quinta-feira, junho 17, 2010

O Deus do povo judeu é intolerante

JERUSALÉM, 17 Jun 2010 (AFP) -Milhares de judeus ultraortodoxos furiosos realizaram manifestações nesta quinta-feira à tarde em Jerusalém e perto de Tel Aviv, em protesto contra uma decisão da Suprema Corte que proíbe a segregação entre crianças asquenazis e sefaraditas em uma escola de colonos.

"Há 30.000 manifestantes em Jerusalém e 20.000 em Bnei Brak", uma cidade de população judaica ortodoxa perto de Tel Aviv, declarou à AFP o porta-voz da polícia, Micky Rosenfeld.

As manifestações foram transmitidas diretamente pela emissora israelense e ofuscaram por completo o anúncio do governo sobre uma flexibilização do bloqueio à Faixa de Gaza.

"É a Torá que decreta!", "Não encostem nos redentores de Israel", eram algumas das frases escritas nos cartazes levantados pelos manifestantes.

A polícia israelense foi colocada em "estado de alerta avançado". Cerca 10.000 agentes foram mobilizados, principalmente em Jerusalém, em Bnei Brak e em Beit Shemesh, base ultraortodoxa localizada no meio do caminho entre as duas localidades.

Também foram mobilizadas unidades da guarda fronteiriça, apoiadas pela polícia montada e por helicópteros.

O presidente israelense, Shimon Peres, reuniu-se com o vice-ministro da Educação, o rabino Meir Porush, uma figura da comunidade ortodoxa asquenazi, numa última tentativa de conciliação destinada a acalmar os ânimos.

Dois partidos ortodoxos que têm 16 deputados (de um total de 120 no Knesset, o parlamento unicameral israelense) pertencem à coalizão do primeiro-ministro Benajamin Netanyahu.

Na quarta-feira, o chefe do governo pediu "moderação, respeito à lei" e que fosse encontrada uma fórmula de compromisso satisfatória para todos.

A efervescência dos homens vestidos de preto - de acordo com a vestimenta uultraortodoxa - em Israel foi desencadeada por uma decisão da Suprema Corte que obriga dezenas de judeus ortodoxos asquenazis (originários da Alemanha, Polônia, Rússia, do antigo Império Austro-Húngaro e da Europa central e oriental) da colônia Immanuel (Cisjordânia) a receber em sua escola religiosa crianças sefaraditas (em Israel, originárias da África do Norte e da Ásia, apesar de o termo designar as comunidades judaicas que viveram na Espanha e em Portugal até 1492).

Colonos asquenazis pertencentes ao grupo hassídico Slonim, de origem russa, que retiraram suas filhas da escola há um ano, afirmaram que preferiam ser presos a partir desta quinta-feira durante duas semanas, a obedecer à decisão da Suprema Corte.

Os pais acusados de discriminação racial - 86 pessoas - devem apresentar-se, segundo a emissora de rádio estatal, às 14h00 GMT (11h00 de Brasília) a uma prisão em Jerusalém ocidental a partir da qual deverão ser transferidos para prisões no centro do país.

Os intocáveis

Na história do riso, o poder sempre se protegeu. No Congresso, deputados querem evitar os "constrangimentos" expostos pelo CQC. Não podemos rir deles.

Leia o texto abaixo.

O presidente interino da Câmara, Marco Maia (PT-RS), recomendou à assessoria jurídica da Casa que defina normas para evitar o constrangimento de parlamentares por parte de jornalistas.

Maia manifestou solidariedade ao deputado Nelson Trad (PMDB-MS), que agrediu uma equipe do humorístico "CQC", da Band.

Ao ser abordado por equipe do programa, na semana passada, Trad se exaltou após saber que subscrevera um abaixo-assinado para incluir um litro de cachaça no Bolsa Família.

Uma contratada do "CQC" coletou assinaturas de apoio a uma proposta fictícia de emenda à Constituição.

Na confusão, um cinegrafista teve parte do equipamento danificado. A repórter Monica Iozzi chegou a ser empurrada. As imagens foram ao ar na segunda-feira.

"Ao não querer falar, o deputado é constrangido pelos veículos de comunicação. Há excesso por parte de alguns jornalistas. Temos de tomar algumas medidas institucionais", disse o presidente interino da Câmara.

Segundo Marco Maia, as ações devem preservar a liberdade de imprensa, mas assegurar o direito dos deputados de não autorizarem o uso de imagens pelos programas de humor.

A assessoria de imprensa da Câmara afirmou que sempre liberou a entrada de programas como "CQC", "Pânico na TV" (RedeTV) e "Legendários" (Record), mas que é necessário "mais diálogo" com essas equipes sobre as formas de abordagem dos deputados.

Em discurso no plenário, Nelson Trad reclamou da conduta do "CQC". "Não tem necessidade de eu pedir desculpas aos meus companheiros, porque eu reagi legitimamente em defesa da minha dignidade. Não defendo só a mim, mas a própria instituição a que pertenço há mais de 30 anos", afirmou.

Ele recebeu o apoio do colega José Genoino (PT-SP). "Também tenho passado por essas situações. Conto até 10 para não falar. E passo reto. A coisa está chegando a um ataque individual", disse.

Em suas páginas no Twitter, apresentadores do programa criticaram a decisão de Maia. "A Câmara quer proibir o CQC de 'constranger' os deputados. Pelo jeito, não querem concorrência", disse Rafinha Bastos. Para Marcelo Tas, o "CQC mostrou como ninguém lê o que assina no Congresso".