domingo, julho 25, 2010

Salvando Vidas

Na foto abaixo, os outros alunos já tinham entrado no ônibus depois de eles assistirem a uma peça de teatro que apresentou a política brasileira de 1961 a 2010, de Jânio Quadros a Lula. Distante de salas desconfortáveis, a história foi prazerosa no teatro.

Por meio desses encontros culturais, alunos se relacionam com o professor de uma forma que me fascina, porque, longe da sala, longe daquele ambiente nocivo ao afeto, a relação torna-se leve, pessoal.


Em 24 de julho, às 19h25, quando o ônibus parou diante da escola, 61 alunos da Heloísa Mourão Marques entraram no veículo não para ir à Expo-Acre mas para ir à Usina de Arte.

No lugar de bois, de vacas e de fezes, a peça teatral 1961-2010, da ZAP 18. No lugar daquele ruído sertanejo, o espetáculo se abriu com a música O Pulso, dos Titãs.

Vejo como anormal ou como bizarra patologia coletiva pessoas passarem por um corredor para contemplar espécime de gado e bosta de animais. O deputado estadual Moisés Diniz, do PC do B, afirmou certa vez que a Expo-Acre é a maior festa popular acriana.

Vergonhoso um deputado neocomunista declarar isso. No entanto, vindo do PC do B, não é nenhuma surpresa, porque esse partido nunca assimilou em sua história o sentido do que seja popular.



Se depender de mim, sempre salvarei a vida de meus alunos da Expo-Acre. Levá-los-ei sempre à autêntica cultura popular: o teatro.


Triste a cidade que tem como "maior festa popular" um lugar onde pobres não podem comprar e andam em círculo à margem do consumo, onde pessoas passam por uma baia para admirar animais de ricos fazendeiros, onde o rico exibe uma identidade que o pobre deseja e inveja.

A isso, autoridades chamam de desenvolvimento. Ainda bem que, por meio do teatro, salvei algumas almas da mediocridade, pelo menos naquela noite.