terça-feira, maio 27, 2008

Diretora ameaçada de morte

Para a imprensa, a escola só surge como tragédia, violência. Sem isso, não há educação pensada pela imprensa. Um carro bate no poste é notícia, mas a educação não é. Em Cruzeiro do Sul, uma diretora é ameaçada, por isso a reportagem existe para ela.
___________________________________
Marcada para morrer, alunos ameaçam diretora
De Jairo Barbosa

Com mensagem pichada no muro da escola Prof. Flodoardo Cabral, em Cruzeiro do Sul, os alunos enviaram uma ameaça de morte explícita à diretora Ruth Bernardino da Costa. O texto, escrito à caneta, estava assim: “ O prazo de vida da diretora Ruth é até o dia 25/05. A Ruth vai levar facada.”

Na escola, os funcionários evitam falar sobre o assunto. Uma minoria de alunos ainda comenta o caso e atribuem às normas rígidas implantadas na escola pela diretora, o motivo da ameaça. Mas os casos de violência no Flodoardo Cabral vêm sendo registrado desde o ano passado.

Um aluno que pediu para não ter o nome publicado contou à TRIBUNA que, no turno da noite, o consumo de bebida alcoólica e de droga na parte interna da escola é quase uma rotina. Na frente do estabelecimento de ensino, então, disse o aluno, o consumo é liberado.

No mês passado, dois alunos, uma garota e um garoto foram flagrados na sala de aula com facas. No início desta semana, uma outra garota tentou contra a vida de uma colega ao descobrir que ela havia saído com seu namorado.

Apesar da onda de violência e da ameaça de morte, a diretora não registrou queixa na polícia. Em uma entrevista concedida ao repórter Francisco Rocha, da Rádio Verdes Florestas, ela culpou os pais pelo problema que a comunidade escolar vem enfrentando.

“Infelizmente , não tivemos a colaboração dos pais dos alunos da noite. Eles se acham de maior e os pais nunca comparecem à escola, por mais que eu peça ajuda, diferente dos outros turnos, onde tivemos um apoio muito grande. Fizemos várias reuniões envolvendo pais, alunos, promotor, defensor público e o Conselho Tutelar”, disse ela.

Ruth admite que os casos mais graves que envolvem até ameaças de mortes entre os alunos acontecem no período da noite. Por causa disso, muitos funcionários da escola pediram transferência para outros grupos escolares, o que reduziu o número de servidores e facilitou a ação dos rebeldes.

Ao redor da escola, existe um muro de aproximadamente dois metros de altura e um uma quadra coberta, por onde, segundo os funcionários da escola, entra a bebida e droga consumida lá dentro.

A escola Flodoardo Cabral atende mais de 1,2 mil alunos e funciona em três turnos.