram 171,9 pontos ou 13,2 pontos a mais no Prova Brasil. Em todo o Estado, no ano avaliado, 14.132 alunos de 179 escolas de 22 municípios participaram da Prova Brasil. Foram 10.474 alunos de 122 escolas estaduais, 3.570 de 56 escolas municipais e 88 do Colégio de Aplicação.
Os números remontam aos investimentos realizados desde 1999 na educação: construção e reforma de escolas, melhorias salariais a professores e pessoal de apoio, plano de carreira profissional, repasse de dinheiro diretamente às escolas, autonomia escolar, capacitação e formação em nível superior, integração do sistema municipal com o estadual. A descentralização da gestão, com o repasse de dinheiro diretamente às escolas, é uma das ferramentas para o Acre ter conquistado melhores posições no ranking nacional de ensino.
Quando o Governo da Floresta começou, somente oito municípios tinham o segundo grau. Hoje, o ensino médio está presente mesmo em comunidades distantes como a Foz do Breu, no extremo oeste do Acre. A qualificação dos professores tem sido fundamental no processo. Apenas em alguns programas de formação de professores em nível superior, o Estado já investiu mais de R$ 50 milhões com a ajuda do Governo Federal.
Questão não se reduz à qualificação do professor somente, é preciso haver uma nova forma de administrar a escola e isso passa também pelo encontro entre áreas.
Municípios – O Ensino Fundamental melhorou muito nos últimos anos e o ensino fundamental caminha a passos largos para um salto de qualidade. Existem problemas no Ensino Fundamental e Médio que já foram identificados pela Secretaria de Educação. Em alguns municípios, há um esforço adicional para que o segundo grau acompanhe o desempenho dos demais níveis de ensino. “Os resultados virão porque há pouco tempo deu-se início na formação de professores em alguns municípios”, esclareceu Josenir Calixto, gerente de Gestão e Planejamento de Ensino Médio da Secretaria de Educação.
Falo do Estado, porque leciono em uma escola pública estadual.
Até 99, ensino médio sequer tinha rede

Ao assumir o Estado em 1999, o Governo da Floresta encontrou a educação em situação crítica. “O sistema não tinha nem a rede de ensino médio”, lembra Josenir Calixto, gerente de Gestão e Planejamento do Ensino Médio da Secretaria Estadual de Educação. No ano de 1996, os paradigmas do ensino médio voltavam-se aos vestibulares e à profissão. Depois, passou a preparar os alunos para o exercício do trabalho e da cidadania – o que no Acre foi incurtido exatamente com o advento do Governo da Floresta ao implantar uma ampla e abrangente rede de escolas com ensino de segundo grau.
Sim, não havia rede, mas não podemos comparar a Frente Popular a um descaso sempre, porque não dá para comparar. Precisamos comparar com o que é melhor para melhorar ainda mais.
A avaliação feita pelo Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) envolve o ensino regular e o supletivo, situação que, na opinião de Calixto, torna a metodologia complexa e gera disparidades entre resultados.
Sou professor de Língua Portuguesa do Estado há dez anos e conheço a realidade dessa disciplina na escola pública.
Qualidade do ensino não é só escola
O fator “escola” não é o único para se construir uma educação de qualidade. “É preciso dar suporte às famílias”, observa Calixto. “E nós estamos fazendo isso”, assegura, citando como exemplo as reuniões de pais e professores no Cerb, escola localizada no Centro de Rio Branco. A participação era fraca, não mais que vinte ou trinta pais freqüentavam as reuniões. “Ultimamente chegamos a reunir cerca de 600 pais”, comemora Calixto.
Não há relação direta entre participações de pais e qualidade de ensino. Trata-se de um mito. Escrever bem, por exemplo, não depende de pais na escola. Se depende, esxplique.
“Nosso desafio é fazer investimentos na sala de aula para que o professor possa planejar corretamente, de acordo com as necessidades dos alunos”, diz.
Como assim "investimentos"? Especifique! Como asssim "planejar"? Especifique!
Além disso, a gestão escolar é instrumento importante nesse contexto. A eleição de diretores comprometidos com as diretrizes básicas vem trazendo bons resultados.
Bons resultados? Onde? Como? Que resultados são esses em termos de qualidade de ensino na Língua Portuguesa? Especifique-os!
Por essa política, a eleição é um dos passos para a boa gestão. Primeiro, o candidato a diretor passa por um curso de capacitação para gerir a escola;
Por causa disso, temos ótimas administrações? O processo de escolha é antes, e ele é um equívoco democrático.
em seguida se submete à certificação e depois é avaliado em processo eleitoral em que participam professores, pais e alunos. “Problemas existem, mas eles estão sendo sanados com a participação da comunidade”, afirmou o gerente da SEE.
Especifique essa participação. Não há verdade e qualidade por meio de generalizações.

Diretores têm acompanhamento constante:
32 afastados por descumprimento do trabalho


Todos os diretores escolares têm acompanhamento constante da Secretaria de Educação. Ainda segundo Josenir Calixto, reuniões periódicas promovem debates entre diretores e técnicos da SEE na busca de soluções para os mais diversos problemas e conflitos. Calixto lembrou que há punição para os diretores que não cumprem com as regras: “em oito anos, 32 diretores foram exonerados da função”, afirmou.
Se acompanhasse, escolas não estariam em péssima conservação. Há menos de dois anos, foram reformadas e muitas estão com janelas quebradas, com vidros arrancados. Há diretores que não cuidam da escola. Material some e eles não são punidos. Poderia dar exemplo, mas o tempo irá mostrar.
Os conselhos exercem papel positivo na gestão escolar porque são, segundo Calixto, instrumentos de controle social. Na busca de fazer uma boa educação, os professores têm carga horária que lhes possibilita fazer o planejamento pedagógico individual e coletivo,
Coletivo não, porque não há conselho de disciplina. A cobrança, quando há, é individual.
e atividades na escola e em suas casas. No Brasil, a formação de professores em nível superior atinge 30% do quadro do Governo Federal. No Acre, em poucos anos, esse número chegará a 100% dos docentes. A previsão é da Secretaria de Educação.
_____________________________
A crítica ética e propositiva contribui para repensar procedimentos. Minha matéria não adulou o poder e muito menos caracterizou-se como um panfleto vulgar contra uma pessoa ou partido. Gosto de dialogar sobre idéias, algo carente em nosso jornalismo.
Em outro momento, escreverei um artigo sobre a Língua Portuguesa na sala de aula, um problema muito grave. Leciono há quase 20 anos, 1o dedicados ao Acre, e sei o que falo e como falo.
Lecionar tem sido a minha vida e, quando critico, é para que façamos sempre o melhor. Para mim, a esquerda deve sempre se sentir insatisfeita, nunca deve se acomodar e muito menos criar falas fáceis sobre problemas complexos.
Reconheço, repito, que a educação pública melhorou. Quero muito mais. E esse mais não se reduz a fazer da educação um ataque agressivo contra a Frente Popular ou contra o governador, porque a educação encontra-se, para mim, muito além da política partidária.