sábado, maio 10, 2008

Feministas já foram Mães

No dia das mães, as feministas acreanas, mais uma vez, se calam. Ignoram que na Europa uma modelo de movimento feminista se organizou para que o Estado remunerasse o mais digno de todos os trabalhos - o de ser mãe.

Quando o dia 8 de março chegar, elas ocuparão espaços para exaltar as mulheres no mercado de trabalho, repetindo um discurso ultrapassado. Hoje, as feministas estão repensando o lar, a família, menos elas.

Por causa disso, escrevi um texto que critica essas feministas acreanas. Além de outros livros, consultei História das Mulheres, século 20, de Georges Duby e Michelle Perrot. Espero que goste.

__________________De Aldo Nascimento

Com os anos 60, século passado, os ventos trouxeram o festival de rock de Monterey (1967), quando surgiram Jimmy Hendrix e Janis Joplin; o de Woodstock (1969); o de Altamont (1969); e finamente o da Ilha de Wight.

Jovens dessa época questionavam o status quo; manifestavam-se contra a cultura oficial. A imprensa norte-americana denominou esse período de “contracultura”.

Nessa época, o movimento feminista, com suas formas definitivas, desorganiza a família patriarcal. A mulher mistificada, livro de Betty Friedan, inaugura um novo ciclo nos anos 60, concebendo o lar como tédio, espaço sem identidade.

Rasgaram Inocência
Mesmo com as críticas que esse livro possa propelir contra o patriarcalismo, admitamos que esse patriarcalismo de alguma forma protegia o feminino e exigia do masculino honra. Podemos ler essa mulher e esse homem na literatura, por exemplo, em Inocência, de Visconde de Taunay. Nessa narrativa romântica, Inocência e Cirino, casal apaixonado, lutam contra a lei patriarcal, mas saibamos que tal luta só existe porque essa lei impunha obstáculos.

Oposto a esse romantismo, Álbum de família, de Nelson Rodrigues, e Desengano, de Carlos Nascimento Silva, evidenciam a mulher desprotegida, incapaz de ser feliz com o outro. Assim, sem lar, ela não constitui laços afetivos, e o homem, sem encontrar resistência, obstáculo, impõe seu jogo, sua violência.

Pois bem, um modelo de feminismo, por exemplo, o acreano, rasgou Inocência para ter sua “liberdade” no mercado de trabalho e, para tanto, saiu de casa a fim de ser subjugado pelo capital e pelo patrão. Se não obedece mais ao marido, se não cuida dos filhos, da casa, ela agora acata as ordens do patrão e zela pela empresa.

Mulher-Salário
Fora de casa, a mulher de classe média paga a uma mulher da classe D, a empregada doméstica, para cuidar dos seus próprios filhos, sem pai. Trabalhadoras são mães? Os filhos só sentem seus carinhos após o expediente – nos grandes centros, elas saem de casa às 7 horas e retornam às 20 horas.

A casa deixou de ser um lar para ser dormitório. Com seus filhos agora são “educados” por domésticas, as feministas calam-se no dia das mães. Admiram a motorista de ônibus, classes C e D, porque ela transpira igual a homem, e permanecem indiferentes ao aroma dócil de quem tem tempo, classe A e B, para educar e para velar por seus filhos no lar.

Essas feministas herdaram das norte-americanas o discurso que exalta a mulher-capital, a mulher-empresa, a mulher-salário.

Bem diferente desse radicalismo agressivo norte-americano, o modelo europeu rearranja a tradição entre homem e mulher, reabilitando um diálogo entre passado (a tradição) e presente. As formas antigas entre homens e mulheres são recicladas, por exemplo, na França.

Feminismo Maternal
Quando as francesas buscam combinar a tradição e o presente, isso faz lembrar o feminismo maternal na Europa, ocorrido entre o final do século 19 e o início do século 20, história tão bem ignorada pelas feministas acreanas.

Na Grã-Bretanha, a feminista Alys Russel exigia uma remuneração maternal desde 1896. Em 1905, outra feminista, a Käte Schirmacher, critica suas colegas na Liga das Associações Femininas Progressistas por ignorarem a função social da mãe.

Não existe trabalho mais produtivo do que o da mãe, que, sozinha, cria o valor de todos os valores, que se chama ser humano”, ela proferiu na liga.

Somente em 1915, as americanas conheceram essas idéias por meio de Katherine Anthony. As feministas acreanas, classe média, até hoje desconhecem a importância da mãe e da família na sociedade, por isso, no segundo domingo de maio, calam-se. Ignoram a história das mulheres.