quinta-feira, novembro 27, 2008

Ao Jornalismo

Tenho recebido texto de "Jornalismo" neste inexpressivo blog. Pois bem, ainda que você tenha tentado me agredir, reconheço tua habilidade quando escreve. Texto claro. Só não gosto quando não ocupamos espaços para criticar com boas idéias, com boas ironias. Gosto de perder, porque, ao perder, refaço jogadas. Aprendo. Minha arrogância, além de ridícula, beira ao limite e ri de si mesma.

A questão do Enem é séria e pulsa um silêncio sobre a escola pública. No Acre, a fala que expressa conhecimento é a do político. Poucos os questionam quando o assunto é, por exemplo, escola pública. Dizem que está tudo bem, que a Frente Popular revolucionou a educação pública, e o amém de jornalistas e de professores é ouvido em igrejas sem Deus. Muitos estão de joelhos. Rezam em templo cínico de classe social.

Sem tempo para atualizar este blog, ainda sim preparo um texto sobre o Enem no Acre. Publicarei na próxima terça-feira, dia 2 de dezembro. Sabe, Jornalista, não me acho o melhor, porque sei que o melhor manifesta-se quando um corpo, o docente, articula-se para transformar a vida de jovens por meio da Literatura, da História, da Filosofia, da Redação. Como já foi dito, não existe indivíduo, existem relações.

Quem assiste às minhas aulas, se for sincero, dirá que eu não esmoreço em sala. Os livros me transformaram, por isso alunos não vêem em mim marcas do descaso, do relaxamento, do cansaço. Luto para que suas vidas sejam transformadas pela cultura, pelo conhecimento, pelos livros. E, acredite, faço pouco ainda. Preciso melhorar mais e mais, sempre. Sempre. Até para morrer, meu caro, temos que ser melhores. É no fundo do poço - Nietzsche ensina-me - que encontramos a fonte de água mais pura.

A realidade escolar, entretanto, não se reduz a mim. Dependo de outros, de relações. Com as palavras, luto, mas Drummond me diz que a luta é vã mal rompe a manhã. Lutamos, porém, meu caro, sempre perdemos. "Viver é não conseguir", fala Fernando Pessoa. Tenho noção do fim, da perda, da traição mais nojenta, mas, ainda sim, busco dar sentido à vida quando leciono. Aprecio o mito de Sísifo.

Sobre minhas aulas na Universidade Federal do Acre, um dia, quem sabe, conto aos teus olhos detalhes sobre o que certos servidores fazem com uma instituição pública. Guardo processos contra mim com muito carinho, porque são registros absurdos sobre o curso de Letras. Absurdos. É um documento histórico. Hoje, depois daquela ausência de ética pública, depois da arbitrariedade daquela farândola, eu rio dos que aparentam ser sérios e cultos.

Estou vivo como nunca para (me) incomodar a brisa, a folha. O fruto.