terça-feira, fevereiro 25, 2014

À Mony

Teu nome

Há quase dez anos,
quando teu encanto roçou em minhas cansadas retinas,

o som do teu nome atravessou meus olhos
como brisa.

E, durante um bom tempo, vaguei
entre a esperança e a morte

como vagabundo.

Por causa de teu nome, eu me perdi e, há quase 10 anos,
permaneço fiel à fragilidade de te amar

na rotina das horas

entre o tempo presente e a morte.

Aldoro!


domingo, fevereiro 16, 2014

Escola

QUANDO ESCOLA E POLÍTICOS IGNORAM A PRÓPRIA ESCOLA
Quando políticos acrianos falam de educação, a palavra não pesa. Assim, sem peso, a palavra pertence ao mundo da doxa, da opinião, oposto, portanto, ao profundo. A única coisa que sabem de educação é que ela tem oito letras, não sendo mais cérceos porque desconheço radículas mais rentes do que as de capim. No entanto, em todo Acre, são eles os únicos que dão à palavra educação dimensão pública. Semelhante ao mito de Roland Barthes, a escola acriana, por meio deles, é fala roubada.          
Em 2012, a deputada federal do PC do B Perpétua Almeida e o senador do PT Jorge Viana, com a permissão da escola Heloísa Mourão Marques, agendaram seus dias para falar aos alunos. Embora a instituição escolar seja responsável por promover o senso crítico, isto é, a capacidade de julgar o que se adéqua melhor ao corpo discente, a escola não selecionou o único tema de seu próprio interesse, qual seja, a educação, concedendo-lhes, no lugar de reflexões concernentes à escola, discursos conforme interesses partidários.
Para que partidos políticos discursem perante alunos, a escola pública admite um modelo de democracia que se caracteriza pela liberdade de falar, quer dizer, como não há nessa liberdade limite ou critério, fala-se o que quiser segundo o interesse de candidaturas, e não o interesse da escola ou da educação. Dessa forma, a escola, em nome de uma liberdade estranha à própria escola, permite que políticos falem de tudo, de tudo, de tudo na escola, menos de qualidade de ensino. Ora, se afirmei antes ser essa liberdade estranha à escola, é porque o político pode falar, por exemplo, de seu projeto contra a violência urbana ou a favor de mais verba à construção de presídios, como se qualquer e todo tema fosse de vital importância à educação, o que não é. Lanço dúvidas de que o político falará conforme seu interesse perante juízes, médicos, advogados, engenheiros. A liberdade democrática da escola pública, portanto, significa a escola não possuir a liberdade de pensar ou de pesar suas próprias palavras, quais sejam: a qualidade de ensino.
            No lugar de políticos agendarem o tema que quiserem para a educação, a escola deveria saber que, na democracia, a liberdade não é falar o que quiser, porque falar o que quiser não fundamenta o sentido ou a direção da liberdade. A liberdade terá sentido caso fale conforme a qualidade do que se fala. Quando a liberdade do indivíduo comete um crime, ou seja, quando não qualifica sua escolha, ele é preso, pois, quando livre, não soube escolher o melhor para ele e, como consequência, o melhor para o Outro. Foi preso por ter cometido um crime, mas o crime, aqui, significa, repito, que, quando livre, não percebeu que a liberdade exige qualidade de escolha do que se fala. Prende-se pelo fato de a liberdade do indivíduo não ter escolhido o melhor, não podendo, pois, conviver com o Outro. Somos livres para a (con)vivência e, para que o (con)viver se sustente, não se fala qualquer coisa, mas se escolhe o melhor para ser falado dentro de um contexto social, sabendo que falar já é um agir ou um ato. A liberdade, enfim, implica escolher a qualidade da palavra para que pulse o melhor agir da (con)vivência.
            Os políticos, se desejam falar aos alunos, deveriam ser alertados pela escola pública de que eles não falarão como se fala diante de câmeras de televisão, emitindo a mesma palavra indiferente a pessoas e a classes sociais. Na escola, contexto social específico, eles deveriam falar conforme o interesse dos ouvintes, no caso, dos professores e dos alunos.
            Comum na cultura escolar acriana, essa relação bizarra entre políticos e educação publica evidencia que, em seu próprio espaço, a escola não é sequer pensada por homens públicos, porque, em seu próprio espaço, a escola se permite a ser roubada pelo discurso político. Diante da presença de um senador ou de uma deputada federal, a escola pública se constrange, impedindo, por meio de uma democracia estranha à própria escola, que professores, alunos e políticos pensem a educação pública no espaço escolar.                                           
 

Deus não está aqui


sábado, fevereiro 15, 2014

Cinema e Literatura



Fotos de minha turma de 2011 estavam em meu celular, mas, como o Cristo Redentor não me protege, fui roubado no Rio de Janeiro, coisa que nunca ocorreu no Acre.

Na foto, a turma de 2010, ótima. Aqui, mais um encontro entre Literatura e Cinema. 

Lecionar no Acre é melhor do que no Rio, porque, um exemplo, ir a uma linda videoteca em Rio Branco tem uma ritual que no Rio de Janeiro não existe.

O único problema é que, por falta de política pública, esse tipo de relação (escola e cultura) não tem investimento do governo petista.

Eu era feliz e sabia.  

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Uma foto para os de fora


Caso ocorra uma tragédia com um jornalista acriano no Acre, profissionais de outros estados serão bem capazes de um ato solidário, sendo que essa tragédia, talvez, tenha maior projeção a partir de fora.

No entanto, quando uma tragédia ocorre com um jornalista carioca no Rio de Janeiro, qual alcance existe se repórteres acrianos solidarizam-se no Acre por meio de uma foto? 

Penso que essa foto só importa como ato de solidariedade profissional.

Mas que outros fatos trágicos ou constrangedores existem no Acre que repórteres acrianos não aparecem na foto como imagem de solidadriedade, de questionamento, de protesto?

Fora a solidariedade, posar por causa da morte do cinegrafista da Band Santiago Ilídio Andrade é uma forma de existir ou de ser visto somente por causa de um fato externo à realidade local, à realidade da imprensa acriana. 

A foto é para os de fora, para um problema ocorrido fora do Acre. Como houve repercussão nacional, aos profissionais acrianos então é permitida a manifestação pacífica, sem comprometer ninguém.       

Mas onde estão as fotos de repórteres acrianos que se solidarizam com os constrangimentos da imprensa acriana ou com alguma vítima da violência entre policiais e manifestantes?

Não existe violência entre policiais e a população acriana? 

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

Teoria 2

Muito difícil (con)versar com pessoas que falam com suas marcações muito fixas, por exemplo, "na teoria, isso é muito fácil, quero ver na prática". São os famosos clichês.

Teoria é palavra deformada pela opinião comum, a doxa. A palavra tem seu sentido original, autêntico; sem ter passado antes pela deformação do senso, teoria, que vem do grego, significa "ver".

Entre os sentidos, a visão é a que mantém a maior distância do objeto, ou seja, por meio da visão, ampliamos nossa percepção. 

Mais: ao vermos o objeto, isto é, ao estarmos distante dele, não nos envolvemos com ele. O olhar exerce domínio sobre.

A prática, no entanto, aproxima sujeito e objeto, porque, como não existe a distância, não se vê o que se faz, estando o sujeito, portanto, envolvido. 

Na prática, não existe o "ver", mas um hábito de ser condicionado pelo objeto.

Ora, objeto, no sentido original, significa "o que causa obstáculo, impedimento". Estando próximo ao objeto, a prática impede ver além, porque, para ver além, é preciso estar distante do objeto, ou seja, é preciso teorizar.

"Os trabalhadores manuais agem, mas sem saber o que fazem", escreveu Aristóteles em "Metafísica".

James Watt teorizou a máquina a vapor. Outros, entretanto, só a usam. Ou será que são condicionados por ela?

domingo, fevereiro 09, 2014

Teoria

Muitos usam - e não se servem - a palavra "teoria" no sentido de ela não se relacionar com a prática cotidiana.

Quem teoriza afasta-se da realidade pelo fato de abstrair, isto é, de retirar da realidade palavras sem relação com a vida.

Mas a questão está muito longe de ser isso.

domingo, fevereiro 02, 2014

Irresponsabilidade fiscal do PT

Depois de Rondônia (- 11,1%), o Acre é o segundo estado deficitário em receita corrente líquida, com - 5,7%, seguido de Pernambuco, - 3%.

Isso significa que o Acre do PT contribui para a fraqueza das finanças públicas do pais.

O Acre está no vermelho, não contribuindo para o superávit primário, ou seja, não contribuindo com a economia do pagamento de juros.

Isso quer dizer que o Acre não tem compromisso fiscal, isto é, gasta muito mais do que arrecada.

Os dados são do Banco Central.