sexta-feira, abril 30, 2010

Entre o governo e o Sinplac...

Diante de seu próprio espelho, o governo do Partido dos Trabalhadores do Acre repete há 12 anos que a educação pública é uma das melhores do país. O senador Tião Viana chegou a afirmar que é "revolucionária". Não há na fala de quem governa a ponderação.

Se fosse revolucionária, se fosse exemplo, os professores não estariam paralisados. O governo narcísico do PT não pode negar que, entre as quatro paredes de uma sala de aula, leciona-se uma educada insatisfação. A educação pública acriana não é o que o governo propaga.

No entanto, o Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac), sem falar dos probelmas na rede pública de ensino, aprovou uma paralisação por tempo indeterminado por causa somente de uma reposição salarial de 10.96%. O nosso problema não é só esse.

Um novo jornalismo sindical

De um lado, um governo que se acha lindo de vermelho; de outro, um Sinplac, que não sabendo quebrar o espelho de Narciso, reduz sua luta à reposição salarial, é quando os professores surgem para a sociedade em forma de passeatas enfadonhas, mórbidas, sem vida.

Depois dessa paralisação, eles retornarão às salas de aula, e a sociedade não os verá, a menos que haja outra paralisação. Não é o "corpo docente" que deve ser visto pela sociedade, mas a sua palavra pensada sobre a atual situação (não só salarial) da educação pública.

A palavra dos professores deve circular diariamente no Acre e, para isso, o Sinplac precisa profissionalizar a imprensa sindical. A atual direção tem a obrigação de criar uma estrutura de comunicação independente, ética, imparcial, inteligente, provocadora.

Nada de imprensa escrita por sindicalistas, mas por pessoas da área que ouvirão os problemas das escolas acrianas, as contradições do governo, os avanços do governo, os atrasos do governo. A sociedade precisa ler o que professores pensam sobre a educação pública por meio de um jornalismo sindical sério, antipanfletário.

O Sinplac, até hoje, não percebeu que a luta contra governos se trava também na arena da comunicação, e isso não quer dizer informativos, panfletos.

quarta-feira, abril 28, 2010

Agora, não pode recuar 1%

O Sindicato dos Professores Licenciados do Acre escolheu seu destino, o de prolongar a paralisação por tempo indeterminado.

Uma vez proferida a palavra, não há mais recuo, ou seja, se a porcentagem é 10.96%, o Sinplac não poderá terminar a paralisação com 10.95%, 10.94% ou 5%.

A palavra do Sinplac não pode ser dobrada, não pode ser inclinada; deve ser firme até o final. O governo é que deve ceder, só ele, só.

Quem tem mais força? Lanço uma resposta, ele: o poder.

Paixão


Aprecio livros que recriam a vida, e vida, para mim, significa palavras e gestos que afetam as relações humanas. Recriar, entenda, sempre nos perturba, desestabiliza nossas vidas tão previsíveis pelas horas da rotina.

Aprecio livros que me deslocam deste tempo-rotina para o que ainda não existe e, por ainda não existir, minha alma já sente a ausência, saudade. Do que não existe no tempo previsível, disso, eu sinto falta em mim e nas relações humanas.

Por isso, por meio da força imaginativa da palavra escrita, arte que lateja em ótimos livros, recrio minha vida no meu eu para ir ao encontro teu com o que há de mais belo em nós: o nome. Ouça, chamo-me André, e minha vida encarna-se na obra inquietante de Lavoura Arcaica, esculpida por Raduan Nassar.

Só vou aos bons livros para retornar mais vivo aos teus olhos e afirmar que belas palavras escritas despertam em mim a importância de viver na forma de gestos intensos e suaves da paixão.

Aprendo com André que o ser apaixonado assenta as fundações de sua individualidade no verbo, na palavra laboriosa, imaginativa, incomum, intensa. Sem a força do dizer ao ser amado, não há paixão.

Quando emerge essa força laboriosa, imaginativa, incomum, intensa, a palavra rompe com a estabilidade das horas previsíveis quando André, em uma casa abandonada, igreja fundada por ele porque André é profeta de seu próprio destino, agradece a Deus o corpo não de Cristo, mas a carne-hóstia de Ana.

“Meu Deus, eu pedia, um milagre e eu na minha descrença Te devolvo a existência, me concede viver esta paixão singular (...).”

terça-feira, abril 27, 2010

O governo não irá repor perdas

Assisto agora, às 12h30, à entrevista com a secretária de Educação do Estado do Acre, professora Maria Correa. Ela foi firme ao dizer que o governo não irá repor as perdas salariais.

"Não iremos apontar para reposição salarial quando o governo não tem condições de manter essa proposta", disse ao entrevistador Jorge Henrique, da TV Aldeia.

Do outro lado, hoje, em uma assembleia geral, o Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac) aprovou uma "greve" (reposição de aula) por tempo indeterminado.

A comunicação do governo

Os técnicos do governo colocaram Jorge Henrique, o entrevistador, e a entrevistada, secretária de Educação do Acre, professora Maria Correa, em um stúdio. O telespectador desatento afirmaria que na entrevista havia duas pessoas; mas, em verdade, a presença física menos importa.

Jorge Henrique pergunta o que secretária Maria Correa quer responder. Entrevistador e entrevistada, portanto, monologam. Embora a câmera filme duas pessoas, há tão somente uma só e única fala.

A TV Aldeia, a serviço do governo, poderia criar um espaço-fala para haver debate entre governo, sindicato, professores e alunos, porém o governo, por meio do poder da comunicação, propaga sua imagem.

Enquanto isso, o Sinplac, sem poder de comunicação, é pautado pelo governo.

domingo, abril 25, 2010

"O Arco", de Kim Ki-Duk

Há anos, cultivo belos filmes, por exemplo, O Arco. Quando pensamos que tudo sobre o amor já foi revelado, eis que surge a arte de Kim Ki-Duk. Sua película é a força belíssima do sensível, do lírico.

Por ser um filme autoral, mentes domesticadas pela gosma da vulgaridade estão impedidas de assimilar o lirismo de O Arco. O vulgar não é profundo; obtuso como um animal que pasta, eis o vulgar. Os estúpidos jamais entenderão as imagens dessa obra.

Não irei aqui tecer interpretações, agora não. Esse filme, eu passarei para as retinas de meus alunos.

Amanhã, reunião definitiva

Às 16 horas, na Secretaria de Articulação Política, Carioca, sua equipe de governo e professores do Sindicato do Professores Licenciados do Acre dialogarão à mesa sobre reposição de perdas salariais, usando o prêmio de valorização do magistério.

O Sinplac não vê o todo

Se dependesse somente do orçamento do Estado, a reposição de 10.96% seria impossível porque a Lei de Responsabilidade Fiscal impede. O Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac), ignorando ou não se importando com o orçamento estatal, exige 10.96% de reposição sem pensar nas reais condições de sua exigência.

O Sinplac vai às ruas sem conhecer os cofres do Estado. Quero dizer com isso que o sindicato olha só para sua porcentagem e não para a real situação orçamentária do Estado. O sindicato não vê o todo porque exige só sua parte, o que é um erro.

Antes de ir às ruas, o Sinplac deveria ter visto o que há nos cofres do Estado para saber o verdadeiro valor da folha de pagamento e sua relação com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Se depender dessa lei, a reposição, como declarou Carioca a mim, seria "irrisória", isto é, menos de 1%. Mas essa porcentagem não se limitaria aos professores, outras categorias receberiam, o que poderia ser possível ou não para o Estado. Se o Sinplac pensa só nos professores, a equipe de governo pensa nas outras categorias, pensa no todo, o Estado.

Reposição é possível

Não havendo, portanto, saída por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Sinplac propôs de forma inteligente o prêmio de valorização do magistério para repor as perdas salariais. Quando entrevistei Carioca, a Secretaria da Fazenda ainda não estava com os números.

Eu acredito que na segunda-feira, dia 26, a reposição será possível por meio do prêmio de valorização. No entanto, não acredito em 10.96%. O lado negativo será acreditar que o Sinplac venceu esse duelo porque o seu modelo de luta é o correto.

Os tolos vivem da aparência.

sexta-feira, abril 23, 2010

Carioca, o Entrevistado (1)


Às 12h10, entrei no gabinete do assessor da articulação política do governo do Acre, o petista Carioca. Há 16 anos como homem que não foge ao diálogo, ele enfrenta a paralisação também dos professores estaduais.

"Minha equipe negocia há 16 anos, nós estamos com o couro curtido", enfatiza Carioca. "Se você acompanhar as negociações, você irá perceber que há respeito entre as partes, nunca me senti insultado à mesa pelos servidores públicos."

Segundo ele, no passado, professores conversavam com gente do terceiro escalão do governo; mas, hoje, professor nem precisa parar para exigir do governo negociação com o primeiro escalão.

"O nosso ativo é que nós conhecemos o lado de lá tanto quanto quem está do lado de lá."

LÍNGUAO governo irá repor as perdas para os professores estaduais?

Eu coloquei duas coisas para o sindicato.”

Eu conversei com o Sinplac, eu e a equipe de negociação, que a Lei Eleitoral, que é modificada em cada eleição, preceitua uma série de regras e normas que devem ser levadas a termo pelo governo.

Eu coloquei duas coisas para o sindicato, o que precede uma decisão política do governo são dois pareceres que devem nos orientar porque nós não podemos nos abdicar de proceder assim, pois nós somos regulados pelo Estado de Direito.

Primeiro parecer.”

Um deles é o que preceitua a Lei de Responsabilidade Fiscal, qual a nossa margem de manobra em relação ao comprometimento com o pessoal, considerando que nós estamos vivendo ainda o desdobramento da crise de 2008.

Com essa crise, o Estado brasileiro arrecadou menos, o nosso Estado do Acre é um Estado dependente, portanto, com os repasses diminuindo para municípios e estados, nós tivemos uma espécie de comprometimento cada vez maior com a folha de pagamento, dada a queda da receita.

Era fundamental um parecer da Secretaria de Fazenda, colocando a nossa margem de manobra ser muito pequena.

Segundo parecer.”

Nós trabalhávamos com o que preceitua a Lei Eleitoral e o que nós recebemos foi o seguinte: “Lei Eleitoral, Procuradoria-Geral do Estado tem o seguinte entendimento, os governos estaduais, em ano de eleição, podem recuperar perdas salariais no ano em curso, do dia 1º de janeiro ao 5 de julho.”

Só que há um problema. Ao fazer dessa maneira, você tem de fazer um reajuste linear, eu não posso repor perdas diferenciadas para as categorias, eu não posso dar aumento só para professor. Se o governo repor para professores, ele tem de repor para todos, ou seja, para os 40 mil servidores públicos.

Esse é um problema que cria obstáculos para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ainda que a inflação nesse período chegasse a uns 2.5%, isso projetado para 40 mil servidores é um valor bem significativo.

Mas nós estamos fazendo alguns cálculos sem ferir as duas leis.”

Nós podemos discutir o prêmio de valorização que existe no magistério. Nós estamos fazendo um estudo com a Secretaria de Fazenda para dialogarmos com os trabalhadores da educação.

Na segunda-feira, dia 26, às 16 horas, haverá uma reunião conclusiva sobre isso.

O Sinplac está pedindo que o valor do prêmio, ao invés de ser pago duas vezes no ano, parte dele seja pago mensalmente. Esse é um pedido do Sinplac. Nós estamos dando atenção a todas as possibilidades, a todas as saídas, desde que de forma democrática, respeitosa, sem violar a lei.

LÍNGUAVocê diz “respeitosa”, mas tem sindicalista propagando que Carioca mandou as mulheres lavarem roupa.

Vou processar esse professor.”

Vou colocar em alto e em bom som: não tem como eu não processar esse professor, impossível. Ou eu processo esse professor ou a irresponsabilidade de ele dizer isso ao microfone para centenas pessoas, sobretudo de mulheres, ficará sendo a verdade. Por isso, em juízo, ele terá de provar o que disse.

À mesa de negociação, eu interpelei a própria presidente do Sinplac, que disse, na frente de todo mundo, que o professor sugeriu isso a ela, porque a massa ficaria muito mais exaltada, com a temperatura elevada.

A professora Alcilene, sabendo que isso não era verdade, não colocou isso ao microfone, mas o professor que sugeriu disse. Eu vou processá-lo senão passará a ideia de que eu disse isso contra as professoras, contra as mulheres. Não se trata de ameaça, mas compromisso com a minha honra.

Quer debater comigo?

Vamos debater. O que prevalece à mesa de negociação é sempre a autoridade do argumento e não o argumento da autoridade; é a força do argumento e não o argumento da força. Se for assim, a gente vai.

LÍNGUACarioca, para evitar esse disse me disse, por que sua equipe não filma as reuniões para depois serem colocadas no sítio do governo?

É uma boa ideia.

quinta-feira, abril 22, 2010

Alunos, eu lecionarei na segunda


Hoje, distante, ouvi pessoas ao microfone do carro de som do Sinplac. Às 16 horas, Carioca se reunirá com os professores. Amanhã, haverá churrasco pela manhã.

Eu não sou a maioria. Eu sou a minha individualidade, entenda, isso não significa individualismo. Não sou o que a maioria pensa e nem o que penso. Sou a favor do bem senso, da boa ideia, do novo, de novas possibilidades. O que é ultrapassado pelo tempo não merece minhas horas de atenção.

Eu não sou a maioria. Eu sou a minha liberdade de escolher o que não é burro. Esse atual modelo sindical é tolo, amador, infecundo. Uma maioria não me representa quando não pensa no novo, quando não sabe o que diz, quando acredita que sindicalismo é carro de som na rua, quando diz que greve de professor não é reposição de aula.

Eu não sou a
maioria. Eu sou a minha palavra contra uns professores que nunca se reúnem rápido na escola HMM para qualificar o ensino público, mas se reúnem em segundos para prolongar feriados, para votar a favor de reposição de aula ("greve").

Eu não sou a maioria, porque a maioria não sabe o que eu penso e não está nem aí para o que eu penso, eu sou a minha inquietude, valor oposto ao rebanho sindical que pasta no campo árido das mesmas ideias, das mesmas práticas.

Eu não sou a maioria quando essa mesma maioria defende um sindicalismo de século 19. Estou no século 21. A maioria perdeu o mouse da história.

Minoria

Em verdade, não foi a maioria que votou a favor da "reposição de aula", foi uma minoria que decidiu por uma maioria. Na minha escola, em uma sexta-feira, um grupo votou quando nem todos os professores estavam na Heloísa Mourão Marques, por exemplo, eu não leciono na sexta.

Professor vota em paralisação do corpo docente da escola HMM, mas se prepara para sair do magistério, quer receber melhor no Poder Judiciário. Luta (?) tanto pela escola pública que deseja sair logo da sala de aula para atrevessar as portas do Tribunal Regional Eleitoral.
Liberdade de um só

Eu não sou uma minoria que decide pela maioria. Eu sou um eu, a minoria absoluta, que decide retornar às aulas na segunda-feira, dia 26 de abril de 2010, porque a liberdade de um só deve ser respeitada em um país livre e democrático.

Quando vocês forem um dia melhores do que são, aí, quem sabe, poderá haver diálogo entre nós.

quarta-feira, abril 21, 2010

O Sinplac não quer olhar para si mesmo










Votei na atual direção; entretanto, independente disso, minhas críticas destinam-se ao Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac), à sua forma de se organizar, de escrever na lousa sua maneira de se opor ao governo, ao poder.

Quando o Sinplac surgiu como APL, alegrei-me muito porque acreditei que novas trilhas seriam criadas por mulheres na direção sindical. Na época, trabalhando como repórter do Página 20, publiquei a matéria Fim do monopólio sindical.

Desde aquele dia, mulheres estiveram à frente do Sinplac, no entanto elas nunca deixaram marcas diferentes das marcas masculinas, isto é, mulheres ocupam espaços sindicais como os homens ocupariam. Se é para fazer o mesmo que os homens, melhor ficar em casa cuidando dos maridos e do filhos.

Descentralização

Só existe esta atual forma de organização sindical? só há esta maneira de votar em um dirigente? A atual democracia do Sinplac, cópia do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre (Sinteac), representa o gênero masculino por ser esse gênero centralizador e por não haver critério qualitativo para escolher o candidato.

Pertence ao gênero feminino descentralização e qualidade [democrática], mas isso não existe no Sinplac.

Imprensa

Não me refiro ao nome Alcilene, atual presidente, mas ao Sinplac de antes e de hoje. O sindicato está acima das direções, muito acima de nomes. O Sinplac permanece, e direções passam.

Trata-se de uma vergonha como se encontra a comunicação do Sinplac. Quando existe, apequena-se com seus panfletos. O Sinplac deve formar uma imprensa autônoma, criada por bons profissionais, jornalistas sem vínculo com a pouca inteligência de obreiros sindicais.

O atual assessor de comunicação do Sinplac, Josafá Batista, está para apresentar uma proposta de um novo jornalismo sindical. Espero que vingue.

Sindicato-empresa

O Sinplac não pode mais se reduzir a receber dinheiro dos filiados. Esse dinheiro precisa criar, por exemplo, bens culturais. O dinheiro sindical precisa criar riqueza e precisa todo ano passar por uma auditoria.

E não é só isso.

terça-feira, abril 20, 2010

Documento, interior e Osmarina

Hoje, cheguei à paralisação dos professores por voltas das 10 horas. O Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac), até 12h20, esperou por um documento do governo, mas as palavras escritas do patrão não chegaram.

Por causa de o governo não ter entregado o documento à categoria, sindicalistas falaram ao microfone do descaso do PT pelos professores. Não digo descaso; porém, por não se sentir pressionado, o governo permaneceu indiferente, não entregou o documento.

Se a reposição de aula, que chamam de "greve", pressionasse o governo, ele teria entregado o documento.

Na quinta-feira, nova concentração no Centro, diante da Assembleia Legislativa do Acre. Acredita-se que o documento chegará nesse dia.

Uma TV local usou meu blogue para apontar a fragilidade do Sinplac, publicando que o sindicato não tem representatividade no interior. Isso é fato, mas a questão não se reduz só a isso. O Sinplac, antes de criar núcleos no interior, precisa debater a forma como o sindicato deve ser organizar para escolher seus representantes.

A gestora Osmarina, da escola Heloísa Mourão Marques, afirmou que professor não reporá aulas aos sábados. O ano letivo irá até janeiro, e o vestibular do terceiro ano poderá ficar comprometido.

segunda-feira, abril 19, 2010

Carioca, às 16 horas

Hoje, conversando com um repórter em uma concentração de professores no centro de Rio Branco, ele me disse que o governo não cederá ao Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac).

Às 16 horas, haverá uma reunião com Carioca, representante do governo.

Carioca não está preocupado com a "greve", dorme tranquilo toda noite, porque, para ele, o sindicato é o Pateta da história.

domingo, abril 18, 2010

Sinplac

NOTA DE REPÚDIO E ESCLARECIMENTO

O SINDICATO DOS PROFESSORES LICENCIADOS DO ACRE (SINPLAC) VEM A PÚBLICO REPUDIAR A NOTA RECHEADA DE INVERDADES VEICULADA NA IMPRENSA PELA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO (SEE). ESCLARECEMOS QUE A INTENÇÃO É DESMORALIZAR O SINPLAC E DESMOBILIZAR A GREVE DA CATEGORIA, UMA VEZ QUE O SINPLAC BUSCOU TODOS OS CANAIS DE NEGOCIAÇÃO DENTRO DO PRAZO ESTABELECIDO PELA LEGISLAÇÃO ELEITORAL, O QUE PODEMOS PROVAR COM DOCUMENTOS.
SOLICITAMOS QUE OS PROFESSORES NÃO CEDAM ÀS PRESSÕES DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E DE ALGUNS DIRETORES CONTRÁRIOS AO NOSSO MOVIMENTO.
REAFIRMAMOS: A GREVE CONTINUA. CONVIDAMOS OS PROFESSORES, PAIS E ALUNOS PARA A NOSSA CONCENTRAÇÃO A PARTIR DAS 8 HORAS DESTA SEGUNDA-FEIRA, 19 DE ABRIL, EM FRENTE À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA.
A GREVE FOI O ÚLTIMO RECURSO QUE ENCONTRAMOS PARA ROMPER COM O DESCASO E O DESRESPEITO DO GOVERNO PARA COM OS PROFESSORES LICENCIADOS. RESISTIR SEMPRE, DESISTIR JAMAIS!

A DIRETORIA

Lei de greve

Agimos como se a liberdade de uma minoria pudesse votar a favor de uma "greve" (reposição de aula) de professores como se não houvesse lei. Até motorista de ônibus, com o ensino médio, sabe que 30% da frota precisa funcionar para que a greve não caia na ilegalidade.

O professor não lê, ignora o que seja lei de greve, a 7.783. Como o Sinplac desobedeceu ao artigo terceiro, parágrafo único, a grave, caso se estenda, será julgada como ilegal pelo Judiciário.

O Sinplac não avisou com antecedência de 48 horas ao governo. Tá tudo errado. Tudo é oba-oba de um sindicalismo ainda obreiro, de um sindicalismo que não se (re)organiza para médio prazo. Tudo é imediatismo. Somos tão previsíveis como sindicato que o nosso amanhã é um ontem antecipado.

Estamos esclerosados com nossos discursos vazios de inteligência, cada palavra proferida tem a imobilidade da velhice. Secreções viscosas de burrice escorrem de cérebros atrofiados pela incapacidade de pensar o novo.

Mas, ainda sim, somos arrogantes com o tempo. Quem desconhece o deus Cronos ignora que esse deus devora seus filhos. Esse modelo de sindicato que votou a favor da "greve" (reposição de aula), o tempo devorou há anos.

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos


LEI Nº 7.783, DE 28 DE JUNHO DE 1989.

Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei.

Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador.

Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.

Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação.

Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços.

§ 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quorum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve.

§ 2º Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação.

Art. 5º A entidade sindical ou comissão especialmente eleita representará os interesses dos trabalhadores nas negociações ou na Justiça do Trabalho.

Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos:

I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve;

II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.

§ 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem.

§ 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento.

§ 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.

Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.

Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14.

Art. 8º A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho, decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribunal publicar, de imediato, o competente acórdão.

Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento.

Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo.

Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais:

I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;

II - assistência médica e hospitalar;

III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;

IV - funerários;

V - transporte coletivo;

VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;

VII - telecomunicações;

VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;

IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;

X - controle de tráfego aéreo;

XI compensação bancária.

Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.

Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.

Art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.

Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho.

Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que:

I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição;

II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho.

Art. 15 A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal.

Parágrafo único. Deverá o Ministério Público, de ofício, requisitar a abertura do competente inquérito e oferecer denúncia quando houver indício da prática de delito.

Art. 16. Para os fins previstos no art. 37, inciso VII, da Constituição, lei complementar definirá os termos e os limites em que o direito de greve poderá ser exercido.

Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout).

Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação.

Art. 18. Ficam revogados a Lei nº 4.330, de 1º de junho de 1964, o Decreto-Lei nº 1.632, de 4 de agosto de 1978, e demais disposições em contrário.

Art. 19 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 28 de junho de 1989; 168º da Independência e 101º da República.

JOSÉ SARNEY
Oscar Dias Corrêa
Dorothea Werneck

A lei e a greve

Vamos supor que a "greve" dos professores do Acre se estenda. Caso isso ocorra, penso que ela cairá na ilegalidade segundo o Poder Judiciário. Não entrarei em detalhes, mas fonte do governo falou o óbvio a mim.

sábado, abril 17, 2010

Dias parados, descontados

Desconto da greve de professor será parcelado
Luciana Lazarini
do Agora

Os professores da rede estadual terão o desconto dos dias parados durante a greve, parcelado em duas vezes.

Segundo a Secretaria de Estado da Educação, o desconto será de até 35 dias (referente aos dias parados). A primeira dedução será no próximo pagamento, em 7 de maio, quando será retirado o valor correspondente a 13 dias parados. No holerite de junho, por sua vez, serão contados até 14 dias de greve restantes de março, além dos oito dias de paralisação em abril. Assim, o pagamento de junho poderá ter o abatimento de até 22 dias no holerite de quem entrou em greve.

Na última terça, a Apeoesp (sindicato dos professores) se reuniu com o secretário de Estado da Educação, Paulo Renato Souza, e pediu que o desconto dos dias parados não fosse feito de uma vez só.

Aos alunos da escola HMM


No dia 15 de abril, aprovada a "reposição de aula" por uma minoria, professores da escola HMM se reuniram no térreo da Assembleia Legislativa do Acre e ficou acertado que no dia 16, no encontro pedagógico, o corpo docente debateria o que chamam de greve.

Para minha surpresa, quando cheguei à escola no sábado, soube que uma maioria votou a favor da greve (reposição de aula) quando os alunos já se encontravam em sala de aula. Defendi um debate no sábado, porque, na sexta, com alunos em sala, é um descaso com o corpo discente.

Não sou a favor desse modelo falido de "greve" e muito menos votaria em uma reposição de aula quando aluno se encontrasse em sala.

Penso que os alunos sérios, maduros, interessados por qualidade de ensino deveriam se posicionar contra essa postura irresponsável de uma maioria. Aluno bom deve cobrar, deve abrir a boca com os outros alunos. Aluno bom deve falar para transformar a escola. Aluno responsável deve colocar professor irresponsável contra a parede.

Alunos, coloquem a boca no trombone.

E tem professor que concordou com um documento escrito por mim para ser apresentado ao Sinplac, discordando do atual modelo de greve.

Operação Nota Azul

A escola Heloísa Mourão Marques parou suas atividades. Minha proposta tinha sido assinar o ponto para não haver reposição de aula e, depois, em sala de aula, não lecionar, e, como estamos em período de avaliação, as provas seriam objetivas, isto é, dez questões fáceis para o aluno marcar X.

O que o governo espera do professor em sala de aula, nós negaríamos o governo entre as quatro paredes, ou seja, nada de leitura, nada de texto, nada de letramento, nada de qualidade de ensino. O nome dessa desobediência civil seria “operação nota azul”. Como canta o talentoso grupo Los Poronga, "criando atalhos a golpes de insatisfações, faço escultura em luz de lampião, (...). Tudo ao contrário então."

Diante de câmeras de tevê, representantes do sindicato, movidos pela inteligência e por um bom português, diriam:

- Nós, professores, estamos em sala negando o que o poder deseja de nós. No lugar de dizer o que esperam de nós, diremos que ler não é importante, que estudar não é importante, que ser professor não é importante. Nossa greve não é parar a escola, mas fazer com que o aluno pare de pensar, por exemplo, por meio de provas objetivas fáceis.

Gosto do pensamento anarquista porque nega o sistema dentro dele. Martin Luther King [1929-1968] e Mahatma Gandhi [1869-1948], por exemplo, realizaram ações conforme o pensamento anárquico.

Nos ônibus, os negros só podiam se sentar atrás, nas últimas cadeiras. Na frente, o negro deveria ceder o espaço ao branco. Luther King percebeu que uma maioria negra pagava passagens. Sendo assim, por meio de uma ótima comunicação, os negros foram convencidos a não entrar em ônibus. Eles andariam a pé. Os empresários sentiram no bolso o prejuízo porque a greve materializou um prejuízo.

Quando os ingleses desejaram mudar o modo de se vestir dos indianos, Gandhi propôs ao povo tecer sua própria roupa. As fábricas inglesas faliram.

Mas é impossível propor o novo quando entre meus pares circula há anos um discurso sindical envelhecido. O que é velho, sabemos, merece todo respeito, não é verdade?

No pensamento sindical, é preciso criar o fato visível, a sociedade precisa ver pela tevê que os professores pararam as aulas. O sindicato quer medir força com o governo, precisa mostrar que as escolas pararam. Quem pode mais? Da forma como as coisas estão colocadas, o governo.

A hegemonia da informação

Depois de uma minoria aprovar uma greve por tempo indeterminado, inicia-se a guerra de informação entre o governo e o Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac).

A questão aqui não se reduz a dizer que o governo tem a imprensa rio-branquense na mão, mas admitir por meio de uma autocrítica que o Sinplac não criou até hoje um jornalismo sindical eficaz e inteligente.

O sindicato não possui força informativa. Suas palavras, imprensas em panfletos, ecoam na contramão da história moderna. No panfleto, a palavra sindical é tarefeira, obreira, autômata; não é palavra persuasiva.

Como se ainda não fosse pouco, o sindicato não tem programa de rádio criado – eu disse “criado” – por ótimos profissionais da área e, se tivesse, seria muito malfeito por sindicalistas que ignoram a “sedução de comunicar”.

Quando se trata de informação, a luta será entre profissionais (o governo) e os amadores (o sindicato). Não aprendemos com o tempo.

sexta-feira, abril 16, 2010

A minoria vota












Em 15 de abril, por volta de 12h30, no térreo da Assembleia Legislativa do Estado do Acre, o Sindicato dos Professores Licenciados do Acre, o Sinplac, por meio de uma minoria, aprovou uma “greve” (reposição de aula) porque o governo da Frente Popular manteve-se imóvel diante das reivindicações dos professores.

A postura fria do governo justifica-se porque ele sabe que o Sinplac não tem poder de parar a máquina. Os médicos, esses sim, não só param um hospital público, mas afligem a vida dos pacientes visto que o corpo no hospital não se assemelha ao corpo escolar. Naquele, o corpo sente dores; e neste, pensa. Em outras palavras, no hospital, o corpo exterioriza sua condição de matéria; e, na escola, ele assimila abstrações.

Se o hospital público parar por uma semana, corpos gritam, sofrem, doem, avolumam-se. Em pouco tempo, a greve dos médicos gera caos, desordem, tumulto. Se a escola pública parar por uma semana, a greve dos professores não gera caos na escola porque o corpo na escola não é o mesmo corpo no hospital. Além disso, o médico não repõe consulta. O hospital, esses sim, senhores, pressiona o governo.

Posso afirmar, portanto, que médico faz greve porque causa colapso visível no sistema. Quando paralisa as aulas, o professor não causa colapso material, ou seja, o significado original de “greve” perde-se ou deforma-se na educação.

Não podemos usar o signo “greve” para o corpo docente quando sabemos que, ao repor aula e ao não causar colapso material no sistema, o significado original de “greve” altera-se - eu chamo reposição de aula. A escola, senhores, não pressiona governos.

O que fazer?

Os búzios responderão.

quinta-feira, abril 15, 2010

O Sinplac não aprende

Não houve aula hoje na escola Heloísa Mourão Marques por causa da paralisação do Sindicato dos Professores Licenciados do Acre, o Sinplac. Marcada para as 8 horas, a assembleia deu sinal de vida somente 15 minutos antes das 9 horas. Esperei 1 hora.

Depois de tanto falatório inútil - houve pouca exceção -, formou-se uma comissão para negociar com o governo da Frente Popular. Às 12h20, terminada a negociação, a presidente do Sinplac informou que o governo se recusou a repor as perdas salariais.

Segundo o Sinplac, há 5 mil professores filiados, mas nem 10% deles encontravam-se na assembleia. Mesmo assim, mesmo sendo minoria da minoria, os professores votaram a favor de uma "greve". Já assisti a esse filme.

Se uma minoria vota pela maioria, qual pode ser o resultado disso? O Sinplac não aprende e, por isso, reproduz como autômato práticas inúteis de luta sindical, por exemplo, uma minoria vota por todos.

Penso que, em cada escola, deveria haver uma urna para que o professor votasse a favor ou não de uma greve. Dessa forma, a votação seria expressiva para negar ou afirmar uma paralisação. Preso a uma prática ilegítima, isto é, uma minoria é a voz de todos, o Sinplac se condiciona a não renovar o atual modelo sindical, repetindo as formas do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre, o Sinteac.

Por causa de sua atual estrutura, o Sinplac não conseguirá êxito com essa "greve". Nem todos aderiram. A forma como organiza os professores e como se organiza é um erro. Um dia parado equivale-se a um dia de reposição de aula.

O tempo mais uma vez denunciará o fracasso dessa "greve". O Sinplac não aprende com o tempo.

quarta-feira, abril 14, 2010

O salário da educação estadual

No Acre, em início de carreira, o professor recebe hoje R$ 1.675,79, o bruto, para lecionar em cinco turmas, 30 horas-aulas.

Em 30 anos, um educador receberá R$ 3.184,00, 30 anos depois.

Em 2005, o professor recebia R$ 1.400,00. Três anos depois, R$ 1.675,79, o bruto. Em três anos, portanto, um aumento de R$ 275,79.

E dizem que a situação do professor no Acre é boa. Deus é testemunha!!!

sábado, abril 10, 2010

Que o anjo do Senhor os mate

As cenas trágicas em Niterói, segundo informações da imprensa, foram causadas pelos políticos do Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa. A eles, dedico estas palavras.

Seus pulhas com fantasias de terno e gravata, suas línguas de promessas deveriam estar sob os escombros do Morro do Bumba porque suas vidas inúteis de homens públicos valem menos do que o lixo que soterrou inocentes e pobres.

Canalhas, marginais protegidos por suas leis, eu sei que o Mal não se manifesta em igrejas e nem se chama diabo, mas se senta em assembleias legislativas e em câmaras de vereadores para ser chamado de autoridade.

Irmãos da injustiça social e da miséria, vocês desobedecem a Deus porque são inimigos do Senhor. Sendo assim, "por chuva da tua terra, o Senhor te dará pó e cinza; dos céus, descerá sobre ti, até que sejas destruído". E, uma vez destruído o diabo-político, "o teu cadáver servirá de pasto a todas as aves dos céus; e ninguém haverá que os espante", diz a mim Deuterônimo 28, versículos 24 e 26.

Enquanto esses malditos legislaram em causa própria regalia, conforto, patrimônio, riqueza, uma avalanche de descaso público assassinou assalariados, pais de assalariados, filhos de assalariados, avós de assalariados.

Pior do que permanecerem impunes, é saber que seus ternos e suas gravatas ainda vivem. Autoridades, vocês são mais úteis mortos, sem missa de sétimo dia e sem sepultamento digno. Cova rasa e coletiva com o lixão do Morro do Bumba.

Que o anjo do Senhor crave a espada de sua ira em suas bocas e, somente depois disso, dessa morte redentora, Niterói festejerá sobre seus túmulos.

quinta-feira, abril 08, 2010

Esses sindicalistas não aprendem

Terminou a greve do professores de São Paulo. Mais uma vez, os sindicalistas escrevem na lousa a palavra fracasso. Velhas práticas não respondem ao século 21.

Segundo o UOL, no final da quarta-feira (7), a Apeoesp reconheceu que caiu a adesão à greve. Em reportagem da Folha de S. Paulo, a presidente afirmou: "Tenho de admitir que a adesão diminuiu", disse Maria Izabel Noronha.

Segundo o levantamento da entidade, a paralisação chegou a abranger 63% dos docentes em março. Para a Secretaria da Educação, nunca atingiu 1%. O sindicato não divulgou novo balanço de paralisação. Afirmou apenas que há "significativos índices de adesão, afetando todas as regiões do Estado".

Desde o início da paralisação, o governo tucano diz que não negociará enquanto os grevistas não voltarem ao trabalho. "O governo se mostra intolerante. Com esse panorama, as pessoas vão desanimando", afirmou a líder sindical.

No Acre, sindicalistas da educação estão mortos e não sabem. Foram sepultados em uma cova rasa e coletiva da burrice.

Os blogues da escola HMM

Diretora-professora Osmarina, estou fascinado com os blogues que alunos da escola Heloísa Mourão Marques criaram. Minha nossa, uma mistura de beleza com inteligência, imagens de puro gosto e de impuras inquietudes.

Alguns professores permanecem com apodrecidas práticas em sala, mas os alunos criam mais do que seus mestres. Que juventude!!!

Osmarina, bem que a sua direção poderia premiar os melhores blogues da escola. Os caras estão mandando bem!!! As garotas estão destruindo!!!

Parabéns, vocês são... são... apaixonantes!!!

quarta-feira, abril 07, 2010

Um currículo homossexual


Conae - Livros didáticos e escolas terão de incluir temática LGBT

Escrito por Portal UOL - Simone Harnik

Quinta, 01 de Abril de 2010

Os temas sobre orientação sexual e homossexualidade terão de aparecer nos livros didáticos e nas salas de aula. Pelo menos, foi essa a decisão da Conae (Conferência Nacional de Educação), que acontece em Brasília até quinta-feira (1º).

Segundo o presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Toni Reis, o movimento LGBT está satisfeito com a conferência. “Saímos vitoriosos. Se o país cumprir o que foi aprovado, a homofobia na escola está com os dias contados”, afirma.

A Conae pretende traçar diretrizes para a educação do país, que podem ser incorporadas no Plano Nacional de Educação. É este plano que define o que será prioridade no ensino brasileiro nos próximos dez anos.

Além da presença nos livros escolares, a temática LGBT deverá ser ensinada nas faculdades e cursos de formação de professores. Além disso, de acordo com Reis, a conferência definiu que o livro didático não poderá ter conteúdos que discriminam homossexuais. “É o fim das piadas sobre gays nos livros”, diz.

Propostas LGBT na conferência

O movimento LGBT levantou três propostas na Conae: o fim da homofobia na escola; que travestis possam usar o nome feminino nas salas de aula; e que a discriminação a homossexuais seja considerada crime no Brasil. “Hoje temos uma preocupação especial com a situação das travestis, que são as que sofrem mais discriminação na escola”, acrescenta.

Segundo Reis, entidades nacionais apoiaram os projetos, entre elas a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e a Fasubra (Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras).

Agora a ABGLT pretende utilizar a decisão da Conae como uma referência para pressionar por mudanças. “Queremos avaliar, monitorar, e acompanhar de forma propositiva as políticas públicas”, diz Reis.

A revolução que faltou ao encontro

Postaram estas palavras, elas se referem à "Revolução do PT faltou ao encontro", texto escrito por mim. Escreve-se:

Além disso, outras questões para as quais o PT fez-se de cego e surdo em relação à educação:

* Elaborar e fazer circular material didáico regionalizado;
Esta questão é muito interessante. Os currículos regionais partiram do governo federal e, até hoje, a Secretaria de Educação do Acre, administrada pela Frente Popular há quase 12 anos, jamais rascunhou uma possibilidade.

Não temos, por exemplo, uma produção textual de alunos analisada pelo próprio corpo docente da área que leciona na escola, ou seja, o que ocorre na escola não se transforma em material didático.

* Promover nas escolas o "tempo do diálogo", pois a falta disso tem-nos feito emburrecer a cada dia;
O cotidiano escolar permanece congelado com práticas carcomidas pela tristeza de lecionar, pela ausência de reflexões. Uma observação irônica: o emburrecimento também alegra as pessoas.

* Premiar os bons alunos, não de forma esporádica, mas como programa permanente e contínuo;
A escola pública acriana é o lugar perfeito onde não se reconhece o melhor aluno.

* Estabelecer para a escolha dos coordenadores das escolas não o critério político ou do apadrinhamento, mas sim o da inteligência e o da competência.
Há 12 anos na rede pública estadual de ensino, nunca conheci coordenadores de ensino que transpirassem um pouco de inteligência. Peças indicadas por direções arbitrárias e incompetentes, os coordenadores de ensino fazem parte de uma paisagem sem cor, sem vida, sem paixão para transformar o ensino-aprendizagem.

Se a coordenação de ensino deveria ser o cérebro da escola, ela sempre foi anencefálica, fútil, tola, cômoda, preguiçosa. Não me refiro à escola Heloísa Mourão Marques, hoje.

Senhores, não estamos nos céus, isso aqui não é a Suíça, a escola pública não é Assembleia Legislativa e o PT jamais revolucionou a educação pública. As coisas estão apenas em sua enfadonha ordem.





segunda-feira, abril 05, 2010

Que livro!

Cara, certos autores merecem nossos olhos, merecem nossa atenção. Seu texto exala um perfume poético incomum embora tenha sido escrito por um filósofo. Eu o conheci há oito anos, digo conheci no sentido de ler suas palavras.

Depois, em 2006, eu o reli. Deixei no livro marcas de minha leitura e, após quatro anos, meus olhos debruçaram-se outra vez sobre o parapeito de suas palavras para ver melhor a paisagem, o mundo, a vida.

Hoje, 2010, abro outra vez a janela. Sensual, envolvente, sensível, charmoso, meus olhos são seduzidos mais uma vez por ele, este francês, homem esguio que sabe ser fino com as palavras; que escritor, sim, seu nome, este: Maurice Merleau-Ponty. O livro, A prosa do mundo, de 1969.

Bom apetite!

Leia isto:

"Mas o livro não me interessaria tanto se me falasse apenas do que conheço. De tudo que eu trazia ele serviu-se para atrair-me para mais além. Graças aos signos sobre os quais o autor e eu concordamos, porque falamos a mesma língua, ele me fez justamente acreditar que estávamos no terreno já comum das significações adquiridas e disponíveis. Ele se instalou no meu mundo. Depois, imperceptivelmente, desviou os signos de seu sentido ordinário, e estes me arrastam como um turbilhão para um outro sentido que vou encontrar."

sábado, abril 03, 2010

A revolução petista faltou ao encontro

Muito acima de partidos e de militância, existem ideias que só desejam ser livres, porque não suportam as grades da obediência inútil ou as cadeias superlotadas da adulação. Como coro de anjos, jornalistas colocam a educação pública acriana nos céus. Mas anjos são mentiras.

Nesses 12 anos de Partido dos Trabalhadores no Acre, o PT não revolucionou a educação pública embora políticos da Frente Popular acreditem nisso. Mas é muito fácil crer nesse mito quando político não leciona em salas sem ares-condicionados e quando muito menos recebe salário de professor.

Tanto não revolucionou que seus filhos não estudam em escola pública. O modo petista de governar, nesses 12 anos, não deslocou os filhos da classe média ou dos políticos às salas do ensino público. Deputados e vereadores trabalham pouco e recebem muito para colocar suas crianças em ótimas escolas particulares daqui e fora daqui.

Neste ano, a inteligência humana se apequenará por causa da campanha política. Trata-se de um momento em que a vida perde sentido porque as boas ideias ficam suspensas, por exemplo, as boas ideias sobre educação pública.

E o PT acriano contribui para isso, deixando de pensar nisto:

1) Após 12 anos, o partido não colocou as escolas estaduais na rede de computadores, fazendo com que o professor lance nota como há mais de 50 anos;

2) O atual modelo de democracia escolar não escolhe o que é melhor para o erário, mas legitima conveniências de grupos que visam ao corporativismo e não ao bem público;

3) O tempo do aluno na escola deve ser integral;

4) Se o PT quer qualidade de ensino, deve pensar também que o professor com um contrato deve ter duas turmas, sendo que em cada turma deve haver no máximo 20 alunos;

5) Se educação é prioridade, um professor não pode iniciar sua carreira no Estado com menos de R$ 1.500,00 por mês, lecionando para 5 turmas;

6) É preciso criar na rede pública de ensino os conselhos de disciplina e de turma;

7) O PT precisa instituir nas escolas uma forma de os melhores alunos avaliarem seus professores;

8) Os cursos de aperfeiçoamento para professor são infecundos, impróprios, ineficientes, não passando de um gasto público desnecessário;

9) No lugar desses cursos, a escola de magistério, ideia criada pelo PSDB de São Paulo.

Narciso, olhando para sua própria imagem, diz que é belo. O PT é perfeito. A educação pública acriana é revolucionária.

Este blogue é que não sabe o que escreve sobre educação embora seu autor lecione na rede pública estadual há 12 anos.